Livro Desenvelhecimento

       VOCÊ QUER DESENVELHECER?  OU,  VOCÊ QUER NÃO ENVELHECER? (CASO SEJA JOVEM?)        

Se sua resposta for um SIM, saiba que o primeiro passo você poderá dar, se se der ao trabalho de ler este livro, não de uma forma superficial, mas de uma forma séria e profunda, reflexiva mesmo. Pois, se você fizer isso você no mínimo começará a incorporar ao seu software cerebral, uma informação nova, a informação de que o envelhecimento é uma doença evitável. Esta informação nova, se implantada com eficácia em seu Sistema Informacional Cerebral, com o tempo suplantará a informação antiga e equivocada de que o envelhecimento é um fenômeno biológico natural e irreversível. Caberá a você fortalecer a nova informação, alimentando-a bem e diariamente. Se você cuidar bem dela, ela lhe dará o retorno desejável. Boa sorte e sucesso!

        (PS: O texto "O Verbo Mágico" poderá lhe ajudar na leitura e compreensão do livro)

  

                  DESENVELHECIMENTO - Um Vôo Livre Panorâmico Sobre a Questão do Envelhecer

Publicado em dezembro de 1999 pela Editora LTR (SP)

O que estiver em azul foram anotações feitas na transcrição 

Cada início de página estará marcado, o número da página entre colchetes, negritado (veja Blog)

 

[pág.11]                                                    P R E F Á C I O 

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Há aproximadamente 12 anos tive um "surto de envelhecimento", meus cabelos branquearam muito em pouco tempo. Foi numa época de severo revés, que ocasionou um período marcado por muito estresse. Nessa mesma época deparei-me com um livro que iria influenciar bastante minha vida futura, muito mais do que eu poderia imaginar. Minha vida tem sido, de certa forma, marcada pelos livros. Lembro-me que desde a infância eles exerciam uma espécie de misterioso fascínio sobre mim. Na minha adolescência gostava, motivado por minha ingenuidade impetuosa, de conversar sobre temas que não eram, na época, comuns entre os de minha idade; e, em meu ambiente de trabalho, muitas vezes não era levado a sério pelos adultos, por falar sobre temas extravagantes. Por isso, então, andava com um dos primeiros grandes livros que me influenciaram nos rumos da vida, um livro de quase 500 páginas (erro, na verdade 867 páginas - O LIVRO DA NATUREZA, da autoria do Dr. Fritz Kahn - Edições Melhoramentos - 1965 - quinta edição), capa dura, embaixo dos braços, pronto para demonstrar, se necessário, que falava de coisas sérias. Coisas de adolescente! Pouco depois, outro livro (Na verdade foram outros livros: O Despertar dos Mágicos, de Louis Pauwels e Jacques Bergier, Difusão Européia do Livro, 1965 - Religião Prós e Contras - Antonio da Silva Melo, 1963 e O Ateísmo Moderno, de Georg Siegmund, Edições Loyola, 1966) deixou (deixaram) suas marcas profundas em minha personalidade até cerca de 10 anos depois que terminei o curso de Medicina, quando, então, outros acontecimentos e livros mudariam, de novo, meus rumos de vida. Não foi para mim, portanto, surpresa, que na mesma época em que muito envelheci, encontrasse um livro (Medicina Nutricional - Mário Sanchez e Martina Sanchez) que falasse algo, até então inédito, sobre o envelhecimento; de novo, lá estava um livro a sinalizar meus caminhos vindouros. 

 

Foi o misterioso fascínio da infância que foi tornando-me, desde a adolescência, um "rato de livrarias" como eu próprio me denominava. Os livros, de alguma forma, estavam sempre presentes em meus pensamentos. Ainda na adolescência comecei a escrever uma história de ficção, desenvolvia-a nos momentos em que sentava e o misterioso fascínio ganhava meus dedos e entrava em sintonia com minha máquina de escrever; mas a história foi-se complicando e chegou a um ponto em que eu não via saída para as situações que haviam sido criadas; frustrado e irritado joguei tudo no lixo e nunca mais retomei. Hoje, voltando um pouco ao passado, vejo que a trama toda que fui tecendo levava o persona-

 

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gem de minha história rumo ao passado, numa viagem pelo tempo. Depois de algumas aventuras e peripécias, continuando sua viagem rumo ao passado, num novo salto mais ao passado, ele descobre-se, de repente, no futuro! Aí a coisa se complica quando na hora de voltar. Para ele voltar, como tinha chegado aonde estava indo para o passado, teria que ir para o futuro; mas se tinha chegado ao futuro, se fosse para o futuro, não estaria voltando, mas indo. Por outro lado, se estava no futuro tendo ido para o passado; se fosse para o passado, estaria continuando sua viagtem, e não retornando! Olhando agora para aquele passado meio distante percebo que ele plantou em mim a semente do desejo de escrever. Mas a vida do dia-a-dia com suas exigências levou-me para outros caminhos, haviam outras coisas que deveriam ser resolvidas, antes que meu namoro com os livros pudesse aprofundar-se. 

 

Há 12 anos, então, a própria vida se encarregou de me reconectar com certos caminhos empoeirados do passado; envelhecimento sempre, de alguma forma, nos remete ao passado, seus sinais nos acordam, nos despertam e nos tiram de nosso sonho dourado de que o tempo não passa. Ao longo dos anos de intimidade com os livros, aos poucos, foi-se desenvolvendo em mim uma idéia, que mais tarde tornou-se convicção, de que, para todas as perguntas que pudéssemos fazer, já havia, de alguma forma, em algum livro, a resposta. Essa é uma estranha convicção de que todas as perguntas que pudéssemos formular já tinham um dia sido formuladas, respondidas e registradas em algum livro. 

 

As respostas já teriam, todas, sido encontradas, cabia a nós tão-somente reencontrá-las. Assim, teve início um processo, não de todo consciente no início, de busca dos porquês do envelhecimento. Hoje vejo as coisas com a clareza que coloco nas palavras deste livro, mas nem sempre foi assim, muitas nuvens tiveram que ser esvanecidas antes que a idéia de escrever um livro sobre envelhecimento pudesse nascer no mundo das formas e clamar pela sua realização. 

 

Agora, finalmente, tenho condições de compreender o que aconteceu naquela minha história na adolescência, ela tinha tudo a ver com o espírito deste livro que já se manifestara naquela ficção do passado. Posso compreender isso analisando a forma que dei a este trabalho, que é passível da seguinte intepretação: no passado está o segredo do futuro. Claro, foi justamente isso que me foi mostrado, por mim e a mim, em minha ficção, que, quando se vai ao passado, de repente, inesperadamente, podemos ter uma compreensão, um "insight", um "salto quântico" que nos remete ao futuro, isto é, quebra-se a barreira do tempo de

 

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uma forma que presente, passado e futuro se unem numa, para nós ainda incompreensível, unicidade. Assim, uma limitação imposta pelo tempo pode ser superada. Não estamos, quando envelhecemos, exatamente limitados, ou aprisionados, pela temporalidade? Como sair desta prisão, ou a possibilidade de, é essa a mensagem última e sutil deste livro. Não foi por acaso, então, que somente consegui escrever este prefácio depois de ter concluído toda a obra, pois o espírito que a anima trazia em seu cerne, do passado, a marca do inconcluso. A você leitor, que de alguma forma e por algum motivo se interessou pelo livro, e que está disposto a me acompanhar neste vôo livre panorâmico, uma boa leitura, ou, uma boa viagem!

 

 

Í N D I C E 

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Capítulo I. Introdução .......................................................................................................................... 17

 

Capítulo II. Envelhecimento, esse desconhecido ............................................................................ 25

   Psiconeuroendocrinoimunologia ........................................................................................................ 33

   Medicina Psicossomática ..................................................................................................................... 37

 

Capítulo III. Teorias do Envelhecimento .......................................................................................... 41

   Teorias  Primárias ................................................................................................................................. 41

   Teorias   Superiores .............................................................................................................................. 41

   A Questão da Nutrição ......................................................................................................................... 45

   Roy Walford ............................................................................................................................................ 49

   Deepak Chopra e os Radicais Livres ................................................................................................... 50

   Teorias Avançadas ................................................................................................................................ 52

 

Capítulo IV. Uma Nova Dietética? ..................................................................................................... 55

   A Questão da Glicose ........................................................................................................................... 59

   Glicose e Companhia ............................................................................................................................ 66

   Lipídios ................................................................................................................................................... 67

   Proteínas ................................................................................................................................................ 68

   Os Aminoácidos .................................................................................................................................... 70

 

Capítulo V. Medicina Ortomolecular ................................................................................................. 73

 

Capítulo VI. A Descoberta da Bíblia ................................................................................................... 91

   Christian Chen ....................................................................................................................................... 93

   O Código da Bíblia  ................................................................................................................................ 99

   Guerra do Golfo  ................................................................................................................................. 105

   Assassinato de Yitzhak Rabin ............................................................................................................ 106

   Cometa Shoemaker-Levy ................................................................................................................... 106

   Eleição Histórica .................................................................................................................................. 107

   Metrô de Tóquio ................................................................................................................................. 108

   Voltando ao Tema .............................................................................................................................. 115

 

Capítulo VII. Experiências de Rejuvenescimento ......................................................................... 131

   Ellen Langer ......................................................................................................................................... 135

   O Mistério das Abelhas ...................................................................................................................... 140

   A Fonte da Juventude ......................................................................................................................... 148

 

Capítulo VIII. Anatomia Invisível ..................................................................................................... 153

 

Capítulo IX. Além do Vento Norte .................................................................................................... 167

   William Reed ........................................................................................................................................ 170

   O Ano de 1909 ..................................................................................................................................... 177

   Marshall B. Gardner ........................................................................................................................... 180

   O Sol Central ....................................................................................................................................... 184

   A Aurora Boreal .................................................................................................................................. 190

   Almirante Richard Evelyn Byrd ......................................................................................................... 191

   O Mundo de Agharta .......................................................................................................................... 204

   A Questão da Atlântida ....................................................................................................................... 209

 

Capítulo X. No Limiar da Compreensão .......................................................................................... 213

   Os Radicais Livres ................................................................................................................................ 213

   Restrição Calórica ................................................................................................................................ 215

   Subnutrição sem Desnutrição ........................................................................................................... 217

   Disnutrição ........................................................................................................................................... 219

   A Questão do Comportamento ......................................................................................................... 221

   O Mistério da Rainha .......................................................................................................................... 224

   Progéria ................................................................................................................................................ 227

   A Questão Quântica ............................................................................................................................ 228

 

Capítulo XI. Conclusão ........................................................................................................................ 231

 

Posfácio I. Os Superjovens de David Weeks .................................................................................. 239

 

Posfácio II. A Idade Verdadeira (Real Age) de Michael F. Roizen ............................................. 247

 

Bibliografia ........................................................................................................................................... 253

 

  

[pág.17]                                                      CAPÍTULO I 

 

                                                                   INTRODUÇÃO 

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Em 1934 Clive M. McCay e colaboradores da Cornell University supreenderam os estudiosos da biogerontologia com a descoberta de que ratos de laboratório alimentados com uma dieta especial, que recebeu o nome de "subnutrição sem desnutrição" ou "restrição calórica" diminuíam o ritmo de envelhecimento, tornavam-se mais saudáveis e viviam mais, aumentavam sua longevidade em até o dobro. Outros cientistas reproduziram o experimento de McCay com outros animais, obtendo os mesmos resultados: aumento de longevidade. Em 1987 Roy Walford, famoso biogerontologista da Universidade de Califórnia, iniciou uma dieta de "restrição calórica" depois de ter ele próprio reproduzido a experiência de McCay. Até hoje os cientistas que se dedicam à biogerontologia não conseguiram explicar satisfatoriamente o fenômeno. O eminente gerontologista Leonard Hayflick diz em seu livro "Como e Por Que Envelhecemos" que a descoberta de McCay até hoje desafia a compreensão. (Esta obra pretende ter demonstrado a compreensão). 

 

Há algum tempo descobriu-se um fato curioso em relação às abelhas, que elas têm a capacidade de reverter sua idade biológica; assim, as abelhas "velhas" podem, se necessário para a colméia, tornar-se jovens de novo. Sua longevidade, então, é variável, podendo ir de trinta dias (esta informação, de 30 dias é de Hayflick, pág.279, e parece estar equivocada. O tempo de vida da abelha no estágio de cria ou larva, é de 21 dias, depois disso passa a ser abelha adulta jovem e tem um tempo de vida de cerca de 30 dias neste segundo estágio, de abelha adulta. Assim, o correto é podendo ir de 60 dias, em vez de 30 dias) a até sete meses, conforme as condições e necessidades da comunidade. A rainha das abelhas, por outro lado, apesar de ser oriunda de ovos idênticos aos das operárias, portanto com a mesma carga genética, por ser submetida a uma dieta especial somente com geléia real (sabemos pelos estudos desta obra que isto não é verdade) por toda a vida, cresce o dobro que as abelhas comuns e desenvolve seu aparelho reprodutor, contrariamente às operárias; e, além disso, aumenta sua longevidade em até 6 anos, ou seja, em até setenta e três vezes (o correto, então, é em até 36,5 vezes) mais que a média normal de trinta (sessenta é o correto) dias para suas companheiras da comunidade. Estes fatos também têm intrigado os estudiosos do envelhecimento humano, já que mostram que existem na natureza animais que conseguem manipular o envelhecimento e a longevidade, e também constituem mistérios ainda não compreendidos pela ciência. (Esta obra traz a compreensão).

 

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Em 1979 a pesquisadora Ellen Langer e sua equipe, da Universidade de Harvard, fez uma experiência com um grupo de idosos, todos com mais de 75 anos. Foram submetidos antes a uma bateria de exames físicos e mentais, e foi compilado um perfil geral para cada um dos participantes do grupo com o objetivo de avaliar suas idades biológicas. Na montagem desse perfil foram usadas medidas de força física, postura, percepção, cognição, memória de curto prazo, audição, visão e paladar. A experiência durou uma semana. O resultado foi simplesmente surpreendente: aspectos do envelhecimento antes considerados irreversíveis sofreram reversibilidade, fato constatado pelos rigorosos exames a que foram submetidos antes e depois do experimento. Além dos exames, avaliadores imparciais, que examinaram as fotos dos idosos antes e depois da experiência, acharam as fotos do "depois" como apresentando-os visivelmente mais jovens, em aproximadamente três anos. O grupo de controle não apresentou os mesmos resultados. A autora do experimento atribuiu o sucesso a três fatores, que por estarem sobrepostos a impossibilitou de ter certeza sobre qual deles teria sido o mais importante.

 

Deepak Chopra, em seu livro "Corpo Sem Idade, Mente Sem Fronteiras", tenta explicar a experiência de Langer através de modificações em aspectos da consciência dos idosos que se submeteram à experiência. Chopra fala, também, de sua experiência com grupos de pessoas que praticavam meditação transcendental. Sua Pesquisa, que levou mais de duas décadas, mostrou-lhe que os praticantes de meditação transcendental tinham suas idades biológicas inferiores às suas idades cronológicas. A diferença variava de cinco a doze anos. Explica os resultados de sua pesquisa por mudanças na consciência dos praticantes de meditação.

 

Nosso objetivo neste livro é fazer uma tentativa de compreensão e articulação de todos esses fenômenos e experiências a partir da aplicação do raciocínio matemático equacional às associações, que constituem os alicerces da compreensão em ciências comportamentais, as quais são objetos de estudo da psiquiatria e da psicologia. Chamamos este procedimento de "raciocínio equacional relacional" e o aplicamos aos estudos da nutrição e do comportamento, articulando-os para alcançar uma compreensão dos fenômenos analisados. Tentamos também demonstrar que as articulações dessas variáveis, nutrição e comportamento, estão intimamente associadas às poderosíssimas forças quânticas que, é sabido hoje, estão na base dos processos mentais, emocionais ou intelectuais, que constituem em última análise nossos conteúdos ideativos inconscientes, dos quais nossos conteúdos conscientes e comportamentos são efeitos.

 

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Para lograr nosso objetivo fizemos o que chamamos de "Um Vôo Livre Panorâmico", passando pelas obras de Hayflick e de Chopra, já mencionadas acima, entre outras. Hayflick, era, quando escreveu seu livro, professor na Faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia, pesquisador na área de Gerontologia e estudioso do processo de envelhecimento há mais de trinta anos. Chopra foi professor nas Escolas de Medicina das Universidades Tufts e Boston, organizou a Associação Americana de Medicina Ayurvédica, foi designado para o comitê de medicina alternativa dos Institutos Nacionais de Saúde e, quando escreveu seu livro, era membro do conselho consultivo científico da revista Longevity. Escolhemos basicamente esses dois autores porque, sendo ambos altamente gabaritados, como mostram seus currículos, estão em áreas consideradas de certa forma como antagônicas, a ciência tradicional, ortodoxa e a "alternativa". Em nossa opinião não há realmente antagonismo, trata-se de visões diferentes que se complementam para uma melhor compreensão do ser humano. Infelizmente, a irmã "ortodoxa" não vê com bons olhos a irmã "alternativa", e aí surge o antagonismo. Não nos furtamos também de fazer, em nosso vôo livre, pousos em outros autores, quando necessário um melhor entendimento e articulação de nossas idéias; da mesma forma não nos furtamos às especulações, sempre e quando possível articulá-las com as questões científicas e fenomenológicas sem ferir o bom senso, a lógica e a inteligência.

 

Como poderá ser visto no corpo de nosso livro, nossas idéias, especulações e abordagem fogem um pouco dos "lugares comuns" normalmente freqüentados nos estudos sobre o envelhecimento. Caminhamos por campos associativos novos, totalmente fora dos trilhos convencionais; amparamo-nos aqui, também, em uma idéia expressa pelo próprio Hayflick, na frase "a mente de um cientista precisa estar aberta a novas idéias, por mais heréticas que essas sejam". Nosso livro destina-se ao público em geral, concordamos com Hayflick e pensamos que a mente de todas as pessoas deve estar aberta a idéias novas, heréticas ou não, e é este justamente o ponto central deste livro: trabalhar a mente do leitor no sentido de abri-la, se já não aberta, para a idéia, se não herética, sem dúvida revolucionária, de que podemos não somente não envelhecer (precocemente) , como reverter o processo do envelhecimento precoce (o envelhecimento como hoje o conhecemos, isto é também questão nuclear neste livro, é precoce).

 

(Hoje, 2018, em vez de falar em não envelhecer precocemente, falo apenas em não envelhecer; e também defendo a posição de que não é "precoce", é simplesmente doença. Como conseqüência, se toda doença é, em princípio, evitável, o envelhecimento também o é). 

 

No Capítulo II fazemos considerações a respeito do tempo e da física quântica, mostrando que nossos pensamentos são nosso atributo quântico 

 

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principal, daí derivando portanto sua força e poder, que podem ser usados, dependendo de suas naturezas mais profundas enraizadas no inconsciente, para a cura ou para a doença. Fizemos também considerações sobre psiconeuroendocrinoimunologia e medicina psicossomática. Tentamos, assim, introduzir elementos para mostrar que o envelhecimento, na forma e nos estágios da vida em que ocorre atualmente, é doença, e não um processo evolutivo normal, opinião hoje defendida por diversos pesquisadores.

 

Hayflick faz questão de afirmar que o envelhecimento é normal, não uma doença. Dedica, inclusive, o capítulo 4 de seu livro - pág. 35 - à questão, intitulando o capítulo de "Velhice Não É Doença". 

 

No Capítulo III abordamos as Teorias do Envelhecimento, dando destaque aos radicais livres e à questão da nutrição. Tentamos demonstrar, através de análises comparativas entre as afirmações de Hayflick e Chopra, que os radicais livres não são os verdadeiros "vilões" do envelhecimento, mas sim, metaforicamente colocando, os soldados que em toda guerra aparecem, de uma forma ou de outra, nas frentes de batalhas, mas que têm sempre, por trás de seus atos, os generais, que são os articuladores daquilo que fazem. Os generais, os chefes, os comandantes, estão sempre por trás dos atos de seus comandados, e muitas vezes podem não ser, propositalmente ou não, visíveis aos olhos que focalizam apenas ou preferencialmente a superficialidade dos fenômenos (as frentes de batalhas). Da mesma forma, os radicais livres teriam, em nossa visão, algo por trás, algo que tem passado meio despercebido na pesquisa gerontológica, ou melhor, percebido mas não adequadamente compreendido. Pelo estudo comparativo dos dois autores acima citados, mostramos que os radicais livres constituem apenas máscaras debaixo das quais podemos identificar a questão nutricional.

 

Aqui cabem algumas observações. Como colocamos acima, os soldados aparecem em todas as guerras, nas frentes de batalha, apesar disso, nunca foram considerados as "causas" das guerras. O simples bom senso óbvio já elimina esta idéia: ora, aparecem porque são necessários, não porque a causam.  Em "Mitos do Envelhecimento", publicado neste site em 10.03.2013, há referências a uma série de trabalhos científicos recentes que confirmam o que colocamos acima. Em "A Inocência do Oxigênio", publicado em 17.02.2013, mostramos como o conceito de "radical livre" já nasceu, cientificamente falando, defeituoso. Um conceito científico que vem à luz congenitamente defeituoso, não pode ter um desenvolvimento livre de problemas. E assim foi, ou está sendo. Os trabalhos referidos em "Mitos do Envelhecimento" praticamente detonam a idéia de que os radicais livres sejam responsáveis pelo envelhecimento, ou, no mínimo, mostram que "a coisa" é muito mais complexa do que se pensou até hoje. Para que você não fique pessimista diante deste quadro que vem sendo redesenhado neste novo século, recomendo que leia "Comentários Deste Autor", no final de "Mitos do Envelhecimento". 

 

No Capítulo IV aprofundamos um pouco mais o estudo da questão nutricional, introduzindo questionamentos nessa área, questionamentos estes que nos permitem pensar que talvez nos tenhamos desviado do caminho alimentar biologicamente correto para nossos corpos e portanto para nossa saúde e longevidade. Aqui articulamos o que tínhamos visto anteriormente com os estudos de Mário Sanchez e Martina Sanchez em "Medicina Nutricional".

 

No Capítulo V, com o auxílio da medicina ortomolecular, aprofundamos o estudo da nutrição, mostrando, através da análise do trabalho de Pat Lazarus, como a questão nutricional se associa intimamente com a questão comportamental e as conseqüências que isto implica para a questão do envelhecimento.

 

O Capítulo VI, sobre a Bíblia, destina-se a dar embasamento a idéias que serão defendidas adiante em nosso trabalho. Dedicamo-nos neste

 

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capítulo às obras de três autores, um brasileiro, Christian Chen (professor de Física Nuclear da USP quando escreveu seu livro "Os Números na Bíblia", em 1986), Michael Drosnin (repórter americano, autor de "O Código da Bíblia", em 1997) e Jeffrey Satinover (médico psiquiatra, americano, autor de "A Verdade por trás do Código da Bíblia", em 1998). Esses estudos cumprem o objetivo de demonstrar que não podemos desconsiderar o texto aberto bíblico (texto aberto, em contraposição ao texto codificado, descoberto por Eliyahu Rips e Yoav Rosenberg - matemáticos - e Doron Witztum, físico. O texto oculto, codificado, é sobre o qual se debruça Drosnin) quando fala, em Gênesis, da longevidade dos patriarcas pré-diluvianos, de quase 1000 anos. Mostramos a seguir, com o auxílio dos estudos dos irmãos Sanchez, como a questão do envelhecimento e da longevidade podem articular-se, na Bíblia, com a questão nutricional.

 

No Capítulo VII, analisamos algumas experiências de rejuvenescimento encontradas na literatura. Através da análise de uma pesquisa feita por Chopra, que é apenas citada em seu livro, mostramos que ela é, de fato, portadora de uma descoberta que, plenamente compreendida, mostra-se revolucionária na gerontologia, na medida em que carrega em seu bojo a possibilidade do aumento de 95% da longevidade humana considerada máxima pela ciência oficial, de 120 anos. Demonstramos por meio do desenvolvimento da análise da experiência de Chopra que esta trouxe a possibilidade do aumento da longevidade humana para até 234 anos. A seguir analisamos a experiência de Ellen Langer, demonstrando como ela própria avaliou erroneamente, no sentido da interpretação, os fatores determinantes dos resultados de sua experiência; melhor, mostramos o quanto ela avaliou corretamente, mas não percebeu que o fez! Mostramos que a questão comportamental é que estava por trás do sucesso de sua experiência.

 

A  seguir fizemos uma análise do "mistério das abelhas", desenvolvendo uma explicação para o fenômeno, explicação esta que mostramos como pode articular-se perfeita e harmoniosamente com as experiências de Langer e de Chopra. Depreende-se de nosso trabalho que Chopra, por trabalhar em cima da questão da consciência, não pôde compreender o rejuvenescimento das abelhas, já que consciência, no sentido usado por ele, tem uma definição conceitual aplicável a nós humanos, mas não às abelhas. Por outro lado, identificamos um denominador comum, aplicável tanto às abelhas quanto aos seres humanos. Para reforçar este nosso raciocínio fizemos um pouso na obra de Peter Kelder, "A Fonte da Juventude", e mostramos a atuação, também, do denominador comum por nós identificado.

 

No Capítulo VIII trabalhamos sobre o motivo explícito, no livro de Kelder, pelo rejuvenescimento do Coronel Bradford, o personagem prin-

 

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cipal. Mostramos que estudos contemporâneos dão validade às causas apontadas pelo Coronel Bradford como as responsáveis pelo seu rejuvenescimento.

 

O Capítulo IX (Além do Vento Norte) forma um conjunto com o capítulo sobre a Bíblia (Capítulo VI) e o intitulado Anatomia Invisível (Capítulo VIII), que se destina a dar embasamento a idéias que defenderemos de modo mais explícito no Capítulo "No Limiar da Compreensão", as quais pareceriam, sem o devido embasamento, exageradas ou mesmo fora da realidade. Estes capítulos criam, assim, de modo mais específico, mas sempre inserido no todo do livro, um contexto de, se não aceitação, pelo menos compreensão de tais idéias. O Capítulo IX, por tratar de um tema altamente polêmico, mas importante no contexto global de nosso livro, é rico em informações que, se por um lado são importantes, por outro o tornam de certa forma mais árido para a leitura. O leitor menos exigente, ou menos curioso, ou mais apressado, poderá, se quiser, saltar as partes mais áridas, sem prejuízo para o entendimento global da idéia central do livro.

 

Este Capítulo IX, hesitamos um pouco em conservá-lo. Alguns amigos que leram o original, achavam que não deveria fazer parte do corpo do livro, que "não tinha muito a ver". Por questões pessoais que não cabem neste contexto, o conservei. Nalgum ponto do futuro, se as Tábuas do Destino permitirem, contarei a história toda num livro de cunho auto biográfico. 

  

No Capítulo X tentamos fazer uma demonstração ratificante de como os radicais livres se associam à questão nutricional, voltamos à questão da "restrição calórica" e "subnutrição sem desnutrição", mostramos que são conceitos que não podem ser aplicados, com precisão, à experiência de McCay com os ratos, e que foi justamente essa falta de precisão conceitual que impediu a correta compreensão da sua experiência. A mesma imprecisão conceitual tem travado o entendimento da "restrição calórica" aplicada aos seres humanos; esses pontos esclarecidos permitiram-nos a criação do conceito de "disnutrição". Tivemos aqui condições de compreender melhor, com o auxílio dos desenvolvimentos acumulados, a questão comportamental e sua associação com a nutrição e com o rejuvenescimento. A seguir examinamos a questão da longevidade da rainha das abelhas, identificando uma variável sutil, comportamental, que juntamente com a nutrição (geléia real) é responsável pelo incrível aumento de sua longevidade (na verdade a geléia real não tem nada a ver com o aumento da longevidade da rainha, a correlação é simplesmente casual, como demonstrado nesta obra). Essa compreensão abriu caminho para o entendimento das síndromes de envelhecimento precoce (progérias), que podem assim ser compreendidas desde a óptica nutricional; a outra variável, comportamental, aqui, fica pendente de identificação, já que podemos supor, por tudo que vimos, que também deve (retificação: pode) existir. Finalmente, pudemos ver como as forças quânticas articulam-se perfeitamente com as questões nutricional e comportamental, já que estas se relacionam equacionalmente, como vimos ao longo de nosso trabalho. (As progérias são extremamente raras, uma delas, a Síndrome de Hutchinson-Gilford é de início precoce e seu tempo de vida médio é de 12 a 13 anos). 

 

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No Capítulo Conclusivo pudemos, por fim, mostrar como se articula a experiência de McCay com a experiência do Coronel Bradford em "A Fonte da Juventude", e também com um livro escrito no século XVI por Luigi Cornaro que, veremos, tornou-se referência quase obrigatória nos estudos sobre envelhecimento. Feito isso pudemos partir para uma interpretação compreensiva do porquê da não-compreensão, até hoje, em nível individual e institucional, das verdadeiras causas do envelhecimento, apesar da disponibilidade, na literatura, dos elementos necessários para tanto. Esperamos, sinceramente, estar contribuindo com este livro para lançar alguma luz no processo do envelhecer.

 

[pág.24] - página em branco 

 

 

[pág.25]                                                          CAPÍTULO II

 

ENVELHECIMENTO, ESSE DESCONHECIDO 

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O que é o envelhecimento? Esta é uma pergunta que o homem se tem feito ao longo dos séculos. Até hoje não se chegou a um consenso a respeito desse grande mistério; nossos cientistas, escritores e filósofos ainda encontram dificuldades em definir e, portanto, compreender o envelhecimento. Talvez seja o fenômeno biológico humano menos compreendido pela ciência. A velhice tornou-se assim, uma ilustre, indesejada, mas onipresente, sombra que paira sobre o ser humano; de todos conhecida e ao mesmo tempo desconhecida, misteriosa e temida. Esse desconhecimento torna-se um campo fértil para o florescimento de inúmeras especulações e teorias, cada qual tentando a seu modo, muitas vezes dependendo do sistema de crenças do autor, e lidando com algumas peças do quebra-cabeça, resolver o mistério. A literatura nos informa da existência de mais de trezentas teorias disputando a competição de chegar primeiro à resposta. 

 

"Decifra-me ou te devoro", é a inscrição na Esfinge. Está aí, diante de nós, a velhice, tal qual uma esfinge, devorando a humanidade, enquanto espera pacientemente o desvelamento do enigma que encerra. Enquanto isso, vai aumentando consideravel e espantosamente o contingente de idosos na população mundial, a ponto de a ONU ter considerado o período de 1975 a 2025 a "Era do Envelhecimento", tamanho o aumento esperado na população de idosos para esse período. Isso aconteceu em Viena, em 1982, em Assembléia Mundial sobre o Envelhecimento. O homem se reúne em assembléias, cria teorias, propaga-se a si mesmo e às teorias, mas continua envelhecendo. A esfinge, impassível e soberba, delicia-se. 

 

Simone de Beauvoir, em seu clássico "A Velhice", em 1970, coloca: "Se me dessem 100 anos de sobrevida e de saúde, eu poderia lançar-me em novos empreendimentos, partir para a conquista de campos desconhecidos". Novos empreendimentos e a conquista de campos desconhecidos, é esse o prêmio que aguarda a humanidade quando conseguir desvelar o segredo da velhice. 

 

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Leonardo Hayflick, renomado biólogo e gerontologista americano, depois de examinar detidamente a questão do envelhecimento em seu livro "Como e Por Que Envelhecemos" (1994), conclui: "A verdade é que ainda não sabemos a verdade". Termina o seu livro dizendo que eliminar o envelhecimento ou aumentar a longevidade é algo extremamente difícil e talvez não seja nem desejável. Não vê nisso valor algum para a sociedade ou para o indivíduo! Já Deepak Chopra, em "Corpo Sem Idade, Mente Sem Fronteiras" (1993) propõe uma "alternativa quântica para o envelhecimento"; examinando fatos e fazendo insights belíssimos, mostra a possibilidade humana de realizar e conquistar "A Terra onde ninguém é velho".

 

Citamos Chopra e Hayflick para mostrar a disparidade de pensamentos de dois autores contemporâneos a respeito da questão do envelhecimento. Como é grande o abismo que separa as mentes humanas quando se trata de pensar a velhice. Temos aqui um belo exemplo de como o sistema de crenças dos seres humanos influencia e mesmo determina as conclusões a que se chega. Hayflick examina exaustivamente conhecimentos e experiências que lhe permitem concluir, com autoridade, sobre a extrema dificuldade de eliminar o envelhecimento ou aumentar a longevidade. Vai um pouco mais longe quando coloca que talvez isso nem seja desejável, e nessa afirmação ele se trai: aqui aparece o homem que está por trás do cientista, o homem que não deseja não envelhecer nem aumentar a longevidade. Do outro lado da mesa temos Chopra, este assim como Hayflick, examinando exaustivamente conhecimentos e experiências que lhe permitem concluir, com idêntica autoridade, quanto à possibilidade de eliminar o envelhecimento e aumentar a longevidade, e também Chopra vai um pouco mais longe, quando fala no "metabolismo do tempo". Vamos nos deter um pouco nessa questão.

 

Quando tentamos definir envelhecimento, automaticamente nos vem à mente a questão do tempo: envelhecemos à medida que o tempo passa. Vemos praticamente tudo à nossa volta envelhecer com o tempo, desde nós mesmos, passando por nossos entes queridos, animais de estimação, casa, objetos de uso pessoal etc. Nada enfim, escapa, em nossa primeira análise da questão, à ação envelhecedora do tempo. Concluímos, então, que o envelhecimento está inexoravelmente ligado ao tempo. Podemos não saber a verdade sobre como e por que envelhecemos, mas sabemos, ou pensamos saber, que esse fato depende indubitavelmente do tempo. Envelhecimento e tempo estariam, portanto, entrelaçados num casamento eterno.

 

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Estamos assim, às voltas com dois conceitos, ou fatos, se preferirmos, envelhecimento e tempo. Se estão entrelaçados e caminham de mãos dadas, não podemos compreender um sem compreender o outro. Passemos então à questão do tempo. O que é o tempo? Até antes de Einstein tínhamos o tempo como um senhor absoluto, à prova de qualquer questionamento. Einstein foi o agente da maior façanha do século, ao mostrar-nos que não existe tempo absoluto, que o tempo, como tudo na vida, é relativo, isto é, só pode ser entendido numa relação; relaciona-se, simplificadamente falando, com a velocidade. O tempo, algo que está por trás de nossas vidas, das vidas de planetas, sistemas solares e galáxias, o pano de fundo do teatro de todo o espetáculo cósmico que se desenvolve no universo, é relativo! Não, esta não é a maior façanha intelectual do século, o é, acreditamos, de toda a nossa civilização.

 

Informa-nos Hayflick que no ano de 1971 cientistas fizeram o seguinte experimento: colocaram em aviões a jato relógios atômicos ultra-sensíveis e estes aviões deram a volta ao mundo, dois deles indo para o leste e dois para o oeste, em sentidos contrários portanto. Resultado: os aviões que foram para o leste ganharam um lapso de tempo, e os que foram para o oeste perderam, em relação ao relógio de referência que ficou em terra, também um lapso de tempo. Isto é, aviões que fizeram o mesmo percurso, à mesma velocidade, gastaram tempos diferentes, tempos que só os relógios atômicos têm condições de medir, pois são da ordem de bilionésimos de segundo, frações pequeníssimas, mas reais, objetiváveis e medíveis. Experiências desse tipo seriam impensáveis antes da era einsteiniana.

 

Afirmar e provar que o tempo não é absoluto é uma coisa, outra coisa é compreender isso num nível mais profundo de nós mesmos, a ponto de essa compreensão mudar nossos sistemas de crenças, profundamente enraizados. O indivíduo de hoje é o resultado, não apenas biológico, da evolução de milhares de anos. Em milhares de anos. É assim que devemos também medir e avaliar a profundidade do enraizamento de nosso sistema de crenças em relação ao tempo e à velhice. Esse sistema de crenças está onipresente, pairando sobre a humanidade há milênios, é esta crença milenar que herdamos quando nascemos, é esta crença que está registrada em nosso nível inconsciente mais profundo. Assim, nada nos parece mais normal que o tempo passar e envelhecermos. Aqui se insere a compreensão de Chopra quando fala em metabolismo do tempo, quando comenta a erroneidade da idéia conceitual do espaço-tempo. Citemos Chopra: "Uma prova de que ela (a idéia de que o tempo não é absoluto) ainda não criou raízes é que as

 

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pessoas continuam a envelhecer, seguindo um processo linear tão fielmente como se o conceito de espaço-tempo existisse mesmo. Mas se Einstein estava certo, envelhecer é uma ilusão".

 

Continuemos examinando a questão do tempo. Embora a Física Quântica tenha seus alicerces em artigos publicados por Einstein, o primeiro em 1905, em que propunha um modo diferente, novo, de considerar as radiações eletromagnéticas, e o segundo em 1915, em que propunha sua teoria geral da relatividade, seu desenvolvimento mais completo foi formulado por um seleto grupo internacional de cientistas, entre os quais Niels Bohr e Werner Heisenberg. Na década de 20 ficou famoso um célebre debate entre Einstein e Bohr no qual houve uma divergência entre eles, pois Einstein não concordava com a interpretação de Bohr da teoria quântica. No final, Einstein, mesmo tendo de admitir a coerência de pensamento da interpretação de Bohr e Heisenberg, continuou convencido de que não poderia ser daquela forma, e que deveria haver, de algum modo, em algum lugar, uma falha na teoria quântica. Estava convencido de que alguma variável, ainda oculta aos olhos do grupo, seria encontrada no futuro. Na tentativa de provar que a interpretação de Bohr estava incorreta, Einstein elaborou, criou um experimento que se tornou conhecido como experimento EPR (Einstein-Podolsky-Rosen).

 

Mais tarde outro físico, John Stewart Bell, baseado no experimento EPR, mostrou que a interpretação de Bohr estava correta. Simplificadamente, vejamos o que significa o experimento EPR: tomamos dois elétrons e os colocamos formando um sistema em equilíbrio, de modo que seus spins (campos de forças) se anulem, isto é, um elétron estará girando num sentido (para a direita) e o outro no sentido contrário (para a esquerda). Ao afastarmos esses dois elétrons, a soma de suas cargas, chamadas spins, continuará sendo a mesma, e se mudarmos de alguma forma o sentido do spin de um elétron, o spin do outro mudará também (de sentido), de modo que a somatória continue sendo zero. O interessante e inusitado, aqui, é que podemos afastar os dois elétrons o quanto quisermos, colocando um no pólo norte e o outro no pólo sul, um na Terra e outro na Lua, ou em Marte ou Vênus, não interessa, o spin do elétron afastado se modificará instantaneamente como resposta à modificação artificial do spin do primeiro elétron. Isso, a ligação entre os dois elétrons componentes do sistema, foi chamado de conexão não local, isto é, há entre os dois elétrons algo que os une e os liga e que não depende da distância ou local em que sejam colocados.

 

A resposta do segundo elétron para modificar seu spin ocorre ao mesmo tempo, não é necessário nem o tempo que a luz levaria para chegar até o local do segundo elétron, não

 

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há tempo no fenômeno. A resposta é imediata, instantânea, atemporal. Isso é uma conexão quântica. A dificuldade que Einstein teve em aceitar a interpretação de Bohr provinha de que acreditava que nenhum sinal ou mensagem poderia viajar a velocidade maior que a luz. Ora, o que o Teorema de Bell, como foi chamado, provava é que exatamente não havia tempo para a resposta do segundo elétron; estávamos diante de uma mensagem que percorria distâncias fantásticas independentemente da variável tempo. Comparativamente falando, apenas para efeito de raciocínio, já que a analogia não é inteiramente válida, poderíamos dizer que a velocidade da luz estaria para a "velocidade" quântica como estaria a velocidade de uma tartaruga para a velocidade da luz! Portanto, a teoria quântica nos mostra que existe algo ou alguma coisa que não está sujeita à ação do tempo, que é intemporal, que as malhas do tempo não conseguem atingir. Algo, ou alguma coisa, transcende a temporalidade.

 

Os experimentos quânticos foram e são feitos com elementos subatômicos, com elétrons. Estes por sua vez são constituintes dos átomos, juntamente com os prótons e neutrons e outros elementos descobertos mais recentemente. Os átomos são os constituintes das moléculas, e é a diversidade e combinações dos átomos e moléculas que chegam à densidade material perceptível pelos nossos sentidos físicos, que todos sabemos o quanto são limitados. Nossa estrutura corporal é basicamente formada por átomos e moléculas. Algo, portanto, no íntimo de nossa constitucionalidade material é intemporal. Lá no fundo da matéria-prima que forma nossos corpos existe algo que não está sujeito às leis da temporalidade; é a inferência óbvia que nos vêm. Guardamos em nossa intimidade atômica algo que não está sujeito à ação do tempo, que é atemporal. Será por isso que a crença na imortalidade é matéria-prima do arcabouço de todas as religiões de todos os tempos? Será que os grandes mestres fundadores das grandes religiões não tinham conhecimento ou pelo menos não intuíram, avançando no tempo, ou dele escapando temporariamente, esse conhecimento? São questões das quais não nos podemos eludir.

 

Vejamos algo mais que a física quântica nos ensina. Através, ainda, do estudo dos elementos subatômicos, viu-se que estes se comportam, em nossos laboratórios de pesquisa, de um modo aparentemente estranho, paradoxal, isto é, comportam-se como partículas e como ondas, em função da forma em que se dá a experimentação. Exemplificando melhor: se a experimentação for preparada para demonstrar que os

 

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componentes subatômicos são partículas, eles comportar-se-ão como partículas; se a experimentação for preparada para demonstrar que não são partículas, e sim ondas, eles comportar-se-ão como ondas. Evidente que a experimentaçao é preparada para demonstrar uma coisa ou outra em função das idéias, do desejo, mais especificamente, do pensamento do experimentador. Se este quer demonstrar que são partículas, orientará o experimento de uma forma; se quiser demonstrar que são ondas, o orientará de outra forma. Cria-se então a seguinte situação: um experimentador provará que os elementos subatômicos são na verdade partículas, enquanto outro provará, também, que são na verdade ondas! Esse é outro dos paradoxos da física quântica, também responsável pela não-aceitação, por parte de alguns cientistas, de todas as suas conseqüências. Já vimos que o próprio Einstein não pôde aceitar todas as conseqüências da teoria da qual foi talvez o principal criador. Porém, nos paradoxos reside precisamente todo o potencial revolucionário do conhecimento quântico, eles nos mostram que nosso pensamento cartesiano é limitado e só nos pode guiar até o mundo do átomo.

 

Quando penetramos na intimidade atômica e tentamos compreender os elementos subatômicos, o conhecimento cartesiano não nos dá respostas, e sim paradoxos, mostra-nos absurdos. Contudo, devemos, nós seres humanos, entender todas as linguagens, e as respostas paradoxais também são uma forma de linguagem, a nos ensinar que no mundo subatômico nada existe como concretitude, como coisa já formada, já definida, que neste mundo tudo existe e nada existe, isto é, tudo existe em sua potencialidade, podendo assim desenvolvê-la num sentido ou noutro, como partícula ou como onda. E justamente o que define o sentido do desenvolvimento é o pensamento humano; este direciona algo que só existe como potencialidade. O pensamento humano é, portanto, criador. Essa assertividade nos leva, se seguida às últimas conseqüências, à conclusão de que o Homem cria o seu mundo. É esta a grande lição dada à Humanidade pela física quântica, lição difícil e que está, ainda, para ser apreendida em sua totalidade. O domínio desse conhecimento nos permitirá, como percebeu Chopra, o domínio do processo do envelhecimento.

 

Uma grande questão levantada ao longo dos séculos quanto ao envelhecimento reside em saber se ele é uma doença ou não. Do que colocamos acima podemos depreender que Hayflick considera que não é doença, e que Chopra partilha da opinião contrária. Passemos a examinar, então, para melhor podermos articular, a questão das doenças.

 

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Vimos que a Física Quântica nos mostra que o pensamento humano é criador (de realidades). Podemos facilmente compreender que as doenças, enquanto realidades, são de alguma forma criadas pela via do pensamento, consciente ou inconsciente. Não podemos negar a realidade das doenças, da mesma forma que não podemos negar a realidade do envelhecimento. Doenças e envelhecimento existem como realidades, se existem, foram criadas; se foram criadas, o foram a partir do incriado, das potencialidades. O mundo do in-criado e das potencialidades é o mundo quântico. Isto é, nós seres humanos temos um atributo quântico em nossa intimidade atômica (somos constituídos por átomos: hidrogênio, carbono, nitrogênio e oxigênio somam juntos 92,7% do total do peso humano), que se manifesta como expressão humana na forma de nossos pensamentos, conscientes ou inconscientes.

 

Perguntamos então: que atributos humanos senão a imaginação e o pensamento possuem os atributos quânticos das conexões não locais e da intemporalidade? Que outra explicação podemos encontrar para a conhecida força que algumas pessoas podem demonstrar quando se curam de doenças tidas e sabidas pela ciência médica oficial como incuráveis, como, por exemplo, o câncer, que mesmo em fase adiantada de evolução é vencido, algumas vezes, "inexplicavelmente", pela força da fé, que é uma crença, que é algo em que se acredita? E os casos de cura espontânea que a literatura registra? Acreditar se equaciona com pensar: acredito que a Terra é redonda = penso que a Terra é redonda. Lawrence Le Shan, conhecido por seu trabalho com pacientes cancerosos, não utiliza técnicas que se apóiam no pensamento e na imaginação? Carl Simonton também não seguiu o mesmo caminho? A literatura é vastíssima nesse campo, e diversos autores se celebrizaram escrevendo sobre o "poder do pensamento", sobre o "poder da mente"; verdadeiros impérios financeiros foram erguidos sobre esta base. Realmente, se o pensamento é um atributo quântico, tem poder; se a mente é o espaço que origina nossos pensamentos, é poderosa, já que o espaço mental é subatômico, é quântico.

 

Sabemos que, para que uma doença seja fisicamente detectável, é necessário que atinja um desenvolvimento. Por exemplo, um tumor canceroso só será diagnosticável quando atingir certo tamanho, mínimo o suficiente para sensibilizar a aparelhagem tecnológica que está sendo usada para perscrutar o organismo ou órgão em questão. E ainda, antes de começar a desenvolver-se neste nível corporal, a doença é "gestada" em outro nível; esse tempo gestacional teórico é chamado em medicina

 

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de período pré-patogênico, período que pertence ao mundo do pensar, subatômico, quântico. Quando a gestação quântica terminar seguir-se-ão alterações bioquímicas que em alguns casos são hoje mensuráveis, e em outros (maioria) não são. Deepak Chopra nos informa, em seu livro já citado no início, que um número estimado de seis trilhões de reações têm lugar em cada célula a cada segundo. Seis trilhões de reações por célula por segundo! Tentemos multiplicar esse número pelo número de células que temos em nosso corpo (cinqüenta a setenta e cinco trilhões de células, dependendo do autor). Avancemos um pouco mais, tentemos imaginar quantos átomos existem em cada célula! Cada átomo tendo seus componentes subatômicos, e quando chegamos aqui, no interior do átomo, estamos no mundo quântico. Quantos eventos quânticos temos então ocorrendo simultaneamente em nosso corpo em um segundo? E em um minuto, e em uma hora, e em vinte e quatro horas? Não tivemos a pretensão de fazer esse cálculo, mas podemos facilmente imaginar que nosso pensamento não comporta tão facilmente a grandeza do número que daria como resultado, impensavelmente grande. Desse mundo impensavalmente grande e dinâmico é que deriva o poder de nossos pensamentos. Pode alguém em são consciência pôr em dúvida tal poder?

 

Chopra, comentando um aforisma de Norman Cousins, "A crença cria a Biologia", nos diz:

 

"Nenhuma afirmação mais verdadeira já foi feita a respeito do envelhecimento. Nossa expectativa herdada de que o corpo deve se desgastar com o tempo, associada a crenças profundas de que fomos destinados a sofrer, envelhecer e morrer, cria o fenômeno biológico que chamamos de envelhecimento" (o grifo é nosso).

 

Temos, aqui, o conceito de profundidade, de profundezas, conceito esse que se associa culturalmente, arquetipicamente, poderíamos dizer, com o desconhecido, com aquilo que está oculto; se está oculto, o está onde? Crença é pensamento, crer é pensar, o pensar é atributo humano. Para nós humanos, o que está, oculto de nós mesmos, senão o nosso inconsciente? Está oculto de nós mesmos e em nós mesmos. As "crenças profundas" de Chopra estão nas profundezas de nosso inconsciente (ele mesmo coloca isso). Temos, aqui, captada a essência do envelhecer; as crenças de que nos fala Chopra são crenças de que não temos consciência. Podemos até dizer, ansiar e desejar não envelhecer, mas esse dizer e ansiar não se suportam, na medida em que são expressões do intelecto e da racionalidade, que são atributos da superficialidade da consciência. Se o envelhecer tem raízes profundas, o de-

 

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sejo de não envelhecer para poder anulá-lo necessita, também, ter raízes profundas. Isto é, necessitamos de crenças profundas na nossa própria capacidade de não envelhecer, para podermos realizar o não-envelhecimento. Comparativamente, se o doente que tem câncer tiver uma crença profunda de que pode reverter o processo, o reverterá.

 

Estamos, assim, diante de um fenômeno biológico que tem raízes no inconsciente. Sabemos que aquilo que tem raízes inconscientes é sintoma, é somatização, é doença. Quão fácil parece ser entender o envelhecimento como sintoma, como doença. Examinaremos melhor esta questão mais adiante.

 

A tese que Chopra defende em seu livro é a de que o envelhecimento é uma doença psicossomática. A mesma idéia este autor defende. Tendo chegado ao ponto de afirmar que o envelhecimento é uma doença psicossomática, examinaresmos um pouco mais a questão das doenças.

 

PSICONEUROENDOCRINOIMUNOLOGIA

 

Verificamos, nos livros textos mais modernos de psiquiatria e medicina psicossomática, que há neles um capítulo novo sendo incluído, é o capítulo que trata da Psiconeuroendocrinoimunologia. Como o próprio nome revela, este estudo clarifica as vias de interação existentes entre os Sistemas Psíquico (PSICO), Neurológico (NEURO), Endocrinológico (ENDÓCRINO) e Imunológico (IMUNOLOGIA). No sistema psíquico vamos encontrar o pensar (consciente e inconsciente). Nos sistemas neurológico e imunológico, mediados por hormônios do sistema endócrino e pelos neurotransmissores, encontramos os efeitos.

 

Vejamos o desenvolvimento histórico da psiconeuroendocrinoimunologia e dos pensamentos que a antecederam no meio médico. O terreno mais fértil para o desenvolvimento desses estudos foi o câncer e as emoções a ele associadas. A história nos motra que Hipócrates (460 a 377 AC), considerado o pai da medicina, dizia que a saúde necessitava, para sua manutenção, entre outros fatores, do equilíbrio entre os vários componentes da natureza humana. Esses componentes, dividia-os em "humores" e "paixões". Quando falava em humores, referia-se àquilo que hoje chamamos de equilíbrio químico e hormonal; por paixões denominava o que para nós constituem o emocional e mental. O conceito hipocrático de cura era o de que forças curativas inerentes nos organismos vivos é que agiam nesse sentido, sendo o papel do médico o de auxiliar os pacientes a realizar, ativar essas

 

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forças que haviam em potencial dentro deles. Não podemos deixar de perceber a genialidade hipocratiana ao falar de "forças curativas inerentes aos organismos vivos". Que forças poderiam ser essas? Que forças havia em potencial nos doentes e que os médicos deveriam ajudá-los a ativar? Não podemos pensar que Hipócrates falava, talvez sem saber e sem nomear, do poder quântico, do poder do pensamento que vimos acima?

 

No século II depois de Cristo, Galeno (138 a 201 DC) já referia a existência de problemas de ordem psicológica em doentes com câncer. Apesar dessa percepção, provavelmente pressionado pelo contexto em que vivia, Galeno desenvolveu uma técnica voltada para a obtenção de efeitos imediatos, sintomática portanto, antagonizando-se assim com o ideal hipocrático e com suas próprias percepções. Esse modelo Galênico, sintomático, impulsionado pela força de seu criador, é o modelo que prevalece até hoje no mundo moderno. Nossos médicos fazem o juramento hipocrático e praticam a medicina galênica! Notemos que também Galeno percebeu a questão do pensar, do psicológico, associada ao câncer.

 

Em épocas mais recentes muitos pesquisadores têm demonstrado através de diversos trabalhos e pesquisas independentes, o papel fundamental que desempenham as emoções no desencadeamento e/ou gênese, ou ainda na evolução das diversas patologias que nos afligem. Vejamos algo neste sentido.

 

Em 1975, dois pesquisadores (Amkraut e Solomon) publicaram uma monografia que se tornou clássica, na qual, após estudar as fases da resposta imunológica, fazem a correlação do câncer, das doenças bacterianas, das disfunções do sistema imunológico produzidas pelo stress, das doenças alérgicas e auto-imunes. Verificaram que fatores psíquicos podem provocar mudanças imunitárias, mediadas por alterações no sistema endócrino.

 

Outro evento, citado pelos autores Marcos de Oliveira Mundim, Marisa Oliveira e Marcelo de Oliveira Mundim, em seu "Tratado de Saúde Holística" (1994), associado ao nascimento oficial da Psiconeuroendocrinoimunologia foi o vôo espacial de uma das naves da missão Apollo da NASA, em que, após uma explosão acidental a bordo da nave, criou-se uma situação extremamente delicada, pois o acidente punha em risco sério a possibilidade de retorno da nave. Como todos sabemos, os astronautas têm, quando em missão espacial, todas as suas funções vitais, metabolismo e bioquímica, monitoradas a distância. Também é

 

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sabido que é exigida deles uma higidez quase perfeita para poderem subir ao espaço. Pois bem, por ocasião da explosão os astronautas entraram em stress, uma vez que se viram subitamente diante da possibilidade de ficar "enterrados" no espaço para sempre, visto que sabiam que viveriam apenas o tempo de suficiência de suas reservas de oxigênio e alimentares. Dois dos astronautas (eram três) fizeram na ocasião quadros gripais, e o monitoramento de suas funções em terra acusou, para os três, uma queda no sistema imunológico. Verificou-se então, de modo inequívoco, que os sentimentos, as emoções (medo, insegurança, pavor, desespero, ansiedade), têm a capacidade de produzir uma redução na quantidade e qualidade das defesas naturais do organismo contra infecções e doenças.

 

Ora, essas defesas naturais são funções do sistema imunológico. Ficou clara, assim, a influência, a inter-relação existente entre o psiquismo, o mental no sentido mais amplo, com o biológico, fisiológico, representado aqui pela imunologia. Faltava apenas descobrir como se operava essa integração entre esses dois sistemas. Fácil foi verificar a mediação do sistema neurológico, através de seus neurotransmissores e peptídeos; fácil foi verificar que o que pensamos e sentimos é imediatamente projetado no campo molecular, no padrão dos neurotransmissores e peptídeos. Em outras palavras, comparativamente, podemos imaginar um trem, com sua locomotiva e seus vagões. A locomotiva seria o pensamento e os vagões, os elementos químicos; atrás da locomotiva seguem os vagões, nunca o inverso. O erro do pensamento médico ortodoxo durante séculos foi enxergar apenas os vagões e negar a locomotiva, apesar de grandes nomes da Medicina, como vimos acima, terem chamado a atenção para a locomotiva. Hoje, felizmente, o panorama está mudando.

 

Assim, hoje sabemos que o stress produz substâncias que suprimem a atividade daquelas células componentes do sistema imunológico, chamadas células NK (Natural Killers), as quais desempenham importantíssima função na primeira frente de defesa do organismo, destruindo, matando (daí sua denominação de "células assassinas"), células neoplásicas, bactérias e vírus. Quanto às células neoplásicas, sabe-se hoje que sempre existiram, sempre existem no organismo; o câncer se desenvolve quando a atividade das células NK, que as destróem, está deprimida.

 

Como vimos acima ao citarmos Hipócrates e Galeno, essa inter-relação mente-corpo já era intuída, sabida mesmo, por médicos ilustres do passado mais distante e mais recente. Já há algum tempo que estudiosos do psiquismo humano nos falam da influência do emocional e

 

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mental na causação e/ou evolução das doenças. Com o descobrimento das bases químicas e fisiológicas dessa influência, pôde, finalmente, ser parida a Psiconeuroendocrinoimunologia.

 

A partir daí, numerosos cientistas passaram a fazer pesquisas mostrando, confirmando a inter-relação acima, mostrando que também inversamente sentimentos alegres e prazerosos têm a capacidade de reforçar positivamente nossos sistema imunológico. Assim, nossas células imunes ganham força e vigor quando, por exemplo, assistimos a um filme alegre ou que expresse sentimentos nobres e altruístas, enfim, quando vivenciamos a felicidade ou expressamos o amor. Dessa forma, cada vez mais o conceito da unidade corpo-mente foi-se fortalecendo. Por outro lado, a filosofia médica oficial assentada na separatividade, no dualismo corpo-mente, que tem sua base cartesiana, foi atingida em seus alicerces fundamentais. Vemos aqui o desenvolvimento científico, o modo como ocorre, autofágico, destruindo, com a evolução, seus dogmas anacrônicos para, assim, possibilitar o surgimento do novo.

 

Claro está que nossa vulnerabilidade às infecções e doenças de modo geral depende de forma direta de nosso estado emocional. Somos mais ou menos vulneráveis quanto mais ou menos desequilibrados estamos emocionalmente. Se lançarmos um breve olhar às emoções que nos desequilibram de modo negativo (crítica: não há desequilíbrio de modo positivo), veremos o medo, a insegurança, a raiva, a timidez, o mau humor, a tristeza etc. Não podemos perder de vista que nossas emoções seguem nossos pensamentos: se penso que vou perder o emprego, posso sentir medo e insegurança; se penso que meu salário será reduzido, vou sentir raiva; se penso que um ente querido que está doente vai morrer, vou sentir tristeza, e assim por diante. Nosso atributo quântico, o pensamento, está sempre por trás, ou, colocando de outra forma, é sempre o primeiro, tudo o mais são efeitos.

 

Façamos agora, de posse dessas informações, um raciocínio simples: se temos uma doença qualquer e a tratamos apenas alopaticamente, ou cirurgicamente, estamos removendo, em última instância, somente o resultado final de um processo que começou em outro nível que não o corporal, isto é, no nível emocional, mental (quântico). Assim sendo, medicamentos para câncer, úlcera, ansiedade, analgésicos, relaxantes musculares etc., embora tenham seus méritos e indicações, são paliativos, uma vez que não atingem o nível causacional das doenças, o nível quântico das emoções e da mente. Uma hipertensão, por exemplo, causada por sentimentos não aceitos, não simbolizados, reprimidos portanto, de raiva ou ódio, tratada apenas com medicamentos

 

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anti-hipertensivos, não está sendo tratada no nível dos sentimentos e por consequência dos pensamentos, conscientes ou inconscientes, causadores da mesma. Estamos, assim, suprimindo um sintoma, e não atuando na força que o gera, obrigando-o a redirecionar-se, desviar-se, procurar outro caminho de manifestação, de escape, que poderá ser outra doença psicossomática; ou uma ansiedade, difusa ou projetada para um objeto específico, interno ou externo, poderá ainda vir a reforçar transtornos neuróticos, de comportamento ou de caráter já estabelecidos. A energia psíquica (quântica) reprimida exige, busca, sempre, uma via de expressão. Desnecessário dizer que nada do que aqui colocamos antagoniza, e muito menos invalida, as indicações e necessidades dos medicamentos alopáticos, apenas complementa, globaliza a visão tradicional das doenças.

 

MEDICINA PSICOSSOMÁTICA

 

As novas descobertas da psiconeuroendocrinoimunologia em perfeita harmonia com os avanços e descobertas da física quântica transformam-se, assim, nos alicerces que possibilitam o fortalecimento cada vez maior da medicina psicossomática. Vejamos algo a respeito desta. Sua história é longa, tão longa que chega a confundir-se com a própria história da Humanidade. Há 10.000 anos AC as doenças estavam, para os povos primitivos, intimamente ligadas aos poderes espirituais. Há 3.000 anos AC a medicina da Mesopotâmia era psicossomática em todos os seus aspectos; nos templos sagrados de cura da Antiga Grécia, Sócrates dizia que "(...) é inapropriado curar o corpo sem curar a alma", e Hipócrates, o pai da medicina, afirmava, como já vimos, que para a preservação da saúde era necessária a existência de um equilíbrio entre os sentimentos e emoções (psiquismo) e os componentes bioquímicos e hormonais (corpo), naturalmente usando os conceitos e linguagem de sua época. Podemos ver que desde os primórdios de nossa civilização, ainda nos povos primitivos, as doenças estavam ligadas aos "poderes espirituais", poderes estes que podemos chamar, em nossa linguagem atual, de poderes quânticos. Nós, homens modernos, sempre atribuímos as crenças dos povos primitivos à sua ignorância. Vamos fazer um exercício imaginativo tentando nos colocar no lugar de um primitivo diante da filosofia médica ortodoxa de nosso tempo. Não poderia esse "primitivo" argumentar que nós por darmos excessiva ênfase ao corpo - que seria no seu modo de ver apenas a expressão do espírito - é que somos os "primitivos"? É tudo uma questão de referencial a adotar (adotado).

 

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Se até o tempo foi demonstrado ser relativo, por que não o seriam também as nossas opiniões, já que não representamos, em última análise, mais que alguns pontinhos na infinita reta do tempo? E, se formos um pouco mais além e pensarmos que o "primitivo" em sua primitivez, não matava senão animais e, mesmo assim, para se alimentar e/ou se defender? Não poderia esse "primitivo", olhando nosso mundo contemporâneo, cheio de guerras e mortes absurdas, chamar-nos de ignorantes e bárbaros?

 

Crítica: esta opinião-visão acima, do primitivo "bonzinho", que não matava senão animais e, mesmo assim, para se alimentar e/ou se defender, podemos dizer que é uma visão idealizada. Embora possa ter havido povos com esta característica, ela está longe de ser válida como uma generalização. Um exame mais minucioso e cuidadoso da história humana nos mostra que "guerras e mortes absurdas" sempre existiram, foram a regra, não as exceções. Isto é, o mito do "bom selvagem" é apenas isto, um mito. Ou uma ilusão que gostamos de acalentar. 

 

Podemos a esse respeito, para ilustrar, citar uma ocorrência contemporânea: Mário Sanchez e Martina Sanchez nos relatam, em seu livro "Medicina Nutricional" (1988), a seguinte experiência por que passou Cláudio Vilas Boas, que viveu trinta e cinco anos nos sertões com os índios. Vilas Boas conta que cada tribo de nossos silvícolas possui tradições que se transmitem de pai a filho, numa ladainha que é repetida até não errar nem uma só sílaba da tradição; essa tradição, não a contam a nenhum estranho. Certa vez Vilas Boas perguntou a um desses "livros vivos" por que não contava as histórias da tribo aos pesquisadores que estavam na aldeia em visita. Prontamente o índio reagiu: "Branco não tem capacidade para entender conhecimentos de índio".

 

Enfim, foi somente na Renascença (1500 a 1700) que a aplicação das ciências naturais à Medicina levou à consideração das influências psíquicas sobre o corpo como não científicas, visão que foi reforçada no século XIX com o avanço dos estudos laboratoriais; mas apenas no século XX, a partir dos estudos psicanalíticos de Freud, é que as influências do psiquismo sobre o corpo voltaram a ser consideradas com maior seriedade.

 

Vejamos o que nos diz uma moderna definição de Medicina Psicossomática: "é o estudo da correlação íntima entre o psiquismo e as manifestações orgânicas ou funcionais, incluindo reações individuais a certas doenças assim como as implicações pessoais e a conduta social dos indivíduos, motivadas pela doença". Essa definição, extraída de "Medicina Psicossomática" de Luiz Miller de Paiva (1994, 3a edição), mostra-nos o alcance e a amplitude que está adquirindo a compreensão da inter-relação existente entre o psiquismo e a doença. Se aceitarmos o envelhecimento como doença psicossomática, não teremos nenhuma dificuldade em incluí-lo nessa definição.

 

Por necessidade classificatória, de estudo, manejo e terapêutica, a Medicina, em seu desenvolvimento, foi compartimentalizando as doenças, dividindo-as em grupos e sub-grupos. Assim, uma grande divisão feita foi a de doenças "orgânicas" e "psicossomáticas". Psicossomáti-

 

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cas eram aquelas em que o componente psíquico aparecia claro, evidente, inegável. Nas outras, não se mostrava de modo tão claro e evidente o papel do psiquismo, ou não sabíamos vê-lo, ficando fácil, então, negá-lo e dizer que as doenças nada tinham a ver com o mundo interno do psíquico, dizer que eram "orgânicas".

 

Tomemos um exemplo extremo para podermos ver o alcance da influência do psíquico no dia-a-dia de nossas vidas. Incursionemos no terreno dos acidentes, já que estes são muito usados para negar a psicogênese das doenças. Afinal, onde poderia estar o fator psicogenético numa doença causada por um acidente? Desde a época em que Freud escreveu "Psicopatologia da Vida Cotidiana", em 1901, que a pesquisa psicossomática tem demonstrado, com base em informações estatísticas, que existem aquelas pessoas que são portadoras de uma predisposição para acidentes. Em 1926 um psicólogo alemão (K. Marbe) mostrou, em seu livro "Psicologia Prática dos Acidentes em Geral e dos Acidentes de Trânsito", que as pessoas que já sofreram um acidente têm mais probabilidade de vir a sofrer outros, quando comparadas com as que nunca foram vítimas de acidentes. Outro autor, Alexander, em "Medicina Psicossomática" (1950), mostra que numa certa cidade americana (Connecticut), num período de seis anos, 36,4% de todos os acidentes aconteceram com um pequeno grupo de 3,9% de pessoas (Citado por Thorwald Dethlefsen e Rudiger Dahlke, em "A Doença como Caminho" - 1983).

 

Hoje praticamente não existe psicoterapeuta atuante que não tenha exemplos de acidentes em seu próprio arquivo de casos clínicos, alguns até fatais, que foram determinados por conflitos psíquicos internos, podendo estes terem sido completa ou incompletamente inconscientes, já que, se completamente conscientes, poderiam ser classificados como suicídios, ou tentativas de.

 

Todos esses fatos nos fazem ver que inclusive naquelas situações que aparentemente nada tem de psicossomático, como os acidentes, esse componente existe e cobra sua manifestação; mostram-nos que nada no contexto da enfermidade humana é casual. Afinal, o aspecto psíquico, quântico, é intrínseco do ser humano e, assim sendo, é onipresente em todas as manifestações humanas, patológicas ou não. Fica fácil percebermos a assertividade da afirmação de que praticamente todas as doenças são psicossomáticas; percebermos que a divisão feita entre doenças orgânicas e psicossomáticas é artificial e ilusória, e só é compreensível na medida em que a entendemos como se constituindo

 

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no resultado da incompletude e fragmentação do nosso conhecimento. Não existe a possibilidade de separação corpo-mente; estes dois aspectos do ser humano estão sempre unidos, inseparáveis; é um casamento divino e, literalmente, só a morte os separa. A dimensão física, corporal, tridimensional do homem é, na verdade, uma sombra daquilo que, acontecendo algures, em outros níveis de existência (nível quântico) projeta-se, formaliza-se e se concretiza no mundo molecular da densidade material. O ser humano é um "ser quântico", como bem coloca Danah Zohar em seu livro "O ser quântico" (1990).

 

Está então criado, pelas novas e modernas conquistas na área da bioquímica, através dos neurotransmissores, da psiconeuroendocrinoimunologia e da física quântica, que na verdade resgatam um conhecimento antigo, perdido ou não compreendido, o contexto científico para um salto quantitativo e qualitativo na compreensão das doenças e, entre elas, do envelhecimento.

 

 

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TEORIAS DO ENVELHECIMENTO 

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Todas as teorias propostas para o envelhecimento são incompletas, não conseguem explicá-lo satisfatoriamente. É Chopra quem nos fala da existência de mais de trezentas teorias. Hayflick comenta que já foi dito que existem tantas teorias quanto existem pesquisadores biogerontologistas. O consenso, conseqüentemente, é o de que há diversas causas e não uma única, e que portanto vários mecanismos podem estar sinergisticamente atuando para produzir o mesmo efeito. Podemos simplificadamente, resumir as teorias acerca das razões do envelhecimento em três grandes grupos: primárias, superiores e avançadas.

 

TEORIAS PRIMÁRIAS

 

A primeira idéia do porquê envelhecemos foi abstraída a partir da observação de que se tudo que nos rodeia de alguma forma envelhece e morre, por que nós, seres humanos, seríamos ou deveríamos ser diferentes? Assim, nada mais natural que também devêssemos obedecer à mesma lei. Como tudo ocorre no tempo, deveríamos ter um tempo determinado de vida, um tempo além do qual nosso corpo acabaria estragado pelo desgaste e não teria mais condições de continuar funcionando. O raciocínio é lógico, mas primário. Aqui estão as teorias da "substância vital", da "mutação genética", da "exaustão reprodutiva" e a do "relógio do envelhecimento". Não nos vamos deter na análise dessas teorias, já que existem vários autores que o fazem, e não acrescentaríamos provavelmente nada de novo; há literatura farta a respeito.

 

TEORIAS SUPERIORES

 

São aquelas que puderam ser formuladas com o desenvolvimento das ciências naturais, com o aumento do conhecimento que fomos adquirindo da anatomia, fisiologia e bioquímica. Esses avanços permitiram que perscrutássemos com maior desenvoltura a intimidade de nosso

 

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corpo e de seus vários sistemas. Tivemos assim a teoria neuroendócrina, a teoria do sistema imunológico e a teoria do relógio hipotalâmico, que em essência não difere da teoria anterior do relógio do envelhecimento, apenas localiza anatomicamente o relógio (ou tenta). Neste grupo, ainda, o avanço do estudo da biologia celular e o descortinamento de novos conhecimentos possibilitou um salto em nosso pensar; saltamos dos órgãos e tecidos para dentro da célula, e as teorias do envelhecimento naturalmente passaram a focalizar esses novos personagens. Parecia resolvido o enigma, na intimidade celular, no DNA estaria o segredo: envelhecemos por danos no DNA. Este é tão importante que as células desenvolveriam ao longo do tempo mecanismos de reparo e correção dos danos que por algum motivo se produzem no DNA. Porém, com o tempo, os danos se acumulariam tanto que a capacidade de reparo intrínseca do organismo não conseguiria mais dar conta e ocorreria então o envelhecimento; ou paralelamente ao acúmulo dos danos, o próprio sistema de reparos, a oficina, por assim dizer, esgotaria seu potencial. Percebemos que a idéia da "substância vital" e do "relógio do envelhecimento" permeiam esse raciocínio.

 

Ou ainda, mais tentadora a idéia, haveria em nosso sistema genético (DNA) um ou diversos genes, que seriam responsáveis pelo envelhecimento (estaria aí em última análise o relógio do envelhecimento). Bastaria então avançar mais nosso conhecimento e desenvolver a engenharia genética que localizaríamos esses "perversos" genes e os extirparíamos de seus lugares, bem como de nossas vidas.

 

Novas descobertas vieram dar força à "teoria do DNA". Foram elas a descoberta da lipofuccina, das ligações cruzadas e dos radicais livres. A lipofuccina é um elemento que se acumula granularmente nas células à medida que estas vão envelhecendo. As ligações cruzadas são ligações de uma proteína complexa abundante em nosso organismo, chamada colágeno, cujas moléculas componentes se unem de uma forma característica que possibilita chamar essa ligação de "ligação cruzada". Com o passar do tempo e o envelhecimento, o número de ligações cruzadas aumentam. Como a pele, nosso maior órgão, é rica em ligações cruzadas, cujo pequeno número ou grande número é o que diferencia uma pele jovem de uma pele idosa (enrugada), essa descoberta adquiriu grande importância. Não demorou muito para que outro vilão fosse descoberto. Este novo vilão é o chamado "radical livre".

 

[pág.43]

 

Vejamos o que nos diz Hayflick sobre os radicais livres:

 

"Não, a teoria dos radicais livres não se baseia em uma conspiração política. Baseia-se em uma reação química complexa que ocorre quando certas moléculas suscetíveis nas células encontram e quebram moléculas de oxigênio, formando pedaços de moléculas altamente reativas. Esses fragmentos moleculares são chamados de radicais livres. Eles são instáveis e tentam se religar a qualquer outra molécula que se encontre nas proximidades. Quando um radical livre se une a uma molécula importante, podem ocorrer danos" (o grifo é nosso; veremos adiante o porquê).

 

A fala ainda é de Hayflick:

 

"A química de formação dos radicais livres e de suas reações subsequentes com outras moléculas é complexa" (o grifo também é nosso).

 

Passemos a palavra para Deepak Chopra:

 

"O material básico do corpo humano é extremamente frágil. Se isolarmos uma célula e a colocarmos ao ar livre num dia cálido de verão, ela definhará e morrerá em questão de minutos. Dentro de cada célula existe uma microscópica porção de material genético, o DNA, que é menos resistente ainda. A despeito do fato de se ocultarem no núcleo das células, os seus genes são danificados diariamente pela radioatividade, luz ultravioleta, toxinas químicas e poluição, mutações aleatórias, raios X e até mesmo pelo próprio processo da vida. Átomos de oxigênio altamente reativos, chamados de radicais livres, são liberados quando o alimento é metabolizado nas células, e entre os muitos elementos químicos pelos quais eles são atraídos e danificam está o DNA" (os grifos são nossos; veremos adiante o porquê).

 

Vamos deter-nos um pouco mais nos radicais livres porque eles se revelarão, como veremos adiante, extremamente importantes.

 

Façamos agora uma articulação entre as colocações de Hayflick e Chopra. Hayflick fala em "certas moléculas suscetíveis". Faz a seguir uma minuciosa avaliação crítica do papel que poderiam ter os radicais livres no processo do envelhecimento, procedendo a uma notável articulação entre a questão dos radicais livres e antioxidantes com a questão da restrição calórica, que veremos adiante. Porém, estranhamente, não faz mais nenhuma menção às tais "certas moléculas suscetíveis" que estão, conforme ele mesmo coloca, por trás da questão dos radicais livres. Não mais toca no assunto em todo o seu livro!!

 

Realmente muito estranho, identifica as "certas moléculas suscetíveis" que estão por trás da questão dos radicais livres, um raciocínio científico brilhante, e não mais desenvolve o assunto ... Esse comportamento não combina com o porte de seu conhecimento e sua grandeza acadêmica no assunto. Parece, que, de propósito, deixa "algo no ar". Por que faria isso, se estamos corretos em nosso raciocínio? Outra questão intrigante, que para mim tinha passado despercebida: meu filho, Gabriel, me chamou a atenção, vendo o livro de Hayflick em minha mesa de trabalho e perguntando por que ele (Hayflick) tinha colocado uma foto de folhas de maconha na capa de seu livro? Sua pergunta me pegou de surpresa e a imediata associação que fiz foi o fato de outro cientista, Watson, Nobel de Medicina em 1962 juntamente com Crick e Wilkins, ter colocado na capa de seu livro, lançado em 2003 (DNA - O Segredo da Vida) um holograma de uma hélice dupla e de uma abelha, sendo que em seu livro nem sequer menciona as abelhas. No mínimo, curioso e intrigante. De novo, no mínimo, curioso e intrigante que Hayflick, também tenha colocado uma foto de folhas de maconha na capa de seu livro, sendo que nem sequer menciona a maconha em toda sua obra. Coisas de cientistas ... (veja no Dicionário Informativo, Imortalidade, a medicina da). 

 

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Chopra, por outro lado, embora tenha ido um pouco mais além, não se detém num ponto importantíssimo, provavelmente porque sua preocupação principal era a questão quântica, e não biológica, do envelhecimento; mas vejamos o que ele nos diz. Se prestarmos atenção ao seu texto, veremos que as "certas moléculas suscetíveis" de Hayflick são o que ele coloca como "toxinas químicas". Pouco antes falou em dano diário e logo depois de identificar, muito corretamente, os elementos danosos, coloca que os radicais livres são liberados quando o alimento é metabolizado nas células, e aí articula com o dano ao DNA!

 

Coloquemos então de outra forma o que nos diz Chopra: o DNA é danificado diariamente por toxinas químicas (entre outras coisas) liberadas a nível intracelular quando o alimento é metabolizado; as toxinas químicas são, portanto, resultado, do metabolismo do nosso "alimento diário de cada dia". Mas, então, os radicais livres são toxinas químicas liberadas a partir de nossa alimentação? É a alimentação a questão básica que está por trás do envelhecimento? São perguntas que não podemos deixar de formular. O próprio Hayflick nos diz: "A restrição calórica é uma das únicas formas de se alterar o processo de envelhecimento". A restrição calórica está associada com a alimentação; está então Hayfrlick nos dizendo que alteração alimentar é uma das únicas formas de se alterar o envelhecimento!

 

O próprio Hayflick, comentando sobre a descoberta do hormônio chamado deidroepiandrosterona (DHEA), que é encontrado em grandes quantidades nos adultos jovens e diminui com a idade, nos informa que os camundongos tratados com DHEA comem menos e que, portanto, é possível pensar que o aumento da longevidade dos camundongos que recebem DHEA possa ser causado pela diminuição da ingesta calórica, que seria assim, digamos, o seu efeito colateral. Isto é, a ação do DHEA seria reduzível à questão da restrição calórica, alimentar portanto. De fato, experimentos de restrição calórica em camundongos provocaram aumento de longevidade.

 

A teoria dos radicais livres está na moda; eles foram declarados e aceitos unanimemente como os grandes vilões responsáveis pelo envelhecimento e há vários livros a seu respeito, ensinando técnicas e formas de os combatermos. Como podemos ver acima, por trás dos radicais livres, embora inquestionável a sua existência e os seus efeitos, estão as "certas moléculas suscetíveis" de Hayflick e as "toxinas químicas" de Chopra. Ambas são máscaras da questão alimentar, como também vimos analisando o texto de Chopra. Este é o panorama

 

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contemporâneo da luta humana contra o envelhecimento. Lutamos heróica e desesperadamente contra os bandidos (radicais livres) que nos assaltam e roubam (anos de juventude e vida), mas fazemos questão de ignorar que eles têm um chefe, um articulador de seus assaltos e roubos. Claro que não vendo o chefe da quadrilha, ou não sabendo identificá-lo, ou até mesmo não querendo identificá-lo, convivemos amistosamente com ele, tal qual convive pacificamente o gado com o pecuarista, até chegar a hora de ir para o matadouro! 

 

A QUESTÃO DA NUTRIÇÃO

 

Como já vimos antes, por trás de todas as teorias superiores está a questão alimentar. Observamos em toda a literatura gerontológica que há sempre, de alguma forma, uma associação, ou tentativa de associação, com a questão alimentar, nutricional.

 

Impossível não abordar, neste tópico, um veneziano chamado Luigi Cornaro, que escreveu, no século XVI, um livro sobre saúde e longevidade. Aos mais ou menos 50 anos de idade, teve sérios problemas de saúde e os médicos lhe prognosticaram poucos meses de vida. Por conta própria resolveu mudar radicalmente seus hábitos de vida. Enfatizando a questão dos hábitos alimentares, mudando-os, curou suas doenças e viveu com saúde, lúcido e ativo até os 98 anos (segundo Hayflick) ou até os 103 anos (segundo Chopra). Considerando o tempo médio de vida para a sua época (35 anos, com sorte segundo Chopra, que informa também que Cornaro mudou seus hábitos alimentares aos 37 anos), isto foi para a (correção: aquela) época, uma enorme façanha. Tomemos o número que Hayflick nos dá, 98 anos, dividamos por 35 anos, que era o tempo de vida médio da época, temos o quociente de 2,8 (98 dividido por 35 = 2,8). Portanto, Cornaro conseguiu multiplicar por 2,8 o tempo médio de vida de sua época. Tomemos agora o tempo médio de vida de um país civilizado, 76 anos (EUA, hoje) (hoje = 1999) e apliquemos o "índice de Cornaro", de 2,8. Temos o seguinte: 76 anos vezes 2,8 é igual a 212,8. Isto é, Cornaro continua invicto em seu recorde de longevidade, já que não temos registro de que algum Cornaro moderno tenha atingido a marca dos 212 anos. Nossos cientistas mais ortodoxos teimam em insistir que dificilmente conseguiremos ultrapassar o limite de 115-120 anos. Talvez seja por isso que o livro de Cornaro é reimpresso até hoje nos Estados Unidos.

 

Aos teimosos cientistas que insistem em que dificilmente conseguiremos ultrapassar o limite de 115-120 anos, podemos responder com

 

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conhecimentos oriundos do estudo da biologia. Vejamos o que nos dizem os irmãos Sanchez em seu livro "Medicina Nutricional", já citado, à página 269, num capítulo intitulado "Envelhecimento Precoce": "todo animal vive em seu desenvolvimento um quinto mais ou menos, de sua vida total. Ora, o homem se desenvolve, até atingir sua verdadeira posição de adulto, com suas funções racionais completas, até os 36 ou 40 anos. Logo, para não ser um animal de capacidade inferior frente aos demais, deveria viver de 150 a 200 anos, e isto com saúde".

 

Voltemos a Cornaro e vejamos a lição que ele nos deixou. É dele a frase:

 

"Os alimentos que o homem deixa de comer quando come parcimoniosamente são mais benéficos do que os que ele comeu". (o grifo é da redigitação)

 

Ressuscitemos Cornaro e peçamos a ele que nos repita, com os conhecimentos que temos hoje, a frase acima. Ele provavelmente diria (talvez não com as mesmas palavras):

 

"Quando deixamos de comer em excesso deixamos de produzir em excesso 'certas moléculas suscetíveis', ou 'toxinas químicas', e estas por sua vez deixarão (por não serem produzidas excessivamente) de produzir excessiva quantidade de radicais livres e consequentemente o envelhecimento e as doenças serão retardadas", OU "Quando você come pouco produz menos radicais livres e envelhece menos e vive mais e com mais saúde".

 

Já temos hoje elementos para dizer que Cornaro estava apenas parcialmente certo; acertou no alvo, mas não na mosca. Veremos mais adiante o porquê.

 

Sendo a questão da alimentação sempre mencionada nos estudos sobre envelhecimento, podemos nos perguntar: por que não surgiu até hoje uma teoria baseada na alimentação? Hayflick reconhece a recorrência do tema associada à questão do envelhecer e faz a pergunta em seu livro: "Existe uma dieta antienvelhecimento?"

 

As informações que vamos comentar a seguir foram tiradas todas do livro de Hayflick.

 

Em 1934, Clive M. McCay e seus colegas da Cornell University surpreenderam a comunidade de estudiosos da biogentologia com o relato de que ratos de laboratório alimentados com dietas contendo quantidades normais de vitaminas, proteínas e minerais, mas com um teor extremamente baixo de calorias, cresceram mais lentamente e viveram

 

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muito mais do que os ratos alimentados com a dieta normal. Em alguns casos, viveram duas vezes mais. Enfatiza Hayflick: "É importante entender que essa dieta de baixas calorias produziu uma subnutrição nos animais, não uma desnutrição". A dieta de McCay foi chamada de "subnutrição sem desnutrição" ou de "restrição calórica". Observou-se, ainda, que as doenças também eram retardadas em seu aparecimento nos ratos "subalimentados". Manipulando-se a quantidade de carboidratos e proteínas, descobriu-se que, diminuindo os carboidratos e aumentando as proteínas, a longevidade também aumentava. Hayflick comenta que "talvez McCay na verdade tenha descoberto o inverso do que achava: que os animais que comem tudo que desejam crescem e envelhecem mais rápido e vivem menos do que seus pares subalimentados". Mas reconhece o valor da descoberta de McCay: "os experimentos de McCay mostram nitidamente que o conteúdo calórico dos alimentos influencia de alguma forma a longevidade. Talvez ele tenha visto as coisas pelo lado errado do telescópio, mas não há nada de errado com o telescópio". Mais tarde verificou-se que a "restrição calórica" tinha o mesmo efeito em várias outras espécies de animais (peixes, bichos-da-seda, aranhas, drosófilas, rotíferos e dafne).

 

Continua Hayflick: "Os animais em uma dieta restrita podem ter a mesma idade cronológica dos animais alimentados com tudo que desejam, mas têm apenas a metade de sua idade biológica" (o grifo é do próprio Hayflick). Hayflick diz, ainda, que a alimentação irrestrita é a melhor forma de estudar a aceleração do envelhecimento e a redução da longevidade.

 

Conclusão de Hayflick à sua pergunta "existe uma dieta anti-envelhecimento?":

 

"Os cientistas não descobriram nenhuma outra forma mais eficaz de retardar o ritmo de envelhecimento ou aumentar a longevidade em animais de sangue quente além da subnutrição sem desnutrição. Tampouco conhecemos uma forma mais eficaz de adiar ou eliminar tantos tipos de câncer e outras doenças". "(...) Hoje, existem indícios persuasivos de que a subnutrição iniciada em animais jovens adultos ou até em animais de meia-idade aumenta sua longevidade. Isso implica que quaisquer fatores que influenciam a longevidade estão ativos praticamente durante a vida toda".  (O grifo é nosso, feito na redigitação).

 

Concordamos com a conclusão de Hayflick, mas acrescentamos (veremos mais adiante o porquê): a "subnutrição" iniciada em animais de meia idade ou mesmo em animais velhos é capaz de reverter o processo de envelhecimento.

 

[pág.48] 

 

Outra pergunta de Hayflick: "Como funciona a restrição calórica?". Vejamos a sua resposta. Diz-nos que, "Apesar de intensas pesquisas, ainda não se conhece bem o mecanismo através do qual a restrição calórica funciona". Edward Masoro, Byung P. Yu e colegas da Universidade do Texas "mostraram claramente que a ação antienvelhecimento da restrição alimentar deve-se ao consumo reduzido de energia, e não ao consumo reduzido de algum componente ou contaminante específico na alimentação. Esses pesquisadores acreditam que os níveis sangüíneos de glicose são a chave para a compreensão do mecanismo". Resumo da conclusão de Masoro: como com a restrição calórica a quantidade de glicose na corrente sangüínea é menor, há menos reações químicas, e como o oxigênio é usado nos processos metabólicos (queima da glicose para obtenção de energia: glicose + Oxigênio), produzem-se menos radicais livres. Como se sabe que a glicose reage também com outras moléculas (proteínas e DNA) gerando outros produtos químicos danosos que podem acumular-se nas células, voltamos também à teoria da acumulação de resíduos.

 

Outra pergunta de Hayflick: "Os seres humanos podem aumentar sua longevidade através da restrição de calorias?". Vejamos a sua resposta:

 

"É tentador concluir, a partir de nossos atuais conhecimentos, que os seres humanos poderiam aumentar sua longevidade simplesmente adotando uma alimentação que inclua todos os nutrientes necessários mas com baixíssimo teor calórico. A maioria dos biogerontologistas acredita que isso seja correto. Entretanto, apesar do fato de a descoberta ter sido feita há mais de cinqüenta anos, poucas pessoas ficaram suficientemente motivadas a optar por uma dieta baseada na subnutrição".

 

Hayflick acha que o motivo é que não foi provado conclusivamente que a restrição calórica funcione em humanos, além disso, um estilo alimentar que "beire à fome ou à inanição" seria um preço muito alto a pagar pelo adiamento das doenças e conquista de maior longevidade. Além disso, (correção: Continuando, completa:) "não sabemos quais serão os efeitos a longo prazo da restrição calórica sobre a cognição".

 

Nós achamos que a questão não foi adequadamente colocada, apesar da correção dos argumentos. Perguntamos: que motivação teria alguém para optar por uma dieta baseada na subnutrição num mundo em que a subnutrição é sinônimo de pobreza e subdesenvolvimento? Seria o mesmo que esperássemos que as pessoas quisessem ser subnutridas ou que quisessem ser pobres, já que a subnutrição é asso-

 

[pág.49]

 

ciada à pobreza. Precisamos entender melhor a questão da "subnutrição sem desnutrição" e colocá-la de outra forma. Veremos isso mais adiante (No Capítulo X - No Limiar da Compreensão).

 

Ver os Textos "Desenvelhecimento é Possível?", "A Inocência do Oxigênio" e "Restrição Calórica x Hayflick", onde esta questão é mais desenvolvida, através de equações esclarecedoras.

 

ROY WALFORD

 

Informam-nos Hayflick e Chopra que o respeitado e destacado defensor da subnutrição sem desnutrição, Sr. Roy Walford, da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, optou, na vida adulta, pela adoção de uma dieta de restrição de calorias. Começou sua dieta de restrição calórica na meia-idade, depois que estudos realizados por ele e outros cientistas indicaram que a longevidade poderia ser aumentada em ratos mesmo se o regime tivesse início na meia-idade.

 

Como Hayflick vê a experiência de Walford: "Walford começou sua dieta de subnutrição em 1987. Não encara seus esforços como um experimento, pois, como cientista, entende que um único sujeito não basta para tornar o experimento válido. Sua atitude só vai gerar informações positivas se um número significativo de pessoas puder ser persuadido a adotar sua dieta - ou se ele viver até uma idade extraordinária. Ele poderia chegar aos 100 anos ou mais pelos mesmos motivos desconhecidos que os outros têm sem restringir a ingestão de calorias. Entretanto, se Walford viver até o que consideramos o limite do tempo de vida humana, cerca de 115 anos, o resultado não poderá ser ignorado, mesmo que o experimento tenha sido realizado com apenas um sujeito".

 

Como Chopra vê a experiência de Walford: "em vez de algo em torno de 37% de gordura que o americano médio consome diariamente, ou mesmo dos 30% aconselhados pelos especialistas em prevenção, o regime de Walford corta a gordura em torno de 11%". Outra vantagem, para Chopra, é a eliminação das calorias inúteis e alimentos processados: "Num regime de 1200 a 1500 calorias por dia não há espaço para bolos, biscoitos, sorvetes, hambúrgueres e batatas fritas. Açúcar e gordura têm que ceder lugar para uma boa quantidade de alimentos integrais. Isto tudo é aconselhável mesmo que o resultado do plano de Walford não venha a ser a longevidade". Mais adiante Chopra comenta que na Índia há uma tradição secular de que a longevidade pode resultar de se comer pouco ou nada um dia por semana (na forma de suco de fruta, água quente com mel ou leite desnatado). O princípio em questão é simples, diz, "o sistema digestivo pode descansar para recuperar seu equilíbrio e se livrar das impurezas acumuladas".

 

 

[pág.50)                                       DEEPAK CHOPRA E OS RADICAIS LIVRES

 

É interessante vermos, para poder comparar e melhor entender, o que nos diz Chopra sobre a teoria dos radicais livres:

 

"Muitas influências físicas podem apressar o envelhecimento do colágeno: o fumo, a exposição excessiva ao sol, deficiência vitamínica, desnutrição, desidratação, baixa atividade da tireóide e predisposição genética, para citarmos apenas alguns" (o negritado é nosso, veremos adiante o porquê).

 

"As moléculas separadas do colágeno se unem umas às outras através de um processo chamado ligação cruzada, uma reação química que prende permanentemente os átomos da camada mais externo do colágeno. A causa dessa ligação cruzada reside na tendência destrutiva dos radicais livres, ou seja, átomos de oxigênio altamente instáveis que se unem indiscriminadamente a muitas moléculas vitais do corpo, inclusive o DNA.

 

"Esse tipo de reação química é apenas um exemplo do dano que os radicais livres podem infligir. Eles também podem separar moléculas próximas, partir pedaços de moléculas, mutilar informações em várias partes da célula, entupir membranas celulares, promover mutações cancerígenas e prejudicar o funcionamento da mitocôndria (a fábrica de energia existente dentro de cada célula).

 

"Os radicais livres proporcionam um excelente exemplo da entropia em funcionamento, pois as mudanças que produzem tendem a ser em um só sentido, irreversíveis e permanentes"

 

(O próprio Chopra mostra, mais adiante em seu livro, que essa irreversibilidade realmente não existe).

 

"Paradoxalmente, os radicais livres são necessários à vida. Eles são variações do átomo de oxigênio extremamente instáveis (peróxido de hidrogênio e oxidrilo são dois exemplos comuns), diferentes do oxigênio por terem uma carga elétrica extra em seu elétron externo. Esta modificação aparentemente mínima faz os radicais livres quererem se ligar de pronto às moléculas próximas, a fim de se livrarem da carga extra e tornarem-se estáveis. Assim sendo, um radical livre é, na realidade, apenas um ponto de parada temporária que leva de uma molécula estável para outra. O ciclo de vida normal dessas partículas instáveis pode ser medido em milésimos de segundo; milhões de fugazes moléculas são emitidas em cada célula quando ela processa o oxigênio através do metabolismo do alimento" (os negritados são nossos).

 

[pág.51]

 

Continua Chopra:

 

"Se os radicais livres são tão perniciosos, por que o corpo os produz? Longe de serem balas perdidas rondando a célula, os radicais livres se ajustam ao equilíbrio geral do corpo. Em alguns casos, é ótimo que se tenha radicais livres: no sistema imunológico, as células brancas ou leucócitos usam os radicais livres para se unir às bactérias e vírus invasores. Neste papel, a tendência do radical livre de se agarrar a tudo salva sua vida.

 

"Para se proteger, cada célula produz enzimas com a finalidade de degradar, neutralizar e desintoxicar os radicais livres. Entre elas há vários antioxidantes (como a dismutase e a catalase) capazes de se associar a íons de oxigênio altamente radioativos e torná-los inofensivos antes que possam atacar uma molécula vulnerável. Mais uma vez é o equilíbrio entre a criação e a destruição o que está realmente em jogo, não as moléculas ou as reações químicas envolvidas. Na própria origem da vida, com o aparecimento de simples bactérias, a natureza imaginou como se contrapor aos radicais livres gerando enzimas antioxidantes. Se isto não tivesse ocorrido, o oxigênio em nossa atmosfera poderia facilmente ter destruído as chances de vida na Terra; ao contrário, graças à inteligência celular que nos defende da entropia, o oxigênio tornou a vida possível".

 

Mais adiante, comentando a "autodestruição do corpo" pelos radicais livres, questiona:

 

"Mas, antes de mais nada, por que deveríamos acreditar que o nosso corpo é autodestrutivo? Toda essa questão de estender a duração da vida, a meu ver, está equivocada. O dano causado pelos radicais livres é consequência e não causa, assim como a bala disparada por uma pistola não pode ser responsabilizada por puxar o gatilho. Em seu estado normal, o corpo controla normalmente os radicais livres" (o negritado é nosso).

 

"Não há como negar que o dano causado pelos radicais livres ocorre e suspeita-se que seja vinculado ao envelhecimento, juntamente com o câncer e as doenças cardíacas, as duas principais causas de morte. Entretanto, não foi demonstrado que as pessoas mais velhas tenham obrigatoriamente níveis mais altos de radicais livres em suas células, ou níveis mais baixos de antioxidantes. O que eu gostaria de sugerir é que o dano causado pelos radicais livres

 

[pág.52]

 

não passa de um tipo de desequilíbrio que pode ocorrer no nível da inteligência celular quando a balança se inclina de modo a favorecer a entropia. Se a inteligência do organismo estiver funcionando a toda força, a desordem e o caos não atacam a célula (negritado da redigitação). O princípio básico da extensão da vida - impedir o dano causado pelos radicais livres antes que ocorra - é sensato. Para fazer isto, contudo, precisamos compreender como influenciar diretamente a inteligência da célula".

 

No parágrafo acima Chopra coloca que a célula só é atacada pelos radicais livres porque a inteligência do organismo não está funcionando a toda força. Por que ao longo de nossa história essa inteligência não está, sempre, funcionando a toda força? Na verdade o livro de Chopra em seu todo é uma tentativa de encontrar essa resposta, e em nosso entender, a encontra, mas não a interpreta de modo correto. A "inteligência" do organismo falha, em nosso modo de ver, não quando não consegue manter, como sugere Chopra, o equilíbrio orgânico entre os radicais livres e os antioxidantes, mas muito antes disso, antes mesmo do nível do dedo que puxa o gatilho em sua metáfora, mas na construção da própria pistola.

 

Se a pistola é fabricada, o é com a finalidade de que alguém, um dia, de alguma forma e por alguma razão, venha a puxar o gatilho. Nós seres humanos erramos quando construímos a pistola, é nesse nível que está a falha de nossa inteligência; o proprietário de uma fábrica de pistolas nunca poderá ter a garantia de que um dia o gatilho de uma arma que ele fabricou não será puxado tendo ele como alvo. A única garantia que ele poderá dar-se nesse sentido, é desativando sua fábrica, e se todos os proprietários de fábricas de revólveres pensarem o mesmo, todos desativarão suas fábricas e não haverá mais no mundo revólveres!

 

Que revólver é este, então, cujo gatilho puxado dispara radicais livres como balas? A resposta a essa questão permeia, de uma forma ou de outra, toda a literatura que existe acerca do envelhecimento, e de uma forma tal que nos causa verdadeiro assombro que nossos cientistas não a tenham ainda percebido. Racionalmente não podemos entender como isso pode acontecer. Essa não-compreensão científica só nos é compreensível como um sintoma, naturalmente um sintoma coletivo e generalizado. Veremos, mais adiante, que revólver é esse.

 

TEORIAS AVANÇADAS

 

As teorias avançadas são aquelas cujo raciocínio se expande para campos que extrapolam os limites da biologia. Esses campos, trans-

 

[pág.53]

 

cendendo a biologia, jamais poderão ser compreendidos com raciocínios ou teorias que levem em consideração estritamente o biológico. Querer entender o envelhecimento apenas com a biologia, em nossa opinião, é o mesmo que um juiz querer fazer o julgamento de um réu restringindo-se aos aspectos factuais visíveis e evidentes, sem levar em consideração o contexto mais amplo e global, sutil às vezes, em que o fato ocorreu. Isto é, por exemplo, em se tratando de um comportamento do réu que causou diretamente a morte de alguém, se este comportamento se deu num contexto de acidentalidade, dolosidade ou de legítima defesa, ou, ainda, se não houve a interferência de fatores mais sutis, como a insanidade do réu no momento da ocorrência, se essa insanidade era completa ou incompleta, se foi provocada propositadamente ou não, se incompleta, se era o suficiente para caracterizar imputabilidade (condição essencial, imprescindível para alguém ser responsável por seus atos) ou não. Qualquer juiz que não considere o todo contextual não estará em condições de entender de fato a questão e, portanto, não estará em condições de fazer um julgamento justo e imparcial, correto enfim. O que estamos colocando é de uma obviedade ímpar, mas em se tratando da gerontologia, encontramos os biogerontologistas, que fazem questão de trabalhar apenas com o aspecto biológico de um fenômeno que eles próprios reconhecem não ser somente biológico. É de Hayflick a afirmação de que a gerontologia "inclui não apenas a biologia do envelhecimento, mas seus aspectos sociológicos, psicológicos e outros".

 

Algum cientista alguma vez já viu a força de gravidade ou a energia elétrica? Algum pesquisador médico já viu a dor ou a depressão? No entanto, alguém nega a existência da força gravitacional, da energia elétrica, da dor ou da depressão? Sabemos que não. Por quê? Porque podemos ver seus efeitos, e a partir da análise dos efeitos podemos inferir, deduzir, teorizar sobre suas causas, já que não existe efeito sem causa. O biológico, sabe-se hoje, é efeito.

 

Assim, a postura de os estudiosos do envelhecimento, em sua imensa maioria, insistirem em querer entender o envelhecimento apenas com a biologia, torna-se uma proposição incoerente. Cientificamente, torna-se uma proposição de certa forma até absurda, e a absurdidade se torna visível na afirmação de Hayflick, vista no Capítulo III (início do), de que existem tantas teorias (para explicar o envelhecimento) quanto existem pesquisadores biogerontologistas. Biogerontologia, por definição, trata da biologia do envelhecimento, apenas. Já gerontologia é um conceito de maior amplitude; abarca aspectos não biológicos do envelhecimento.

 

[pág.54]

 

Entre as teorias avançadas, e as chamamos de avançadas porque avançam além da biologia, encontramos, na verdade, uma só teoria, é a "alternativa quântica" oferecida por Chopra. Já comentamos algo a respeito no Capítulo II. Ela aparecerá em outros pontos deste livro e no Capítulo "No Limiar da Compreensão", onde teremos mais elementos para poder fazer articulações com o restante do material que veremos ao longo de nosso trabalho.

 

 

[pág.55]                                                           CAPÍTULO IV 

 

UMA NOVA DIETÉTICA? 

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Os irmãos Sanchez publicaram um livro, em 1988, com o título de "Medicina Nutricional", onde, como o próprio título sugere, abordam exaustivamente, a seu modo, a questão nutricional associada às doenças. Os irmãos Sanchez são brasileiros que vivem em Goiânia, e como não são médicos, e como a classe médica é um tanto preconceituosa com teses que não são oriundas de seu próprio seio, o trabalho desses autores passou despercebido da comunidade científica médica oficial. Aliás, a comunicade médica é preconceituosa mesmo com seus próprios pares, se estes tiverem idéias ou comportamentos diferentes e destoantes do pensamento e comportamento considerados padrão (correção: padrões), que chegam a ser algumas vezes até estereotipados, da maioria, que, por ser maioria, consegue fazer-se representar em associações, sociedades científicas e conselhos classistas, detendo portanto o poder e o exercendo, às vezes com orgulho e vaidade, ora abertamente, ora enrustidamente; quando não com explícita e manifesta onipotência. Por certo que esse poder não poderia deixar de metastatizar-se para publicações científicas ditas "oficiais e sérias", que assim fecham as portas para eventuais trabalhos, mesmo honestos e sérios, que possam de alguma forma abalar ou contestar o saber já aceito e oficializado, ou até mesmo dogmatizado. Assim, os diferentes que ousam expressar e assumir a diferença correm o risco de ser serem marginalizados, repudiados, descontextualizados e até punidos e proscritos pela "ordem vigente". Porém, a soberba e o orgulho, sendo patrimônio humano, não são exclusivos da classe médica; parece que esse vírus encontra guarida e meio de cultura fértil para seu desenvolvimento em toda a comunidade científica ortodoxa, médica ou não médica, embora haja, natural e felizmente, muitas louváveis exceções.

 

Portanto, a comunidade científica é e sempre foi, historicamente, em grande parte, meio refratária a idéias e teorias que destoam do saber já estabelecido e aceito, enfim, que de alguma forma questione ou interfira no status quo dominante. Os livros de história testemunham fartamente com seus registros a resistência da comunidade científica às mudanças e ao novo.

 

[pág.56]

 

Não precisamos voltar muito no tempo para termos um exemplo, que aliás é bem atual; é a história do Dr. Edward Bach, que foi um médico inglês, patologista e bacteriologista, pesquisador, descobridor de vacinas orais (os sete nosódios de Bach) e das essências florais inglesas, que receberam seu nome. Apesar de ser um médico prestigiado em Londres, de contar com o reconhecimento e valorização de seus pares como destacado pesquisador, começou a ser discriminado quando decidiu trilhar um caminho terapêutico não convencional com as essências florais que foi pesquisando e descobrindo. Provavelmente só não foi proscrito porque já tinha fama e reconhecimento internacionais quando se decidiu pelo "caminho das flores".

 

Vejamos rapidamente o que nos diz a esse respeito Richard Gordon em "A Assustadora História da Medicina" (1993), logo no início de seu livro: "A história da medicina não é o testamento de idealistas à procura da saúde e da vida, assim como a história do homem não é mais gloriosa do que uma lista de irracionalidade brutal e egoísta com lampejos espasmódicos de sanidade". (grifo nosso, da redigitação)

 

A pena de Gordon é ainda mais pesada e afiada: "A história da medicina é, em grande parte, a substituição da ignorância por mentiras". Lembra-nos também das palavras de William Harvey, descobridor da circulação do sangue: "Muitas descobertas notáveis foram feitas por homens que, seguindo os passos da natureza com os próprios olhos, acompanharam-na por caminhos tortuosos, mas quase sempre seguros, até alcançá-la na sua cidadela da verdade".

 

Continua Gordon: "Os desbravadores das grandes extensões deste vale de lágrimas formam um grupo especial: todos inteligentes, alguns astutos, os de mais sorte abençoados com inspiração ou intuição, muitos deles simplesmente classificadores obssessivos dos homens e dos micróbios, ou simplesmente dotados de grande destreza manual. Suas cabeças acadêmicas zumbiam como abelhas que, às vezes, adoçavam com mel o pão da aflição. Eles se confundiam com os ilusionistas. A medicina sempre se revestiu do manto cintilante das realizações, enquanto continuava miseravelmente despida de descobertas importantes".

 

Vejamos o que ele nos diz sobre a descoberta da vacinação contra a varíola, atribuída ao Dr. Edward Jenner, em 1796. Para entendermos, reproduzamos parcialmente o texto de um diálogo entre Jenner e uma jovem ordenhadeira. "É uma benção que rosto tão lindo tenha escapado da sanha selvagem do animal pintado, a varíola", disse Jenner com lisonja, ao que a jovem respondeu: "Mas eu não posso apanhar a varíola, senhor, porque já

 

[pág.57]

 

 

tive a varíola bovina". Jenner bateu calorosamente com o punho fechado na palma da mão e exclamou em voz alta, espantado: "Por Deus! Descobri!". Jenner descobriu o que já estava descoberto, muito bem descoberto, não pelos médicos, mas por pessoas simples e talvez até analfabetas do povo, pois como mostra muito bem Gordon, "A inoculação com pus de varíola humana, não com o pus da varíola bovina, já existia há muito tempo entre as belas ordenhadeiras" (o grifo é do próprio Gordon). Já no ano de 1765 o Dr. Fewster havia "até chamado a atenção" da Sociedade de Medicina de Londres para a questão das "rústicas coincidências" entre as inoculações que aquelas pessoas do povo faziam, com o não padecer de varíola, mas "ninguém lhe deu importância". O Próprio Jenner "entendiou tremendamente" os sócios do clube médico local (Convívio Médico) durante cerca de vinte anos. Mais ainda, os turcos praticavam a inoculação já havia muito tempo; a esposa do embaixador britânico em Constantinopla, Lady Mary Wortley Montague, inoculou seu filho de seis anos contra a varíola em 18 de março de 1718. No entanto, a vacinação contra a varíola foi "descoberta" por Edward Jenner, em 1796! A história continua: mais tarde Jenner passou a atender numa casa transformada em posto de vacinação, onde fazia atendimento gratuito aos pobres. As portas logo se fecharam para ele: "Ele não devia arriscar sua reputação apresentando para o ilustre grupo de médicos algo que parecia tão contrário ao conhecimento estabelecido e, ao mesmo tempo, tão incrível". A história não terminou aí, mas este não é o nosso tema; passemos então adiante.

 

O próprio Hayflick diz, em seu livro, comentando uma descoberta feita por ele: "Entretanto, a publicação de um trabalho científico não significa a aceitação imediata do que foi descrito. A comunidade científica é sempre cética em relação a princípios ou idéias drasticamente novos que violam crenças acalentadas, especialmente quando a nova idéia não parece seguir a lógica do que é geralmente aceito ou esperado". Diz que foi preciso cerca de dez anos para que a comunidade científica aceitasse seu trabalho e encarasse seriamente a idéia de que o envelhecimento poderia ocorrer em nível celular. E Hayflick é médico, cientista e pesquisador! Edward Bach também era!

 

Dessa forma, não temos por que estranhar que o trabalho dos irmãos Sanchez tenha passado tão despercebido. Logo no início de seu livro, colocam-nos que é ele o resultado de uma longa odisséia de doze anos de estudos: "Foi uma pesquisa sem tréguas para restaurar a verdade da Nutrição, contra os preconceitos e contra os interesses mesquinhos que surgem nos caminhos de todo pesquisador honesto, e que  

 

[pág.58]

 

ainda podem querer impedir a difusão da verdade" (os grifos são dos próprios autores). Dizem também que seu trabalho nada tem de original, que não inventaram nada. De fato, podemos perceber que eles foram, ao longo da pesquisa, coletando dados e os articulando de forma a que passassem a ter um sentido e uma lógica que lhes davam compreensibilidade. Imaginemos um quebra-cabeça gigante, com peças minúsculas e espalhadas em diversos países e em diversos lugares; os autores pacientemente foram em busca de cada uma das peças e as foram articulando, até que puderam ter completo o quadro panorâmico que o quebra-cabeça representava. Foi, em nossa opinião, um trabalho meticuloso e de grande porte; nas palavras dos próprios: "Nós gastamos nesta pesquisa 12 anos sem roteiro e sem guia, através de milhares e milhares de textos contraditórios".

 

Voltemos, agora, ao texto de Hayflick que já comentamos e relembremos o que ele diz: "que os radicais livres são fragmentos moleculares instáveis oriundos de uma reação química complexa que ocorre quando certas moléculas suscetíveis nas células encontram e quebram moléculas de oxigênio. Já vimos (através do texto de Chopra) que podemos identificar as "certas moléculas suscetíveis" de Hayflikck com as "toxinas químicas" de Chopra e que este diz que as toxinas químicas, entre outras coisas, danificam diariamente o material genético (DNA) de cada célula, as quais são liberadas diariamente em nível intracelular quando o alimento é metabolizado.

 

Os irmãos Sanchez avançam e completam a percepção de Chopra. A colocação de Chopra na verdade nos conduz a um beco sem saída, ou, colocando de outra forma, a única saída que ele vê é a saída pela via quântica. Não podemos negar que é uma boa saída, que é um caminho legítimo, mas é um caminho que não é único, há um outro, que não percorre a via quântica, mas a biológica. O mérito dos irmãos Sanchez está em desvendarem com maestria este outro caminho, biológico, e portanto mais ao alcance da humanidade em seu atual estágio evolutivo-tecnológico. A via quântica, repetimos, é uma via legítima, e aqueles que a preferirem não podem nem devem ser criticados; é apenas a opinião deste autor, que talvez seja um pouco futurista. Vejamos então o caminho que nos mostram os Sanchez.

 

Chopra nos diz que as interações entre as toxinas químicas que reagem com o oxigênio dando origem aos radicais livres em nível intracelular ocorrem quando do metabolismo dos alimentos. Pensando e vendo as coisas dessa forma só nos resta nos consolarmos, pois o metabolismo dos alimentos é algo natural e inevitável, já que não

 

[pág.59]

 

podemos deixar de nos alimentar e metabolizar aquilo que ingerimos. E se o metabolismo tal como hoje é considerado pelos nossos luminares da ciência não for algo normal, como é considerado, mas algo anômalo e pervertido que nós tomamos como normal? É neste ponto que tocam os Sanchez, dizendo-nos exatamente isto, que o conceito que temos de metabolismo normal está equivocado e que este equívoco atinge também, por contaminação, o conceito que temos habitualmente de alimentos. Colocando de outra forma: e se aquilo que consideramos alimento não for realmente o melhor alimento para o nosso corpo? E se tomamos como alimentos substâncias que são no fundo tóxicas ou potencialmente tóxicas e que é por isso que de seu metabolismo resultam a formação dos radicais livres? Isto é, existem alimentos que não são patrocinadores da formação de radicais livres? A resposta que nos dão os Sanchez é um grande e estrondoso sim, que vão fundamentando, de uma forma correta em nosso entender, ao longo de sua obra.

 

A QUESTÃO DA GLICOSE

 

Vamos nos deter agora na questão da glicose, que aparece recorrentemente em toda a literatura científica a respeito do tema do envelhecer.

 

Lembremos do que já vimos, que Edward Masoro, Byung P. Yu e colegas da Universidade do Texas mostraram claramente que a ação antienvelhecimento da restrição alimentar está associada ao consumo de energia. Na interpretação deles, essa associação é no sentido de um consumo reduzido de energia; eles acreditam que os níveis sangüíneos de glicose são a chave para a compreensão do mecanismo. Vejamos bem o que Masoro e seus colegas estão colocando: que a ação antienvelhecimento da restrição alimentar está associada ao consumo energético e à glicose. Vamos, pois, desenvolver um pouco essa questão.

 

Vejamos, inicialmente, o que nos diz Chopra:

 

"O corpo humano obtém sua energia básica através da queima de açúcar, que é transportado para as células em forma de glicose, ou açúcar do sangue. A estrutura química da glicose é intimamente semelhante à do açúcar de mesa comum, a sacarose. Só que se você queimar açúcar comum, não terá as estruturas sofisticadas e complexas de uma célula viva; terá apenas um punhado calcinado de cinzas e traços de água e dióxido de carbono no ar" (o grifo é nosso).

 

[pág.60]

 

"O metabolismo é mais do que um processo de queima; é um ato inteligente. O mesmo açúcar que permanece inerte em um torrão sustenta a vida com sua energia porque as células do corpo o impregnam com novas informações. O açúcar pode contribuir com sua energia para o rim, o coração, ou uma célula do cérebro, por exemplo. Cada uma delas contém uma forma absolutamente distinta de inteligência - as contrações rítmicas de uma célula cardíaca são completamente diferentes das descargas elétricas de uma célula cerebral ou das trocas de sódio de uma célula do fígado".

 

Mais adiante (Chopra), volta à questão da glicose:

 

"As moléculas do corpo, em si, não têm inteligência. Não há nada de mais 'esperto' no oxigênio ou hidrogênio só porque está sendo processado através de uma célula humana. As mesmas moléculas encontradas inertes em um torrão de açúcar são encontradas, com variações mínimas, dentro do DNA, mas dentro de nós o açúcar ganha vida. O combustível básico do corpo é a glicose, ou açúcar do sangue, que é também o único alimento do cérebro. Queimando um torrão de açúcar na chama de um bico de gás tem-se um clarão de luz, e calor, restando um resíduo informe de carbono, mas o mesmo açúcar queimado no cérebro produz todos os pensamentos e emoções que temos".

 

Esses parágrafos que extraímos do livro de Chopra mostram-nos que ele não diferencia claramente glicose de açúcar de mesa comum, de um torrão de açúcar. No primeiro parágrafo ele faz uma distinção, quando diz que a estrutura química da glicose é "intimamente semelhante à do açúcar de mesa comum". Em seguida chama o açúcar de mesa comum de sacarose. Fica então aqui registrado, no texto de Chopra, que ele reconhece uma diferença entre a glicose e a sacarose, mas adiante esquece a diferença, ou não lhe dá importância, e equaciona o torrão de açúcar (sacarose) à glicose. A questão que podemos então colocar é a seguinte: glicose e sacarose se equacionam? São iguais? Mas o açúcar de mesa comum não é em rigor sacarose, é sacarose misturada com sacarina. Glicose então é igual a sacarose, que é igual a sacarina, ou são produtos químicos completamente distintos, embora "intimamente" semelhantes? E que intimidade é esta? Já Hayflick não toca nessa questão em seu livro.

 

Sabemos que a glicose é um elemento químico pertencente à classe dos hidratos de carbono, ou hidrocarbonetos, sendo chamados ainda de açúcares ou oses. São moléculas que contêm várias hidroxilas e por

 

[pág. 61]

 

isso são chamadas de polihidroxialdeídos ou polihidroxicetonas, segundo tenham um grupo aldeído ou um grupo cetona. A glicose é um polihidroxialdeído, pois contém, além das várias hidroxilas, um grupo aldeído.

 

Os hidratos de carbono podem ser classificados em três grupos: monossacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos. Os monossacarídeos são naturalmente os de fórmula mais simples, sua fórmula geral é CnH2nOn-Cn(H2O)n, onde "n" pode variar de três a sete. Isto é, os monossacarídeos são classificados em função do valor de "n", ou seja, o número de átomos de carbono na molécula. Assim, temos as trioses, as tetroses, as pentoses, as hexoses e as heptoses; as mais comuns nos seres vivos são as pentoses e hexoses.

 

Entre as pentoses, os açúcares mais importantes para nós são as riboses e desoxirriboses, já que entram na composição dos ácidos nucleicos, que formam o DNA e o RNA.

 

Já as hexoses desempenham função fisiológica de fundamental importância nos seres vivos. Sua fórmula genérica é C6H12O6. Neste grupo encontramos a glicose, a frutose, a galactose, e a manose.

 

Os hidratos de carbono oriundos da união de algumas moléculas de monossacarídeos são os oligossacarídeos. A sacarose é um oligossacarídeo que é o resultado da união do monossacarídeo glicose com o monossacarídeo frutose. Logo, a glicose é um monossacarídeo, e a sacarose é um dissacarídeo. Isto é:   

 

SACAROSE = GLICOSE + FRUTOSE (negritados da transcrição) 

 

Sejamos simplistas em nosso raciocínio e substituamos a equação acima por uma equação númerica qualquer, por exemplo:

 

5 = 3 + 2

 

Isto é matemática básica. Qualquer estudante de nível secundário sabe que 5 é diferente de 3 e diferente de 2. Jamais poderemos igualar, equacionar, e dizer que 5 é igual a 3. Da mesma forma, jamais podemos considerar, para quaisquer efeitos, a sacarose igual à glicose. Como poderemos compreender matemática avançada de nível superior se levarmos em nossa bagagem um erro básico dessa natureza? Como poderemos compreender a complexidade do funcionamento de um computador se o quisermos fazer com uma falha estrutural de base em nossa matemática?

 

Todos sabemos da complexidade de um corpo humano, com seus milhões, bilhões e quatrilhões etc. de reações químicas por segundo.

 

[Pág. 62]

 

Lembremos do que vimos no Capítulo II, quando analisando a questão da quantidade de reações químicas que ocorrem por segundo num organismo humano, ao considerarmos o número de células que temos e o número de reações químicas por segundo em cada célula! Esse raciocíonio nos mostra clara e inequivocamente que um corpo humano é infinitamente mais complexo que os mais sofisticados computadores que possamos construir; jamais construiremos um que tenha o mesmo grau de complexidade de nosso organismo. Da mesma forma, então, perguntamos: como podemos querer compreender um organismo tão complexo como nosso corpo se equacionarmos, igualarmos estruturas químicas que são diferentes? Jamais poderíamos equacionar glicose com sacarose!

 

Claro que não podemos ser ingênuos a ponto de pensar que Chopra não sabia dessa diferença. Está claro em seu texto que ele sabia, pois já no início coloca que a glicose e a sacarose são "intimamente semelhantes", portanto não iguais. Por outro lado essa informação está em qualquer livro de nutrição. A questão aqui é outra, não a de não saber, mas a de dar ou não valor ao conhecimento, à informação, e isto é um deslize que é freqüente na ciência, mesmo em cientistas de alto gabarito, e a explicação é simples: se um pesquisador está, num trabalho, enfocando algo específico, há uma tendência natural a desfocar em relação às questões paralelas ou marginais associadas, desfocamento este que permite poder passar algo despercebido. No caso de Chopra, já vimos, seu foco principal dirigia-se à questão quântica, tanto que foi, aqui, de um brilhantismo ímpar.

 

Cabe então a pergunta: O que é sacarose? Já vimos que é um carboidrato dissacarídeo, isto é, é um carboidrato de cadeia longa, diferentemente da glicose, que tem cadeia curta. Consequentemente, para que o organismo possa retirar a glicose embutida na sacarose precisa quebrar, romper a molécula de sacarose. Não existe ruptura molecular na química sem gasto de energia. Temos aqui então um primeiro ponto importante a destacar: se ingerimos sacarose em vez de glicose estamos necessariamente gastando mais energia do que gastaríamos se ingeríssemos diretamente a glicose. A sacarose portanto traz em seu bojo um "atravessador" que encarece o preço final do produto de que necessitamos; gastamos mais, empobrecemos em termos energéticos e de saúde quando consumimos sacarose. Além disso, quais são os efeitos da sacarose no organismo humano?

 

Vejamos o que nos diz a esse respeito o Dr. Daniel de Sá Freire Boarim, nutricionista pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e pro-

 

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fessor de Nutrição e Metabolismo Aplicados à Educação Física da Escola de Educação Física da Polícia Militar de São Paulo, em seu livro "Nossa Comida Assassina", publicado em 1991:

 

"Uma Droga Chamada Sacarose: antes que uma nova droga possa entrar no mercado, precisa ser submetida a rigorosos testes. Mesmo aquelas cujos princípios ativos são extraídos de plantas medicinais, não podem passar ao consumo sem o aval das provas farmacognósticas, farmacológicas, etc. Analogamente, a sacarose, um extrato vegetal isolado, pode enquadrar-se na definição básica de droga, com a diferença de que nunca foi testada adequadamente quanto aos efeitos sobre a saúde, em amplitude e profundidade" (o grifo é nosso).

 

Já os irmãos Sanchez nos trazem a seguinte informação: "A sacarose no sangue causa choque violento, com sudorese, queda de pressão, ativação da produção de insulina, 'queima' de terminais nervosos, dando uma destruição da Vitamina B (responsável pelo tônus nervoso). E é normal a sacarose passar ao sangue inteira. Os diabéticos são o típico resultado dessa ação".

 

Voltemos ao professor Boarim: "A sacarose é desdobrada em frutose e glicose, que passam rápida e diretamente à corrente sanguínea, causando, num abrir e fechar de olhos, acelerada subida da glicemia. As células ficam literalmente 'encharcadas' de açúcar. O corpo não pode suportar níveis assim altos de glicose circulante, e responde à emergência com uma dose cavalar de insulina, segregada pelo pâncreas. Isto provoca violenta queda da glicose, a nível abaixo do normal, o que constitui a hipoglicemia. Neste momento o viciado em açúcar começa a sentir-se mal, queixando-se usualmente de dor de cabeça, tonteira ou dificuldade de concentração. O 'remédio' parece simples e eficaz: cafezinho bem doce ou qualquer guloseima. A glicose sobe novamente na circulação, trazendo momentâneo alívio. Fecha-se assim um círculo autenticamente vicioso" (o grifo é do próprio autor). Conclui dizendo que uma das conseqüências desse "sobe-desce" da glicemia é o diabete melito.

 

Assim, mostra-nos o professor Boarim que somos vítimas de um comuníssimo erro de raciocínio lógico, que ele chama de generalização, e que consiste em acreditarmos que a sacarose produz no organismo humano os mesmos efeitos que qualquer outro carboidrato que seja metabolizável. Cita ainda o professor do Queen Elizabet College, Universidade de Londres, John Yudkin, que relaciona diversas doenças as-

 

[pág. 64]

 

sociadas ao consumo abundante de açúcar refinado: dispepsia crônica, gastrite crônica, úlcera gastroduodenal, dermatite seborréica, hipermetropia, diabete melito, cardiopatia coronária e gota.

 

Mas por que há essa diferença? Quando ingerimos glicose-frutose, que são carboidratos de cadeia curta, tal como se apresentam na natureza, em forma de frutas, estamos ingerindo junto um coquetel de vitaminas e minerais cuidadosamente balanceado pela natureza e necessários ao metabolismo dos carboidratos; isto é, a fruta passou pelo maior e melhor laboratório terrestre, existente e aperfeiçoado há milhões de anos, que é a própria natureza. Já a sacarose é produto humano, fornecida pura, depois de passar pelo refino e ser despojada de quaisquer outros componentes nutricionais, além de requerer um gasto energético a mais para ser utilizada. Em outras palavras, em termos de economia energética para o organismo, é de pior qualidade e custa mais caro, além de tóxica.

 

A esta altura, o leitor, inteligente, já estará se questionando. Mas se o homem passou a consumir grandes quantidades de sacarose concentrada apenas a partir do advento da era industrial, e se sempre envelheceu, o que tem que ver essa questão toda da glicose e da sacarose com o envelhecimento? Chegaremos lá, mas precisamos assistir ao filme todo para entender o final. Assim, vejamos algo mais sobre a sacarose, ou melhor, sobre a sacarina, que vai aos poucos tomando o lugar da sacarose, assim como esta tomou o lugar da glicose.

 

Informam-nos os irmãos Sanchez:

 

"Porém, mil vezes mais ativa que a sacarose é a sacarina. Sua presença na cana é pequena, ao redor de 0,01%. Porém, à medida que processamos e submetemos a tratamento o caldo de cana, vai havendo concentração de sacarina por dois mecanismos: a) eliminação de água e de sais, de celulose e de ligninas; b) conversão de sacarose em sacarina com os aquecimentos e catálises químicas ocorrentes. A sacarina é um alcalóide parente de heroína, cocaína, morfina, codeína, cafeína, psilocibina, canabina, nicotina, etc. Chega a existir em 30% nos mais refinados açúcares".

 

É a sacarina que responde pela conquista cada vez maior de ávidos consumidores de doces, pois é o elemento responsável pelo "doce" mais "doce" que é procurado pelo exigente "comedor de doces". As maiores vítimas, naturalmente, são as crianças, que são inocentemente colocadas, desde cedo, pelos próprios pais, que não têm consciência da dimensão e gravidade do problema, no círculo vicioso da dependência sacarinômana.

 

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Passemos a palavra novamente aos irmãos Sanchez:

 

"O quadro clínico do viciado em sacarina é completo como de toxicomania perfeita. Um sacarinômano apresenta síndrome de abstinência. Apresenta deformação glandular progressiva no pâncreas, no fígado, na tireóide, na pituitária, na hipófise, na suprarrenal, nas glândulas sexuais, na produção de ácido clorídrico no estômago e na produção de saliva e sucos intestinais".

 

Façamos um paralelo com outra toxicomania, o alcoolismo. Este é reconhecido como uma doença, e a sociedade se preocupa com seus efeitos e procura mecanismos de combatê-lo, embora todos saibam da grande dificuldade com que o faz, já que é um tóxico legalizado e portanto consegue muito mais facilmente novos adeptos a cada dia que passa. Já o uso abundante e excessivo de açúcar refinado é um hábito considerado por quase todos como algo absolutamente normal e inofensivo (à parte a questão da obesidade que lhe é associada). Pior que isso, ou conseqüência disso, seu consumo é estimulado pela propaganda, e as maiores vítimas, repetimos, são as crianças, nossos filhos e netos.

 

"Açúcar é energia" virou slogan da grande festa do açúcar refinado, em que os convidados de honra são nossas crianças; e oculta sob o disfarce do palhaço está a mortífera e letal sacarina. Não podemos deixar de sentir, assustadoramente, um arrepio e uma sensação de medo, como se estivéssemos escrevendo um livro de terror! Talvez porque estejamos tratando de uma realidade terrível, tão terrível que a maioria, inclusive a elite pensante de nossa sociedade, prefere fechar os olhos e não ver! Como terminará essa grande festa? Abramos os olhos porque a conta da festa já nos está sendo apresentada, basta olharmos para as estatísticas de doenças, ou para as despesas na área da saúde, ou perguntarmos aos pediatras a quantas anda o gráfico da incidência do diabete em nossas crianças, ou simplesmente olharmos à nossa volta com os olhos que sabem ver além das ilusões.

 

Sejamos um pouco críticos e admitamos que possa ter havido um exagero na quantificação acima de "mil vezes mais ativa que a sacarose". Suponhamos uma perniciosidade de apenas cem vezes mais da sacarina em relação à sacarose. Voltemos alguns parágrafos e olhemos de novo a listagem que faz o professor John Yudkin, no contexto em que o autor, professor Boarim, trata da sacarose; e, tendo revisto, multipliquemos a gravidade da listagem por "apenas cem" em vez de mil. Não é

 

[pág. 66]

 

o suficiente? Assim, mesmo supondo um exagero na colocação dos irmãos Sanchez, a questão já é "gravemente gravíssima". Mas, e se a colocação dos Sanchez não for exagerada? E se eles, pior ainda, substimaram a toxicidade da sacarina? Não temos, de qualquer forma, razões mais que suficientes para nos preocupar?

 

Desnecessário dizer, a esta altura, que a sacarina, assim como a sacarose, também entrou no cardápio humano sem passar pelos caminhos obrigatórios que toda droga tem de percorrer antes de ser aprovada para consumo humano. Isto é, entrou, também, pela porta dos fundos, sorrateira e clandestinamente.

 

Neste ponto cabe uma observação. A sacarina foi aprovada pelo FDA como adoçante não calórico, para consumo humano, apesar de ser recomendada moderação no seu consumo, visto que se tem mostrado ser fracamente carcinogênica em ratos. O questionamento que podemos fazer, já que temos a informação de que pode chegar a existir em até 30% nos mais refinados açúcares, é se o consumo exagerado do açúcar refinado não embute uma concentração maior do que os parâmetros do FDA para uma ingesta diária aceitável.

 

GLICOSE E COMPANHIA

 

Vimos alguns parágrafos acima que os carboidratos glicose-frutose quando ingeridos em sua forma natural o são com um coquetel de vitaminas e minerais cuidadosamente balanceados. Aprofundemos um pouco, com uma pergunta: esse "coquetel" o é somente de vitaminas e minerais ou o melhor laboratório da face da terra, a própria Natureza, não teria sido um pouco mais cuidadoso e, "sabendo" que os animais não precisam somente de glicose-frutose, vitaminas e minerais, não teria incluído no "coquetel" vários outros elementos de que seus "clientes", os animais, também necessitam? Ou não será essa pergunta pertinente? Que laboratório, quando se preocupa, honesta e inequivocamente com seus clientes, não faz o máximo para fornecer também o máximo, e melhor, para seus clientes? Parece-nos que a pergunta não é apenas pertinente, mas plena de sentido e racionalidade, pois coloca-nos, a nós seres humanos, bem como os laboratórios, em nosso verdadeiro e legítimo lugar, isto é, não somos e nunca poderemos ser melhores que a própria Natureza que nos criou (se somos evolucionistas), ou que a própria Divindade Criadora, se somos criacionistas.

 

 

[pág. 67]                                             L I P Í D I O S

 

Assim como nosso organismo necessita de glicose-frutose (carboidratos), também necessita de outros nutrientes, entre os quais os lipídios. A ciência da nutrição nos ensina que quando ingerimos calorias em excesso, seja proteínas, lipídios ou hidratos de carbono, o excesso é estocado na forma de lipídios. Estes respondem, assim, pelo excesso, por um dos grandes males da civilização moderna, a obesidade, com todas as suas nefastas conseqüências.

 

A função básica dos lipídios, chamados vulgarmente de gorduras, é o armazenamento de energia nos tecidos, embora participem também, direta ou indiretamente, de processos metabólicos e como componentes de estruturas celulares. Os triglicerídeos estão intimamente associados à glicose, assim como os ácidos graxos; estes constituem-se nos elementos prontamente disponíveis para metabolismo energético, enquanto os triglicerídeos constituem-se nas unidades de reserva, ou gordura. Sabemos que toda glicose em excesso na corrente sangüínea é transformada em gordura para ser armazenada, já que, por estar em excesso, não está sendo necessária para construção ou conversão em energia. Construção e conversão energética dos nutrientes são basicamente as duas únicas funções de todo e qualquer nutriente que se encontre na corrente circulatória.

 

Vejamos o que nos diz o pernambucano Nelson Chaves em seu livro "Nutrição Básica e Aplicada", citado pelos irmão Sanchez:

 

"Para reconhecimento do seu papel como reservatório de energia química potencial é bastante lembrar o patrimônio energético do homem normal, o que é de aproximadamente 165.900 Kcal, das quais 141.000 Kcal estão na forma de lipídeos, 24.000 Kcal na forma de proteínas (principalmente muscular) e 900 Kcal, na forma de glicogênio (600 como glicogênio muscular e 300 como glicogênio hepático). Há uma explicação para isto: se o reservatório de energia fosse na forma de glicogênio, o animal teria o dobro do seu peso, uma vez que os hidratos de carbono são hidrofílicos, por possuírem uma grande cadeia carbonada polar, e os lipídios são hidrófobos, por serem apolares.

 

"Por essa razão, os lipídios podem ser armazenados em estado relativamente livre de água, requerendo muito menos espaço que o necessário para estocar a mesma quantidade de carboidra-

 

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to, além de fornecer 9 Kcal por grama, ao contrário dos hidratos de carbono, que só fornecem 4 Kcal, aproximadamente".

 

Tendo visto resumidamente algo sobre os lipídios, respondamos à pergunta formulada anteriormente, a respeito do coquetel que nos proporciona a natureza, citando os irmãos Sanchez no capítulo que trata da composição química das frutas:

 

"Temos a dizer que todos os testes químicos demonstram 'traços' de óleos e lipídios em todas as frutas, mesmo nas mais líqüidas e aquosas. No abacate, a dosagem é de 15 a 17% e nas oleaginosas, os índices chegam a 40%!" (o grifo é do próprio autor). Assim, os carboidratos glicose-frutose estão também enriquecidos, quando na sua forma natural, com os lipídios de que necessitamos.

 

P R O T E Í N A S

 

Assim como precisamos de glicose-frutose e de lipídios, também precisamos de proteínas para nossa subsistência como seres vivos. Lamentavelmente as escolas de medicina não se preocupam nem um pouco com o ensino da nutrição. Porém, é impossível passar por uma escola médica sem sair sabendo que as proteínas são indispensáveis, que são formadas por unidades básicas chamadas aminoácidos, que existem aminoácidos que nosso corpo é capaz de sintetizar e outros que "não somos capazes de sintetizar", que devemos portanto, nos precaver e acautelar para que os mesmos estejam presentes em nossa alimentação, e que a melhor forma de nos acautelarmos é comendo carnes de animais, ricas em proteínas. Seriam dez os aminoácidos sintetizáveis e dez os não sintetizáveis por nosso corpo. 

 

Vejamos o que nos informam os irmãos Sanchez em sua "Medicina Nutricional". "Aminoácidos são moléculas orgânicas constituídas por carbono, oxigênio, hidrogênio e nitrogênio, átomos estes agrupados em radical amina (-NH2) e radical ácido (C=O-OH), ligados a uma raiz qualquer (com fósforo, enxofre, cloro, etc.). Esta existência dos dois radicais na mesma molécula é que permite o encadeamento longo das proteínas, pois ocorre com a liberação de água ao fazer-se a fusão da amina de um aminoácido com o radical carboxila (ácido) de outro aminoácido, que ficam unidos por uma ligação forte. Esta reação de composição proteica ou peptídica ocorre em presença de enzimas que todos os seres vivos possuem" (o grifo é nosso).

 

[pág. 69]

 

Aceitando a afirmação de que não somos capazes de sintetizar alguns aminoácidos, não poderíamos entender jamais a existência de vegetarianos seculares e milenares na Índia. A sua existência não seria viável; eles estariam contrariando os conhecimentos científicos dietéticos atuais. Que teimosia, existirem sem poder existir! De duas uma: ou a afirmação de nossa ciência dietética ortodoxa está redondamente equivocada, ou os vegetarianos indianos seculares e milenares não existem realmente, são produto de nossa fértil imaginação. Estamos há séculos, coletivamente, alucinando a sua existência! Como sabemos que a relação entre os fatos ou fenômenos e as teorias que tentam explicá-los é sempre de soberania para a fenomenologia factual e de servidão para as teorias, estas, servas dos fatos, têm que estar erradas se não os explicam. 

 

Como colocam os irmãos Sanchez: "Deus, ou a Natureza fizeram uma aberração das leis naturais, um ser inviável, dependente e parasita incurável, e logo o corpo humano, o final da escala evolutiva". Informam-nos ainda outras coisas interessantes, como, por exemplo, que enquanto os dietistas americanos falam que o homem precisa de 100 a 125 gramas de proteína animal por dia, suecos e centro-europeus falam de 75 gramas, japoneses e chineses falam em 25 gramas e não necessariamente de proteína animal, enquanto os já mencionados yogues hindus e vegetarianos de várias gerações dizem que não é necessária nenhuma proteína pronta, o que é empírica e cientificamente observável e comprovável pela saúde e vitalidade dos seus praticantes.  

 

Algo, portanto, deve estar errado. Vejamos a explicação dos Sanchez: 

"A lógica dos estudos contrários, entretanto, deve ser vista com mais isenção: se eu tomar as dores do estatístico ocidental, verei que ele comprovou que houve doentes em perigo pela falta de proteínas essenciais, que ele classificou de não sintetizáveis; se vestir a pele do hindu sem soja e sem feijão, verei que lá ocorreu a síntese das proteínas que o ocidental não sintetizou. A controvérsia se resolve com a enzima: o ocidental viciado em carnes, desmobilizou as enzimas (desnecessárias há várias gerações) e o hindu ainda as possui! (...). O homem nasceu com todas as enzimas necessárias para sintetizar suas proteínas essenciais. E quando ingere as mesmas prontas, vai afastando de ação as inúteis enzimas (que se tornaram inúteis pela ingestão contínua das proteínas prontas) até ficar viciado, ou seja, dependente do fornecimento externo" (o grifo é dos próprios autores).   

 



[pág. 70]                                  OS AMINOÁCIDOS 

 

Os aminoácidos constituem-se, assim, nos componentes estruturais a partir dos quais são sintetizadas as proteínas, e a sequência deles na molécula proteica é determinada pelo código genético (DNA). Os irmãos Sanchez demonstram ao longo de sua obra que todos os aminoácidos, essenciais e não essenciais, são "sintetizáveis, decomponíveis e recomponíveis" nas células, sem que haja, portanto, necessidade, como apregoa a dietética ortodoxa, da ingestão de proteínas prontas, produzidas por outros animais que teriam que ser "sacrificados" para que o homem pudesse continuar existindo. Isto é, o ser humano não é naturalmente um "parasita" de outras espécies animais, mas tornou-se, por descaminhos circunstanciais evolutivos. Estes, com o correr do tempo foram se enraizando comportamentalmente, a ponto de chegar o momento em que passamos a acreditar ser o descaminho nosso real e verdadeiro caminho. Passou, então, o ser humano a se considerar carnívoro (não pode viver sem carne animal), ou onívoro (pode e deve comer de tudo). 

Experiências feitas há várias décadas desmentem claramente a crença acima, vejamo-las nas próprias palavras dos irmãos Sanchez: 


"Devemos agora lembrar aos leitores que não existem nem existiram jamais na espécie humana os carnívoros. Todo comedor de carne é basicamente comedor de vegetais - folhas, frutas, raízes, sementes - e em pequena percentagem é carnívoro. 

"Quando os enciclopedistas e a Revolução Francesa questionaram todas as leis eclesiásticas, a Dietética foi questionada também e os cientistas submeteram o ser humano a um estudo de quase trinta anos com experiências e comparações para concluir ao final que a natureza equipou o corpo humano de modo a funcionar bem com frutas como alimento. As verificações mais drásticas da não-conveniência alimentar ocorreram exatamente com as carnes - os dentes caninos não preparam as carnes para serem digeridas, o suco gástrico, o entérico e a saliva não conseguem separar uma só das proteínas da carne e o bolo intestinal só de carnes apodrece, e são uréia e pus que a veia porta leva ao fígado. O intestino é longo demais para processar carnes e os experimentados (cobaias humanas) morrem cedo com dietas exclusivas de proteína animal. 


"Nessas experiências as ervas (folhas) provaram que o intestino é curto demais para alimentação celulósica, além de não haver

 

[pág.71]

 

enzimas para decompor celulose, e o fígado se sobrecarrega com a clorofila e engrossa a bílis. 

"Já os grãos mostraram piores reações. Os dentes malares (até essa data declarados moendas dos grãos) se desintegram por terrível desgaste. A saliva (ptialina) não digere, mas sim fermenta os amidos! E os amidos saem nas fezes em grande volume, ficando em grumos (mucos) pelo sangue e nas excreções respiratórias. 

"Em compensação, a glicose e a frutose das frutas mostraram não exigir energias do corpo para serem absorvidas e os seus usuários mantiveram saúde, força, vivacidade e bom funcionamento orgânico durante todo o tempo. 

"Os cientistas do século passado concluíram daí que o homem não é Onívoro e sim Frugívoro. (grifos dos próprios autores)  

"Esses fatos da experimentação já são velhos de 150 anos e todo comércio de tóxicos insiste em negá-los. Mas, mesmo assim, a todo instante há gente percebendo que o onivorismo é errado, experimenta abstenções que lhe dão saúde. É assim que surgem as Dietas e os Regimes (...). 

"Suponhamos que o homem precisa obter os aminoácidos prontos para sintetizar suas proteínas. Supomos assim um absurdo químico pois possuímos a respiração que extrai do ar o oxigênio de que existe apenas 20%, enquanto que o nitrogênio (para sintetizar o grupo HN2 - amina), é 79% do mesmo ar. Ora, se até gases de 1% do ambiente e aerossóis venenosos são encontrados no sangue, como negar que o nitrogênio pode ser extraído do ar pelas células no processo de síntese enzimática? Só porque não houve cientistas provando-o? Desde quando a Natureza precisa da chancela dos homens para agir?! 

 

"Bem, suponhamos que o corpo humano não pode extrair nitrogênio do ar e precisa de aminoácidos para fazer suas proteínas. Se comer frutas, talvez estas possuam poucos aminoácidos. Suponhamos que em um corpo haja 7 Kg de proteínas (o que é um exagero pois deve haver 2,5 Kg mais ou menos) e levemos em consideração a troca média comprovada pelos isótopos em 7 anos. A cada ano (365 dias) trocaremos 1 Kg de proteína que se desgastou. São 1000 gramas para 365 dias, o que fica abaixo de 3 gramas por dia. Se comermos 2 Kg de frutas, teremos, pelas análises das polpas de frutas, cerca de 20 gramas e um frugívoro normalmente

 

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pode ingerir mais que isso sem exagerar. Logo, sobram aminoácidos para o trabalho de síntese em qualquer dieta frugívora. 


"A síntese das proteínas com a ação das enzimas é um fato bem comprovado na ciência. O que ainda se questiona é sobre certas proteínas animais que teriam que chegar já prontas. E nós podemos garantir que esa hipótese é falsa, não somente frente às experimentações yogues, mas frente à própria lógica da viabilidade biológica do homem como espécie. Se os cientistas que dizem sermos incapazes de produzir 10 aminoácidos essenciais estiverem certos, e esses não existirem em outros alimentos, breve não havendo mais criação de animais, a espécie humana se extinguirá no próximo século, com o fim das pecuárias, mesmo sem efeitos estufa ou invernos atômicos. Se as pecuárias apenas se reduzirem e a espécie humana aumentar a demografia, vai haver grande número de recessivos inviáveis antes de nascer. Também já deveria ter havido muitos mortos por falta dessas proteínas entre jejuadores e yogues, vegetarianos e frugívoros. E esses fatos ainda não acontecem. 

"A falsidade da teoria das proteínas é patente até a nível de crença popular e de regimes ou dietas curativas. De todos os alimentos excluídos em dietas e regimes, é a proteína animal o primeiro a ser escolhido como impróprio". 


Vemos, assim, que já há cerca de cento e sessenta anos que experimentações demonstraram de modo inequívoco não apenas que o homem pode viver somente com frutas, mas que, inclusive, vive melhor. Esses fatos comprovam aquilo que os irmãos Sanchez procuram demonstrar em seu trabalho: que as frutas contêm tudo o que o ser humano necessita em termos alimentares; todos os nutrientes, conhecidos e desconhecidos, devem, portanto, existir na proporção alimentar adequada, isto é, balanceados e prontos para consumo imediato. Conseqüentemente, todas as vitaminas e sais minerais de que necessitamos também estarão presentes nas polpas de frutas. Se alguma substância de que necessitamos não estiver presente nas polpas de frutas, podemos ter a certeza de que seu precursor lá estará para garantir que a sintetizaremos com nossos próprios recursos. 

O livro dos irmãos Sanchez foi editado em 1988, passados já portanto onze anos (em 1999, hoje, 2018, passados 29 anos!). Será que a literatura mais recente confirma de alguma forma a teoria dos Sanchez? Numa tentativa de responder a esta pergunta, passaremos para o próximo capítulo. 

                                     

[pág.73]                                                    CAPÍTULO V 

 

                                                     MEDICINA ORTOMOLECULAR 
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O que é "medicina ortomolecular"? Orthos, em grego, significa correto, em ordem, podendo sem forçar ser traduzido como equilíbrio; molecular é relativo a moléculas. Moléculas em equilíbrio, portanto, é disso que trata a medicina ortomolecular. O conceito está intimamente associado a outro conceito, o de radicais livres. Na verdade a associação é tão íntima que nos parecem conceitos irmãos. Ganharam existência praticamente contemporânea na medicina, já que na química o conceito de radicais livres é mais antigo. O conceito de radicais livres, na medicina, é inseparável do conceito de respiração, visto que seria principalmente neste processo fisiológico, respiratório, através dos átomos de oxigênio sobrantes, que se formariam os radicais livres. Já o conceito de ortomolecular está intimamente associado à alimentação, uma vez que as moléculas que têm de estar em equilíbrio são os nutrientes.

 

Temos então que os conceitos de respiração e alimentação são os grandes pilares da medicina ortomolecular. Respiração e alimentação são os sustentáculos da própria vida. Que estranho, no seio da própria medicina surge uma "outra", ou pelos menos outra prática, que faz questão de diferenciar-se da "medicina mãe", à qual chama de ortodoxa. O que significa "ortodoxa"? O termo é relativo a fidelidade, a princípio ou doutrina, tem o sentido também de intransigência em relação ao novo, à renovação, de não-aceitação de novas idéias ou princípios; em outras palavras, de apego ao velho, ao já conhecido. Não precisamos fazer muito esforço para associar o comportamento "ortodoxo" à caducidade, à velhice e à senilidade tal como hoje a conhecemos. Podemos então pensar que uma nova medicina está nascendo, e uma velha morrendo? Não é uma característica das doutrinas que vão sendo ultrapassadas a resistência à ultrapassagem? Não se debatem até o último instante em vãs tentativas de se manterem vivas e no poder, tal qual os velhos ditadores que tudo fazem para se manterem no comando e, se possível, deixar herdeiros?

 

Assim caminha a medicina, assim caminha a ciência, assim caminham os povos, assim caminham as civilizações, assim caminha a humanidade; o

 

[pág.74]

 

novo sempre suplantando o velho, pois que neste nosso mundo, sob o signo da espada implacável da lei da temporalidade, o tempo é sempre aliado do novo. Talvez caiba, portanto, à medicina ortomolecular, juntamente com outras práticas médicas não ortodoxas, a função de arauto de novos tempos dentro da medicina. 

O que são nutrientes? Nutriente é tudo aqulo que o organismo utiliza em seu metabolismo para manter em fuincionamento seus diversos sistemas orgânicos; em outras palavras, é tudo aquilo que entra no organismo. Nossos alimentos são nutrientes, a água é nutriente, o oxigênio é nutriente, outros gases presentes no ar que respiramos são nutrientes, o sol é nutriente, nossos sentimentos e emoções são nutrientes, de natureza diversa, assim como as sensações decorrentes de percepções visuais, olfativas, táteis, auditivas, gustativas e mesmo cenestésicas, como, por exemplo, o doce embalo propiciado por uma mãe ao seu filhinho, que pode "exigir" esse nutriente para dormir, se estiver acostumado. Assim, a prática ortomolecular ao enfatizar os nutrientes abre as portas para considerações que podem ir muito além dos nutrientes químicos alimentares, ao mesmo tempo em que resgata um conhecimento antigo (doutrinas e dogmas caducam e morrem; as verdades, não) do tempo de Hipócrates, que já preconizava que deixássemos nosso alimento ser nosso remédio e que assim nosso remédio fosse nosso alimento, conhecimento que tem sido, ao longo dos séculos, resgatado e vivificado por outros grandes nomes da medicina quando falam no equilíbrio que deve haver para que a higidez possa manifestar-se. 

Alimentos, nutrientes, é disso que se ocupa, portanto, a prática ortomolecular. Mas então, a prática ortomolecular equivale à prática nutricional? Medicina Ortomolecular seria assim equivalente à Medicina Nutricional? Mas então a medicina tradicional ou ortodoxa nega o valor dos nutrientes? Claro que não, nem poderia fazê-lo, já que esta é uma verdade que grita tão alto que se fez incorporar na prática ortodoxa da medicina, nos tratamentos de hipertensão arterial, obesidade, arteriosclerose, diabete e gota, para citar apenas algumas doenças. O que na verdade acontece é que o enfoque e portanto a importância dada à questão nutricional transcende, na medicina ortomolecular, a importância que lhe dá a medicina ortodoxa, e essa transcendência é de uma ordem tal que abala e provoca rachaduras em dogmas que se transformaram em alicerces da prática tradicional da medicina. Na verdade, nada disso deve nos surpreender, se tivermos em mente o evoluir histórico da medicina. Alguns fatos esclarecerão melhor, como, por exemplo, a resistência à

 

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assepsia preconizada pelo médico Ignaz Semmelweis no século XIX, que não conseguia convencer seus colegas médicos da necessidade de lavarem as mãos antes de atender as parturientes. Quando conseguiu fazer os estudantes lavarem as mãos antes de atender as parturientes (para fazer o atendimento às parturientes eles iam direto da sala de anatomia, onde faziam dissecção de cadáveres), a mortalidade por febre puerperal da Primeira Clínica Obstétrica de Allgemeines Krankenhaus, em Viena, caiu de 18% para 1%. Na Segunda Clínica, que era atendida apenas por parteiras que vinham de casa, onde não dissecavam cadáveres, a mortalidade já era três vezes menor, pelo que podemos supor que também não lavavam as mãos antes de fazer os atendimentos. Gordon nos conta em seu livro que as grávidas vienenses imploravam histericamente para darem à luz na Segunda Clínica, isto, naturalmente, antes de Semmelweis. Mesmo assim, seus colegas o ridicularizaram e destruíram sua carreira médica. Como um último e desesperado esforço para convencer seus pares da importância da assepsia, acabou se matando com um bisturi que havia sido usado numa autópsia - cortou a mão e morreu da infecção decorrente, é o que nos informa Pat Lazarus em seu livro "A Cura da Mente através da Terapia Nutricinal" (1995), onde cita como fonte da informação o Dr. Carlton Fredericks, Ph.D.

 

Outras fontes informam mais detalhadamente a questão de sua morte. Quando cortou a mão no "desesperado esforço", já estaria desequilibrado mentalmente, com sintomas depressivos e paranóides. A pedido da esposa um colega o internou num manicômio, para onde foi levado enganado. Ao perceber que iria ser internado tentou sair e foi severamente espancado pelos guardas, colocado numa camisa de força e posto numa cela escura. Após 14 dias veio a falecer devido gangrena em ferimento no dedo. Há uma versão de que o ferimento no dedo teria sido acidental, ocorrido em uma de suas últimas autópsias realizadas. O destino muitas vezes é irônico, a doença contra a qual lutou, acabou matando-o, aos 47 anos de idade. 

 

Louis Pasteur constitui outro exemplo bastante conhecido; seu trabalho despertou a raiva da classe médica, que lhe fez virulentos ataques dizendo que não tinha o "direito" de ficar se metendo com doenças, já que era químico e não médico! William Harvey foi denegrido por seus pares de profissão, por todo um século, por ter descoberto a circulação sangüínea. Esses exemplos devem bastar para mostrar-nos como evolui, historicamente, a medicina. Naturalmente, hoje os tempos mudaram; a medicina foi se organizando e adotou e incorporou a doutrina corporativista, o que torna muito mais fácil "combater" os teimosos e sempre existentes contrariadores de dogmas; bastam algumas resoluções e os dissidentes são colocados (ou tenta-se-os colocar) de novo nos trilhos, embora enferrujados, dos dogmas vigentes. Obviamente que ninguém é louco o suficiente a ponto de defender a imediata incorporação do novo à prática médica; a peneira da crítica e do bom senso é um instrumento que sempre foi e sempre será útil e legítimo, indispensável mesmo. Por outro lado, no reverso da moeda, também se estaria ferindo o bom senso e a crítica se se fosse exigir de Semmelweis, antes de convencer os estudantes que atendiam na Primeira Clínica Obstétrica, comprovação científica objetiva da utilidade clínica de sua proposta, ou se se fosse esperar ampla existência, na literatura médica, de funda-

 

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mentação higiênica do efeito deletério do atendimento às parturientes por pessoas que estivessem dissecando cadáveres pouco antes, e que não lavavam as mãos ao abandonar os cadáveres e se dirigirem às parturientes. 

Claro que também não podemos ser contra resoluções legítimas e adequadamente contextualizadas. Mas o que são resoluções? Resolução é o ato de decidir, deliberar, proibir (a decisão pode ser proibitiva). Legislar signfica estabelecer, impor, formular, decretar (leis, regras, comportamentos); legislar portanto associa-se intimamente com leis; estas regem comportamentos, o que é ou não é permitido. Uma resolução também afeta um comportamento, no sentido de permiti-lo ou não. Podemos, assim, sem nenhuma dificuldade equacionar, na prática, resolução com legislar. Esse equacionamento nos autoriza o raciocínio lógico de que os legisladores devem, para poderem bem legislar, conhecer profundamente o assunto sobre o qual estão legislando, sob pena de estarem adentrando, probabilisticamente, numa zona cinzenta de altíssimo risco.

 

Em outras palavras, pode alguém legislar, decidir sobre assunto que não domina? Pode um especialista em endocrinologia, por exemplo, determinar resoluções sobre cirurgia microscópica encefálica? Colocando de outra forma, a ciência é necessária sim, e muito, mas não podemos esquecer jamais que ela é filha do bom senso e da lógica, que, por sua vez, são filhas da inteligência, isto é, a ciência não pode jamais esquecer suas raízes, sob pena de se descaracterizar, ou caracterizar uma "ciência burra". Vejamos alguns exemplos.

 

O primeiro refere-se a um estudo feito para demonstrar que os pacientes hospitalizados não gostavam de utilizar a "comadre". Neste estudo os pesquisadores, preocupados com a aceitação de seu trabalho, esclareceram que suas "descobertas" eram "sustentadas" por pesquisas semelhantes que já tinham sido feitas na década de 30. Pesquisaram para descobrir o óbvio, o que todos já sabiam, e mesmo assim ainda ficaram preocupados com a "aceitação" de sua "descoberta", alguma coisa aqui cheira muito forte a ausência de inteligência ... O segundo exemplo é o do Dr. Abram Hoffer, que é considerado o pai da medicina ortomolecular. Conta-nos ele que aproximadamente em 1980 foi demonstrado na Escócia que o ácido fólico administrado às gestantes em doses extras diminuiria em dois terços a incidência de recém-natos com espinha bífida. Essa descoberta foi condenada e criticada. Somente quinze anos mais tarde, depois da realização em larga escala de dispendiosos testes terapêuticos controlados, é que o fato novo daquela descoberta foi finalmente aceito. "Com um custo diário ínfimo, e presumindo-se que a diminuição da incidência fosse de 75%, se o ácido fólico tivesse sido usado rotineiramente, um

 

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número menor de bebês com espinha bífida poderia ter nascido nos Estados Unidos ao longo de um período de 14 anos", diz-nos o Dr. Hoffer. 


Pensemos nos custos acumulados neste intervalo de quatorze anos, nas mortes conseqüentes da não-prevenção e na economia de US$ 105 bilhões, ou US$ 7,5 bilhões ao ano (tomando dados de custos do sistema de assistência médica do Canadá, para adolescentes de 14 anos com a doença); somemos tudo isso e coloquemos o resultado no contexto maior de nossa civilização global. Temos, nesse caso, um exemplo de ciência pura, mas temos também um exemplo de ciência pura feita numa panela onde faltou o ingrediente básico, chamado inteligência! Como nos diz o próprio Dr. Hoffer: "Que mal teria em se administrar um produto inócuo como o ácido fólico às gestantes, mesmo antes de a ciência pura estar satisfeita? E, caso se descobrisse que a descoberta original estava errada, não se teria cometido dano algum". Pelo menos no exemplo anterior das pesquisas envolvendo a "comadre" não houve prejuízo para ninguém, a não ser a perda de dinheiro e tempo envolvidos na pesquisa. 


Os exemplos acima foram retirados do livro de Pat Lazarus, já por nós citado. Esse livro pretende tratar de psiquiatria ortomolecular e foi escrito por pessoa não médica, uma jornalista especializada em medicina há um quarto de século, que apesar de o ter escrito sozinha, fê-lo com a ajuda, explícita, de vários médicos, os quais, segundo ela, "vêm criando e aperfeiçoando o campo da medicina ortomolecular (nutricional) desde a década de 50". Seu prefaciador foi o Dr. Abram Hoffer, que, já vimos, é considerado o pai da medicina ortomolecular. O Dr. Hoffer, reconhecendo a dificuldade que têm os novos paradigmas em serem aceitos, fazendo considerações sobre as vitaminas, diz a respeito dos cientistas inovadores, médicos ou não médicos, que "tiveram que enfrentar adversidades e apelar para o público, não para a profissão médica".

 

Se formos à Inglaterra das décadas de 20 e 30 verificaremos como a história se repete, pois veremos o Dr. Edward Bach tendo, também, de apelar para o público para conseguir a aceitação de suas descobertas das essências florais e seus efeitos terapêuticos. Na época da introdução do conceito das vitaminas, quando se descobriu que dieta com arroz integral evitava o beribéri decorrente da dieta exclusiva de arroz branco, o mais renomado patologista europeu saiu a campo para defender o dogma que recém-estreava no palco da medicina. Era a época da descoberta bacteriana, e assim se pronunciou a ilustre autoridade: doença alguma, jamais, havia sido causada por deficiência de alguma coisa (negrito meu, da transcrição). Claro que as bactérias existem e temos de respeitá-las e combatê-las quando necessário, o que não podemos é desligar nossa inteligência e transfor-

 

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mar sua existência em dogmas que tudo explicam, já que nada em nosso mundo existe isoladamente, tudo é, sempre, de alguma forma, ligado, articulável. Não podemos perder de vista que todos os fatos com que nos defrontamos apresentam ligações entre si, mais ou menos visíveis, mais ou menos diretas, e, até mais ou menos, compreensíveis por nós. Assim, uma deficiência vitamínica pode, entre outros efeitos, causar uma deficiência imunológica que abre caminho para uma infecção bacteriana, da mesma forma que a deficiência imunológica pode existir sem a carência vitamínica e ser causada por um distúrbio primariamente emocional, e, nesse caso, poderá ser corrigível, em vez de por uma vitamina, por uma essência floral, por exemplo; em outros casos ainda, terá de ter sua causa pesquisada e/ou tratada com outras técnicas. De qualquer forma, uma vez instalada a infecção, esta terá de ser tratada (tratamento sintomático), mas se pudermos aliar a esse tratamento a correção da causa subjacente ao sintoma "bactéria", estaremos, sempre, praticando uma medicina melhor, mais pura e mais científica, não importando o nome que lhe dermos. 


Particularmente interessante é o parágrafo que encerra o prefácio do Dr. Hoffer: "Em minha opinião, os pacientes devem instruir seus médicos. Recomendo que comprem um exemplar do livro para si e outro para seu médico, insistindo em sua leitura. Assim, estarão ajudando a si mesmos, aos parentes doentes e à sociedade, e ajudarão a diminuir os custos com saúde. Se não tiver um médico preferido a quem presentear o livro, estude-o e procure um especialista em medicina ortomolecular. Afinal, você é responsável por sua própria saúde. Assuma o controle". 

Vimos no capítulo precedente que um livro, Medicina Nutricional, foi escrito por autores não médicos. O autor principal, Mário Sanchez, teve motivos pessoais fortíssimos para estudar o tema "nutrição" e mais tarde escrever o livro. Conta-nos que em 1974 caiu em um hospital com o estômago destruído e uma gastrectomia subtotal o deixou sem estômago. Nos meses que se seguiram travou uma dolorosa luta para sobreviver, tendo conseguido a vitória somente quando conseguiu chegar, pelo menos temporariamente, a um ponto em que se alimentava exclusivamente com frutas. Há, portanto por trás de seu livro, um drama nutricional; na verdade, seu drama o amputou do principal órgão do sistema orgânico associado à nutrição, que é o estômago. 

O livro de Pat Lazarus é também um livro que trata de Medicina Nutricional. Seu nome, "A Cura da Mente através da Terapia Nutricional - uma abordagem nutricional para problemas psicológicos", não pode-

 

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ria ser mais explícito. Se voltarmos ao início deste livro, no Capítulo II, onde abordamos a questão das doenças e sua clássica divisão em orgânicas e psicossomáticas, veremos que temos argumentos suficientes para sustentar a opinião de que, na verdade, praticamente todas as doenças são psicossomáticas. "A Cura da Mente" coloca exatamente essa questão, mas de outra forma, pois a mente é o espaço onde, em última análise, encontramos as raízes das doenças. Lembremos que a mente é o espaço onde se originam nossos pensamentos, conscientes ou não, que é de onde procedem nossas doenças, é onde elas existem, como já vimos, no período pré-patogênico, quando ainda não manifestadas fisicamente.

 

Os trabalhos e pesquisas que Pat Lazarus coloca e analisa ao longo de seu livro, e que tem o respaldo de nomes respeitados no campo da prática ortomolecular, mostram que nem tudo o que ocorre no campo mental tem lá mesmo suas origens, o que na verdade já é um fato muito bem conhecido dentro da medicina e da psiquiatria, pois há muito que se sabe que doenças orgânicas podem causar alterações mentais, emocionais e de comportamento. A novidade que ela traz em seu livro, ou a novidade trazida pela prática ortomolecular, aplicada à psiquiatria, que, ainda, a rigor não é tão novidade, já que o primeiro livro sobre psiquiatria ortomolecular foi escrito em 1973 e organizado pelos doutores David Hawkins e Linus Pauling, é que distúrbios decorrentes de deficiências de nutrientes podem ocasionar e originar alterações psiquiátricas que até então nunca tinham sido consideradas passíveis de terem uma etiologia dessa natureza (alimentar). 


Pat Lazarus teve motivações pessoais semelhantes às de Mário Sanchez para escrever seu livro. Também ela foi motivada por certa "desilusão" originada de seu relacionamento com médicos e doenças. Conta ela sua experiência motivadora, quando tinha 16 anos de idade: "Como quase todos pensavam na época - e, o que me assusta, ainda o fazem muitas pessoas - eu costumava partir do pressuposto de que todos os médicos, particularmente os especialistas, sabiam tudo. Um dia, porém, quando estava sentada no consultório de meu médico (ortodoxo), ele recebeu um telefonema de outro médico. Pediu desculpas por me deixar esperando, mas 'Devo-lhe um favor. Tive uma paciente há dois anos que certamente estava morrendo. Tive a sorte de encontrar esse médico e mencionar o caso da minha paciente. Ele teve a sorte de ter lido um novo tratamento em uma revista especializada e me contou a respeito. Assim, hoje ela está viva e bem ...'. Fiquei estarrecida, para não dizer coisa pior. As repetições que o médico fazia da expressão 'ter a sorte' indicavam que a mulher só estava viva devido à uma série de feli-

 

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zes coincidências. Quantas outras pessoas, imaginei, estão vivas só porque um médico aprendeu algo novo por acaso? E quantas morreram porque um médico por acaso não aprendeu alguma coisa? 

 

"O que aprendi naquele dia - que um conhecimento válido pode estar 'perdido' na literatura médica - serviu-me anos depois, quando vários dos melhores neurologistas do país aconselhavam-me a 'parar de esperar milagres'. Minha pergunta, que tanto os perturbava, era: será que não existe, em algum lugar, qualquer lugar, um tratamento alternativo para a doença terminal diagnosticada que mataria meu marido, provavelmente em três anos? Em parte encorajada pela lembrança da mulher salva pelo artigo décadas antes - e em parte levada por meu absoluto desespero - passei meses em bibliotecas médicas, embora ainda não tivesse nenhuma prática em pesquisas de literatura médica. (Se existiam, na época, médicos ortomoleculares, eu não os conhecia). Encontrei esperança em estudos esquecidos na literatura médica e levei minhas descobertas a um nutricionista, que elaborou um tratamento a partir das pesquisas que conhecia, associadas às que eu havia descoberto. A terapia consistia em grandes quantidades de suplementos nutricionais, que os estudos pouco conhecidos consideravam úteis, e a retirada de alimentos que normalmente produzem intolerância. Mais tarde, usamos a acupuntura. 

"Não encontrei o milagre que os neurologistas pensavam que eu estava procurando (...). Simplesmente havia descoberto pesquisas médicas desconhecidas aos neurologistas ortodoxos. Ou talvez eles conhecessem algumas delas, mas as tinham rejeitado por não se encaixarem em sua filosofia, baseada no uso de drogas ou cirurgia. Passaram-se mais de duas décadas, e meu marido continua vivo." 


Foi após essa experiência que Pat Lazarus, quando teve oportunidade, foi aliar sua profissão, o jornalismo, com a medicina, como redatora de publicações técnicas para médicos ortodoxos. Foi quando se viu escrevendo sobre novos estudos que provavam exatamente o que outros estudos já haviam provado nas décadas de 30 e 40, ou antes; viu-se então pronta para iniciar seu livro. 


Observando a obra dos irmãos Sanchez e de Pat Lazarus, verificamos algumas coincidências interessantes, além do fato de não serem médicos e de terem motivações semelhantes para escrever. Ambos nos mostram, de formas diferentes, que os casos de curas por eles apresentados são às vezes deveras impressionantes. Um dos motivos, segundo Pat Lazarus, "é que as pessoas muitas vezes só consultam médicos

 

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ortomoleculares depois que os médicos tradicionais dizem que não podem ajudá-las, ou quando elas mesmas sentem que chegaram a um impasse. Em consequência, muitos dos casos nos arquivos de médicos ortomoleculares refletem o drama da recuperação de pessoas cujos casos foram considerados incuráveis, ou quase". Da mesma forma, o Sr. Mário Sanchez era procurado com freqüência por pessoas desenganadas da medicina tradicional. Os irmãos Sanchez não usam uma única vez a palavra "ortomolecular" em seu livro, e a abordagem que fazem é ampla, não restrita apenas aos problemas psicológicos, o que não significa que os desconsiderem, mas os vêem, também, a exemplo da autora norte-americana, como conseqüência, no caso deles, mais uma conseqüência, de erros e distúrbios nutricionais acumulados ao longo da vida do indivíduo ou, mesmo, ao longo das gerações, e neste caso o distúrbio já se cristalizou em nível de transmissão hereditária, congênita, mas sem ser genética, o que não exclui a possibilidade de estas ocorrerem. Os irmãos Sanchez procuram, assim, fazer uma abordagem ampla, abrangendo genericamente todas as doenças humanas, enquanto Pat Lazarus detém-se nalguns tipos, naquelas que representam as doenças do campo da psiquiatria. Nos diz ela que na psiquiatria ortomolecular, a dieta e a suplementação nutricional são as abordagens básicas e, geralmente, as únicas terapias necessárias.

 

É impressionante a coincidência de uma afirmação dessa natureza em se tratando de pesquisadores independentes e que usaram fontes diferentes de pesquisa. No caso dos irmãos Sanchez, pela análise da bibliografia podemos perceber que foram consultadas, não exclusivamente mas principalmente, obras que formam um corpo literário existende de uma forma "marginal" e paralela no campo da medicina nutricional; a medicina tradicional as chamaria, desdenhosa e pejorativamente de "alternativas", conceito que embute outro, para os médicos tradicionais, o de charlatanismo. Podemos aqui lembrar que Alexander Flemming, o médico escocês que descobriu a penicilina, em 1928, foi "charlatanizado" por seus colegas médicos por uma década inteira. Esse tipo de comportamento, "charlatanizar" o novo e o desconhecido, pode muito bem legitimar o raciocínio de que sempre que a medicina tradicional denominar alguma prática de charlatanismo, devemos justamente voltar nossa atenção para tal prática, pois algo novo e revolucionário está vindo. William Morton, o dentista que desenvolveu a anestesia, não pôde ser chamado de charlatão, já que a eliminação da dor em procedimentos cirúrgicos odontológicos era objetiva demais para ser ignorada, mas mesmo assim também não escapou da fúria misoneísta. A neofobia sempre acorda irritada, e sonambulicamente assim se manifestou: desprezemos os médi-

 

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cos que quiserem se aproveitar da anestesia, pois não devemos ter medo de causar dor em nossos pacientes, pois a dor é natural! Esqueceram que a morte também era natural, mas talvez fora de seu estado sonambúlico eles próprios, se pacientes, procurassem se tratar com anestesia. Nada de novo sob o sol, faça o que eu digo, não o que faço! 


Pat Lazarus, porém, garimpou em outras minas, naquelas minas que são patrimônio da medicina ortodoxa, e lá encontrou diversas personalidades médicas de renome, que naturalmente tinham tido formação acadênica ortodoxa, mas que, por diversas e individuais razões, estavam descontentes com os resultados de sua prática e vislumbravam, em muitos trabalhos científicos "ortodoxos", possibilidades novas que eram sistematicamente ignoradas por seus pares; isto os fez perceberem que eram "diferentes", e para caracterizar essa diferença criaram um nome, um conceito. Surgiu assim o conceito de "ortomolecular". Na verdade "ortomolecular" foi usado pela primeira vez por Linus Pauling, prêmio Nobel duas vezes. Realmente, portanto, uma prática diferente, não uma medicina diferente, pois o próprio conceito de medicina é incompatível com uma dicotomização, e se isso aparentemente ocorre no cotidiano, é, naturalmente, para enfatizar práticas, visões diferentes, é para introduzir o novo. E neste sentido não podemos deslegitimizar esse comportamento, pois algumas vezes os meios são justificados pelos fins.  


Por que, poderíamos perguntar, dois livros importantes sobre medicina nutricional foram escritos por não médicos e não nutricionistas? Não seria mais adequado, mais natural até, que médicos ou nutricionistas escrevessem sobre o tema? Não estamos afirmando, nem o poderíamos, que não haja livros sobre nutrição escritos por médicos e muito menos por nutricinistas, estamos apenas nos detendo nos dois que mencionamos e fazendo certos questionamentos. Os Irmãos Sanchez colocam, logo no início de sua obra, que a nossa moderna dietética está mais atrasada do que há dois mil e quinhentos anos, tempo de Hipócrates, quando o próprio resumia a questão da discussão nutricional da seguinte forma: "Se alguém dos que debatem sobre alimentos soubesse do que está falando, não haveria discussão nenhuma". Hoje há ainda muita discussão, se Hipócrates estava certo, hoje, dois mil e quinhentos anos depois dele, ainda não sabemos do que estamos falando! Segundo os Irmãos Sanchez, são dois os motivos de nossa, ainda, atual ignorância nutricional: 


PRIMEIRO: "Não se ensina Alimentação nas Faculdades de Medicina, tirando da mão do médico o seu instrumento infalível e único de cura e entendimento do corpo humano". 


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SEGUNDO: "Na dietética e em todos os Ensinos Nutricionais explica-se no longo preâmbulo como é a metabolização geral dos alimentos, sua química e a fisiologia e na segunda etapa do curso abandona-se o que se ensinou na primeira e passa-se ao dogma estatístico da nutrição, ensinando apenas COMO A HUMANIDADE SE ALIMENTA e não ensinam como deveria alimentar-se" (destaque dos próprios autores e negritados meus


Pat Lazarus também denuncia um conhecimento inadequado de nutrição por parte dos médicos em geral; cita um relatório publicado em 1985 pela Academy of Sciences Press, em Washington, D.C., que revelou que nas faculdades de medicina investigadas, a maior carga horária exigida para o estudo da nutrição era de cinquenta e seis horas. Diz-nos ela que "isso poderia parecer uma falha surpreendente na formação médica, uma vez que os nutrientes são essenciais para cada uma das reações quimicas em nosso corpo". Na verdade, ela foi muito generosa em sua colocação de que "poderia parecer ...", pois, se considerarmos a carga horária total de um curso de medicina, e se considerarmos a importância fundamental da alimentação para a saúde humana, veremos que um tema de importância vital é contemplado, em termos percentuais, nos cursos médicos, com algo em torno de 0,5%, no máximo, da carga horária total! Isso não "parece"; isso é, de fato, uma grande e surpreendente falha na formação médica. Se recebêssemos de visita em nosso planeta um extraterrestre crítico e mordaz e lhe passássemos essa informação, ele poderia perfeitamente ironizar que a raça humana terrestre faz um grande esforço, na medida em que priva os profissionais responsáveis pelo cuidado da saúde de informações vitais para o seu manejo adequado, no sentido de degenerar cada vez mais a própria raça, até um dia vir a extinguir-se, se der tempo, é claro, isto é, se outras formas de autodestruição, mais eficazes e imediatas, não forem encontradas antes, já que ele terá feito o diagnóstico, provavelmente, de "raça humana suicida". O Dr. Hoffer, já citado, fazendo eco aos irmãos Sanchez, ou vice-versa, diz que mesmo naqueles casos onde é exigido cursos de nutrição, em faculdades de medicina, "muito do que ensinam sobre nutrição é errado. Ensinam aos alunos idéias que eram de vanguarda em 1950". 


Mas o quadro ainda é um pouquinho pior, os médicos em formação são bombardeados durante todo o tempo do curso, algumas vezes explicitamente, mas a maioria das vezes subliminarmente (já é fato científico comprovado que a indução hipnótica subliminar é potentíssima), com informações ou induções de que aprendem a base de "tudo" o que é

 

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importante para seu trabalho futuro, qualquer que seja o ramo de especialização que vierem a escolher. Como a nutrição é um "nada" insignificante, de 0,5% ao longo de seis anos de formação, a conclusão óbvia é que se lhes ensina, indiretamente, que a nutrição não tem nenhum valor, com exceção, é óbvio, daquelas doenças cujo ensino já vem acompanhado com elementos nutricionais, como o diabete, a hipertensão arterial e a polineurite alcoólica, para citar apenas alguns exemplos. Nestes casos específicos, os componentes nutricionais ulularam tanto e tão alto que não houve remédio, senão incorporá-los ao ensino tradicional. 


Dessa forma, a quetão nutricional associada às doenças, apesar de todas as evidências encontradas na literatura, parece aos médicos, às vezes até àqueles envolvidos diretamente na militância da medicina nutricional, algo estranho e até absurdo. Podemos ver perfeitamente essa estranheza na afirmação de um médico envolvido com a prática ortomolecular, citado por Pat Lazarus, que é o Dr. Richard Wurtman, que "realizou estudos revolucionários sobre nutrição e cérebro no Massachussetts Institute of Technology". Ele costuma dizer que mal acredita nos resultados de suas próprias pesquisas, é dele a frase:

 

"Continuo achando estranho que a função e as substâncias químicas produzidas pelo cérebro sejam determinados pelo fato de você ter almoçado ou não e do que comeu no almoço. Eu não teria projetado o cérebro dessa forma". Vemos assim, que a programaão feita durante a formação médica é tão forte que se manifesta mesmo depois que estudos e pesquisas próprias tenham demonstrado a erroneidade do conceito de que a nutrição é um "nada" insignificante; o preconceito se manifesta como estranheza e se explicita ainda mais na frase "Eu não teria projetado o cérebro dessa forma". Colocando de outra forma, o preconceito (inconsciente, subliminarmente criado e vivificado), se julga tão poderoso que seria mais inteligente que o próprio Criador ou que a própria evolução, teria feito o cérebro funcionalmente diferente, não dependente do "insignificante" ato de comer ou não comer algo no almoço, isto é, independente da nutrição. 

 


Os tratados clássicos de psiquiatria nos informam da existência dos neurotransmissores ou neuromensageiros clássicos, que são aminas biogênicas (dopamina, acetilcolina, serotonina, histamina, adrenalina e noradrenalina), aminoácidos (por exemplo, ácido gama aminobutírico, glicina, ácido glutâmico) ou peptídios, que são proteínas curtas (menos de 100 aminoácidos); os receptores, pós ou pré-sinápticos são proteínas. Os aminoácidos constituem, portanto, a base de todas as substâncias importantes na neurofisiologia. Os aminoácidos são nutrientes.

 

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Em 1990 o próprio Dr. Richard Wurtman, juntamente com o Dr. J.H.Growdon, também de Massachussets Institute of Technology publicaram no New York State Journal of Medicine, um artigo que analisava a capacidade do cérebro de produzir e liberar seus neurotransmissores, associada à composição da última refeição. O próprio Dr. Wurtman perguntou-se, "Por que nos surpreende o fato de a alimentação poder exercer influência direta sobre o cérebro?". Essa pergunta poderia ser formulada de outra forma: por que o óbvio nos surpreende? A resposta também é óbvia, porque fomos programados para pensar que o óbvio (nutrição) é um nada insignificante! 


Um capítulo particularmente interessante de Pat Lazarus é o décimo: "Comportamento Criminoso e Violência". Vejamos o que nos mostra. Em 1981 foram realizadas no Tidewater Detention Center, na Virgínia, pesquisas pelo professor de sociologia e direito criminal do Califórnia State University, Dr. Stephen J. Schoenthaler. O primeiro estudo de sua série mostrou que uma dieta com baixo teor de açúcar foi capaz de reduzir em até 54% o comportamento anti-social na Instituição. O estudo não foi duplo-cego como preconiza o rigor científico; foi, nas palavras do Dr. Schoenthaler, "Completamente cego, porque nem a equipe nem os indivíduos sequer sabiam que estava havendo um estudo" (destaques originais, negritados deste autor). O chefe da unidade, que sabia do estudo e que já tinha conhecimento do resultado de uma diminuição do comportamento anti-social de 48%, perguntou à equipe, numa reunião, se haviam notado, nos últimos meses, alguma diferença nos presos. A equipe referiu que as coisas estavam mais tranquilas, que havia tido muito menos problemas, nas ninguém foi capaz de apontar uma causa; em tom de brincadeira foi invocada a influência astrológica. Mesmo depois de ter sido comunicado à equipe a pesquisa que fora feita, a metade dos elementos protestava, não acreditando que uma mudança alimentar pudesse ter tido tal efeito. Isso nos mostra que a cultura do "nada" insignificante da nutrição permeia todo o tecido social. 

O Dr. Schoenthaler não associou diretamente o açúcar ao comportamento anti-social, "O que descobrimos foi que as pessoas que respondiam à dieta com baixo teor de açúcar tinham sido marginalmente desnutridas. Essa má alimentação originava-se no fato de estarem consumindo grande parte de sua dieta sob a forma de açúcar. O açúcar não tem nutrientes; assim, essas pessoas estavam fazendo uma dieta pobre em nutrientes. Um cérebro deficiente em um único nutriente não pode funcionar de forma ideal". 

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Outro estudioso do tema nutrição-volência é o psicólogo Alexander Schauss, autor do livro Diet, Crime, and Delinquency, que coloca que a gordura, da mesma forma que o açúcar, "é responsável por muitas calorias na dieta mas não contém vitaminas e minerais essenciais". Refere em seu livro que no final da década de 70 um grupo formado por mais de quarenta detentos de uma penitenciária (McNeil Island, Washington), pediu ao Federal Bureau of Prisions para que alterasse a dieta aumentando a disponibilidade de suplementos alimentares. Seu pedido foi indeferido. Comunicação pessoal que fez a Pat Lazarus (por carta) em 1994: "Conheço muitas instituiições que mostram uma queda no comportamento anti-social devido a estudos (dietas com baixo teor de açúcar), mas que acabavam voltando à antiga dieta, normalmente por pressão de nutricionistas, médicos, administradores, etc.". Nosso hipotético visitante extra-terrestre pensa com seus botões, coisas de raça suicida ... 

Ocorrências transcritas literalmente de Pat Lazarus: (negritado da transcrição) 

"OCORRÊNCIA NÚMERO 1: Em 1978, em um estudo realizado no condado de Fulton, Georgia, escolas públicas davam três pares de ratos aos alunos, que foram instruídos a alimentar cada par de uma maneira diferente. Um par recebia uma dieta saudável específica, outro uma dieta norte-americana típica e o terceiro uma dieta que consistia somente em carboidratos refinados e leite. O primeiro par ficou satisfeito, calmo e saudável, e as crianças muitas vezes os faziam de bichinhos de estimação. Os ratos alimentados com a típica dieta norte-americana tornaram-se gordos, preguiçosos e inativos. As crianças tinham medo de segurá-los pois os animais tornaram-se volúveis, assustados e agitados ao menor toque. Os ratos alimentados com a dieta de carboidratos refinados e leite estavam nervosos, magros e - mesmo quando intocados em suas gaiolas - selvagens. Se as crianças tentassem tocá-los, eram mordidas com freqüência. Era comum as crianças pedirem aos professores para deixá-las alimentarem 'seus ratos dependentes e doentes' com a mesma dieta que haviam dado ao primeiro par. 


"OCORRÊNCIA NÚMERO 2: Ocasionalmente, quando infratores tomavam conhecimento de pesquisas que demonstravam que mudanças na alimentação poderiam deter seu comportamento anti-social, solicitavam legalmente tais mudanças. E faziam sozinhos o que podiam, assim como recusavam alimentos contendo açúcar. Curiosamente, alguns dos que tentavam a autocura haviam sido considerados 'incorrigíveis': criminosos que gostavam da violência, ou que eram levados compulsivamente a cometer crimes repetidas vezes. 

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"OCORRÊNCIA NÚMERO 3: Pesquisadores estão investigando cientificamente amostras de cabelo de criminosos e de não infratores. Podem determinar com grande precisão quais amostras de cabelo são de criminosos e quais não são. Conseguem fazê-lo avaliando os níveis de determinados minerais nas amostras de cabelo (e desta forma no organismo e no cérebro) dos indivíduos desconhecidos." (Mineralograma). 

História de um caso do Dr. Hoffer:

 

"Um homem havia sido preso 7 vezes em dez anos, normalmente 'porque gostava de atacar policiais'. Ao ser examinado, 'começou a transpirar excessivamente e de repente sacou um frasco com um quilo de açúcar, que começou a consumir em grande quantidade'. Disse ao médico: 'isso é a única coisa que me deixa bem'. Foi examinado e descobriu-se que tinha hipoglicemia grave (reativa). Seguiu uma dieta e durante os dez anos seguintes não teve mais problemas". 

História do Dr. Humiston Karl:

 

"Eu era médico e psiquiatra da universidade de saúde mental de Idaho State Penitentiary. Os pacientes da minha unidade eram muito perigosos para estarem fora da prisão e mentalmente muito doentes para ficarem na prisão. Fiz com eles um teste padrão de cinco horas de tolerância à glicose, que demonstrou que todos os doze tinham níveis instáveis de açúcar no sangue. Os dois mais explosivos e violentos - condenados por estupro e assassinato - tinham as curvas mais instáveis de açúcar no sangue. Ambos andavam a maior parte do tempo com café, bala ou refrigerantes e raramente tomavam café da manhã. Eram tão explosivos e nervosos que não podiam sentar-se à mesa de um jogo de cartas sem jogá-las no chão, empurrar a mesa ou tentar bater em alguém. Consegui convencê-los a parar com o açúcar e com a cafeína e fazer três refeições. Em menos de uma semana, eram outros homens, foi realmente uma melhora radical. Eram capazes de sentar e divertir-se conversando e jogando cartas. Eu podia até entrar e dar bom dia sem receber em troca o habitual cumprimento mal educado". Foi-lhe ordenado por seus superiores, que não falasse a respeito da experiência que tinha feito, como ele falou, foi despedido. 


Prossegue o Dr. Humiston: "Gostaria que todos os pais pudessem perceber como a freqüência do mau comportamento de seu filho deve-se ao fato de ele ter uma hipoglicemia não diagnosticada e de comer açúcar. Essa criança quebra seu brinjquedo preferido, faz tudo o que pode para magoar seus pais e irmãos, recusa-se a fazer as coisas que mais quer fazer, será absolutamente levada a um comportamento completa-

 

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mente negativo. Seria uma benção para os pais se soubessem que tal comportamento aparentemente inexplicável deve-se a causas alimentares muito concretas que podem ser tratadas". 


Lendon H. Smith , autor do livro Improving Your Child's Chemistry (1976) abordando os efeitos dos baixos níveis de açúcar no sangue e mau comportamento, sugeriu aos pediatras que eles "deveriam entrar nas escolas e proibir a venda de balas". Isto, há vinte e três anos! (hoje, 2018, há 42 anos) Dezenove anos depois de Smith, vemos Daniel Goleman, em "Inteligência Emocional" (1995) fazer a seguinte afirmação, na introdução do seu livro: 


"Talvez o dado individual mais perturbador deste livro venha de uma maciça pesquisa com pais e professores, revelando uma tendência mundial da geração atual de crianças a ser mais emocionalmente perturbada que a última: mais solitária e deprimida, mais revoltada e rebelde, mais nervosa e propensa a preocupar-se, mais impulsiva e agressiva". (negritados da transcrição) 


Mera coincidência? Claro que não podemos simplesmente estabelecer uma relação de univocidade entre as duas situações, isto é, não podemos afirmar que não hajam outras variáveis de outra natureza infiltradas e também atuando, mas o que podemos, sim, é fazer uma suposição com muita força de que a variável nutricional está presente e tem peso. Seria interessante se pudéssemos encontrar um trabalho onde pudéssemos verificar, num gráfico, a relação entre o aumento de faturamento da indústria açucareira e o aumento da tendência mundial de perturbabilidade emocional e comportamental de nossas crianças (e adultos). 


Comentário: de fato, sabemos hoje, através de nossa pesquisa que culminou com a "Teoria dos Comandos", ainda não publicada, que existem, sim, outras variáveis atuando. A Teoria dos Comandos virá demonstrar a existência e força de comandos epigenéticos gestacionais causadores de muitos dos transtornos referidos neste capítulo e associados à alimentação. Como a Teoria dos Comandos é independente da questão nutricional, fica evidente que existem, pelo menos dois fatores em jogo nestas questões comportamentais, ambos com força para atuarem de forma autônoma. O que não significa que não possam atuar de forma combinada. Isto requer aprofundamentos de pesquisa e teóricos, como já coloquei, de certa forma, não exatamente focando a questão nutricional, em "Teoria dos Comandos - Breve Apresentação Histórica e Introdução Conceitual", neste mesmo site, em 2012. 


Podemos ver, portanto, a notável semelhança existente, em termos nucleares, entre o livro dos irmãos Sanchez e o de Pat Lazarus. Os irmãos Sanchez abordam basicamente as doenças de modo geral, e en passant, a questão do envelhecimento, que não seria mais que apenas outra doença, ou melhor, não só outra doença, mas a "doença mãe" de todas as outras consideradas normalmente decorrentes, ou associadas, à idade. Todas as doenças seriam, assim, formas focalizadas de envelhecimento. O envelhecimento, em si, seria a forma generalizada da doença, que ocorre quando órgãos ou sistemas não foram comprometidos, antes, de forma isolada. Se desenvolvermos técnicas e abordagens que permitam que possamos minimizar ou controlar as formas "focalizadas" de envelhecimento, então o envelhecimento "generalizado" ganhará tempo, já que o indivíduo não morrerá mais tão precocemente, e aí, sim, se

 

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manifestará. E é este justamente o ponto, é exatamente aqui que a ciência médica nos engana, com ou sem consciência, quando vaidosa e orgulhosamente alardeia que está aumentando o tempo de vida humano. Isto é uma meia verdade, está aumentando o tempo de vida médio, o que Cornaro e outros já conseguiram, apesar da ciência médica. A verdadeira conquista será quando a ciência consegur aumentar o tempo máximo de vida, ultrapassar o limite teórico dos 120 anos. Este ponto foi brilhantemente desenvolvido por Hayflick, e o leitor interessado encontrará em seu livro um bom aprofundamento. 


A nós interessa, neste ponto, salientar a posição dos irmãos Sanchez quanto ao envelhecimento. Já Pat Lazarus não aborda a questão do envelhecimento, pelo menos de modo direto. Aborda entretanto, a questão psiquiátrica e psicológica, intimamente associadas, embora estudadas separadamente (medicina e psicologia). Na verdade essa separação é indevida e causadora de transtornos na práxis, já que oportuniza a ocorrência de situações anômalas, como a de pacientes atendidos por médicos que às vezes pouco ou nada entendem de psicologia, mas que precisam da psicologia e não são encaminhados; por outro lado encontram-se também pacientes atendidos por psicólogos que às vezes necessitam de avaliação médica e, por diversas razões, não são devidamente encaminhados. São situações compreensíveis e inevitáveis quando se tenta separar o inseparável. Essa situação ocorre até dentro da própria medicina, com suas cada vez mais especializações que geram cada vez mais separações daquilo que sempre foi inseparável, o humano como um todo: sistemas físico-químico-moleculares entrelaçados com sistemas psíquicos-energéticos e espirituais. 


A contribuição principal de Pat Lazarus, ou da prática ortomolecular através de suas mãos, em relação ao tema de nosso livro, o envelhecimento, é demonstrar mediante estudos, pesquisas e experiências clínicas de consultório dos diversos especialistas que a ajudaram a escrever o livro, que a questão nutricional está indissoluvelmente entrelaçada com a questão comportamental, pois psiquiatria e psicologia são, em essência, ciências do comportamento. Seu livro, portanto, permite-nos fazer a associação entre NUTRIÇÃO e COMPORTAMENTO (negritado da transcrição), o que na verdade é óbvio, mas a obviedade tem um misterioso atributo, que muitas vezes faz com que ela se manifeste invisivelmente ao ser humano, isto é, muitas vezes o óbvio tem de ulular para poder ser visto ou percebido. Já a contribuição dos irmãos Sanchez nos permite fazer a associação entre NUTRIÇÃO e ENVELHECIMENTO - negritado da transcrição (na verdade essa associa-

 

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ção já nos é permitida pela experiência de McCay com os ratos). São associações, não são equacionamentos. mas o raciocínio equacional tem a propriedade de nos fazer ver com mais clareza as situações. Vamos portanto usá-lo. temos então: 


      NUTRIÇÃO  (A)  (=)  ENVELHECIMENTO  (B)  (irmãos Sanchez)  (negritados da transcrição) 

      NUTRIÇÃO  (A)   (=)  COMPORTAMENTO  (C)  (Pat Lazarus)         (negritados da transcrição) 


Da matemática, temos que se  A = B  e  A = C, consequentemente  B = C. Analogamente, nosso raciocínio equacional mostra que se A está associado a B e também a C, consequentemente B está associado a C, o que nos dá: (negritados da transcrição) 


                                                 ENVELHECIMENTO (=) COMPORTAMENTO 

                                           (=): significando associação, relação, interdependência. 


O raciocínio equacional aplicado mostra-nos então a íntima associação que existe entre envelhecimento e comportamento (negritados na transcrição). Veremos, na continuidade, a importância dessa percepção. De momento queremos apenas registrar que as próprias descobertas que possibilitaram o surgimento da prática ortomolecular já materializaram a percepção de que o envelhecimento, ou a sua compreensão, veio junto com o "pacote" ortomolecular. Vamos apenas citar, fechando este capítulo, Paulo de Lacerda, que em seu livro "Manual Prático de Medicina Ortomolecular" (1995), diz: 


Comentário: a íntima associação que existe entre envelhecimento e comportamento é a fundamentação "teórica" de todos os conselhos dos "especialistas" na mídia em geral, quando falam ou escrevem sobre qualidade de vida e longevidade. O único senão é que eles fazem isso sem compreender o mecanismo do processo do envelhecimento, fazem isso baseados em observações empíricas. Obviamente que esta íntima associação é, também, a base de nossa técnica desenvolvida para reverter o envelhecimento, e que denominamos de "Engenharia Comportamental" (termo emprestado do behaviorismo).  


"Os radicais livres estão cada vez mais suspeitos de serem vetores primários em diversos processos degenerativos do Homem, em especial, o ENVELHECIMENTO, as inflamações crônicas, como ainda a neoformação tumoral ou neoplásica, seja de caráter benigno ou maligno inclusive" (o destaque negritado é nosso). Não devemos confundir aqui "vetores" com causas, já que o autor aborda em outro ponto do livro as causas dos radicais livres; é portanto, preciso em sua colocação, como o deve ser todo cientista. 


Pensamos estar preparados para o próximo capítulo. 



[pág.91]                                                          
CAPÍTULO VI 

                                                           
A DESCOBERTA DA BÍBLIA 
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O título acima sugere um ocultamento, um desconhecimento. Pode um livro, ou um conjunto de livros, milenar como a Bíblia ser descoberto? Para podermos responder temos de fazer outra pergunta: o que é a Bíblia? É uma escritura sagrada, religiosa, o maior best-seller de todos os tempos (traduzida do hebraico para 1.435 línguas e dialetos e lida durante mais de dois milênios), um texto misterioso, enignático e hermético, metafórico? É tudo isso ou é apenas isso? Tentaremos, com o auxílio de estudiosos que já se debruçaram sobre o tema, responder a essas perguntas e veremos a existência da possibilidade, ou não, de articular as respostas que forem surgindo com a questão do envelhecimento. 

 


O texto bíblico é dividido em Antigo e Novo Testamento. O Antigo Testamento é um texto hebraico, chamado massorético, estabelecido, oficialmente, entre os séculos VII e IX DC por sábios judeus. Aos cinco primeiros livros da Bíblia (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio) o povo judeu denomina Torá (Lei). Esse conjunto dos cinco livros é também denominado Pentateuco, e sua autoria foi durante muito tempo atribuída a Moisés, embora essa autoria jamais tenha sido afirmada de alguma forma explícita pelas antigas tradições. Estudos mais modernos apontam diferenças estilísticas, repetições e falta de uma ordenação que permita que se possa pensar que tenham sido obra de um só autor. Foi somente no final do século XIX que os críticos conseguiram aderir a uma teoria (a um consenso, ficaria melhor) que "resolvesse" a questão da autoria do texto bíblico, e o que foi aceito é que não foi Moisés o seu autor; teria sido inclusive, a composição bíblica, posterior a Moisés. Sobrou, porém, ainda muito espaço para especulações, e o que se sabe hoje, com certeza, é que não se sabe como se originou, exatamente, o texto bíblico. Na verdade, até hoje não há um acordo sobre as origens da Bíblia. De um lado colocam-se os defensores da teoria de que Moisés foi o seu autor, há cerca de três mil e duzentos anos; do outro lado temos as autoridades do mundo acadêmico defensoras da teoria (consenso) mencionada acima, de que haveriam diversos autores ao longo dos séculos, posteriores a Moisés. 

[pág.92]

 

De outra parte, o texto da própria Bíblia, é explícito em atribuir a sua autoria ao próprio Deus. Em Êxodo 24:12, lemos que Deus disse a Moisés: "Sobe a mim na montanha, e fica lá; dar-te-ei tábuas de pedra - a lei e o mandamento - que escrevi para ensinares a eles" (ao povo). Em Deuteronômio 31:24 aparece Moisés como o homem que escreveu a Lei das tábuas de pedra num livro: "Quando acabou de escrever num livro esta Lei até o fim, Moisés ordenou aos levitas que carregavam a Arca da Aliança de Deus: Tomai este livro da Lei e colocai-o ao lado da Arca da Aliança de Iahweh vosso Deus". 

 

Isso nos mostra a dificuldade que temos diante de um texto que, pela sua milenaridade, seria de esperar que fosse bem conhecido, já que tem sido lido e relido e estudado através dos séculos. Vemos, assim, que paira, ainda hoje, uma nuvem misteriosa que nubla nossa visão e nos mantém reféns da ignorância. 

 

No livro do Gênesis encontramos registro de tempos de vida de dez patriarcas que viveram antes do dilúvio, e estes registros nos mostram longevidades que variam de 365 anos (Enoc) e 969 anos (Matusalém). Isso naturalmente impôs uma questão de interpretação aos estudiosos bíblicos, já que não temos registro de longevidades humanas que chegassem a tanto em nossa história mais recente. Ewaldo W. Busse e Dan G. Blazer nos informam, em "Psiquiatria Geriátrica" (1992), da existência de três tipos de interpretação propostos: mítica, metafórica e literal. 

 

A interpretação mítica simplesmente negaria qualquer validade histórica aos registros; já a metafórica concluiria que cada patriarca simbolizaria na verdade o grupo ou tribo que teria existido naquele período de tempo. Na interpretação literal os patriarcas teriam realmente vivido todos aqueles anos, em virtude de seguirem uma moral e comportamento peculiares, e uma dieta que conduzia à longa vida. Interessante é que Grumann (1966), citado por Busse e Blazer, informa que registros de indivíduos de longa vida não são exclusividade dos relatos bíblicos, mas que também historiadores gregos e romanos referem-se a inúmeras pessoas que alcançavam idades extremamente avançadas. Plínio, por exemplo, que viveu de 23 a 79 DC, afirmava ter identificado uma quantidade de invidíduos cujas idades variavam de 150 a 800 anos (negritados da transcrição). Temos, então, o direito de pensar na possibilidade de os relatos bíblicos terem sido literais, lembrando que não somos o primeiro, antes de nós outros já o pensaram. 

 

A questão que surge naturalmente é a da confiabilidade que podemos ter do texto bíblico. Analisemos então alguns estudos feitos a respeito dessa confiabilidade por alguns pesquisadores. 

 

[pág.93]

 

Devemos ter em conta que os estudos são feitos sempre tomando por base o texto original hebraico e que não havia neste idioma sinais gráficos específicos para designar nossos modernos números arábicos. Utilizavam-se, assim, letras do próprio alfabeto hebraico, de modo que a cada palavra hebraica correspondia, então, um valor que era representado pela soma dos valores numéricos de cada uma de suas letras. 

 

                                                                   

                                              CHRISTIAN CHEN 

 

Uma questão que nos tem sido levantada diversas vezes, em contatos pessoais, inclusive por pessoas portadoras de currículos acadêmicos superiores, quando colocamos a questão da longevidade citada na Bíblia, é que se naquela época (de Moisés) não haveria um calendário diferente do nosso, de forma que se pudéssemos converter a longevidade dos patriarcas para nosso atual calendário, dessa conversão não resultariam tempos de vida "normais". Claro que isso não explica citações posteriores, como a de Plínio, como vimos acima. Mas o questionamento não é despropositado. Vejamos o que nos informa a esse respeito o Dr. Christian Chen, professor de Física Nuclear da USP, em seu livro "Os Números na Bíblia" (1986):

 

"Nossa tendência é pensar que na época de Moisés não existiam calendários (...). Mas a verdade é justamente o oposto. O calendário egípcio é realmente o único inteligente que jamais existiu na história da humanidade. Um ano se compõe de 12 meses de trinta dias cada e cinco dias adicionais no final de cada ano". Assim, vemos que o calendário da época de Moisés era praticamente o mesmo de hoje, isto é, os anos de sua época também tinham 365 dias. Nem mais nem menos. 

 

Sobre o gênesis, nos diz W.F.Albright, um dos maiores arqueólogos mundiais (citação do prof. Chen): "O relato da Criação é ímpar na literatura antiga. Ele reflete indubitavelmente pontos de vista monoteístas avançados, com uma seqüência de fases criativas tão racional que a ciência moderna não lhe pode fazer qualquer acréscimo, apresentados na mesma linguagem e no mesmo plano de idéias em que suas conclusões são estabelecidas". 

 

Continuemos na companha do professor Chen: "Peter W. Stoner, ex-chefe dos Departamentos de Matemática e Astronomia do 'Pasadena City College', no seu livro 'Science Speaks' (A Ciência Fala), mencionou as treze coisas citadas em Gênesis, que se encontram na mesma ordem em que foram achadas pelos geólogos. Tanto Gênesis como a 

 

[pág.94] 

 

geologia concordam em que a Terra esteve no início no que pode ser chamada de 'condição caótica'. Ambos concordam em que certas condições cósmicas precisavam existir antes que a vida pudesse ter início, isto é, a necessidade de luz, terra seca, separação entre águas e atmosfera. Ambos estão de acordo em que as coisas simples aparecem primeiro e as complexas mais tarde; assim como os animais superiores e o homem foram os últimos a serem criados. Em outras palavras, esta apresentação da vida em ordens ascendentes, exigida pela biologia moderna, se faz evidente no relato de Moisés, que colocou as ordens da criação no exato avanço sistemático que os biólogos defendem hoje.

 

"A única diferença entre Gênesis e a biologia é que esta defende um processo de superincubação, onde uma ordem evoluiu da outra, enquanto Moisés estabelece a criação específica de cada ordem por sua vez. Uma pergunta surge naturalmente: 'De que fonte Moisés obteve esta ordem? Teria este relato tido origem nas escolas do Egito?' A resposta é não. Temos em nossas bibliotecas narrativas extraídas de placas de pedra, um registro da criação como ensinada pelos egípcios, as quais não concordam com Gênesis na maioria dos seus itens ou na descrição geral dos acontecimentos; assim como não concordam também com a informação científica atual. Moisés jamais poderia ter obtido no Egito o relato do Gênesis. Se pesquisarmos todas as outras fontes possíveis em nossas bibliotecas veremos que nenhuma delas apresenta um relato sequer aproximado de Gênesis 1. Permanecem então duas fontes: uma delas pode ser o próprio Moisés e a outra, o Deus da Revelação.

 

"Poderia ter Moisés adivinhado a ordem certa? Se confirmarmos isto, as possibilidades são poucas. Segundo os cálculos do Professor Stoner, Moisés tinha apenas uma possibilidade em 311.351.040 de adivinhar corretamente. Mas este número não conta a história toda. Onde Moisés conseguiu as treze coisas para ordenar? (...). Que chance teria Moisés, como homem, de escrever a descrição de um assunto que seria apreciado quase 3.500 anos mais tarde? Como poderia ele saber que a terra tinha sido no início coberta pelas águas? Como saberia que em seu primeiro estágio a terra fora completamente coberta de nuvens? Reunindo esses e outros fatores, de que forma Moisés, ao escrever o primeiro capítulo do Gênesis, poderia reunir os treze itens de maneira correta e numa ordem satisfatória? Multiplicando as várias estimativas, o professor Stoner descobriu que Moisés tinha uma possibilidade em 21.135.104.000.000.000.000.000 de obter tanto os itens como a ordem de forma correta". (atentem para a grandeza deste número!) 

 

Não devemos nos enganar; não devemos pensar, pelo relato acima, extraído do professor Chen, que ele acreditava que fora Moisés o autor do 

 

[pág.95] 

 

Gênesis. Em seu livro demonstra exatamento o contrário, que não foi Moisés o autor. Se coloca as coisas como acima, o faz no contexto de seu livro, em que Moisés aparece como mero instrumento nas mãos de Deus; é Deus quem escreve através da mão de Moisés. Naturalmente o professor Chen é criacionista, e não evolucionista. 

 

Na continuidade o professor Chen analisa a questão do acaso, que é a estrela principal da teoria evolucionista, hoje a dona do espetáculo no teatro da ciência moderna. Hoje essa estrela já não pode mais ficar tão à vontade como gostariam seus admiradores; hoje contamos com uma teoria matemática, a teoria das probabilidades, que altamente desenvolvida é capaz de nos dizer, de avaliar se o talento da "estrela" da casualidade é autêntico e persistente, ou não passa de mero modismo, "fogo de palha"; já que nos supre de ferramentas, de princípios, cálculos que nos permitem diferenciar a verdade do erro, na medida em que nos dá meios de calcular a probabilidade de ocorrência de um evento qualquer. 

 

Continuemos a beber da fonte do Dr. Chen: 

 

"As proteínas são os constituintes essenciais de todas as células vivas, e consistem de cinco elementos: carbono, hidrogênio, nitrogênio, oxigênio e enxofre, com possivelmente 40.000 átomos na molécula ponderada. Desde que existem 105 elementos químicos na natureza, todos eles distribuídos ao acaso, a probabilidade de que esses cinco elementos se reúnam para formar a molécula, a quantidade de matéria que deve ser continuamente agitada, e o prazo necessário para realizar a tarefa, podem ser todos calculados. 

 

"Poucos leitores do terceiro capítulo do livro de Lecomte DuNouy, 'Human Destiny' (Destino da Humanidade) deixarão de impressionar-se pelos seus argumentos das probabilidades que mostram quão profundamente insignificantes são as possibilidades de uma formação espontânea, mecânica, da vida. Du Nouy, um cientista de primeira categoria, afirma que a chance de formulação de uma molécula típica de proteína composta de 2.000 átomos é da ordem de um para 2,02 x 10321, ou praticamente nula. Mesmo se os elementos forem agitados à velocidade de vibração da luz, seriam necessários 10243 bilhões de anos para obter a molécula de proteína para a vida, e a vida na terra está limitada no tempo a cerca de dois bilhões de anos. Apesar de certos experimentos recentes em laboratório diminuírem a irrefutabiidade dos argumentos 

 

[pág.96] 

 

de Du Nouy, a sua argumentação básica permanece válida. O argumento do propósito introduz-se aqui naturalmente. Ele está baseado na rejeição da idéia do puro acaso produzir ordem e vida. Alguém acreditaria num falsário se ele disesse que as suas notas surgiram por acaso, ou seria um assassino absolvido por ter disparado casualmente uma bala de revólver? Nossas leis civis operam definitivamente baseadas no princípio de rejeição do acaso. As proteínas são feitas de longas cadeias chamadas aminoácidos. A maneira como se reúnem tem imensa importância. Se colocadas de forma errada não mantêm a vida e podem mostrar-se venenosas. O Professor Leathes, da Inglaterra, calculou que os elos nas cadeias de uma proteína bastante simples podem ser dipostos de milhares de maneiras (1048). É impossível que todas essas possibilidades possam ter coincidido a fim de formar uma molécula de proteína. As proteínas, porém, como produtos químicos, não têm vida. Somente quando a vida misteriosa penetra nelas é que passam a viver. A mente infinita, que é Deus, podia prever que tal molécula tinha a possibilidade de ser o núcleo da vida, podia tê-la construído e fazê-la viver. Moisés está de novo certo em defender a explicação da criação específica da vida. Ele obteve outra vez, conhecimento mediante a revelação. Na época de Moisés (...) os egípcios conheciam também a 'antropologia' mas não passavam de evolucionistas primitivos. Eles ensinavam que os homens nasceram originalmente de certas minhocas brancas encontradas no lodo do rio Nilo, depois das enchentes anuais" (o destaque é do próprio autor). 

 

Passemos agora ao universo dos números que é o estudo específico do professor Chen, e vejamos o resultado de suas pesquisas. Iniciando pelo Gênesis 1, temos que neste capítulo aparece "Deus criou", 3 vezes; "Deus fez" também aparece 3 vezes, da mesma forma que 3 vezes Deus deu nome às coisas, que 3 vezes separou ou dividiu, que 3 vezes abençoou. Outro número que aparece é o 7: 7 vezes é dito que Deus "viu"; 7 vezes aparece "isso era bom" e 7 vezes Deus ordena com o verbo haver, "Haja". Vê-se assim que Gênesis 1 é estruturado tendo como base dois números, 3 e 7, que podem ser usados para formarmos 2 números primos, 37 e 73, cujo produto, 37 x 73, corresponde ao valor numérico de Gênesis 1.1, que é um versículo que fala da origem do universo. Seria a teoria das probabilidades capaz de nos afirmar que isso aconteceu por mero acaso? 

 

[pág.97] 

 

Nas próprias palavras do professor Chen: 

 

"Vamos examinar mais de perto o padrão matemático oculto no capítulo 1 de Gênesis. Um cuidadoso estudante da Bíblia não demoraria muito a descobrir um esquema de três números - 3, 7 e 10 - espalhado pelo capítulo todo. Por exemplo: há sete dias; (...). Lemos sete vezes que Deus "viu". Sete vezes ouvimos o comentário de Deus: 'que era bom'. (...). Sete vezes Deus comanda as forças do Seu universo com a palavra: 'Haja ...'. As sete ordens, três das quais são duplas, fazem 10 ao todo. Após estas ordens ao Seu universo, Deus volta-se, como se fora para Si mesmo, e declara a grande conclusão do plano divino: 

 

                                                Façamos o homem à nossa imagem e domine. 

                                               (Observem que "Façamos" e "nossa" são plurais) 

 

"Temos, portanto, as doze declarações começando com uma palavra autoritária. Três vezes lemos que 'Deus criou' (vs. 1, 21 e 27). Três vezes lemos que 'fez Deus' (vs. 7, 16 e 25). Três vezes o próprio Deus nomeou as coisas: dia e noite (v.5), céus (v.8), terra e mares (v.10). Três vezes Deus separou ou dividiu: luz das trevas (v.4), expansão das águas (v.7), dia e noite (v.18). Três vezes Deus deu Suas bençãos (vs. 22, 28 e cap. 2, v. 3). Dez vezes Deus fala. Dez vezes nós lemos: 'e disse Deus' (vs. 3, 6, 9, 11, 14, 20, 24, 26, 28, 29). Portanto, os números 3, 7, 10, 12 estão tão perfeitamente combinados na estrutura da história da criação que à medida que o relato da criação chega à sua conclusão, seu esquema numérico atinge também o término." 

 

Para aqueles leitores que também se interessaram pelo ensaio "Som de Sinos Tocando", e o leram, observem a "coincidência" de os números dos versículos "e disse Deus" (3, 6, 9, 11, 14, 20, 24, 26, 28 e 29) somarem 170 = 8 (surpresa? não!). Para os que também se interessaram e leram "Um homem borboleta ... e uma flecha", peço que observem outras coincidências: Dez vezes Deus Fala; "e disse Deus", a somatória das letras é Dez. Lembram do número mais que perfeito? (surpresa? não!). 

 

Voltando à questão dos números 3 e 7. Juntos formam 37. Informa-nos o professor Chen que Gênesis 1.1 oculta vários aspectos de trinta e sete, sendo que pelo menos oito aspectos foram encontrados. A teoria das probabilidades nos informa que a chance destes oito trinta e sete não haverem sido planejados é uma em 528.881.242.618.432, o que representa uma em 528 trilhões, sem contar dos bilhões às unidades! Em outras palavras, as chances de que não tenha havido um planejamento na construção do esquema numérico que se esconde por trás do texto aberto da Bíblia são praticamente nulas. 

 

O trabalho do professor Chen é amplo, e com a paciência daqueles que têm pressa, ele analisa os números de 1 a 12 em toda a Bíblia, Novo e Velho Testamento, analisando também outros números aparentemente contraditórios que aparecem no texto bíblico; nestes casos aprofunda o estudo e mostra que a contradição é apenas 

 

[pág.98) 

 

aparente, não real. Mostra-nos como muitas vezes nosso raciocínio nos engana quando o aplicamos ao estudo da Bíblia, demonstra que ali, na Bíblia, há um outro raciocínio, diferente do nosso, e que quando enxergamos contradições, é porque não entendemos este outro raciocínio, que o autor (Chen) denomina "Matemática Celestial". Quando entendemos essa "matemática divina", aí então podemos articular o nosso raciocínio humano e verificamos que não existe contradição, isto é, um não-entendimento de nossa parte é que nos fazia enxergar contradições inexistentes. Não podemos aqui deixar de citar Isaías (55.8, 9): "Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, e os vossos caminhos não são os meus caminhos, diz o Senhor. Porque assim como os céus estão acima da terra, assim os meus caminhos estão acima dos vossos caminhos, e os meus pensamentos acima dos vossos pensamentos". 

 

Não nos surpreendemos ao constatar que por trás da beleza de uma flor há um padrão matemático. Toda criatura tem no início de sua existência um padrão matemático de multiplicação celular, que começa quando a célula feminina é fecundada pela masculina, o espermatozóide, este dá a partida, começa a multiplicação: 2, 4, 8, 16, 64, etc. Quando Newton viu a maçã cair da macieira, por trás havia um padrão matemático. Quando cometas e planetas deslocam-se no espaço por trás de seus movimentos existe um padrão matemático. Tudo é previsível, desde que conheçamos todas as variáveis e leis intervenientes no fenômeno; nada disso é novidade nem nos surpreende. Porém, quando descobrimos que no texto bíblico, num livro, por trás de uma linguagem escrita que julgamos ser o produto da inteligência humana, quando percebemos aqui um padrão matemático não humano, não podemos deixar de nos surpeeender, a perplexidade toma conta de nosso pensar. 

 

Antes de entrarmos em outro aspecto bíblico, vejamos o que descobriu outro estudioso da Bíblia e de seus números, citado pelo professor Chen. O Sr. F. W. Grant traçou na estrutura da Bíblia como um todo um sistema numérico que descobriu permear igualmente todas as partes do Velho e do Novo Testamento; descobriu que a estrutura do Pentateuco é a mesma de toda a Bíblia. É dele a afirmação: "A Bíblia é o Pentateuco dos Pentateucos". Assim, os 39 livros do Velho Testamento podem ser agrupados em quatro Pentateucos e os 27 do novo, em um outro Pentateuco. Temos assim cinco Pentateucos e cada um deles terá uma estrutura similar à do Pentateuco de Moisés. Há, assim, uma estrutura numérica descoberta pelo Sr. Grant, que está presente em toda a Bíblia, Antigo e Novo Testamento. 

                                     

 

[pág.99]                                                       O CÓDIGO DA BÍBLIA 

 

Passemos agora a enfocar outro trabalho, este mais recente. Trata-se do ensaio de um físico (Doron Witztum) e dois matemáticos (Eliyahu Rips e Yoav Rosenberg). Esses três pesquisadores são autores de "Seqüências Alfabéticas Eqüidistantes no Livro do Gênesis", artigo publicado no boletim especializado norte-americano Statistical Science, n. 3, em agosto de 1994 (págs. 429 a 438). Todas as informações a respeito desse trabalho que iremos discutir na continuidade foram extraídas, em sua íntegra, de dois livros, o primeiro deles "O Código da Bíblia" (1997), de Michael Drosnin, e o segundo, "A Verdade por Trás do Código da Bíblia" (1998), de Jeffrey Satinover. 

 

Michael Drosnin é um repórter americano que tomou contato com o conhecimento da existência do Código da Bíblia em 1992 quando, pela primeira vez, viajou para Israel para discutir sobre o futuro da guerra com o chefe do Serviço de Informações de Israel. Na ocasião um jovem oficial seu conhecido disse-lhe que havia um matemático em Israel que ele deveria ver; que este matemático tinha descoberto com antecedência de três semanas, codificada na Bíblia, a data exata em que começara a guerra do Golfo Pérsico. Foi assim que Drosnin conheceu o Dr. Eliyahu Rips e passou a se interessar pelo Código da Bíblia. 

 

Jeffrey Satinover é um médico psiquiatra, judeu, com amplo conhecimento em física e matemática, além de ciência experimental. Sua história é singular. Aos 4 anos acreditava que seu destino era ser físico, na infância já elegera Einstein como seu herói, na adolescência irritava e desconcertava seus amigos com conversas sobre a Teoria da Relatividade, e aos 14 anos discutiu sua interpretação sobre essa Teoria com um físico de renome, Richard Feynman. Mais tarde iria estudar medicina e psiquiatria, e religião. Na atualidade retomou de modo formal seu caminho da adolescência e mergulhou de novo no estudo da física, e também da matemática. Tomou conhecimento da existência das pesquisas em torno do Código da Bíblia, sabendo que inúmeras pessoas proeminentes tinham, após visitarem Jerusalém, abandonado carreiras influentes ou promissoras nos Estados Unidos para "desaparecerem no mundo dos estudos da Torah". Quando dois primos de sua esposa, jovens e inteligentes, com futuros brilhantes pela frente, também trocaram esses futuros promissores pelo estudo da Torah, decidiu que era hora de conhecer melhor a história dos Códigos da Bíblia. Mergulhou no mundo bíblico, 

 

[pág.100] 

 

encontrou algo que há muito buscava, "uma intersecção de ciência e religião que fosse límpida, sem fantasias nem excentricidades", e trouxe à tona, na forma de seu livro, uma obra profunda, desafiadora, inteligente e científica. 

 

Há mais de cinqüenta anos um rabino de Praga, Tchecoslováquia, Michael Ber Weissmandi, notou que saltando 50 letras e depois outras 50, e assim por diante, a palavra "Torah" estava soletrada no início do livro do Gênesis, com a mesma seqüencia de saltos encontrou a mesma palavra "Torah" no livro do Êxodo, e também no livro dos Números, e também no livro Deuteronômio. Weissmandi nunca publicou seus achados. Foi um de seus discípulos, o rabino Azriel Tauber, quem informou que seu mestre, na era pré-computador, procurava palavras soletradas com saltos eqüidistantes na Bíblia. 

 

A cabala é uma antiga tradiçáo judaica, mística, que faz uma combinação de orações, contemplações e utiliza uma diversidade de métodos matemáticos para estudar a Torah. Aqui, no próprio cerne da Cabala e portanto da antiga tradição judaica, já existem afirmações da existência dos Códigos Bíblicos. Na verdade, informa-nos Satinover, "os códigos da Torah têm uma longa e misteriosa procedência. Os indícios revelando que eles eram procurados - e encontrados - remontam até os tempos dos primeiros registros escritos". 

 

Por razões históricas, as perseguições de que o povo judeu tem sido vítima através dos tempos, os estudos a respeito do Código da Bíblia eram feitos freqüentemente em segredo; os estudiosos muitas vezes hesitavam em publicá-los devido às analogias que poderiam ser feitas com a teologia cristã, o que poderia aumentar a ira persecutória de que já eram sofredores. Ainda assim, muitos estudos puderam ser escritos, de forma que as pesquisas não se perderam de todo e, assim, iam pavimentando o caminho das gerações de estudiosos que se sucediam. Satinover diz que a maior parte da história contida nos manuscritos permanece oculta, deliberadamente ou porque se perderam com o tempo. Alguns sábios, entretanto, que alcançaram notoriedade, têm seu nome associado ao estudo dos Códigos da Torah. Assim, o Rabino Eleazar ben Judah (1165 a 1230) foi um dos primeiros, na Idade Média, que deixou trabalhos apontando o caminho que o Rabino Weissmandi mais tarde tomaria. O Rabino Abraham ben Samuel Abulafia deu continuidade às pesquisas do Rabino Eleazar, aprofundando-as; usou um método que focalizava e priorizava as combinações e permutações de letras. 

 

[pág.101] 

 

Em 1274, com 26 anos de idade, Joseph ben Abraham Gikatilla, discípulo de Abulafia, publicou seu primeiro livro, que consistia numa "compilação de métodos para a busca das percepções ocultas na Torah". Seus métodos consistiam em trabalhar com o valor numérico das letras, com as letras iniciais das frases e com as permutações de letras. Destaque entre os sábios judeus foi o Rabino Moisés ben Nachman, que transmitiu apenas oralmente algumas de suas idéias, as quais foram anotadas por seus alunos. 

 

Assim, Weissmandi foi inspirado por um sábio do século XIII, Rabino Bachya ben Asher, que por sua vez tinha atribuído o que aprendera a Nechnya ben HaKanah, dos tempos da Judéia do século I, época da destruição de Israel pelos romanos. Além disso, Weissmandi teve acesso a vários dos antigos manuscritos originais. 

 

"Foi apenas uma questão de tempo até que alguém tentasse aplicar a técnica científica aos antigos Códigos cuja memória tinha sido preservada pelo grande herói do Holocausto, Rabino Weissmandi". Esta frase é de Satinover, que aprofunda o estudo da vida de Weissmandi e mostra a importância de seu trabalho e sua luta para salvar o maior número possível de judeus durante a Segunda Guerra Mundial. O filme "A Lista de Schindler" mostra e imortaliza seu trabalho: "Foi Weissmandi o grande gênio que estava por trás dos secretos esquemas de pagamento de resgate naqueles anos terríveis" (Satinover). 

 

Assim, em 1982, Abraham Oren, um professor de programação de computadores, mergulhou no estudo da Torah e em suas tradições. Seguindo os passos de Weissmandi, procurava palavras significativas usando saltos em intervalos eqüidistantes de letras. Numa passagem, em que esperava encontrar a ocorrência do nome "Aarão" algumas vezes, por acaso, encontrou a ocorrência DEZ vezes, o que lhe chamou a atenção:

 

"Não seria esse um número inesperadamente grande de ocorrências? Oren não conseguiu responder a essa pergunta, mas sabia que ela era fundamental. Na verdade, o próprio fato de formulá-la marca o divisor de águas entre as abordagens científica e pré-científica em toda a investigação. Ele levou sua dúvida a um amigo, o Professor Eliyahu Rips, do Departamento de Matemática da Universidade Hebraica". Assim, mostra-nos Satinover como Rips foi introduzido na questão dos Códigos da Bíblia, introdução que culminaria com a publicação do trabalho dele e de seus colegas no Statistical Science

 

Sir Isaac Newton também tinha a convicção de que havia um código oculto na Bíblia, e durante metade de sua vida tentou, em vão, desco-  

 

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bri-lo. É o que nos informam seus biógrafos. Mais ainda, informam-nos que Newton "acreditava que a essência da Bíblia era a profecia da história humana". Tudo indica, portanto, que também Newton, assim como Weissmandi, havia bebido de fontes milenares. Destaca-se na tradição judaica um nome, o de um Rabino lituano do século XVIII, Elijah Solomon, reverenciado como "o Grande de Vilna". É dele a afirmação: "Tudo o que existiu, existe e existirá até o fim dos tempos, está incluído na Torah, os cinco primeiros livros da Bíblia". Satinover nos informa que o Gaon (como era chamado) não estava se permitindo excentricidades poéticas, mas que ele, o Gaon, era o maior dos racionalistas judeus e sua afirmação era literal; ele mesmo tomou o cuidado para que não houvesse equívocos na interpretação daquilo que dissera. Assim esclareceu sua afirmação. "... e não apenas em sentido geral, mas incluindo os detalhes de cada pessoa individualmente, e os mais minuciosos detalhes de tudo o que lhe aconteceu desde o dia de seu nascimento até sua morte; do mesmo modo, de todo tipo de animal e fera e coisas vivas que existem, e de plantas, e de tudo o que cresce ou é inerte". (grifo feito hoje, 16.01.20) 

 

O Sr. John Maynard Keynes, biógrafo de Newton, ficou perplexo quando ao assumir a reitoria da Universidade de Cambridge, deparou-se com os ensaios ali deixados por Newton ao se aposentar. Nas palavras de Drosnin: "Em sua maior parte, os milhões de palavras escritas pelo próprio punho de Newton não tratavam de matemática nem de astronomia, mas de teologia esotérica. Revelavam que o grande físico acreditava que, oculta na Bíblia, estava uma profecia da história humana". Newton tinha certeza, segundo Keynes, que a Bíblia, assim como todo o Universo, era "um criptograma criado pelo Todo Poderoso". 

 

Dessa forma, enquanto autoridades religiosas e acadêmicas discutiam e discutiam e não chegavam a um acordo sobre quem foi o redator do texto bíblico, um cientista do porte de Newton já abrigava no âmago de sua mente científica a certeza de que o "Todo Poderoso" é que havia sido seu autor. Foi Deus quem escreveu a Bíblia, nem mais, nem menos, segundo Newton. Parece que Newton, assim como outros sábios antes dele, tinha conseguido ver através da nuvem de mistério que nubla nossa visão e nos mantém reféns da ignorância. 

 

Nem Weissmandi nem Newton nem seus antecessores nas pesquisas poderiam ter descoberto o código secreto, não por falta de mérito de seus neurônios, mas porque a ferramenta necessária ainda não se achava à disposição de suas mentes; só viria a ser inventada mais tarde. Do fogo abrasador da Segunda Guerra Mundial, numa alquimia perversa 

 

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do destino, emergiu o computador, a ferramenta que iria possibilitar a Eliyahu Rips e seus colegas conseguirem acessar o código buscado por tantos antes deles. Nas palavras de Drosnin: "O texto oculto da Bíblia foi codificado com uma espécie de 'fechadura com controle de tempo'. Não podia ser aberta até o computador ter sido inventado". 

 

Mas passemos a palavra ao editor do boletim Statistical Science, Robert E. Kass, da Universidade Carnegie-Mellon, e vejamos o que ele nos diz em nota introdutória à divulgação do boletim dos professores Rips, Witztum e Rosenberg: 

 

"Nossos avaliadores ficaram perplexos; suas crenças anteriores os faziam pensar que seria impossível o Livro do Gênesis conter referências significativas a indivíduos dos tempos modernos e, no entanto, quando os autores realizaram análises e verificações adicionais, o efeito persistiu. O ensaio, portanto, é oferecido aos leitores do Statistical Science como um enigma desafiador". 

 

Quando o ensaio do trabalho de Rips, Witztum e Rosenberg foi submetido a apreciação para divulgação no boletim científico Statistical Science, o professor Robert Kass não o levou a sério, mas deu-lhe o encaminhamento normal, que era verificação por outros especialistas da área. Quando o primeiro especialista avaliador deu o seu parecer de aprovação, Kass chamou um segundo avaliador; quando este segundo também deu o seu aval, Kass teve um comportamento inédito, chamou um terceiro especialista para também avaliar. Quando o terceiro especialista confirmou a avaliação dos outros dois, Kass rendeu-se, dizendo: "Nossos avaliadores ficaram desconcertados", e deu a resposta aos Israelenses: "Vamos publicá-lo". Desde a publicação e até a edição do livro de Drosnin e de Satinover ninguém conseguiu refutar o trabalho da equipe israelense. 

 

Mas, mais que a simples não refutação, houve confirmações. David Kazhdan, um dos principais matemáticos de Harvard, disse que viu os resultados e que não havia base científica para contestar o código; afirmou: "Eu acho que ele é real". À pergunta de Drosnin de como funcionava, respondeu: "Não sabemos, mas reconhecemos a existência da eletricidade cem anos antes de podermos explicá-la". O Sr. I. Piatelski-Shapiro, um dos maiores matemáticos de Yale, também disse que viu os resultados, que os achava surpreendentes e que acreditava que o código era real. O Sr. Robert J. Aumann, o mais famoso matemático de Israel, membro da Academia de Ciências de Israel e dos Estados Unidos, também deu seu parecer: "O código da Bíblia é simplesmente um 

 

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fato. A ciência é impecável. Os resultados de Rips são tremendamente significativos, além de tudo o que se costuma ver na ciência. Eu li o material dele de ponta a ponta, e os resultados são diretos e claros". O Sr. Aumann é um dos especialistas mundiais em teoria dos jogos, ouçamo-lo um pouco mais:

 

"Estatisticamente, estão bem além do que é costume exigir. O padrão mais rigoroso já aplicado é 1 em mil. Os resultados de Rips são significativos ao nível de 1 em 100 mil, pelo menos. Não se vêem resultados assim nas experiências científicas usuais". Diz-nos Drosnin que Aumann acompanhou o trabalho de Rips durante anos, além de ter conversado com outros grandes matemáticos em Israel, nos Estados Unidos e no mundo todo; finalmente declarou, em 19 de março de 1996, à Academia Israelita de Ciências: "O código da Bíblia é um fato estabelecido".  

 

Mais ainda, outro matemático de Harvard, Persi Diaconis, disse que, para sustentar uma alegação "tão fantástica", deveria ser exigido um nível de significância probabilística de 1 para 1.000, ou até mais. Vejamos o que coloca Drosnin: "A experiência realizada por Rips e Witztum de acordo com todas as exigências de Diaconis teve um nível de significância de pelo menos 1 para 50.000 (e uma experiência posterior mostrou que as probablidades eram realmente de 1 para 10.000.000). Diaconis recomendou que o ensaio fosse publicado no boletim matemático Statistical Science". 

 

Satinover se refere a Diaconis como "O cético dos céticos". Diz que ele se opunha tão vigorosamente aos Códigos que chegou a desenvolver "um brilhante e inventivo método matemático para refutá-los" (as exigências de Diaconis de que nos fala Drosnin). Na verdade e ironicamente a equipe israelense acabou usando um método, criado especialmente para refutar os códigos, que os substanciou mais ainda. Este fato científico não é tão incomum e evidentemente só é passível de ocorrência quando se tenta contestar verdades; isto nos pode dar uma idéia da força da Bíblia e, portanto, de seus Códigos. Vejamos uma frase de Diaconis: "O assunto não tem o mais remoto interesse. Nenhum. Cada segundo por mim dedicado a ele poderia ser melhor utilizado se eu estivesse trabalhando na minha própria pesquisa ou lecionando aos meus alunos de pós-graduação. Pessoas que encontram coisas na Bíblia - isso é ridículo". Satinover informa que em 1997 Diaconis estava realizando uma análise profissional dos Códigos, e não queria falar com ninguém sobre o assunto. 

 

Vejamos o caminho de outro cético: Harold Gans trabalhava na Agência de Segurança Nacional e passara sua vida criando e desven- 

 

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dando códigos para o Serviço de Informações Norte-Americano. Formara-se em estatística e falava hebraico. Para ele o código bíblico era um "embuste, uma farsa ridícula", e estava convencido de que poderia provar isso. Imbuído desse espírito, escreveu seu próprio programa de computador e partiu em busca das mesmas informações que os israelenses haviam encontrado. O ceticismo do Sr. Gans foi substituído pela surpresa quando seu trabalho independente mostrou os mesmos resultados. Não se deu por vencido e foi adiante; passou a procurar dados que os israelenses não tinham procurado, e encontrou-os, e corretos! Diria mais tarde: "De início, eu estava 100% cético, pensei que aquilo era idiota. Fui em frente para desacreditar o código e acabei comprovando-o". Satinover informa que Gans, depois de duas décadas de comprometimento gratificante altamente bem sucedido, deixou a Agência de Segurança Nacional para devotar todas suas energias aos códigos da Torah. 

 

Na verdade, segundo Drosnin e Satinover, os três avaliadores do boletim matemático do Statistical Science, assim como os professores mencionados, de Harvard, Yale e da Universidade Hebraica, também foram céticos no primeiro contato com a idéia de que a Bíblia abrigava um código oculto. Todos acabaram rendendo-se à evidência dos fatos. 

 

Assim, numa época em que a ciência e a tecnologia vão assumindo, pelo seu desenvolvimento, o papel que o próprio homem lhes impõe, de serem as únicas instituições nas quais podemos confiar para seguirmos a trilha do desvendamento dos segredos do Universo; numa época em que a Bíblia se tornou, para uma significativa parcela da humanidade, talvez não mais que um livro folclórico e mítico, a própria ciência, através de uma de suas crias, o computador, abre as portas do caminho do desvelamento dos segredos milenares que sempre estiveram ocultos nas palavras da Bíblia. 

 

Examinemos, agora, algumas das informações que constam do código bíblico. 

 

                                                               GUERRA DO GOLFO  

 

Em 18 de janeiro de 1991 Israel sofreu o primeiro ataque com mísseis Scud, na Guerra do Golfo. Nessa época Rips já trabalhava na investigação do código bíblico havia seis anos. Witztum, seu colega, descobrira antecipadamente a data exata em que Israel sofreria seu primeiro ataque com mísseis Scud, e Rips tinha visto, ele próprio, com três semanas de antecedência, a Guerra do Golfo codificada na Bíblia. Constavam, então, no 

 

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código bíblico: "fogo no terceiro dia de Shevat" (data judaica equivalente a 18 de janeiro); o ano: "5751" (5751 do calendário judaico é equivalente no nosso calendário a 1991); também estava codificado: "Hussein", "Scuds", "Míssil russo" e "Hussein escolheu um dia". Um acontecimento moderno, com datas e nomes fora previsto com exatidão, há mais de três mil anos, pelo autor do texto bíblico! À pergunta de Drosnin sobre quem poderia prever, há mais de três mil anos, um acontecimento em 1991 e com nomes e datas, respondeu Rips: "Deus". Rips chegara a Israel, fugido da Lituânia sob dominação soviética, como um ateu convicto. 

 

Eu fui, também, um ateu convicto até meus 37 anos de idade. Havia me tornado ateu pelas leituras, na adolescência, dos livros referidos no Prefácio, à página 11, dos autores Fritz Kahn (O Livro da Natureza), Louis Pauwels e Jacques Bergier (O Despertar dos Mágicos), Antonio da Silva Melo (Religião Prós e Contras) e Georg Siegmund (O Ateísmo Moderno). Tinha criado até uma denominação própria para reforçar meu ateísmo, costumava dizer que era "ateu de espelho". Quando me perguntavam o que significava, eu respondia que "ateu de espelho" era aquele ateu que se olhava no espelho e dizia "espelho espelho meu, existe alguém mais ateu que eu?". Muitas águas rolaram desde então, neste meu rio da vida. Vi e vivenciei muitas situações que jamais sonharia até meus 37 anos, e hoje se me perguntam, quando perguntam, se acredito em Deus, respondo que não, não acredito, porque não preciso; digo que sei que Deus existe. É simples, quem tem o conhecimento (o saber) não precisa da crença (do acreditar). Ou, se você quiser, pode colocar de outra forma, dizendo que o conhecimento eleva a crença a outro patamar, ao patamar da "crença profunda". As palavras importam menos que os fatos.  

 

                                                          ASSASSINATO DE YITZHAK RABIN  

 

Sobre o assassinato do primeiro ministro israelense, essa informação foi encontrada codificada na Bíblia com antecedência suficiente para que Drosnin tentasse, mais uma vez, fazer contato com Rabin e avisá-lo do perigo que corria. Apesar de tentar, Drosnin não conseguiu fazer contato pessoal com Rabin, mas chegou até um amigo íntimo dele, Chaim Guri, que o conhecia desde a infância, e que lhe disse: "Rabin não vai acreditar em você, ele não é de modo algum um místico. E é um fatalista". A informação de que Rabin seria assassinado fora encontrada por Drosnin em 1994. Estava lá, no código, "5756" (1995): "Assassinato de Rabin" e "Tel-Aviv". A útima tentativa de contato direto com Rabin, que Drosnin refere, foi um mês antes do assassinato. Depois de ocorrido este, Drosnin conseguiu encontrar também o nome do assassino. Onde estava codificado "Yitzhak Rabin" e "assassino que assassinará" estava também "Amir" (o nome do assassino), e, ainda, "Ele abateu, ele matou o primeiro-ministro"; e mais: "Seu assassino, um de seu povo, aquele que se aproximou" (Amir atirou à queima-roupa). Assim, o código bíblico predissera que Rabin seria assassinado no ano judaico que teria início em setembro de 1995; em 4 de novembro ele estava morto. Seu amigo, Chaim Guri, ligou para o chefe do gabinete, General Barak, para lhe dizer: "O repórter americano sabia disso há um ano, eu contei ao primeiro-ministro. Estava na Bíblia".  

                                                       

                                                                      COMETA SHOEMAKER-LEVY 

 

Esse cometa levou os nomes dos astrônomos que o descobriram em 1993. Com poucos meses de antecedência nossos astrônomos foram capazes de predizer que ele iria colidir com Júpiter. Dois meses 

 

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antes da colisão Drosnin tinha encontrado a codificação na Bíblia. Estava lá, na Bíblia: "Shoemaker-Levy", junto com "Júpiter" e o dia da colisão, "16 de julho de 1994" (a data, naturalmente, em hebraico). Há mais de três mil anos, portanto, a Bíblia já se adiantara à moderna astronomia. 

 

                                                                  ELEIÇÃO HISTÓRICA 

 

Em 29 de maio de 1996 houve uma eleição histórica em Israel. Os candidatos eram Shimon Peres e Benjamin Netanyahu. Havia uma expectativa muito grande em torno dessa eleição, uma vez que a paz tinha sido selada pelo célebre aperto de mãos entre Rabin e Arafat. Como Benjamin Netanyahu era declaradamente contra o plano de paz selado por Rabin e Arafat, sua vitória significaria um retrocesso nesse sentido. Já Shimon Peres fora o arquiteto desse plano e era tido como legítimo herdeiro de Rabin. As pesquisas de opinião confirmavam unanimemente que Peres venceria a eleição, e era este o resultado esperado por toda a imprensa israelense, pela Casa Branca e pela própria OLP (Organização pela Libertação da Palestina). Mas eis que uma semana antes da eleição Drosnin encontra no código da Bíblia o resultado da eleição. Lá estava, codificado, "Primeiro-ministro Netanyahu"; "eleito" e "Bibi" (apelido de Netanyahu). Resultado da eleição: Netanyahu, com 50,4% dos votos contra 49,6%. Novamente o código estava certo. Aqui porém a questão é um pouco mais complexa: quando Drosnin descobriu no código que Netanyahu seria o vitorioso, descobriu ao mesmo tempo "Julho para Amã", que se articulavam também com "holocausto atômico", com "holocausto de Israel" e com "Guerra Mundial". Netanyahu realmente programou, após a eleição, uma viagem para Amã, que deveria acontecer em julho. Porém essa viagem foi adiada na última hora; o rei Hussein, que o receberia em Amã, na Jordânia, teria adoecido na noite precedente. Drosnin procurou Rips indagando se poderia o código bíblico funcionar como a física quântica e assim prever apenas possibilidades, se não haveriam, vários futuros possíveis, isto é, invocou-a, à física quântica, para entender a não-concretização da previsão do código. Rips, contudo, não aceitou a invocação do Princípio da Incerteza da física quântica; em vez disso, mostrou para Drosnin uma palavra que lhe tinha escapado, mostrou que à expressão "Julho para Amã" se articulava outra palavrinha: "Adiado". 

 

Um pouco mais de complexidade: no código, junto com "Primeiro-ministro Netanyahu" articulavam-se, também, "sua vida será ceifada", "assassinado", "outro (primeiro-ministro) morrerá, Av" (Av é o mês judai-  

 

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co que equivale a julho). "A próxima guerra" e, ainda, "Vocês o mudarão?" Se lembrarmos que a Primeira Guerra Mundial teve como detonador o assassinato, em junho de 1914, do arquiduque austríaco Ferdinand, e que este assassinato ocorreu porque o cocheiro de Ferdinand entrou por engano numa rua errada, poderemos encarar seriamente a possibilidade de que se Netanyahu tivesse viajado em "Julho para Amã" talvez tivesse sido assassinado e talvez tivesse sido esse o estopim da terceira guerra mundial. Como coloca Drosnin, é um dos fundamentos da Teoria do Caos e que os físicos chamam de "Efeito Borboleta". No código bíblico havia também "Guerra Mundial" e a data lá estava: "9 de Av é o dia da Terceira". Nove de Av corresponde a 25 de julho, que era a data para a qual estava programada a viagem de Netanyahu, que foi adiada no último instante! 

 

Complexidade nunca é demais. Damos a palavra a Drosnin:

 

"Na verdade, tanto 'Bibi' como 'adiado', estão codificados junto com '9 de Av, 5756'. No mesmo versículo, há um texto oculto entrelaçado que afirma, 'Cinco futuros, cinco estradas'. Era uma clara afirmação de que o futuro tinha sido mudado. Parecia também uma clara afirmação de que havia muitos futuros possíveis, e que o código da Bíblia revelava cada um deles".

 

Lembremo-nos que o hebraico não tem sinais gráficos específicos para os números. Assim, as mesmas letras que davam o ano de 5756 (1996) formavam também a pergunta "Vocês o mudarão?". Desta forma, "9 de Av" (dia da Terceira) estava junto com a interrogação se nós mudaríamos aquele "futuro", ou, colocando de outra forma, se nós seríamos capazes de, percebendo aonde ia levar uma estrada, tomar outra. 

 

                                                                                 METRÔ DE TÓQUIO 

 

No dia 20 de março de 1995 os passageiros do metrô de Tóquio foram surpreendidos, pela manhã, pelo ataque com gás venenoso, feito por um grupo religioso fanático chamado Aum Shinrikyo (Verdade Suprema). Foi usado um gás venenoso chamado Sarin e que fora desenvolvido pelos cientistas alemães do nazismo. O líder do grupo religioso, Shoko Asahara, foi preso. Os documentos encontrados pela polícia japonesa na sede do grupo revelaram que Shoko Asahara havia planejado um ataque em massa a Tóquio, no qual usaria helicópteros especialmente adaptados e equipados para borrifar agentes biológicos e químicos. Descobriu-se também que o grupo tecera teias que o conectavam 

 

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com o mundo todo, que tinha pelo menos um bilhão de dólares em ativos, que estocava o gás Sarin e também grandes quantidades de agentes de guerra biológica, incluindo o bacilo causador do antraz, que tinha ido ao Zaire buscar o mortífero vírus Ébola e, finalmente, que havia tentado adquirir armas nucleares. Portanto, provavelmente Tóquio teria de ser evacuada se os líderes do grupo religioso não tivessem sido presos e seus planos abortados. Vejamos agora o que foi encontrado no códido da Bíblia: "Aum Shinrikyo", "Metrô", "Pragas", "Gás", "Tóquio, Japão", "Arma voadora", "Esquadrão Aéreo", "Cyanide" (ácido cianídrico), "Ébola", "Tóquio será evacuada" e "5756" (1996). Assim, o autor bíblico previu também a possibilidade de que a polícia japonesa falhasse e não conseguisse prender os líderes religiosos e estes conseguissem levar adiante seus planos apocalípticos. Tudo isso há mais de três mil anos. Quem foi o autor da Bíblia? 

 

Examinamos até agora quatro fatos ou situações que foram descobertos no código da Bíblia antes de acontecerem: A guerra do Golfo, o assassinato de Rabin, a colisão do cometa Shoemaker-Levy e a eleição de Netanyahu. A quarta situação, a histórica eleição de Netanyahu, e a quinta, o atentado no metrô de Tóquio, dão-nos indícios da complexidade que existe por trás do código bíblico; mostram-nos claramente que o arquiteto dessa complexidade não pode ser uma mente humana, por mais privilegiada que seja, da forma como hoje a conhecemos. As evidências nos mostram sobejamente que uma Inteligência Superior está oculta e ao mesmo tempo se revelando a nós através do código. 

 

Muitos outros fatos de nossa história passada foram encontrados no código da Bíblia tal como aconteceram, e com uma riqueza tão abundante de detalhes que, a exemplo das situações já analisadas acima, eliminam definitivamente quaisquer resquícios de dúvida que pudéssemos ainda ter. 

 

Passando um olhar panorâmico nas ourras situações abordadas por Drosnin em seu livro, veremos que a Primeira Guerra Mundial, a Segunda Guerra Mundial, a bomba de Hiroshima, Napoleão, a Revolução Comunista na Rússia, o ataque terrorista a Israel, em que um palestino explodiu um ônibus em Jerusalém com uma bomba atada ao próprio corpo, o sequestro e a morte do policial de fronteira Toledano, o massacre promovido pelo médico israelense Goldstein, em Hebron, a Grande Depressão econômica de 1929, o pouso na Lua, o assassinato de Sadat, o assassinato dos irmãos Kennedy, a eleição de Bill Clinton, o caso Watergate, o atentado de Oklahoma, os terremotos da Califórnia (todos 

 

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previstos no código), o terremoto da China de 1976, o terremoto da ilha Okushiri, do Japão, em 1993, o terremoto da cidade japonesa de Kobe, de 1995, o Cometa Swift-Tuttle, os irmãos Wrigt (avião), Édison (eletricidade), Marconi (rádio), Homero (poeta grego), Shakespeare (Hamlet, Macbeth), Beethoven, Bach, Mozart, Rembrandt, Picasso, Newton e Einstein, tudo está lá, no código da Bíblia. Newton aparece articulado com "Gravidade" e com "Código da Bíblia" (que ele tanto buscou). Einstein se articula com "Ciência", com "Um novo e excelente entendimento", com "Ele revolucionou a realidade presente", com "Teoria da Relatividade" e com "Acrescente uma quinta parte". Este "acrescente" associado a Einstein Drosnin interpreta como uma pista para ele, indicando que deveria procurar a resposta buscada numa quinta dimensão, que hoje já é admitida por todos os físicos quânticos. 

 

Porém, era de se esperar que uma descoberta tão polêmica quanto a descoberta de um código oculto na Bíblia tivesse opositores ou contestadores, já que é uma descoberta de cunho revolucionário em termos científicos, filosóficos e religiosos, no mínimo. E de fato houve contestações. Uma delas foi feita por um cientista australiano chamado Avraham Hasofer, que publicou uma pequena crítica num boletim religioso, antes da publicação oficial do trabalho dos israelenses no Statistical Science. Foi crítica vazia de conteúdo e não se sustentou. Outros contestadores, um deles também australiano, o matemático chamado Brendan McKay, famoso probabilista da Universidade Nacional da Austrália, e o outro, Dror Bar-Natan, teórico da área quântica, também famoso, da Universidade Hebraica, manifestaram-se. Persi Diaconis os tinha ajudado a planejar partes do experimento. Usaram a Internet como veídulo de sua discordância e levaram a público o seu trabalho no mesmo dia em que o livro de Drosnin foi posto à venda. 

 

Satinover informa que foi uma articulação deliberada e planejada para desqualificar e desacreditar os códigos da Bíblia, aproveitando-se do fato de que Drosnin em seu livro os apresentava "sob uma ótica bastante infeliz", já que os mostrava como sendo passíveis de "serem usados para predizer o futuro de uma maneira quase rotineira". Isso teria, para Satinover, o potencial de desacreditar a pesquisa séria, sem dar a ela uma chance de se explicar. 

 

O trabalho da equipe israelense levou seis anos, depois de apresentado, para ser publicado no Statistical Science. Durante esse período bucavam-se possíveis falhas no trabalho, e os autores os refaziam, quando necessário, usando metodologia diferente. Isto é, foi cuidadosa- 

 

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mente analisado e verificado antes de ser aceito para publicação. Quanto ao trabalho de McKay e Bar-Natan, na Internet, foi prontamente "aprovado" por um competente matemático da Universidade Temple, Doron Zeilberger. O escrutínio longo e cuidadoso, nas palavras de Satinover, aqui não foi necessário; afirmou o Sr. Doron Zeilberger: "É uma refutação penetrante e incontestável do 'absurdo código da Bíblia'". 

 

A extensiva pesquisa de Harold Gans também estava na mira. McKay e outros afirmavam ter encontrado erros fatais em suas pesquisas, no modo como reunira os dados. Gans, aceitando a crítica, corrigiu os erros (os erros de grafia nos nomes de cidades) e repassou o experimento; os resultados melhoraram! Ironicamente, a refutação de McKay e Bar-Natan também apresentava erros de detalhes e grafias, que foram corrigidos por Rips e Witztum, que aí repassaram o experimento refutatório. Surpresa (ou não?): Encontraram um valor estatisticamente válido: resultado menor que 1 para 1000. Isto é, o trabalho pretensamente refutatório na verdade validava os resultados! Se este resultado estiver correto, diz Satinover, "constituirá a primeira validação realmente 'externa' do fenômeno, por ninguém menos que críticos declaradamente hostis". 

 

Informa-nos Drosnin que as experiências de Rips com controle formal foram feitas apenas no livro do Gênesis, mas que constantemente encontravam detalhes exatos de acontecimentos modernos nos outros livros da Torah, e também nos livros de Isaías e Daniel, e que o próprio código da Bíblia, em si mesmo, "parece confirmar que todo o Antigo Testamento está codificado". "Ele codificou a Torah, e mais", é uma afirmação encontrada no próprio código! 

 

Assim, até onde nos permite o trabalho da equipe israelense e do próprio Drosnin, podemos pensar que todo o Antigo Testamento está codificado; vamos ver o que isso significa. 

 

"Quando o código da Bíblia se tornar amplamente conhecido e as pessoas tentarem usá-lo para predizer o futuro, elas deverão saber que é complicado. Talves todas as probabilidades estejam lá, e aquilo que fazemos talvez determine o que realmente acontecerá. Talvez o código tenha sido feito deste modo para preservar nosso livre-arbítrio". São palavras de Rips, que continua: "A pior coisa que poderia acontecer é algumas pessoas interpretarem aquilo que encontram no código da Bíblia como mandamentos, como ordens quanto ao que elas devem fazer ... e não se trata disso, são apenas informações e talvez sejam apenas probablidades". 

 

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Drosnin questiona: "Mas se todas as probabilidades estiverem no código da Bíblia, isso apenas faz a grande pergunta subir para um novo nível. Como poderia cada momento da história humana estar codificado? No amplo movimento da História, até mesmo o assassinato de Rabin, o pouso na Lua e Watergate não passam de simples momentos. Como poderiam estar, todos eles, codificados num único livro?". 

 

A seguir Drosnin pergunta a Rips se existiria um limite para as informações contidas no código, quanto de nossa História estaria oculto na Bíblia. A resposta de Rips, "Tudo", isto é, toda nossa História poderia estar oculta na Bíblia. Drosnin questiona como, já que o texto original do Antigo Testamento era formado por apenas 304.805 letras. 

 

Rips responde que em tese não há limite para a quantidade de informações que poderiam ser codificadas, e, com o auxílio de uma fórmula, deu uma resposta aproximada: "Pelo menos dez ou vinte bilhões". Este número avança até o infinito quando se considera o modo como foi elaborado o código, pois ele foi feito como um complexo jogo de palavras cruzadas, de forma que cada vez que um nome, ou palavra ou frase é descoberto, a este nome, ou palavra ou frase se associam as informações correlatas, em sentido vertical, horizontal e diagonal! Dessa forma, as combinações associadas possíveis aos dez ou vinte bilhões tornam-se incalculáveis, infinitas. Estamos apenas considerando o Antigo Testamento. 

 

Pensemos agora também no Novo Testamento. No início deste capítulo, ao considerarmos o trabalho do professor Christian Chen, vimos que ele foi de uma amplitude mais abrangente: abarcou toda a Bíblia, Antigo e Novo Testamento. Vimos também que o trabalho do Sr. F. W. Grant, citado por Chen, englobou igualmente o Antigo e o Novo Testamento. Temos, portanto, que os trabalhos de dois pesquisadores descobriram um sistema numérico estruturado ao longo do Antigo e Novo Testamento. 

 

Embora o ensaio dos pesquisadores israelenses Rips e Witztum tenha abrangido formalmente apenas o livro do Gênesis, não formalmente estendeu-se a outros livros do Antigo Testamento. Se o sistema numérico estruturado está presente também no Novo Testamento, não temos razão nenhuma para pensar que o código bíblico também lá não o esteja. Logo, a probabilidade de que o Novo Testamento esteja também codificado é altíssima, e, sendo assim, teríamos de acrescentar às 304.805 letras do Antigo Testamento aproximadamente 80.000 letras do novo Testamento. 

 

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Dessa forma, os dez ou vinte bilhões de Rips sofreriam um acréscimo, e as combinações associadas também. Se já eram infinitas, temos então um pouco mais: o infinito sofre um acréscimo, que poderia se representado pela equação: 

 

                                            I N F I N I T O   +  a l g u m a   c o i s a  (negritado da transcrição)

 

Claro que o resultado continuará sendo infinito, mas o raciocínio equacional permite avaliarmos talvez um pouco melhor a grandeza que sempre esteve na Bíblia, oculta até que estivéssemos preparados para desvelá-la. A equação acima também nos permite avaliar a nossa condição humana limitada. O infinito cabe em nosso pensar apenas enquanto conceito; como número, como quantidade, é algo impensável. Assim, as descobertas que estão sendo feitas decorrentes do estudo do texto bíblico nos conduzam ao impensável. As combinações possíveis que se escondem por trás do texto da Bíblia atingem uma magnitude tão grande que só podemos concebê-la como não humana, evidentemente tomando como paradigma de humano a nós mesmos. Outra dificuldade se nos apresenta neste ponto: e se nosso paradigma não estiver correto? Isto é, se tomamos a nós mesmos como paradigma de humano como um equívoco resquicial de nosso antropocentrismo ou, mesmo, por limitação de nosso conhecimento? São questões que se abrem quando atingimos o estágio de podermos começar a abrir o código bíblico. São questões que nos levam longe, muito além de longe. 

 

A respeito da busca de padrões numéricos na Bíblia, segundo Satinover, tem sido feita, na maioria dos casos, com a intenção específica de refutar a chamada "hipótese documental", usada pelos "grandes críticos da Bíblia" para argumentar e fundamentar que os textos bíblicos não são criações unificadas, mas sim obras de vários autores independentes, que ao longo dos séculos foram sendo editadas e anexadas umas às outras. É a questão das diferenças estilísticas, repetições e falta de uma ordenação que permita pensar em um único autor, como já vimos no início deste capítulo. Dessa forma, como diz Satinover: "Tal como a marcação d'água no papel moeda, um padrão numericamente consistente permeando o texto sugeriria a intenção deliberada do autor. Será um forte indício de que o texto, qualquer se seja, contendo esse padrão, provém de uma única fonte - por mais descontínuo que o texto possa parecer quando analisado à superfície". Em outras palavras, a existência de padrões numéricos consistentes e dos próprios códigos, implicaria uma "autenticação", que atestaria sua procedência, ou, ainda, equivaleria à assinatura do autor, no caso a assinatura divina. 

 

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Quanto à possibilidade colocada por Rips, acima, de as pessoas tentarem usar os códigos para predizer o futuro, Satinover coloca a existência de certas peculiaridades neles que parecem excluir tal possibilidade. A respeito da Guerra do Golfo e sobre a descoberta antecipada da data do primeiro ataque com mísseis Scud, conta-nos que alguns pesquisadores dos códigos teriam se encontrado com agentes do Mossad, o Serviço de Informações de Israel, para avaliar a possibilidade de descobrirem a data do primeiro ataque, pois já sabiam que ele iria ocorrer e Israel estava sendo solicitada, pelos Estados Unidos e seus aliados, a não apenas não atacar, como também a não se defender se fosse atacada primeiro. Era vital neste contexto saber a data em que iria ocorrer o ataque para tomarem as medidas preventivas possíveis. Assim, o Mossad e os militares israelenses estavam de posse de uma lista de possíveis datas para o ataque. Dessa lista, tiraram três que se destacavam como as mais prováveis e as foram procurar no código. "Todas as três datas prováveis, e somente elas, foram de fato encontradas numa configuração compacta com outros termos relacionados com o Golfo. Uma dessas três datas (...), a mais próxima (18 de janeiro de 1991) acabou sendo a data real do primeiro ataque dos mísseis Scud" (grifos de Satinover). 

 

Outra interessante informação que nos traz Satinover e que deve ter provocado curtos-circuitos neuronais em alguns céticos, e ainda provocará noutros, é a de que Nechunya ben Hakanah, um cabalista que viveu no primeiro século da Era Cristã, cujos estudos do relato da Criação no Gênesis são os de maior precisão e autoridade, afirmava que o Gênesis nos diz, em seu texto oculto, que o Universo tem a idade de 15,3 bilhões de anos. Este valor, 15,3 bilhões de anos, é o valor exato a que chegaram, só recentemente, no século XX, com o auxílio da teoria geral da relatividade de Einstein, os cosmólogos, com suas modernas teorias astrofísicas do "Big-bang". 

 

O potencial transformador das descobertas dos códigos da Bíblia é, portanto, avassalador. Não é à toa, também, que nos principais centros acadêmicos mundiais, nomes dos mais proeminentes no mundo da matemática, da computação e da estatística estejam debruçados, meio em segredo, examinando intensamente os códigos da Bíblia. A maioria dessas personalidades são céticos irritados e furiosos com a expansão e crescimento do interesse pelos códigos, em nível mundial. Seu objetivo: "destruir de uma vez por todas essas proposições absurdas, demonstrando uma falha no núcleo da pesquisa". Mas o fiel da balança não está muito afastado de sua verticalidade, já que alguns dos notáveis intelectos que acompanham o projeto não são céticos. 

 

 

[pág.115]                                           V O L T A N D O   A O   T E M A 

 

Encontramo-nos agora em condições de retomar nosso tema principal, que é a questão do envelhecimento e, neste capítulo, as extraordinárias longevidades atribuídas na Bíblia aos patriarcas pré-diluvianos. 

 

Vimos atrás, no sétimo parágrafo deste capítulo, que considerações feitas a respeito das interpretações existentes para as extraordinárias longevidades dos primeiros patriarcas fizeram com que surgisse a questão da confiabilidade que podemos ter do texto bíblico, já que as interpretações mítica e metafórica simplesmente negariam valor àquilo que estava colocado de forma clara e explícita na Bíblia. 

 

O passar de olhos nos trabalhos do professor Christian Chen, de Michael Drosnin e de Jeffrey Satinover nos permite, acreditamos, pensar que as sombras duvidosas tenham sido clareadas pela compreensão e aceitação dos fatos, e assim possamos pensar na seriedade e veracidade das informações do texto bíblico. Afinal, sua confiabilidade foi, como vimos, atestada e avalizada por cientistas e matemáticos de renome mundial. E mesmo que não o fosse, o código, por si só, uma vez descoberto, fala mais alto que todas as vozes humanas juntas. Podemos seguir tranquilos. Se a Bíblia era correta, quando escrita, em relação a acontecimentos que iriam acontecer mais de três mil anos depois; se a Bíblia estava correta na descrição das condições telúricas caóticas do passado distante necessárias para que a vida tivesse início, se estava correta na descrição ordenada em que as coisas simples foram aparecendo primeiro e as mais complexas mais tarde, se estava correta na afirmação de que os animais superiores e o homem surgiram por último; por que não seriam corretas suas afirmações da longevidade extraordinária que tivemos no passado? 

 

Vejamos o que mais no informa a Bíblia a respeito da longevidade humana. De Noé a Abraão a longevidade foi reduzida e ficou na faixa de 600 a 200 anos. Os patriarcas hebreus tiveram-na reduzida para a faixa de 200 a 100 anos. Em Gênesis 6.3 lemos que Deus limita o tempo de vida do homem a 120 anos: 'Meu espírito não se responsabilizará indefinidamente pelo homem, pois ele é carne; não viverá mais que cento e vinte anos". 

 

Os estudiosos divergem na interpretação desta frase, de Gênesis 6.3, da limitação do tempo de vida do homem a 120 anos.

 

Em Gênesis 1 (vs. 28-30) Deus dá diretrizes à vida na terra após a criação do homem: "Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a; dominai sobre os peixes do mar, as aves do céu e todos os animais que rastejam sobre a terra. Eu vos dou todas as ervas que dão 

 

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semente, que estão sobre a superfície da terra, e todas as árvores que dão frutos que dão semente: isso será vosso alimento. A todas as feras, a todas as aves do céu, a tudo o que rasteja sobre a terra e que é animado de vida, eu dou como alimento toda a verdura das plantas". 

 

Em Gênesis 2 (v. 8) lemos que "Deus plantou um  jardim no Éden". Gênesis 2 ainda (vs. 15 a 17) nos informa que "Deus tomou o homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e guardar. E deu ao homem este mandamento: "Podes comer de todas as árvores do jardim. Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás porque no dia em que comeres terás que morrer". 

 

Gênesis 3 (vs. 17 a 19) nos mostra que a fala de Deus ao homem por ter comido da árvore que lhe fora proibida: "Porque escutaste a voz de tua mulher e comeste da árvore que eu te proibira de comer, maldito é o solo por causa de ti! Com sofrimento dele te nutrirás todos os dias de tua vida. Ele produzirá para ti espinhos e cardos, e comerás a erva dos campos. Com o suor de teu rosto comerás teu pão até que retornes ao solo, pois dele foste tirado. Pois tu és pó e ao pó tornarás". 

 

Observemos a importância dada pelo Antigo Testamento à questão nutricional. logo após a criação do homem, Deus, ao colocar as diretrizes da vida na terra, ao colocar que o homem deveria dominar sobre todas as outras criaturas, especificou o que deveria ser o alimento para ele: todas as ervas que dão semente e todas as árvores que dão frutos que dão semente, "isso será vosso alimento". Deus disse quie o homem deveria dominar sobre as criaturas marinhas (peixes), do céu (aves) e terrestres (animais). Ao resto da vida animal deu como alimento "toda a verdura das plantas". Não havia, então, no início da vida do homem sobre a terra matança de animais por animais ou de animais pelo homem. A diretriz foi bem clara, não deixou dúvidas: todo o reino animal deveria alimentar-se apenas do reino vegetal, não havia carnivorismo, nem entre os próprios animais. Isso em Gênesis 1. 

 

Mais adiante, no Gênesis 2, quando Deus coloca o homem no jardim do Éden para o cultivar e guardar, aparece outra diretriz nutricional: poderia comer de todas as árvores do jardim, menos de uma, que lhe era interditada - a do conhecimento do bem e do mal. Aqui surge uma aparente contradição. Primeiramente Deus disse que o alimento humano seria as ervas que dão semente e todas as árvores que dão frutos que dão semente, depois disse que poderia comer de todas as árvores do jardim, excluindo a do conhecimento e também excluindo, não explicitamente, as ervas. Por quê Deus teria excluído as ervas e deixado para o homem apenas os frutos das 

 

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árvores? Se formos interpretar que "toda a verdura das plantas" poderia englobar as ervas, veremos que as ervas eram alimento reservado aos animais. Será que não podemos pensar que Deus, ao colocar as ervas como alimento humano num primeiro momento, não nos poderia estar passando uma mensagem, a mensagem de que nós homens tínhamos em nós desde o primeiro momento da criação um elemento animal, não humano? Dessa forma, após, em Gênesis 2, ao colocar o homem no jardim do Éden e excluir as ervas de sua alimentação, não nos poderia estar dando a mensagem de que para permanecermos no jardim do Éden deveríamos extirpar de nós aquele elemento animal e ao mesmo tempo desenvolvermos a virtude da obediência e fidelidade ao nosso Criador, através do cumprimento do seu mandamento proibitivo? Desapareceria, assim, uma aparente contradição, o que parece contradição poderia ser, na verdade, uma mensagem que deveríamos, um dia, interpretar e compreender. Colocando de outra forma: para o homem permanecer no jardim do Éden (com Deus), deveria alimentar-se exclusivamente de árvores que dão frutos que dão sementes. 

 

Surge aqui outra questão: será que deveríamos comer apenas os frutos, ou as sementes também, já que estão dentro dos frutos? Para responder a esta pergunta recorreremos ao livro dos irmãos Sanchez, já citado: "Só servem os frutos doces, onde glicose e frutose são o volume maior de sua polpa e onde se separam as sementes para não comê-las. Os frutos sem gosto de glicose, os frutos semelhantes como nozes, castanhas, cocos, amêndoas, apesar de adocicados na sua polpa, possuem germe a nascer e ao seu redor toda semente tem veneno (ácidos taninosos ou sais tânicos, ciânicos, etc., todos altamente tóxicos) cuja finalidade é preservar a semente até nascer. (...). Nós entendemos que o fruto proibido é a semente". (o grifo é dos próprios autores). 

 

Voltemos ao texto bíblico do Gênesis. Depois de tomarmos contato com os trabalhos de Drosnin, do professor Chen e de Satinover, não podemos pensar, jamais, que não há precisão nas palavras do texto bíblico. Vamos explorar um pouco, portanto, essa precisão da linguagem da Bíblia. "Eu vos dou todas as ervas que dão semente e todas as árvores que dão frutos que dão semente". Está bem claro, ervas e frutos que dão semente. Logo, frutos que não dessem semente, mas que fossem sementes, estariam excluídos, evidentemente, por causa da semente, do gérmen reprodutor da semente. 

 

Fica, então, resolvido o mistério do "fruto proibido". O fruto proibido é o fruto que é semente em vez de dar semente. Voltemos aos irmãos Sanchez: "O Fruto Proibido e que desencadeou a catástrofe alimentar 

 

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humana é o Fruto-Semente. Toda semente tem junto ao germe vital uma carga de Veneno para defendê-lo de ataques até poder germinar. Os homens do passado começaram comendo sementes (nozes, cocos, amêndoas, castanhas). Dessas frutas hoje sabemos provirem os excitantes sexuais e assim se justifica a primeira excitação descrita por Moisés - vergonha de estar nu. É o Efeito do Prazer". 

 

Retomemos o que vimos alguns parágrafos atrás a respeito da limitação do tempo de vida do homem, por Deus, a 120 anos (Gênesis 6.3). Não podemos deixar de perceber que essa limitação de longevidade ocorre num contexto bíblico de sensualização da sexualidade (Gênesis 6.2), quando os "filhos de Deus viram que as filhas dos homens eram belas e tomaram como mulheres todas as que lhes agradaram". Logo em seguida, após a limitação do tempo de vida humano, aparece a maldade humana (Gênesis 6.5-7): "Deus viu que a maldade do homem era grande sobre a terra, e que era continuamente mau todo desígnio de seu coração. Arrependeu-se de ter feito o homem sobre a terra, e afligiu-se o seu coração. E disse: 'Farei desaparecer da superfície do solo os homens que criei - e com os homens os animais, os répteis e as aves do céu - porque me arrependo de os ter feito'. Mas Noé encontrou graça aos olhos de Deus". E o homem pôde então continuar existindo, mas não sem uma purificação, representada pelo dilúvio. 

 

Vejamos bem, então, o que temos aqui. O homem não respeita a probição divina de não comer o fruto proibido (fruto-semente); comendo-o excita-se sexualmente e com isso a sexualidade é sensualizada e o seu tempo de vida diminuído; a maldade cresce e com isso vem a destruição (morte, dilúvio). A morte aparece como uma consequência do proibido. Temos assim que no início da criação, o homem era imortal, o que é pleno de sentido, pois se foi criado à imagem e semelhança de Deus, só poderia ter herdado o atributo divino da imortalidade. Vejamos o que nos diz Gênesis 3 (v. 22), nas próprias palavras de Deus: "Se o homem já é como um de nós, versado no bem e no mal, que agora ele não estenda a mão e colha também da árvore da vida, e coma e viva para sempre". Neste versículo há uma dubiedade. Vamos então reescrever o versículo com a outra forma compreensiva permitida pela dubiedade: "Se o homem já é como um de nós, versado no bem e no mal, que agora ele não estenda a mão e não colha também da árvore da vida, e não coma e não viva para sempre". A colocação dos "nãos" suprimidos mostra-nos que antes da transgressão o homem estendia a mão, colhia da árvore da 

 

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vida, comia e vivia para sempre, isto é, era imortal. Transgrediu, e veio a mortalidade, expressa no veredicto divino: "Pois tu és pó e ao pó tornarás". Não devemos estranhar  diante dessa compreensão que o tempo de vida humano tenha sido reduzido, desde então, até o limite de 120 anos. 

 

A imortalidade original do homem também se manifesta em Gênesis 2 (vs. 15 a 17) no mandamento divino: "Podes comer de todas as árvores do jardim. Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás, porque no dia em que comeres terás que morrer". No dia em que comeres "terás que morrer" - esta passagem deixa bem claro que se não comesse daquele fruto não morreria. 

 

Tudo isso nos permite articularmos a questão da morte com o fruto proibido, com o fruto-semente. Alguma coisa havia nesse fruto que provocaria a morte se o homem o comesse. Que coisa seria esta? Vejamos a resposta que nos dão os irmãos Sanchez quando analisam a obra Nutrição, da Dra. Maria Angélica Tagle, que foi chefe do Departamento de Nutrição da Faculdade de Medicina da Universidade do Chile, considerada grande autoridade no assunto. A Dra. Tagle refere-se a "Fatores Tóxicos dos Alimentos", vejamos o que diz: 

 

"A dieta humana é uma mistura muito complexa de produtos químicos que, referida em termos de número de componentes, pode atingir cifras inimagináveis, provavelmente muitos milhares. O homem desenvolve-se, vive em um meio ambiente químico, ressaltando-se que o conjunto dos compostos químicos que compõem a dieta constitui a parte principal desse ambiente. (...) É bastante difícil apresentar de maneira clara as múltiplas possibilidades de intoxicação associáveis à dieta ou que podem originar-se no organismo através dela". Quando fala das sementes, cita outro autor, Jaffe, o qual classificou as sementes cruas em três grupos, de acordo com seus níveis de toxidez: "Aquelas do primeiro grupo produzem perda de peso e morte dos animais de experimentação que as consomem; as do segundo grupo, cujo representante típico é a soja, produzem um crescimento moderado, que, não obstante, é muito melhor quando a semente é consumida cozida; no terceiro grupo situam-se aquelas sementes que, tanto cruas quanto cozidas, produzem aproximadamente o mesmo crescimento nos animais de experimentação". 

 

Continua a Dra. Tagle: 

 

"No caso do feijão (Phaseolus vulgaris), foram descritas numerosas intoxicações em pessoas que consumiram a farinha dessa legu- 

 

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minosa incompletamente cozida. A maioria dos feijões quando ministrados crus e como única fonte de proteínas de animais de experimentação, produzem sua morte num lapso de 2 a 3 semanas. Nas nossas pesquisas, os ratos não chegaram a sobreviver os dez dias que constituem o período de duração de uma experiência de UPN (Pak, N. e I. Barja). Jaffe atribui o efeito letal à presença de hemaglutinina (Jaffe, W. G. e C. L. Vega), mas ressalta também a presença de outros tóxicos nas sementes". 

 

Interessante de observarmos é que a toxicidade das sementes se acha associada com a morte, no caso do primeiro grupo na classificação de Jaffe, ou com alterações do crescimento, nas do segundo e terceiro grupos. Nossa observação fica muito mais interessante quando nos lembramos que a Bíblia faz também referências a gigantes. Ora, gigante, por definição, é um ser vivo, animal ou vegetal, que cresceu demais em relação a outros que cresceram normalmente, ou que cresceram menos. O parâmetro de normalidade, nesse caso, será sempre o do observador e nunca o do observado. Assim, nunca diremos em relação a seres maiores que nós, somos anões; diremos que eles é que são gigantes, da mesma forma que diremos de seres menores que nós, que eles é que são pigmeus ou liliputianos. Dessa forma, não podemos, em princípio, estabelecer padrões de normalidade; esta será sempre relativa; a menos que usemos conceitos de normalidade estatística, e aí é outra história. 

 

Temos aqui, portanto, que a Bíblia nos fala da existência de gigantes, seres que cresceram mais em relação ao povo judeu. Em Números (13), lemos que Moisés enviou, seguindo ordens divinas, homens de cada uma das doze tribos que compunham o povo, para explorarem a terra de Canaã, prometida por Deus aos filhos de Israel. Vejamos os relatos que fizeram ao voltar da exploração. Números 13 (v. 31): "Não podemos marchar contra esse povo, visto que é mais forte do que nós"; Números 13 (vs. 32 e 33): "Todos aqueles que lá vimos são homens de grande estatura. Lá também vimos gigantes. Tínhamos a impressão de sermos gafanhotos diante deles e assim também lhes parecíamos". Atenhamo-nos novamente à precisão bíblica: "homens de grande estatura" e "também vimos gigantes". Ou seja, a terra de Canaã era habitada por homens de grande estatura e fortes, e havia, além deles, também, homens maiores ainda, que eram os gigantes. 

 

Deuteronômio 3 fala da conquista de Basã, cujo rei Og tem seu leito de ferro descrito (v. 11) como tendo nove côvados de comprimento 

 

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por quatro côvados de largura. Nove côvados equivale, aproximadamente, a 4,05 metros. Isto é, se o rei Og dormia numa cama de gigante, devia ser um gigante, ou seria apenas, conforme a própria distinção bíblica acima, um dos "homens de grande estatura"? 

 

Que dizer dessas citações bíblicas? Admitir que existiram de fato gigantes no passado, ou simplesmente negá-las? Nossos cientistas conseguiriam explicar a existência no passado remoto de homens gigantes? Provavelmente não. Melhor então negar sua existência. Isso não deve surpreender-nos, se lembrarmos que a marca registrada da maioria de nossos cientistas é negar aquilo que não podem explicar, para não se sentirem feridos em sua onipotência de donos do conhecimento, e assim poderem continuar no cimo do pedestal onde eles próprios se colocaram. Naturalmente, desde que a evidência não seja forte demais a ponto de, em a negando, caírem no ridículo. Claro que se conseguirem enganar e manipular o povo com jogos de palavras e conceitos muitas vezes obscuros, sem consenso entre eles próprios, melhor ainda; ainda, quanto mais conceitos obscuros e contestáveis, melhor; apresentam, assim, a "prova" de que não são donos do conhecimento, já que admitem diversidade de opiniões, contestações. Finalmente, como debates científicos não pagam contas nem provisionam meios de subsistência, menos ainda baixam os juros e combatem a inflação, são colocados num segundo plano, e daí para o esquecimento é só um passo, e o saber oficial continua, assim ignorantemente incólume. 

 

Os tempos, porém, estão mudando; fatos novos começam a entrar em cena. Temos agora no palco do interesse científico a descoberta do código da Bíblia, a pôr em xeque nossa onipotência e nosso saber. Já vimos que o Gênesis descreve, com toda a simplicidade de suas palavras, a ordem correta, segundo nossos cientistas, do aparecimento da vida em nosso planeta e as condições em que se encontrava a terra, e as condições necessárias para a possibilidade do surgimento da vida. Vimos também que a Bíblia descreve com exatidão de nomes, datas e situações, acontecimentos importantes de nossa história. Não bastasse tudo isso, vimos ainda que contém a descrição de acontecimentos que estão localizados em nosso futuro, que não aconteceram ainda para nós, questionando nosso conceito de tempo e fazendo eco, ou vice-versa, com a afirmação Einsteiniana de que "a distinção entre passado, presente e futuro é apenas uma ilusão, embora persistente". Poderão nossos pensadores científicos continuar afirmando que os gigantes "fisiologicamente não podem existir ou terem existido"? 

 

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Não bastassem as citações bíblicas, que mais temos na literatura a esse respeito? Encontramos registros de gigantes na mitologia grega, nas escrituras islâmicas e hindus, segundo nos informa o Dr. Douglas Baker em seu livro "Anatomia Esotérica" (1976). Helena P. Blavatsky, em sua obra "A Doutrina Secreta", citada por Baker, diz-nos: "As Escrituras e fragmentos de obras filosóficas e científicas - em suma, quase todos os registros que chegaram até nós desde a antigüidade - contém referências aos gigantes". Ainda, segundo Blavatsky, "... nas encostas orientais dos Andes e no Equador, encontramos tradições sobre uma raça de gigantes de Tarija, que combatiam deuses e homens. Estas antigas crenças, que explicam o nome de "Los Campos de los Gigantes dado a certos lugares, coincidem sempre com a existência de mamíferos pliocênicos e a ocorrência de praias formadas durante o Plioceno". Afirma-nos também que seria fraca a Antropologia que restringisse a tradição dos gigantes às mitologias grega e bíblica. "Os países eslovenos, principalmente a Rússia, abundam em lendas sobre os bogatirs (poderosos gigantes) de antigamente; e o folclore esloveno, a maior parte do qual serviu de base para as histórias nacionais, as canções mais antigas e as tradições mais arcaicas, fala dos gigantes de antigamente. Portanto, podemos rejeitar com segurança a teoria moderna que quereria fazer dos titãs meros símbolos representativos de forças cósmicas. Eles eram homens vivos, reais, seja de seis metros de altura, seja de apenas três e meio". 

 

Do livro de Douglas Baker extraímos ainda esta citação, de Blavatsky, que foi buscá-la no "Oil City Times, Pensylvania" de 31 de dezembro de 1869: 

 

"Em uma escavação feita por William Thompson e Robert Smith, a meia milha ao norte de West Hickory, foi exumado um enorme capacete de ferro, corroído pela ferrugem. Continuando a escavação, encontraram uma espada que media 2,74 m de comprimento, e, pouco depois, os ossos de dois pés muito grandes. Seguindo a trilha, em poucas horas desenterraram um esqueleto bem conservado de um enorme gigante, pertencente a uma espécie da família humana que provavelmente habitou esta parte do mundo no tempo do qual fala a Bíblia, quando diz: 'e naquele tempo havia gigantes'. O capacete tem a mesma forma dos que foram encontrados entre as ruínas de Nínive. Os ossos são extraordinariamente brancos, os dentes estão todos nos seus devidos lugares, todos em número dobrado, de extraordinário tamanho. 

 

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Estas relíquias foram levadas a Tionesta, onde são visitadas diariamente por um grande número de pessoas. O gigante devia ter 5,5 m de altura". 

 

Vejamos como Baker encerra o capítulo de seu livro, já citado, em que fala dos gigantes: 

 

"As raças dos gigantes, do final do período secundário continuaram a viver talvez ainda por quinze milhões de anos e civilizaram os homens pequenos. As mitologias antigas, do Egito à Grécia e à Escandinávia e da Polinésia ao México, afirmam todas elas que os homens foram civilizados pelos gigantes e 'deuses'. Prometeu deu início à civilização 'humana'. A Bíblia testemunha a existência de seres gigantes, que dominavam as tribos palestinas expulsas pelos hebreus. Ferramentas de pedra (bifaces) foram encontradas na Síria, na Morávia e no Marrocos (em 1953-54), pesando de dois a quatro quilogramas, o que significa que os usuários devem ter tido entre dois e meio a três e meio metros de altura. 

 

"Os fragmentos de ossos e as ferramentas confirmam que devem ter existido seres humanos desta altura; e a prova geológica diz que eles devem ter vivido há cerca de 300.000 anos. 

 

"Fragmentos de ossos gigantescos, de forma humana ou pré-humana, foram encontrados em três diferentes lugares: Java, Sul da China, África do Sul". 

 

Fritz Kahn em sua obra "O Livro da Natureza" (1965) também aborda a questão dos gigantes, quanto trata da variedade dos tipos humanos primitivos. Diz que o estudo e conhecimento das variações dos tipos humanos dos tempos pré-históricos ainda está engatinhando em sua pesquisa. Faz referência a um dos primeiros achados, a respeito de raças gigantescas do passado, feito numa escavação perto de Heidelberg, de uma maxilar de presumivelmente quinhentos a um milhão de anos, que apresentava os dentes com aspecto tipicamente humano, afora o tamanho descomunal, pois até os dentes do siso apresentavam uma tendência para se atrofiar. Conclui que a regressão da dentadura do homem não é absolutamente decorrente da degeneração da vida civilizada, e que o homem já apareceu sobre a Terra com a dentadura atrofiada e em vias de se atrofiar. Faz referência também a achados ósseos humanos gigantescos na África e na Ásia, fazendo uma articulação desses achados com os "filhos de Enak", mencionados na Bíblia. 

 

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Podemos, então, continuar nosso raciocínio especulativo. As tradições religiosas, mitológicas e folclóricas nos falam da existência em nosso passado de homens de diversas estaturas, alguns tão grandes que foram chamados de gigantes, e nem poderia ser diferente, se diante deles homens como nós se sentiram como "gafanhotos" e assim sentiram que eram também vistos.  

 

Sabendo, através dos estudos de W. G. Jaffe e C. L. Vega, citados pela Dra. Tagle, que as sementes contêm tóxicos e que esses tóxicos determinam, senão a morte, alterações de crescimento, podemos pensar que em nosso passado distante, após o desvio alimentar humano, simbolizado na Bíblia pelo pecado original do fruto proibido, nossos ancestrais se tenham "dividido" em grupos que se foram dispersando com o tempo. À medida que se iam dispersando e que o tempo passava, foram se distanciando cada vez mais, acabando finalmente por tornarem-se independentes. Tal como ocorre hoje, também naquela época é provável que as condições climáticas variassem nas diversas regiões, levando conseqüentemente os grupos a adotarem hábitos alimentares diferentes, compatíveis com as regiões onde se estabeleciam. Dessa forma, enquanto alguns prosseguiram se alimentando de determinados frutos, outros não puderam fazê-lo, tendo como alimentos os frutos disponíveis em seus ambientes. Assim, grupos que dariam origem a tribos maiores tiveram sua dieta básica e predominante de frutos que davam sementes, enquanto outros grupos desenvolveram hábitos dietéticos predominantes com frutos que eram sementes. Se isso, pela toxicidade das sementes, conforme os estudos de Jaffe, interfere no crescimento, podemos facilmente entender que se tenham desenvolvido raças humanas de diversos tamanhos; os gigantes teriam sido povos que se alimentavam predominantemente de frutos não-sementes. 

 

Naturalmente a descoberta do fogo e do cozimento propiciou uma facilidade maior em termos de alimentação, o que, se por um lado possibilitou maior crescimento demográfico, por outro trouxe a generalizaçaõ da dietética humana. As facilidades decorrentes do cozimento juntamente com a excitabilidade sexual aumentada pelas sementes trouxeram uma multiplicação maior dos povos consumidores de sementes. Estes, em maior número, espalharam-se e tornaram-se mais poderosos e com isso tiveram condições de conquistar e aniquilar os gigantes, que pela própria natureza de sua alimentação, mais natural, tiveram de se restringir a menos regiões do planeta, ao mesmo tempo em que sua multiplicação era num ritmo mais natural, pela ausência da excitabilidade sexual freqüente trazida pelo fruto-semente. Daí à sua extinção, foi só um passo. 

 

[pág.125] 

 

Como tudo na vida tem um preço, a descoberta do fogo também teve. Do livro de Sérgio Teixeira (Medicina Holística), 1998, extraímos, dentre várias, a seguinte informação: "Em um estudo realizado por Pottenges em 1983 com quatro gerações de gatos, num total de 900 felinos, todos os animais que receberam alimentos processados pelo calor desenvolveram as mesmas doenças degenerativas que acometem o ser humano. E todos que receberam leite pasteurizado a 130 graus Celsius desenvolveram osteoporose com baixo teor de cálcio e fósforo!" (negritado da transcrição) 

 

Isto é, constatamos que a descoberta do fogo possibilitou um salto qualitativo, no sentido negativo, do desvio já iniciado na dieta humana a partir do desvio alimentar das frutas não-sementes. Um impulso negativo tão grande, mas com uma aparência positiva tão imediata e visível que obscureceu, através dos tempos, a sua negatividade, e tão forte e entranhada em nossa cultura alimentar coletiva inconsciente que adquiriu as características das "crenças profundas", que já analisamos em capítulos precedentes. A questão do "nada" insignificante, que discutimos no Capítulo V, tem aqui suas raízes profundas. 

 

Estamos, então, associando o crescimento humano a tipos diferentes de alimentação, sugerindo que as diferenças estaturais do passado se vinculavam a padrões alimentares. Temos respaldo em observações atuais para fazer esse raciocínio? Se olharmos para regiões planetárias onde a subnutrição é endêmica e crônica, e para estudos nutricionais que já foram feitos a respeito; se considerarmos que esses estudos referem até a possibilidade de mutação genética em povos cronicamente subnutridos, mutação genética esta que produziria pessoas de menor estatura, podemos pensar que nossa hipótese especulativa a respeito da alimentação dos gigantes do passado não é, afinal, tão especulativa. 

 

Vejamos um fato recente na história da alimentação humana. Durante muito tempo os grãos de trigo foram triturados por duas pedras circulares; os moinhos eram acionados manualmente. O quadro começou a mudar com o surgimento do primeiro moinho a vapor, em Londres, em 1784. No início do século XIV um francês desenvolveu os cilindros de ferro, que foram usados pela primeira vez pelo conde húngaro Szechenyi, em 1840. Em 1877 a Inglaterra importou de Viena um moinho de cilindros de ferro; estes substituíam as pedras ou mós dos moinhos antigos. A conseqüencia desse progresso tecnológico foi a separação da casca e do gérmen de trigo (início do refino - ou desvitalização - do alimento). Em 1880 o processo já se havia universalizado. Na época do surgimento do moinho de cilindros de ferro, outra invenção, de um francês, a 

 

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margarina, foi introduzida na Inglaterra como substituto mais barato para a manteiga (mais barato mas também sem as vitaminas A e D). Os ingleses, que com o advento dos moinhos modernos haviam sido despojados de todo o complexo vitamínico B, além das enzimas, vitaminas e minerais essenciais (ferro, cobalto, cobre, manganês e molibdeno), sendo despojados também das vitaminas da manteiga, sucumbiram, e sua saúde deteriorou. Os homens do norte da Inglaterra e do Sul da Escócia, que durante as guerras napoleônicas eram altos e fortes, tornaram-se franzinos e incapazes para o serviço militar mais tarde, quando da guerra dos bôeres. Uma comissão que foi criada e designada para estudar o que estava acontecendo descobriu que a causa da pequenez (menor crescimento) e franzinidade (fraqueza) dos homens era o êxodo para as cidades, que teve por conseqüência o fato de não mais comerem o pão integral do campo, que fora substituído pelo pão francês (farinha refinada) e pelo açúcar refinado, isto é, a literatura recente registra inequivocamente que alterações alimentares carregam a potencialidade de reduzir o crescimento humano. 

 

Numa época em que a Bíblia se impõe de uma maneira até então desconhecida, graças à descoberta de seu código oculto, numa época em que já não podemos desconsiderar o que lá está registrado, mesmo em seu texto aberto, temos forçosamente e até mesmo contra nossa vontade, se preciso for, perguntar-nos por que o próprio texto aberto bíblico fala com tanta insistência, tantas vezes, no Antigo e no Novo Testamento, a respeito da alimentação? Fa-lo-ia se o assunto não fosse deveras relevante, até mesmo vital? 

 

"Vai através do Antigo Testamento uma inquietante e perturbadora preocupação com a Dieta", dizem os irmãos Sanchez. Entre as citações dos Sanchez, todas significativas, destacamos uma, a de Daniel 1, em que fala da alimentação de Daniel e dos jovens hebreus: "Estamos na Babilônia, mais de 400 anos antes de Cristo; os judeus são servos dos caldeus, alguns jovens são levados para receber a educação caldéia e são servidos com vinhos e comidas fortes do palácio. Daniel e seus três companheiros resolvem pedir somente hortaliças e água. Um livro destes era difícil de escrever e produzir. Só se entende que se gaste pergaminho ou papiro e tintas e tempo do escriba para registrar coisas de valor". Se o raciocínio dos irmãos Sanchez está correto, regime alimentar é "coisa de valor", importante, e por isso aparece várias vezes no texto aberto da Bíblia. O livro de Daniel começa falando de seu regime alimentar e termina com o mesmo fazendo uma refeição na cova dos leões, de onde em seguida é retirado pelo rei da Babilônia. Alimentação 

 

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no início e no final do livro, coroada por sua libertação da cova dos leões. Coincidência, ou alguma mensagem? A alimentação na cova foi providenciada por Deus; talvez possamos entender que a alimentação de acordo com os mandamentos divinos é coroada com a libertação. Poderia ser esta a mensagem. 

 

Se o raciocínio dos irmãos Sanchez está correto, dissemos acima. Estará corrreto? Voltemos a Drosnin. Conta-nos ele que no dia em que Rabin foi morto encontrou no código bíblico as palavras "Todo o seu povo para a guerra", frase que se articulava com "assassino que assassinará" e com "Yitzhak Rabin". Enquanto Israel pranteava Rabin, continua contando Drosnin, ele estava trabalhando com Eli Rips, ambos tentando decodificar os detalhes da nova profecia descoberta: "Todo o seu povo para a guerra". Correndo o computador, encontraram "Holocausto de Israel" num versículo do Gênesis. Imediatamente surgiu, nas mentes deles, a pergunta: "Quando?". Foi Rips quem encontrou o "quando", e aí empalideceu, pois encontrou o ano em curso na época, 5756 (setembro de 1995 a setembro de 1996 no nosso calendário).

 

No mesmo local de "Holocausto atômico" estavam codificados, na verdade, 1996, 1997, 2000 e 1945 (o ano de Hiroshima). Continuaram trabalhando e encontraram "A próxima guerra" articulada com "Será após a morte do primeiro-ministro". Drosnin sabia que as palavras abertas do Antigo e do Novo Testamento predizem que a "Batalha Final" começará em Israel, com um ataque à Cidade Santa, Jerusalém, e finalmente engolfará o mundo todo. Isso é textual no início do capítulo em que trata do Holocausto atômico. Mais adiante nos informa que somente uma capital mundial, Jerusalém, combina no código bíblico com "Guerra Mundial" ou "Holocausto atômico". Assim, tentou contatar o novo primeiro-ministro, Shimon Peres, que reagiu: "Astrólogos e adivinhos me procuram o tempo todo com os mais diversos alertas".

 

Drosnin não era nem astrólogo, nem adivinho, nem religioso; era um repórter que não acreditava em Deus, e ainda relutava em acreditar no código bíblico, apesar de todas as evidências com que se defrontava. Procurou especialistas norte-americanos em terrorismo nuclear e estes lhe disseram que era mais do que plausível a possibilidade de terroristas se abastecerem de artefatos nucleares na ex-União Soviética, que se transformara num "mercado aberto" de material nuclear; disseram-lhe, também, que um projétil atômico pode ser carregado numa mochila por um homem forte, ou facilmente por dois homens. O próprio Drosnin sabia, por uma experiência que tivera quando de sua estada em Moscou, em setembro de 1991, que terroristas árabes não teriam nenhuma dificuldade em adquirir uma bomba atômica na ex-União Soviética. 

 

[pág.128] 

 

Em 1996 Drosnin continuou seu trabalho decodificatório com Eli Rips. Nova pergunta que fizeram: "Quem desfecharia um ataque atômico contra Israel?". Novas descobertas; articulado com "Holocausto atômico" encontraram: "Da Líbia", "Líbia", "Kaddafi", "O Senhor lançará contra ti (Israel) uma nação distante, que investirá como um abutre", "Artilharia Líbia" e "Artilheiro atômico". Esta última expressão, "Artilheiro atômico" articulava-se com "A Pisgah" (Fasga), cadeia montanhosa da Jordânia, as montanhas em que Moisés subira para contemplar a Terra Prometida. Surpresa para Drosnin: "Quando verifiquei o texto aberto da Bíblia, o primeiro versículo que mencionava a Pisgah também afirmava quase com clareza: 'Arma aqui, neste lugar, camuflada'. Parecia inacreditável que as próprias palavras do Antigo Testamento, escritas três mil anos antes, revelassem a localização da arma atômica prestes a ser lançada contra Israel. Contudo, se o perigo era real, se estava iminente o 'holocausto de Israel', um 'holocausto atômico', isso era perfeitamente lógico. Se havia realmente um código na Bíblia, se ele realmente revelava o futuro, então é claro que o momento exato em que a terra da Bíblia seria obliterada, em que o povo da Bíblia seria varrido, era o alerta codificado com maior clareza e suficientemente importante para ser afirmado também no texto aberto" (o negritado é nosso). Rips concordou: "É muito coerente. É claramente intencional". 

 

Em 27 de janeiro de 1996 Kaddafi fez uma exortação pública: "Os árabes, que estão ameaçados por Israel, têm o direito de comprar armas nucleares de todas as maneiras possíveis". 

 

Em 30 de janeiro de 1996, em Jerusalém, Peres fez um discurso público em que alertou, pela primeira vez, para o perigo que ameaçava o mundo com a possibilidade de armas nucleares "caírem nas mãos de países irresponsáveis, e serem carregadas nos ombros dos fanáticos". 

 

Já vimos atrás que as palavras que formam em hebraico o ano de 5756 também formulam a pergunta "Vocês o mudarão?". A terceira guerra mundial felizmente não aconteceu; portanto a pergunta foi respondida, como já vimos. O que queremos, aqui, é explorar o raciocínio acima de Drosnin de que uma informação suficientemente importante a levaria a ser expressa também no texto aberto bíblico. Em outra parte de seu livro, Drosnin comenta da sua incapacidade de acreditar plenamente no código por não conseguir aceitar a profecia aberta (texto aberto) da Bíblia. Rips lhe diz que "Se você aceita a afirmação oculta na Torah, então deveria aceitar também a afirmação aberta". Em outras palavras, Rips endossa o raciocínio anterior de Drosnin de que se algo era suficiente- 

 

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mente importante, era de se esperar que estivesse, além de no código, também no texto aberto. 

 

Podemos ver, então, que o raciocínio anterior dos irmãos Sanchez, de que "coisas de valor" justificam o seu aparecimento diversas vezes no texto aberto, encontrou eco, ou melhor, foi ecoado por Drosnin e por Eli Rips em seu trabalho de pesquisa no código da Bíblia. 

 

Temos, portanto, informações que possuem força suficiente para incitar e iniciar um processo de desmobilização inercial em nossos neurônios, em relação à nossa alimentação, já que nesse setor específico a humanidade vem, também, escandalosamente ignorando e desdenhando o texto bíblico. 

 

Douglas Baker, em seu livro já citado, quando trata das referências bíblicas aos gigantes, diz: "Estes homens primitivos tinham uma vida bem longa. A Bíblia não vincula de maneira alguma a longevidade ao gigantismo: um sintoma da antigüidade destas lendas. Para os homens cujo tempo de vida foi reduzido a cento e vinte anos e mais tarde a setenta, novecentos anos e imortalidade eram a mesma coisa. Por isso, os 'deuses' eram considerados 'imortais'. Mas 'deuses', 'imortais' por natureza - isto é, de vida muito longa -, ainda assim podiam ser mortos em batalha. E os deuses gregos - que evoluíram mais ainda para a imortalidade absoluta - podiam, todavia, ser feridos". 

 

"A Bíblia não vincula de maneira alguma a longevidade ao gigantismo", informa-nos Baker. Isto é confirmado em Isaías 65 (vs. 17 a 23), quando encontramos que Deus após dizer que "Com efeito, vou criar novos céus e nova terra", dá as características do povo que habitará essa "nova terra": 

 

"Nela não se tornará a ouvir choro nem lamentação. 

Já não haverá ali criancinhas que vivam apenas alguns dias, 

nem velho que não complete a sua idade; 

com efeito, o menino morrerá com cem anos, 

o pecador só será amaldiçoado aos cem anos. 

Os homens construirão casas e as habitarão, 

plantarão videiras e comerão os seus frutos. 

Já não construirão para que outro habite a sua casa, 

não plantarão para que outro coma o fruto, 

pois a duração da vida do meu povo será como os dias de uma árvore, 

 

[pág.130] 

 

os meus eleitos consumirão eles mesmos o fruto do trabalho das suas mãos. 

Não se fatigarão inutilmente, nem gerarão filhos para a desgraça; 

porque constituirão a raça dos benditos de Deus, 

justamente, com os seus descendentes".  (negritados da transcrição) 

 

Nesses versículos há referências explícitas a mudanças alimentares, que podem ser mais bem entendidas em se lendo Isaías 65 por inteiro. Às mudanças alimentares estão associadas mudanças sociais (cada um construirá a sua casa e comerá o fruto do seu próprio trabalho, isto é, não haverá mais exploração entre os homens) e de longevidade, pois se os meninos terão cem anos, podemos pensar que os adultos terão de 400 a 500 anos e os idosos cerca de 1.700 anos. Chegamos a essas longevidades comparando o menino atual de 7 anos com o de 100 anos da "nova terra", dividindo o tempo de vida atual (120 anos) por 7, temos o resultado de 17,14, que, multiplicado por 100, nos dá o resultado de 1.714 anos. O limite da longevidade humana seria alterado, por esse raciocínio, se for válido, de 120 para aproximadamente 1.700 anos. Isso no dia em que o homem "plantar videiras e comer os seus frutos". 

 

De fato, é impossível haver numa sociedade mudanças de longevidade tão significativas sem que hajam também mudanças de ordem social, e estas, englobando naturalmente, mudanças políticas e econômicas (ausência de exploração entre os homens). Vide em "Dicionário informativo" os vocábulos "Desenvelhecimento", "Fundação Desenvelhecer" e "Ronald dePinho". 

 

 

[pág.131]                                                        CAPÍTULO VII 

 

                                                 EXPERIÊNCIAS DE REJUVENESCIMENTO 

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Este livro foi concebido no formato em que se apresenta com um propósito. Como num quebra-cabeça, cada peça tem o seu lugar e uma vez todas encaixadas corretamente, dão uma visão "panorâmica" da "paisagem" em questão. No caso, as "peças" são os capítulos com seus respectivos conteúdos. Estes, lidos com atenção e bem compreendidos fornecem, como "prêmio" ao leitor cuidadoso e atento, a montagem do quebra-cabeça, no caso a compreensão do fenômeno biológico do envelhecimento. Teremos a oportunidade, em outros escritos ou num novo livro, de demonstrar a importância desta compreensão. Óbvio que num quebra-cabeça todas as peças são importantes, mas algumas tem uma importância maior, uma vez que, corretamente encaixadas, nos antecipam a compreensão do todo, mesmo antes de encaixarmos todas as outras. Nesta metáfora, este Capítulo VII, juntamente com o Capítulo X, são as peças mais importantes deste estudo. 

 

As diversas centenas de livros que já foram escritos sobre o envelhecimento contêm o pressuposto, em sua imensa maioria, de que o homem sofre passivamente esse processo, que é algo que vem de fora, pela ação do tempo, ou de dentro, pela ação de ordens instaladas no âmago de nossos genes. Enfim, somos sempre vítimas que sofrem; o sofrimento independeria de nossa vontade. 

 

Vamos ver neste capítulo algumas situações ou experiências descritas por Chopra em seu livro e ver o que elas nos podem ensinar, além, naturalmente, das inferências que já fez o próprio Chopra. 

 

Na página 47 de seu livro, fala de uma pesquisa que fez, durante mais de duas décadas, (negritado da transcrição) com pessoas que praticavam a meditação transcendental. Diz ter verificado que pessoas que praticam meditação transcendental por muito tempo podem ter idades biológicas inferiores às suas idades cronológicas, com diferenças que variaram, na sua experiência, de 5 a 12 anos. 

 

Chopra nos diz que sua fascinante pesquisa levou mais de duas décadas, mas não nos dá dados precisos sobre ela, não dá as idades das pessoas que participaram da experiência, não informa se elas já praticavam a meditação transcendental antes de ele iniciar a experiência ou se começaram a praticá-la a partir do início de seu acompanhamento, não informa sobre as expectativas dessas pessoas, do estado de saúde delas, nem de suas motivações. Enfim, temos uma escassez de dados. 

 

Na ausência de maiores informações, vamos raciocinar com os dados que temos e vejamos o que podemos concluir. Mais de duas décadas foi o tempo da experiência. Suponhamos portanto que foram 22,5 anos, pois é coerente pensar que teria dito duas décadas e meia se fossem 25 anos. Temos então, nesses 22,5 anos, ganhos em termos de idade biológica, o que equivale, de certa forma, a rejuvenescimento, ou, no mínimo, a diminuição no ritmo do processo de envelhecimento, já que 

 

[pág.132] 

 

na outra variável, a idade cronológica, não podemos mexer, e se manteve portanto constante para todos os participantes e não participantes da experiência. Quer pensemos em rejuvenescimento quer na diminuição do ritmo do envelhecimento, temos como conseqüencia um aumento da longevidade (máxima) possível, que consideraremos para esse raciocínio, de 120 anos (a "oficial")

 

Vejamos os números. Tomemos os extremos, 5 e 12 anos. Para aquele participante do grupo da experiência que ganhou 12 anos durante os 22,5 anos de prática da meditação transcendental, temos que 12 anos de ganho distribuídos nos 22,5 anos de prática dá um ganho de 0,533 ano por ano (divisão de 12 por 22,5); 0,533 ano equivale a 194,5 dias; este foi, portanto, o ganho anual, em dias, do praticante que teve maior aproveitamento. 

 

Se o ano cronológico tem 365 dias e se ele ganhou 194,5 dias, o seu ano biológico foi reduzido; ficou sendo de somente 170,5 dias, que é a diferença entre 365 e 194,5. Logo, se essa pessoa começasse a praticar a meditação transcendental aos 20 anos e continuasse por toda a vida, haveria um descompasso entre sua idade biológica e a cronológica a partir de seus 20 anos; a idade biológica passaria a andar num ritmo menor, isto é, enquanto o ano cronológico continuaria tendo 365 dias, o ano biológico (idade biológica) teria apenas 170,5 dias. Consideremos que 120 anos cronológicos fosse seu tempo de vida máximo (sua cota vital em anos); transformando em dias, teríamos 120 x 365 = 43.800 dias (cota vital em dias). 

 

Tendo começado a meditação transcendental aos 20 anos, teria já gasto de sua cota inicial (43.800 dias) 7.300 dias; restar-lhe-iam ainda 36.500 dias (43.800 - 7.300). Dividindo 36.500 por 170,5 (seu ano biológico), temos 214,07, que corresponde assim ao número de anos cronológicos que ainda lhe restariam. Como ele já tinha gasto 20 anos, somando 20 + 214,07, temos o resultado de 234,07, que representa a totalidade dos anos cronológicos que ele poderia viver. 

 

Teria, assim, com o auxílio da meditação transcendental, nas condições que colocamos acima, e com os dados obtidos na experiência de Chopra, aumentado seu tempo possível de vida de 120 para 234,07 anos. Isto é, Chopra, nos mostra, com a experiência que fez, que é possível "enganar a biologia", esticar a longevidade e viver até 234 anos, em vez de 120, apenas praticando meditação transcendental, de modo contínuo, a partir dos 20 anos de idade!

 

Adiantemo-nos, porém, aos críticos. O raciocínio acima é correto? É válido? Por que não fizemos um cálculo diferente, tomando o 0,533 ano de ganho anual e multiplicando esse número pelo número de anos restantes (100 anos, pois teria começado aos 20 anos) que teria o sujeito do experimento? Este segundo raciocínio nos dá um resultado diferente, pois 0,533 vezes 100 é igual a 53,3, e 

 

[pág.133] 

 

seria então este o ganho total, e não o acima, que deu 114 (234-120). teríamos, assim, que a longevidade teria sido "esticada" para apenas 173,3 anos (120 + 53,3). 

 

Admitindo que o segundo raciocínio é o mais correto, teremos que a experiência de Chopra de qualquer forma nos mostra a possibilidade de aumentarmos a longevidade humana, com um recurso simples e barato, a meditação transcendental, de aproximadamente 50 anos. É pouco? Em quanto nossa longevidade humana foi aumentada com as pesquisas e verbas aplicadas até hoje por nossos cientistas biogerontologistas ortodoxos em seus laboratórios de pesquisa? Deixemos Hayflick responder:  

 

Hayflick responde: 

 

"As estatísticas e os dados biológicos não sustentam a crença de que os triunfos da pesquisa biomédica aumentaram o tempo de vida (longevidade máxima). Não existem provas de que o tempo de vida máximo dos seres humanos tenha se modificado em relação ao que era há cem mil anos" (destaque do próprio autor). (negritado da transcrição) 

 

Mais adiante em seu livro (continua Hayflick), falando sobre expectativa de vida, diz o seguinte: 

 

"Em 1900, não chegava aos cinqüenta anos nos Estados Unidos. A atual expectativa de vida do recém-nascido, cerca de 75 anos (Hayflick publicou seu livro em 1996), representa um ganho de aproximadamente 25 anos nesse século, quase o equivalente ao ganho ocorrido da Idade do Ferro e da Pedra até 1900! Quase vinte anos desse ganho ocorreram entre 1900 e 1954". (negritado da transcrição) 

 

Vemos nesses parágrafos Hayflick falando de longevidade máxima (teórica, inalterada, de 120 anos) e expectativa de vida. A expectativa de vida é diferente em cada país em função de diversas variáveis. Esta a pesquisa biomédica moderna tem aumentado, embora modestamente. Já o aumento da longevidade máxima ainda faz parte da consciência onírica da ciência, ainda é sonho. 

 

Continuemos. Aplicando o mesmo raciocínio e cálculos para o participante da experiência que teve menos rendimento, que ganhou 5 anos no período da experiência, teremos que ele também esticou a longevidade, obviamente que menos, apenas para 145,53 no primeiro raciocínio, e para 142,2 no segundo raciocínio. 

 

Porém, por que, a partir de uma única experiência e com os mesmos dados, temos resultados diferentes se usamos um ou outro raciocínio? Já consideramos que, de toda forma, qualquer que seja o raciocínio correto e válido, um ganho se impõe, mas compreendamos a diferença 

 

[pág.134] 

 

existente entre os dois raciocínios. O primeiro raciocínio embute uma variável oculta, considera a variável de que sobre os ganhos havidos ao longo dos anos, sobre os diversos 0,533 anuais, haverá novos ganhos, já que os exercícios de meditação transcendental serão feitos, com o tempo, por um indivíduo já mais jovem biologicamente; é ganho sobre os ganhos já acumulados.

 

No segundo raciocínio isso não é considerado. Ele considera que os ganhos não serão cumulativos; não considera, que o indivíduo estando no trigésimo ano de prática, já está rejuvenescido. Fazendo uma analogia para simplificar o entendimento, suponhamos que uma pessoa aplicou R$ 100,00 a juros de 5% ao ano, por 50 anos, ao final dos quais receberá o capital aplicado (R$ 100,00) mais os juros, 5% equivale a R$ 5,00, que, multiplicado por 50 anos, nos dará R$ 250,00; somando com o capital aplicado temos, então, que receberá ao final dos 50 anos o valor de R$ 350,00 (R$ 100,00 + R$ 250,00). Não foi uma aplicação inteligente, a menos que ele tenha feito pequenas retiradas anuais de forma a anular a capitalização sobre os próprios juros anuais, pois no segundo ano ele não teria somente os R$ 100,00 aplicados, mas R$ 105,00, e no terceiro ano já seriam R$ 110,25, e assim por diante. 

 

Ora, a obviedade e o bom senso se unem para nos mostrar que na experiência de Chopra os participantes já estão usufruindo do ganho de longevidade a partir do início da experiência; não terão de esperar passarem os 100 anos que ainda lhes restam para somente então usufruir do ganho acumulado. Este pensamento nos soa até como absurdo, pois não podemos tornar estático algo que é dinâmico por natureza. Colocando de outra forma: o indivíduo, depois de 5 anos, por exemplo, de prática de meditação, já terá incorporado à sua biologia o ganho anual de 0,533 ano x 5. Portanto, a lógica e o bom senso se impõem a nos dizer que nosso primeiro raciocínio está correto, e que o ganho de longevidade real é, no caso em questão, de 114 e não de 53 anos. 

 

No Capítulo III, quando analisamos a questão da nutrição, vimos que Cornaro conseguiu multiplicar o tempo médio de vida de sua época por 2,8. Chamamos este número de "índice de Cornaro"; se o aplicamos ao tempo de vida médio atual nos Estados Unidos, 76 anos, chegamos ao resultado de 212,8 anos. Temos, portanto, que Chopra descobriu uma forma de encontrar um outro índice, inclusive superior ao de Cornaro, superior em cerca de 10%! E, ainda, independentemente da questão nutricional! Mais: esse "índice de Chopra" é móvel, isto é, poderá ser melhorado, já que podemos pensar, pela forma em que ele coloca a experiência em seu livro, que não procurou maximizar seus efeitos através da criação de condições ideais para a prática da meditação. Isto, claro, não 

 

[pág.135] 

 

é crítica, apenas observação e suposição, já que só ele, que fez a experiência, poderá esclarecer melhor as condições dela. 

 

A enorme importância da experiência de Chopra nos salta aos olhos se entendermos plenamente o seu significado: a possibilidade do AUMENTO DE NOVENTA E CINCO POR CENTO da longevidade considerada máxima pela ciência gerontológica, sem o auxílio de nenhum medicamento, para frustração da indústria farmacêutica. Façamos uma analogia para captar bem a essência da importância do que estamos colocando. Daniel Goleman, em seu livro já citado, falando sobre a importância do apoio emocional na evolução de doença cancerosa avançada metastática do seio, comenta que o grupo de mulheres que freqüentavam grupos de apoio tinha uma sobrevida média de aproximadamente o dobro, em relação a grupos de mulheres que não recebiam esse tipo de apoio. O tempo de sobrevida a mais para as mulheres participantes do grupo era de aproximadamente 18 meses, isto é, sobreviviam em média 37 meses, contra a média de 19 meses do outro grupo. 

 

Comentário de Goleman, referindo-se a um ganho de 18 meses em mulheres com doença terminal: "Na verdade, se fosse uma nova droga que produzisse essa maior expectativa de vida, as empresas farmacêuticas estariam se engalfinhando pra produzi-la". Disputa, engalfinhamento por 18 meses a mais em pessoas já condenadas! Se, por trás da descoberta de Chopra houvesse uma droga, com certeza já teria sido declarada guerra mundial entre as indústrias farmacêuticas. 

 

Mais adiante, em seu livro, Chopra analisa o trabalho do fisiologista R. Keith Wallace, da UCLA, quanto aos efeitos da meditação sobre o processo de envelhecimento. Esse pesquisador, usando alguns indicadores de envelhecimento biológico (pressão sangüínea, visão de perto e audição), conseguiu demonstrar que era possível reverter o processo de envelhecer, isto é, rejuvenescer; seus resultados foram consistentes, tanto com pessoas jovens quanto com velhas. Verificou-se mais tarde que a associação rejuvenescedora com a meditação é mediada por alterações nos níveis do hormônio DHEA (deidroepiandrosterona). 

 

                                                                   E L L E N   L A N G E R 

 

Em 1979 a psicóloga Ellen Langer e sua equipe, da Universidade de Harvard, fizeram uma experiência que reverteu efetivamente a idade biológica de um grupo de idosos, provocando, segundo Chopra, uma mudança simples, mas engenhosa, na consciência deles. A experiên- 

 

[pág.136] 

 

cia é descrita por Chopra à pág. 116 de seu livro. Vejamos textualmente como ele coloca: 

 

"Todos (o grupo de velhos) tinham 75 anos ou mais, gozavam de boa saúde e foram convidados para fazer um retiro de uma semana em uma estância rural. Foram informados de que seriam submetidos a uma bateria de exames mentais e físicos, mas, além disso, foi feita uma exigência pouco usual: eles não seriam autorizados a levar jornais, revistas, livros ou fotos de família com datas mais recentes que 1959. 

 

"O objetivo deste estranho pedido tornou-se claro quando chegaram lá - a estância havia sido organizada como uma réplica da vida como ela era vinte anos antes. Em vez de revistas de 1979, as mesas de leitura tinham números de Life e do Saturday Evening Post de 1959. A música que se ouvia tinha vinte anos de idade, e, para combinar com este flash back, pediu-se aos homens para que se comportassem como se estivessem no ano de 1959. Toda a conversa deveria se referir a acontecimentos e pessoas daquele ano. Cada detalhe daquela semana no campo seria concebido para fazer com que cada pessoa se sentisse, parecesse, falasse e se comportasse como se tivesse uns 50 anos de idade. 

 

"Durante este período, a equipe de Langer fez extensivas medidas da idade biológica dos homens do grupo. Os gerontologistas não foram capazes de fixar as marcas precisas que definem a idade biológica, mas foi compilado um perfil geral para cada homem, usando as medidas de força física, postura, percepção, cognição e memória de curto prazo, assim como a audição, a visão e o paladar. 

 

"A equipe de Harvard queria mudar o contexto no qual aqueles homens se viam. A premissa da experiência era que, ao se verem como velhos ou como jovens, estariamm influenciando diretamente no próprio processo de envelhecimento. Para recuar até 1959, os pesquisadores fizeram com que cada homem do grupo usasse crachás de identificação com fotos tiradas vinte anos antes - o grupo aprendeu a identificar uns aos outros através desses retratos, em vez de pela sua aparência atual; todos foram instruídos a falar exclusivamente como se estivessem em 1959 ('Será que o presidente Eisenhower apoiará o Nixon nas próximas eleições?'); deviam se referir às esposas e filhos como se tivessem vinte anos menos e, embora todos fossem aposentados, era para falar de suas carreiras como se estivessem em plena atividade.  

 

[pág.137] 

 

"Os resultados desta representação foram notáveis. Comparado a um grupo de controle que fez um retiro, mas continuou a viver no ano de 1979, o grupo que fez de conta recuar no tempo melhorou em memória e destreza manual. Mostraram-se mais ativos e auto-suficientes acerca de coisas tais como se servirem às refeições e limpar os próprios quartos, comportando-se muito mais como gente de 55 anos do que de 75 anos (muitos deles tinham se tornado dependentes de membros mais jovens da família na realização de tarefas rotineiras). 

 

"Talvez a mudança mais notável tenha relação com aspectos do envelhecimento antes considerados irreversíveis. Avaliadores imparciais a quem se pediu que estudassem fotos do antes-e-depois dos homens acharam que seus rostos pareciam visivelmente mais jovens cerca de três anos. As medidas dos comprimentos dos dedos, que tendem a encurtar com a idade, indicaram que seus dedos tinham ficado mais compridos; juntas enrijecidas se tornaram mais flexíveis e a postura ficou mais ereta. A força muscular, medida pelo aperto da mão, melhorou, assim como a audição e a visão. O grupo de controle também exibiu algumas melhoras (Langer explicou o ocorrido dizendo que o fato de terem feito uma viagem e sido tratados especialmente fez com que se sentissem mais jovens também). Mas o grupo de controle declinou em certos aspectos, como destreza manual e comprimento dos dedos. A inteligência é considerada fixa nos adultos, no entanto metade do grupo experimental demonstrou aumento de inteligência nos cinco dias do seu retorno a 1959, enquanto que um quarto do grupo de controle declinou nos testes de QI. 

 

"O estudo da professora Langer tornou-se um marco ao provar que os chamados sinais irreversíveis do envelhecimento podem ser revertidos através de intervenção psicológica. Ela atribuiu este sucesso a três fatores: (1) pediu-se aos homens que se comportassem como se fossem mais jovens; (2) eles foram tratados como se tivessem a inteligência e a independência de pessoas mais jovens (diferentemente do modo como muitas vezes eram tratados em casa); (3) pediu-se aos homens que seguissem instruções complexas a respeito de sua rotina diária. Como os três fatores foram sobrepostos, Langer não teve certeza absoluta sobre qual deles teria sido o mais importante". 

 

Vejamos alguns comentários de Chopra: "O velho paradigma nos diz que o tempo é objetivo, mas na verdade os nossos corpos reagem ao 

 

[pág.138] 

 

tempo subjetivo, como registrado nas lembranças e sentimentos íntimos. (...) O modo mais simples pelo qual posso explicar isto (a experiência de Langer) é dizendo que dois aspectos da consciência foram modificados: concentração e intenção. A consciência sempre tem esses dois componentes. A concentração focaliza a consciência em uma percepção local. A intenção produz uma mudança nessa localização. (...) Seja o que for aquilo em que você se concentre, vai se tornar a coisa mais importante da sua vida. Não há limites para os tipos de mudanças que a consciência pode produzir". 

 

Mais adiante, num subcapítulo intitulado "O DNA e o Destino", Chopra faz uma colocação que nos pode ajudar, talvez, a compreender melhor a experiência da professora Langer. "Longe dos tubos de ensaio dos biólogos, o DNA é influenciado por todos os sentimentos, pensamentos e atos". "Atos", no sentido usado aqui por Chopra, significa comportamento, conduta. O comportamento humano é conseqüência, sempre, de sentimentos e/ou pensamentos, conscientes ou inconscientes. Se sentimentos e pensamentos estão sempre por trás do comportamento, podemos pensar que eles são, de certa forma, partes do próprio comportamento, do comportamento em sua forma latente, não manifesta. Podemos falar de comportamento latente? Parece em princípio paradoxal, pois se comportamento é um ato, é o que se faz ou se fez, o que aconteceu ou está acontecendo, como poderia ser "latente"? 

 

Ora, por que os presídios têm muros altos, esquemas de segurança e vigilância? Não é porque se sabe que os presidiários fugirão na primeira oportunidade? Não é porque se sabe da existência de um "comportamento latente" (fuga) que se manifestará tão logo haja uma oportunidade, ou, mais ainda, tanto existe na sua forma latente que planeja no sentido de criar as oportunidades para se manifestar. Reescrevamos então a frase de Chopra: 

 

"Longe dos tubos de ensaio dos biólogos, o DNA é influenciado por COMPORTAMENTOS". Comportamento é a palavra chave!  (negritado da transcrição) 

 

Vejamos as conclusões da própria professora Langer. Ela atribuiu o resultado (sucesso) da experiência a três fatores. No fator (1) pediu aos homens que se COMPORTASSEM como se fossem mais jovens. No fator (2) eles foram tratados como se fossem mais jovens. "Eles foram tratados" revela um COMPORTAMENTO diferente que se teve em relação a eles; toda ação enseja uma reação (lei de Newton); se os homens da experiência foram objeto de um COMPORTAMENTO diferente, como resposta passaram a ter um COMPORTAMENTO (reativo) diferente. no fator (3) "pe- 

 

[pág.139] 

 

diu-se aos homens que seguissem instruções". Isto pode ser colocado de outra forma, já que seguir instruções é se comportar; portanto, "pediu-se aos homens que se COMPORTASSEM" de uma ou de outra forma. 

 

"Como os três fatores foram sobrepostos, Langer não teve certeza absoluta sobre qual deles teria sido o mais imporante". Ora, se os três fatores puderam ser reduzidos a um único, em termos de comportamento, temos que na verdade não eram três fatores, mas sim um único fator, manifestado de formas diferentes. Vejamos simplificadamente; tomemos as frações 

 

                                                          8             9                  999,5   

                                                      ______  ,   ______      ,      _________ 

                                                         16           18                 1999 

 

Quantas frações temos? Três, ou uma? Temos três frações, mas também temos uma única fração, já que são todas reduzíveis à igualdade 0,5, isto é, são diferentes manifestações, aparências de um só número. Em pesquisa científica, e o trabalho da professora Langer e sua equipe o foi, podemos considerar apenas as aparências? Parece-nos que não; temos então de necessariamente perceber que ela atribuiu o sucesso da experiência, sem o perceber, a um só fator, o COMPORTAMENTO dos idosos. 

 

Tomemos outra frase do texto de Chopra: "A premissa da experiência era que, ao se verem como velhos ou como jovens, estariam influenciando diretamente no próprio processo de envelhecimento". Aqui temos a presença, nuclear na frase, do verbo ver; a premissa era de que a VISÃO que tivessem de si mesmos influenciaria o envelhecimento. Sabemos sobeja e exaustivamente que as pessoas se COMPORTAM de acordo com a visão que têm de si mesmas, isto é, comportamento e visão de si mesmo estão intimamente associados. A vida cotidiana é abundante em exemplos; assim, um homem ou mulher solteiros terão comportamentos diferentes de um homem ou mulher casados; cada um se vendo numa posição social diferente comportar-se-á conforme essa visão. Uma mulher de meia-idade recém-enviuvada não se comportará como uma adolescente porque não é assim que se vê; o adolescente não se comportará como um idoso porque também não é assim que se vê, etc. 

 

No texto completo que extraímos do livro de Chopra, se procurarmos uma frase nuclear, onde a encontraremos? "(...) Pediu-se aos homens para que se COMPORTASSEM como se estivessem no ano de 1959". Portanto, para que se comportassem como se fossem mais jovens em cerca de 20 anos; de fato, cada detalhe foi preparado para que durante a experiência se COMPORTASSEM como se tivessem uns 50 anos de idade. 

 

[pág.140] 

 

O COMPORTAMENTO se repete tantas vezes na experiência de Langer que não podemos deixar de atribuir-lhe um papel de suma importância. Vejamos, portanto, se podemos encontrar outras associações que nos conduzam, por caminhos diferentes, para a mesma conclusão que somos forçados a tirar da experiência acima, que, pelo que vimos, podemos assim enunciar:  

 

                            REJUVENESCIMENTO É FUNÇÃO DIRETA DE COMPORTAMENTO. 

 

Podemos expressar essa assertiva com nosso raciocínio equacional; temos então a seguinte equação relacional: 

 

                                         REJUVENESCIMENTO   (=)   COMPORTAMENTO 

 

                                          Lembremos de nosso Capítulo V, onde obtivemos: 

 

                                           ENVELHECIMENTO   (=)   COMPORTAMENTO 

 

Envelhecimento e rejuvenescimento são conceitos e fenômenos antitéticos; se ambos guardam relação de associação com o comportamento, isto sem dúvida pode sugerir muito fortemente que comportamentos contrários têm efeitos contrários, que é exatamente aonde chegou a professora Ellen Langer: mudou o comportamento dos idosos, deu-lhes um outro direcionamento, oposto ao do cotidiano (no cotidiano estavam envelhecendo), e com isso o efeito foi também contrário, pois o envelhecimento foi substituído, no pequeno prazo da experiência, pelo rejuvenescimento. 

 

                                                              O MISTÉRIO DAS ABELHAS 

 

Um fenômeno biológico interessante e que tem chamado a atenção dos estudiosos do envelhecimento é a reversão da idade que fazem naturalmente as abelhas, de acordo com as necessidades da colméia. Quando a colméia precisa de abelhas mais jovens, que são as que "cuidam da casa e das crianças (larvas)", não havendo as jovens em número suficiente, mas (havendo) excesso de "velhas", estas fazem uma reversão de suas idades biológicas a fim de atenderem às necessidades da colméia. Da mesma forma, podem viver de 30 dias até 7 meses, novamente de acordo com o que for necessário para a colméia. 

 

Eva Crane, em seu "Livro do Mel" (1983), ao fazer um sumário dos estágios da vida de uma abelha operária com relação à idade, no verão, coloca a seguinte observação: "As idades apresentadas aqui para uma abelha adulta são somente exemplos. Todas são flexíveis sob condi- 

 

[pág.141] 

 

ções normais da colônia e altamente flexíveis sob condições anormais; uma única abelha pode apresentar vários padrões de comportamento diferente no mesmo dia". (negritados da transcrição). 

 

Deparamo-nos aqui com a capacidade da abelha de apresentar "vários padrões de comportamento no mesmo dia". Vamos comparar a questão do comportamento das abelhas com o comportamento humano, pois uma vez que vimos que no ser humano, segundo a experiência da professora Langer, o rejuvenescimento é função do comportamento, e sabendo que as abelhas são "mestras" em rejuvenescimento, é lícito procurarmos entender se nelas o rejuvenescer também pode, ou não, ser articulado com a questão comportamental. Uma abelha pode apresentar vários padrões de comportamento diferente no mesmo dia. O que significa isso comparando com o homem? Se tomarmos o tempo médio de duração (longevidade) da vida de uma abelha comum, 30 dias, teremos que um dia representa, percentualmente, do total de sua vida, 3,33%. O tempo de vida da abelha que estamos considerando é o do seu estágio adulto; estamos excluindo seu estágio de cria, que dura 21 dias. Procedendo da mesma forma com o homem, podemos, comparativamente, para efeito de raciocínio, considerar que sua adultez plena é atingida aos mais ou menos 25 anos. 

 

Seguindo esse raciocínio, considerando 120 anos o tempo máximo de vida, subtraindo 25 (período não adulto em nosso raciocínio), temos 95. Fazendo o cálculo de equivalência para descobrirmos a quanto tempo corresponde, para o homem, aquele um dia da abelha, temos o seguinte resultado, através de regra de três simples: 3,16 anos. Isto é, um dia de vida da abelha adulta corresponde a 3,16 anos de vida de um homem adulto. Verificamos, então, que a plasticidade comportamental da abelha é muito maior que a humana, pois para as igualarmos, teríamos de, sempre comparativamente, ser capazes de exercer todas as atividades necessárias para a manutenção de um grupo humano aproximadamente igual em tamanho, relativamente, ao grupo de uma colméia, que atinge, no seu auge, cerca de 75.000 abelhas, não contando os ovos a eclodir; em 3,16 anos. Chegamos, assim, a uma cidade de 75.000 habitantes, que corresponderia a uma colônia de abelhas. 

 

Sabemos perfeitamente que muitas contestações podem ser aqui formuladas: a comparação não é válida, não podemos comparar o ser humano a abelhas, uma comunidade humana é muito mais complexa que uma comunidade de abelhas, qual o embasamento científico, etc. Não nos interessam, neste momento específico, essas questões, o que 

 

[pág.142] 

 

não significa que não as consideremos sumamente importantes; significa tão-somente que o levantamento das mesmas de pronto inibiria nosso vôo livre panorâmico sobre a questão do envelhecimento. Livrar-se das amarras que tolhem a liberdade de pensamento, mesmo especulativo, às vezes é salutar, até para a ciência ortodoxa, que geralmente é a primeira a levantar a mão bradando contra o desrespeito às regras estabelecidas, para depois aceitar descobertas e idéias e incorporá-las aos seus dogmas oficiais; é este um caminho por demais conhecido para que precisemos invocar, de novo, exemplos históricos. 

 

Imaginemos uma cidadezinha com a metade do número de habitantes que vimos acima; podemos encontrar algo semelhante ao comportamento das abelhas, que equivaleria a seus habitantes serem capazes de no tempo de 3,16 anos exercerem, se necessário, diversas atividades das essenciais para a subsistência da comunidade? Esbarramos, de início, no sistema social humano, em que não encontramos uma comunidade como esta que seja auto-suficiente, e a colméia o é, umas não dependem das outras. A não-auto-suficiência da comunidade humana já é uma demonstração de que os seres humanos são especializadíssimos em suas funções, tendo algumas das necessidades de ser supridas por outras comunidades, "importadas". Um olhar panorâmico superficial em nossa comunidade humana já nos mostra que não podemos encontrar, nem de longe, uma plasticidade comportamental humana, em termos de atividades, próxima à das abelhas. 

 

Podemos então dizer que o homem apresenta, nesse tocante, características inversas às das abelhas, caracterizando-se, ao contrário delas, por uma extrema rigidez comportamental. Se aceitarmos que a plasticidade comportamental das abelhas possibilita o rejuvenescimento, teremos de aceitar que a rigidez comportamental humana dificulda o rejuvenescimento. E, justamente, quanto mais complexa é a comunidade humana, maior é a tendência à especialização e à super-especialização; um indivíduo preparando-se durante 3,16 x n (negrito da transcrição) anos para, por exemplo, poder ser cirurgião de mão, ou de olhos, etc. Não estamos aqui colocando em questão o mérito da organização social humana. Nosso olhar panorâmico é, neste sentido, neutro. 

 

Analisemos de outra forma a frase de Eva Crane, citada acima. Repitamo-la, para maior compreensão, realçando alguns conceitos: 

 

"As IDADES apresentadas aqui para uma ABELHA adulta são SOMENTE exemplos. Todas (as idades) são FLEXÍVEIS sob condições NORMAIS da colônia e ALTAMENTE FLEXÍVEIS (as 

 

[pág.143] 

 

idades) sob condições ANORMAIS; uma ÚNICA ABELHA pode apresentar VÁRIOS PADRÕES DE COMPORTAMENTO diferentes no mesmo dia". 

 

O que vemos aqui?! Uma estudiosa das abelhas constrói uma frase a respeito delas, totalmente fora do contexto de estudo da questão do envelhecimento, e, nessa frase, coincidentemente, associa FLEXIBILIDADE DA IDADE (biológica) com FLEXIBILIDADE COMPORTAMENTAL. Não foi exatamente esta a associação que se fez presente na experiência de Langer? Coincidência? Ou a Sra. Eva Crane, de tanto lidar com abelhas, descobriu, a nível inconsciente, intuitivo, que o seu rejuvenescimento estava intimamente articulado com sua flexibilidade comportamental? A explicação de que foi coincidência seria até plausível, na mente de pessoas que desconhecessem os mecanismos psíquicos de funcionamento humano, e também, conseqüentemente o mecanismo das "coincidências". 

 

Vejamos o que Chopra nos diz sobre o rejuvenescimento das abelhas: 

 

"Quando os pesquisadores descobriram isto, ficaram atônitos. Constataram que para as abelhas o envelhecimento não é um processo de mão única ditado por cronograma fixo. É, isto sim, um processo 'plástico' - capaz de ir para a frente e para trás, reduzir a marcha e acelerar; o verdadeiro mistério é por que isto também não acontece com as espécies de vida mais elevadas".

 

Veremos no decorrer deste estudo, que Chopra estava equivocado, que isto acontece, sim, com espécies de vida mais elevadas. 

 

Para compreender esse "verdadeiro mistério" (segundo Chopra), precisamos adentrar a questão do que significa "espécies de vida mais elevadas". À pág. 15 de seu livro, diz Chopra: "Somos as únicas criaturas na face da terra capazes de mudar nossa biologia pelo que pensamos e sentimos. Possuímos o único sistema nervoso consciente do fenômeno do envelhecimento. E porque somos conscientes, nossos estados mentais influenciam aquilo de que temos consciência". 

 

Façamos perguntas-relâmpago a pessoas desprevenidas, pedindo-lhes para que respondam rápido o que significa "espécie de vida mais elevada"? As possibilidade de obtermos respostas que se refiram à inteligência, nas mais diversas camadas sociais, é altíssima; vida mais elevada é intuitivamente associada à vida humana, e esta à inteligência. Isso é perfeitamente compatível com a afirmação acima de Chopra, que poderia então, ser assim expressa: 

 

"Somos as únicas criaturas na face da terra INTELIGENTEMENTE capazes de mudar nossa biologia pelo que pensamos e 

 

[pág.144] 

 

sentimos. Possuímos o único sistema nervoso consciente, PORTANTO INTELIGENTE, do fenômeno do envelhecimento. E porque somos conscientes, PORTANTO INTELIGENTES, nossos estados mentais influenciam aquilo de que temos consciência". 

 

Assim sendo, por que não revertemos o envelhecimento a nosso "bel-prazer", como as abelhas o fazem? E aqui, precisamente, é que se instala o "verdadeiro mistério". Chopra ainda, mais adiante, quando fala do metabolismo celular, coloca o seguinte: "Cada uma delas (das células) contém uma forma absolutamente distinta de inteligência". Está falando, portanto, de inteligência celular. Será que as células humanas são mais inteligentes que as células das abelhas? Se o são, até que ponto, e, ainda, o são em todos os aspectos? Costumamos pensar e dizer que a inteligência é atributo humano, que os animais não a tem, e muito menos a teriam os insetos, espécies de vida "menos elevadas". 

 

Estamos diante de fatos, verdades, ou dogmas resquiciais humano-cêntricos, ou, ainda, verdades ou dogmas parcialmente corretos? O conceito de inteligência é altamente discutível, até mesmo dentro do espaço estritamente humano; basta olharmos o livro de Daniel Goleman, já citado, e a profusão de livros com a mesma temática que lhe seguiram. 

 

Assim sendo, quão mais questionável não o é no espaço mais abrangente da vida como um todo. Voltemos às abelhas, Eva Crane diz que "o desempenho das abelhas é verdadeiramente assombroso. O consumo de combustível de uma abelha que voa é de cerca de 0,5 mg de mel por quilômetro, ou três milhões de quilômetros por um litro". Pudemos nós humanos construir uma máquina com tal desempenho? Sigamos acompanhando a pena de Eva Crane: "Todo o comportamento das abelhas é instintivo, e falar de suas atividades, tarefas, deveres e mesmo divisão de trabalho é dotá-las de uma inteligência que elas não possuem. Entretanto, é compreensível que se fale a respeito das abelhas desse modo, porque a complexa série de padrões de comportamento conhecidos como a 'organização da colônia' é verdadeiramente admirável". 

 

Eva Crane, assim, faz questão de explicitar que as abelhas não possuem inteligência, mas também frisa que seu comportamento instintivo responde por uma complexa série de padrões de comportamento que organizam a vida na colônia de uma forma verdadeiramente admirável. Em outras palavras, coloca que não são inteligentes, mas que têm um instinto inteligentíssimo! Mas, então, instinto é inteligência também? Ou, de novo, o que é inteligência? 

 

Olhemos mais uma vez para a afirmação de Chopra de que somos as únicas criaturas na face da terra capazes de mudar nossa biologia 

 

[pág.145] 

 

pelo que pensamos e sentimos. Já vimos, acima, que pensamentos e sentimentos não podem ser dissociados de comportamento, já que este nada mais é do que a expressão daqueles. Assim sendo, podemos ver que em rigor Chopra disse que somos as únicas criaturas na face da terra capazes de mudar nossa biologia através de nosso COMPORTAMENTO. E aqui vemos, então, que estamos em condições de discordar de Chopra neste particular, pois estão aí as abelhas com a capacidade de mudar sua idade biológica a seu "bel-prazer". Como? Através de seu COMPORTAMENTO. Isto é, podemos concluir que as abelhas mudam sua idade biológica simplesmente se comportando como abelhas jovens; falta abelha jovem? Não há problema, a abelha velha vai lá e se comporta como tal, executa a sua função; se muda de função, de comportamento, passa a "se ver" jovem, e aí rejuvenesce. 

 

Talvez a questão da inteligência mereça um pouco mais de consideração. Fritz Kahn, já citado, ao tratar do tema "Sociedade dos Insetos", faz considerações sobre as estruturas "sociais" dos formigueiros e das colméias. Dos diversos hábitos descritos nesse livro, extraímos o seguinte, que se refere às formigas:

 

"Das relações das formigas com os outros insetos, a mais conhecida é a que elas estabelecem com os pulgões. As formigas trepam nas árvores onde haja pulgões e sugam-lhes a seiva adocicada que eles furtaram à planta. Para que os pulgões larguem o suco, as formigas fazem-lhes cócegas. Se os pulgões não lhes derem bastante seiva, as formigas os carregam para outras plantas mais suculentas, o que é, em verdade, prova brilhante de inteligência". Refere este autor que eram conhecidas, na época, pelo menos duas mil espécies diferentes de animais, insetos, com as quais as formigas se relacionavam, entre elas cem espécies de borboletas; descreve a vida no formigueiro com características semelhantes à vida humana, havendo lugar até para os "vícios", como por exemplo o alcoolismo. Textualmente do autor: "Assim como as nações humanas em todas as partes do mundo, assim as formigas aprenderam que os grãos de cevada, expostos ao calor úmido, produzem malte e que os lêvedos o transformam em álcool. As formigas arrastam os grãos ao formigueiro; acumulados em compartimentos especiais e umedecidos de saliva, eles fermentam e elas se embriagam com a beberagem espumante. Sim; há, entre as formigas, alcoólatras que, em vez de trabalhar, vivem na adega da cerveja, bebendo até se estatelarem no chão". Conclui o autor que a formiga é o mais inteligente dos insetos. 

 

Sobre a abelha, conta-nos o autor que, quando volta à colméia depois de descobrir um campo florido, pousa num favo e se põe a dançar 

 

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para as companheiras. Há dois tipos de danças, numa delas, chamada de dança de advertência, ela descreve uma volta, um círculo, dupla. Na outra, chamada de dança da cauda, ela traça dois zeros, um ao lado do outro, e sobe a linha vertical que os une executando movimentos com a parte posterior do corpo. A dança de advertência é escolhida quando o campo florido fica a no máximo cem metros de distância; para distâncias maiores é escolhida a dança da cauda. 

 

Segundo o autor, "É uma prova surpreendente, diríamos quase espantosa, de raciocínio". As abelhas são dotadas de glândulas aromáticas e enquanto dançam usam essas glândulas para exalarem o cheiro das flores que acharam; com a direção do eixo da sua dança da cauda indicam às colegas a direção do campo de flores, o número de graus entre o eixo da cauda e a linha do sol, se à esquerda ou à direita; fornecem portanto a direção das flores descobertas. Os erros costumam não exceder três graus. Já a qualidade das flores é comunicada com a vivacidade da dança. Assim, se houver muito pólen a colher, a dança será agitada, animada; caso contrário, a dança será triste, melancólica. Eva Crane nos informa que cada círculo de dança dura somente poucos segundos e que o tempo guarda relação com a distância do campo descoberto; assim, para uma distância de 200 metros, o tempo é de 2,1 em segundos; para 500 metros, 2,5 segundos; para 1000 metros, 3,3 segundos; para 2.000 metros, 3,8 segundos; para 3.500 metros, 5,6 segundos; e para 4.500 metros, 6,3 segundos. 

 

Não temos, então, conhecimentos suficientes para questionar o fato de sermos, nós humanos, as únicas criaturas da face da Terra inteligentes para tal ou qual coisa? Parece-nos mais adequado pensar que há diferentes tipos de inteligência, ou que esta se manifeta de formas diferentes nas diversas espécies. Somos forçados, conseqüentemente, a admitir que há uma inteligência, sim, por trás da reversão da idade biológica das abelhas. Concluímos o óbvio, mas o óbvio às vezes, justamente por ser óbvio, não é devidamente valorizado, ou até pode nem ser percebido; talvez nesse terreno aparentemente estéril possamos entrever algo do "segredo" do rejuvenescer. 

 

Façamos uma hipotética e imaginativa excursão dentro de uma colméia; penetremos na sua intimidade diária e observemos. Veremos o seguinte: as abelhas têm dois estágios de vida, o de "cria" e o de "adulta". o estágio de cria dura 21 dias. Até o terceiro dia é apenas ovo, do terceiro ao oitavo dia é larva, e como larva come e se move dentro da célula aberta (são chamadas de células os compartimentos para "crianças" construídos pelas abelhas jovens). Do oitavo ao nono dia, ainda como larva, inicia a tecelagem de seu casulo, na célula que já foi fecha-

 

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da por outra abelha jovem; e do nono ao vigésimo primeiro dia, como pré-pupa e pupa, termina a tecelagem do seu casulo. No vigésimo primeiro dia, finalmente, emerge como abelha jovem, e assim é considerada até o quinto dia, e durante esse período sua atividade é limpar células. Do quinto ao décimo dia é considerada "babá", e sua atividade é alimentar as larvas (e também a rainha). Do décimo ao décimo quinto dia é "construtora", constrói e repara favos e tampa células. Do décimo quinto ao vigésimo dia é "vigia", é quando tem suas glândulas de veneno desenvolvidas e guarda a colméia (algumas abelhas podem "optar" por permanecer como guardas da colméia até o fim de suas vidas). Do vigésimo dia em diante, ela passa a ser "produtora de mel", mas parece também começar com vôos de orientação para se preparar para sua atividade seguinte, que é a de "abelha campeira" ou coletora. Quando tem seus músculos de vôo desenvolvidos e é atraída pela luz, sua atividade passa a ser exclusivamente externa: colher pólen, néctar, própolis ou água. Algumas abelhas podem "optar" por serem coletoras de água somente e exercem essa atividade até a morte. 

 

Por que fizemos essa viagem ao interior da colméia? Porque a observação e o conhecimento das atividades das abelhas nos mostram outra faceta, a de que a "admirável organização da colônia", evidentemente sem deixar de ser admirável, é simples; exercem atividades, comportamentos, que são de limpeza, cuidado da prole, construção e reparos (favos e células), vigia ou guarda, produção de mel e coleta de material necessário para a produção do mel. Vendo sob a óptica humana, trata-se de uma comunidade simples. A plasticidade comportamental desenvolve-se, assim, sem que precisemos negar a inteligência por trás, numa comunidade com as seguintes características: auto-suficiência e simplicidade, ou, colocando de outra forma, são atividades básicas para a sobrevivência dos membros da comunidade. 

 

A respeito, ainda, da questão da inteligência, podemos encontrar um interessante estudo feito por James Trefil em "Somos Diferentes?" (1999). O autor, professor titular de física da George Mason University, reconhecendo a dificuldade conceitual que temos de lidar com a noção de inteligência, propõe, como solução, a delimitação de comportamentos possíveis de serem realizados, seja por um animal específico, seja pelo homem ou por uma máquina (computador), e, a partir dessa delimitação, diferenciar os diversos tipos ou formas de inteligência, com denominações como Inteligência I, Inteligência II, Inteligência III, etc. Usa o mesmo raciocínio para trabalhar com outro conceito por demais amplo, 

 

[pág.148] 

 

que é o conceito de consciência. Porém, o mais importante que coloca esse autor, para os propósitos de nosso livro, está no capítulo 13, quando trata de "Consciência e Complexidade". Aqui faz, entre outras, a afirmação da existência na natureza de sistemas, vivos ou não vivos, que parecem ser muito diferentes mas que obedecem às mesmas leis, assim como que há sistemas que parecem iguais mas são governados por leis completamente diferentes. Isso nos permite pensar de uma forma um pouco mais científica, menos especulativa, a respeito da comparação que fizemos entre o comportamento das abelhas e o do homem, isto é, não podemos pensar que estamos diante de uma situação em que sistemas que parecem ser muito diferentes (homens e abelhas), mas que são governados pelas mesmas leis, no ponto específico que estamos abordando, que é o comportamento associado ao rejuvenescimento? 

 

Sem perder de vista o fato de que nosso raciocínio continua especulativo, não tão científico quanto gostariam os puristas da ciência, portanto passível das mais variadas críticas, continuaremos. Agora a busca em nosso vôo panorâmico será por uma comunidade humana que possa reunir, pelo menos aproximadamente, as características que encontramos na comunidade das abelhas. Façamos, portanto, um pouso, desta vez num livro publicado em 1939 por Peter Kelder, com o título de "The Eye of Revelation" (O Olho da Revelação), e republicado a partir de 1985, em edição nova e revisada, com o título de "A Fonte da Juventude". Vamos ver o que esse pouso nos revela. 

 

                                                                A FONTE DA JUVENTUDE 

 

A história que nos conta Peter Kelder em seu livro, como o próprio editor coloca no prefácio, pode ser ficção, ou verdade, ou um pouco de cada. Peter Kelder conheceu um senhor idoso de quase 70 anos, calvo e grisalho nos poucos cabelos que lhe restavam, com os ombros caídos e que se apoiava numa bengala para caminhar. Era oficial do Exército Britânico e também servira no corpo diplomático, havendo viajado para praticamente todas as partes do mundo. Kelder o chama, para não identificá-lo, de Coronel Bradford. Durante o período em que serviu na Índia o Coronel por diversas vezes fez contatos com nativos de regiões remotas do interior e ouviu histórias fascinantes sobre determinada região. Entre as histórias havia uma que falava de um lugar distante onde havia um mosteiro em que os lamas (sacerdotes tibetanos) conheciam o segredo da eterna juventude. Observou o Coro-

 

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nel que essa história só era conhecida de alguns andarilhos, os que vinham da região onde se localizava o mosteiro, que ficava num local "tão distante e isolado que era como se estivesse separado do mundo". Esse mosteiro já se tornara lendário para os nativos; suas lendas-relatos falavam de velhos que tinham recuperado a juventude depois de conviverem no mosteiro com os lamas. Porém, ninguém conseguia dizer com exatidão a localização do mosteiro. 

 

Peter Kelder conheceu o Coronel quando este estava reformado pelo Exército. Quanto mais envelhecia, mais pensava o Coronel nas histórias que ouvira, até que finalmente se decidiu pelo retorno à Índia em busca do tal mosteiro, convidou Kelder para ir junto, mas este não aceitou achando estranho que um velho que já tinha vivido a vida quisesse vivê-la de novo, pois achava mais sensato e lógico envelhecer com dignidade e não pedir mais da vida do que os outros esperam. O Coronel partiu, então, sozinho. Os anos foram passando e Kelder foi esquecendo aquela estranha figura que queria voltar a ser jovem. Alguns anos depois recebeu uma carta do Coronel, em que ele lhe dizia, alegremente, que apesar da demora e das dificuldades frustrantes que encontrara, estava prestes a descobrir a localização exata do mosteiro. Finalmente, quatro anos mais tarde, Kelder recebeu uma segunda carta do Coronel, na qual ele dizia que havia encontrado a fonte da juventude, que estava retornando aos Estados Unidos e que a levava consigo, a fonte. 

 

Ao reencontrar o Coronel, Kelder não o reconheceu, pensou tratar-se do filho dele, e foi com perplexa incredulidade que pouco a pouco o foi reconhecendo, estava agora diante de um homem "no auge da vida", não mais de um velho. 

 

No mosteiro onde o Coronel estivera não havia idosos entre os homens e as mulheres, tendo o Coronel se tornado "novidade" entre eles, logo ganhando o apelido de "O Antigo". Com o tempo o Coronel percebeu que sua saúde começava a melhorar, sentia-se cada vez mais disposto e em pouco tempo pode prescindir da bengala. Passado mais algum tempo, o livro não diz quanto, mas pelas referências genéricas ao tempo feitas ao longo dos relatos, podemos supor que não fazia um ano que o Coronel estava vivendo no mosteiro; passado esse tempo o Coronel teve acesso a uma sala onde eram guardados velhos manuscritos e onde havia um espelho de corpo inteiro (no restante do mosteiro não havia espelhos), no qual pode verificar com surpresa que sua aparência física mudara "tão radicalmente que eu parecia ter quinze anos menos". 

 

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Lembremos de nossa busca por uma comunidade humana com as características da auto-suficiência e da simplicidade. Esse mosteiro do Himalaia ficava num local distante e isolado do resto do mundo, era auto-suficiente e a vida ali era simples; os lamas faziam, propositalmente, as atividades da forma mais primitiva possível; até o solo era preparado manualmente quando eles poderiam usar arados puxados por bois. Detalhe importante, cada um dos lamas tinha sua parte na produção do que era necessário para todo o mosteiro. Podemos perceber as grandes semelhanças existentes entre essa comunidade onde viveu o Coronel por algum tempo e uma colméia. Na colméia, da mesma forma que no mosteiro, cada abelha tem sua parte na produção do que é necessário para toda a comunidade. Cada lama participando na produção das necessidades do mosteiro nos faz pensar que as atividades eram praticadas em rodízio por todos, isto é, todos os lamas eram capazes de trabalhar nas mais diversas funções necessárias para o bom funcionamento da comunidade, em outras palavras, os lamas apresentavam, igual que as abelhas, plasticidade comportamental

 

 "Uma única abelha pode apresentar vários padrões de comportamento diferentes no mesmo dia." 

 "Um único lama pode apresentar vários padrões de comportamento diferentes num período de três anos" 

 

(Já vimos acima que um dia na vida de uma abelha adulta corresponde a aproximadamente três anos de vida de um homem adulto). 

 

Faltam-nos elementos, dados para sustentar o que acima deduzimos. Mas podemos pensar, sem cairmos no absurdo, que num mosteiro nos confins do Himalaia em que havia um esquema de rodízio, já que todos os lamas participavam da produção das necessidades da comunidade, num período de três anos todos desempenhavam todas as funções necessárias para a sobrevivência da comunidade. "Toda semelhança é mera coincidência": será que essa assertiva é aplicável nesse caso? Nossa premissa é de que não é. Sabemos que existem outras variáveis na questão, o Coronel passou-as para Kelder e este as coloca em seu livro como sendo as responsáveis pelo fenômeno do rejuvenescimento; trataremos delas na devida hora. O que desejamos neste ponto é mostrar até onde podem levar-nos os resultados obtidos pela professora Langer em sua experiência, mostrar que ela tocou num dos aspectos responsáveis pelo rejuvenescimento, embora não tenha percebido e interpretado o resultado da forma como o estamos fazendo. 

 

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Retornemos neste ponto ao livro de Chopra para conferirmos se suas idéias podem de alguma forma nos dar o aval em nosso especulativo e irreverente raciocínio. Shankara, o maior dos sábios da Índia, que viveu há milhares de anos, citado por Chopra, fez a seguinte declaração: 

 

"As pessoas envelhecem e morrem porque vêem as outras envelhecer e morrer"  (negritado da transcrição) 

 

No mosteiro tibetano o Coronel passou a viver em "outro mundo", num mundo onde não havia velhos, parou, portanto, a partir daquele momento, de "ver as pessoas envelhecerem". Como não havia espelhos disponíveis, também deixou de ver a própria imagem (de velho), e com isso um comando interno inconsciente foi sendo substituído, naturalmente, por outro, oposto, e o oposto de envelhecer é não envelhecer, ou rejuvenescer. No início de sua obra Chopra fala em "hipnose do condicionamento social" (condicionamento para envelhecer); é outra forma de colocar a frase de Shankara, pois nos hipnotizamos, por identificação, com os outros, de forma inconsciente, e assim envelhecemos "também". O Coronel Bradford ao pôr os pés no mosteiro deixou para trás o condicionamento social anterior; na verdade o adentrar o mosteiro foi o início do fim de processo que começara muitos anos antes, quando ele passou a alterar suas crenças de que o envelhecimento era irreversível. Um processo velho morreu, no novo nasceu; foi o nascimento da realização do rejuvenescer. Chopra diria que o Coronel Bradford alterou o seu sistema de crenças profundas que lhe faziam envelhecer. 

 

Ainda dentro da temática do comportamento, vejamos o que nos ensina o Coronel Bradford através de Kelder: "Embora a maioria das pessoas viva se queixando de que não gosta de envelhecer, a verdade é que elas extraem um prazer duvidoso do envelhecimento e das 'vantagens' que lhe atribuem. Nem preciso dizer que tal atitude em nada contribui para rejuvenescê-lo. Se uma pessoa idosa realmente deseja se tornar mais jovem, ela vai ter de pensar, agir e se comportar como alguém mais jovem, eliminando as atitudes e maneirismos dos velhos" (negritados nossos). História do Coronel: "No mosteiro do Himalaia havia um homem, um ocidental como eu, que parecia não ter mais do que 35 anos e agia como se não tivesse mais de 25. De fato, ele estava com mais de cem anos. Se eu lhes contasse o quanto superava os cem, vocês não acreditariam". Uma das últimas mensagens do Coronel antes de se despedir de Kelder e partir: "Enquanto a meta do rejuvenescimento for considerada um sonho impossível, ela continuará a sê-lo". Em outras palavras, só podemos realizar algo se acreditarmos na sua possibilidade; nossa crença abre ou fecha as portas. 

 

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[pág.153]                                                 CAPÍTULO VIII                                                                      

                                                            ANATOMIA INVISÍVEL 

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Tendo efetuado um pouso em "A Fonte da Juventude", de Kelder, não podemos deixar de abordar aquilo que o autor coloca como o responsável pelo processo de rejuvenescimento que aborda. Diz o Coronel que a primeira coisa importante que lhe ensinaram quando entrou para o mosteiro foi que o corpo tem sete centros de energia, que poderiam ser chamados de vórtices. Na literatura hindu são denominados chakras. Seriam poderosos campos elétricos, invisíveis ao olho humano, mas cuja existência era indiscutível. 

 

Damos a palavra ao Coronel: 

 

"Num corpo saudável, todos esses vórtices giram a uma grande velocidade, permitindo que a energia vital, também chamada de 'prana' ou energia 'etérica', flua para cima por intermédio do sistema endócrino. Mas, se um ou mais desses centros começa a diminuir a velocidade de rotação, o fluxo da energia vital fica inibido ou bloqueado - e disso resulta o envelhecimento ou a doença. 

 

"Num indivíduo jovem, esses vórtices estendem-se para fora do corpo, mas nos velhos, fracos e doentes, eles mal conseguem atingir a superfície. O modo mais rápido de se recuperar a saúde, vitalidade e juventude é fazer esses centros de energia voltarem a girar novamente". 

 

Segundo o Coronel, existem exercícios simples que, se realizados com regularidade e persistência, têm como resultado fazer esses centros de energia voltarem a girar normalmente, do que resulta o rejuvenescimento; diz que não são formas de ginástica e que no mosteiro os lamas os chamavam de "ritos". Ensina, através de Kelder, seis ritos, dos quais cinco são colocados de uma forma que podemos chamá-los de "básicos" e o sexto, como uma opção a mais, para aqueles que estiverem dispostos e preparados para seguir além do quinto rito; podemos chamá-lo, então, de "superior ou avançado". Todos os "ritos", sabemos, com exceção do primeiro, são exercícios ou posturas de Yoga. O primeiro é um 

 

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exercício extraído da dança dos dervixes, que constituíam um grupo indiano que realizava esse exercício de uma forma intensiva com o objetivo de produzir sentimentos místicos e religiosos. 

 

A questão da invisibilidade (invisíveis ao olho humano) suscita algumas considerações. Nos modernos tempos atuais, já não podemos basear-nos no aforisma de São Tomé de "ver para crer"; temos que necessariamente mudar os verbos. Não se trata mais nem de ver nem de crer, mas de "comprovar e aceitar". Vejamos então se temos elementos em nosso arcabouço científico, conhecimentos que nos permitam aceitar a possibilidade de possuirmos um "corpo" energético, ou sutil, ou invisível, ou áurico; não importa o nome que lhe dermos, mas sim a sua existência fática ou não. 

 

O que ninguém pode negar, nem mesmo a ciência, e de fato esta o afirma com bastante veemência, é que os sentidos humanos são limitadíssimos, são completamente incapazes de nos fornecer uma idéia adequada da realidade que nos cerca e do funcionamento dos fenômenos que envolvem a nossa vida pessoal, e muito menos da vida como um todo maior e mais holístico ou universal. Por exemplo, no campo da medicina, somos incapazes de ver com nossos próprios sentidos os protozoários, as bactéricas e os vírus; precisamos inventar instrumentos ópticos que melhorassem nossos sentidos naturais. Esses pequeninos seres eram antes invisíveis para nós; portanto os considerávamos inexistentes. Da mesma forma, agentes não biológicos, físicos (por exemplo os raios X e as radiações solares) ou químicos (gazes voláteis e venenosos), são para nós invisíveis. No outro extremo, do macro, igualmente considerávamos inexistentes corpos celestes que sempre existiram, independentemente de nossas crenças. Apesar de tantas lições recebidas, nossos cientistas muitas vezes ainda hesitam, aparentemente não assimilaram a idéia de que nossas crenças não alteram os fatos ou fenômenos externos a nós. 

 

Na literatura esotérica de todas as épocas se faz menção aos vórtices energéticos referidos pelo Coronel; não se os considera assunto especulativo, mas simplesmente um fato, como o é para nós médicos, por exemplo, a circulação sangüínea ou o sistema nervoso central. Alguns autores, embora possam ser classificados como esotéricos, tentam fazer uma ponte entre o oculto (no seu sentido místico) e o científico. Historicamente e até os dias de hoje, os cientistas "ortodoxos" menosprezam e ironizam seus companheiros que ousam "olhar para o outro lado", os quais são tratados com desdém porque ousaram "trair" o "Deus" da Ciência. De fato, esta acaba se endeusando, conscientemente 

 

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ou não, ao se apossar da prerrogativa de ser capaz de tudo explicar, e o que não explica, não faz mal, é por insuficiência de conhecimento; um dia explicará ... Afinal, não tem sido assim ao longo da história? Na verdade, não podemos criticar a ciência por ser "científica", mas podemos fazê-lo por esquecer que a magia de ontem é a ciência de hoje, pois quando assim age, trata aqueles que lidam com a ciência do amanhã, a magia de hoje, como se fossem indignos, charlatões ou mesmo seres inferiores, inferiorizados pela sua suposta credulidade e ignorância. 

 

Steve Richards, em seu livro "Invisibilidade" (1982), informa-nos que comprimentos de onda de luz superiores a cerca de 700 milimícrons são virtualmente invisíveis ao olho humano, já que se situam na região que designamos como infravermelha, a zona que é "mais vermelha que o vermelho mais vermelho". Da mesma forma, luzes com comprimento de onda muito curto, situam-se na região oposta, estão na região do ultravioleta, e também são invisíveis para a visão humana. A aura humana, nosso corpo energético, consistiria de radiações ultravioletas, por isso seriam invisíveis aos olhos humanos. 

 

Esse autor nos diz ainda que o espectro da visão humana pode ser alargado, sendo este alargamento realmente uma tendência evolutiva. Faz neste ponto uma citação de Richard Maurice Bucke, extraída de seu livro "Consciência Cósmica": 

 

"O nascimento do sentido da cor é muito posterior ao do intelecto. Temos a afirmação autorizada de Max Muller (Friedrich Max Muller, renomado orientalista anglo-germânico, que viveu de 1823 a 1900, que produziu um amplo estudo intitulado "Sacred Books of the East", com 51 volumes), segundo a qual: 'É bem sabido que a distinção das cores é recente; que Xenófanes só conhecia três das cores do arco-íris - violeta, vermelho e amarelo -, que até Aristóteles falava do arco-íris tricolor; e que Demócrito não conhecia mais do que quatro cores: preto, branco, vermelho e amarelo'. 

 

"Geiger demonstra - através do exame da linguagem - que há quinze ou vinte mil anos o homem só percepcionava uma cor. Pictet não encontra nomes de cores na linguagem indo-européia primitiva e Max Muller não descobre qualquer raiz sânscrita cujo significado faça qualquer referência à cor. 

 

"Num período mais recente, reconhecia-se a distinção entre vermelho e preto. 

 

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"Mais tarde, quando o RIG VEDA foi compilado, reconhecia-se o vermelho o amarelo e o preto como três sombras separadas mas estas três eram as únicas cores que o homem era capaz de apreciar. 

 

"Mais tarde ainda, acrescentou-se à lista o branco e depois o verde, mas tanto no RIG VEDA como no ZENDA AVESTA, nos poemas homéricos e na BÍBLIA, a cor do céu não é mencionada uma única vez, portanto, aparentemente não era reconhecida. Dificilmente esta omissão poderá ter sido acidental, uma vez que as dez mil linhas do RIG VEDA se ocupam largamente de descrições do céu e todos os seus efeitos visíveis - sol, lua, estrelas, nuvens, luzes, alvor e ocaso - são mencionados centenas de vezes. O mesmo acontece no ZENDA AVESTA, cujos autores, para quem a luz e o fogo - tanto terrestres como celestiais - são objetos sagrados, dificilmente poderiam ter omitido por acaso todas as menções ao céu azul. Na BÍBLIA, o céu e o paraíso são mencionados mais de quatrocentas e trinta vezes, e, ainda assim, não se faz qualquer menção (à sua cor). 

 

"A palavra inglesa BLUE e a alemã BLAU provêm de uma palavra que significava PRETO. O vocábulo chinês, HI-U-AN, que atualmente significa azul celeste, tinha, anteriormente, o significado de preto. A palavra NIL, que em persa e arábico se traduz por azul, é derivada do substantivo NILE, que é o rio NEGRO, que também assume a forma latina de NIGER". 

 

A implicação é óbvia, diz-nos Steve Richards, a nossa percepção humana amplia-se gradualmente, no sentido das cores, na direção do final azul violeta do espectro das cores. Isso significa que no futuro o homem deverá ter desenvolvido naturalmente a capacidade de ver as auras. Assim sendo, não nos devemos surpreender com o fato de que já hoje algumas pessoas sejam capazes de enxergar esse corpo energético, e que essa aptidão possa ser desenvolvida em outras através de treinamento adequado. 

 

Vamos examinar a seguir alguns fatos científicos que nos podem dar subsídios para compreender que as assertivas do Coronel em "A Fonte da Juventude", através de Kelder, talvez sejam merecedoras de uma atenção muito maior do que pareceria à primeira vista. Os fatos a que nos vamos referir os retiramos, todos, do excelente livro de Richard Gerber, "Medicina Vibracional", publicado em 1988. Antes de entrarmos nos fatos propriamente, vamos reproduzir três parágrafos do próprio autor, de seu prefácio, que podem dar-nos uma idéia do conteúdo e extensão de seu trabalho: 

 

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"Os meridianos da acupuntura, os chakras e nádis, o corpo etérico e outros sistemas superiores são partes da anatomia humana multidimensional que têm sido descritas por veneráveis escolas de cura de todo o mundo. Durante muito tempo a ciência ocidental ignorou as descrições de componentes etéricos da fisiologia porque sua existência nunca pôde ser documentada pela dissecção anatômica. Afinal de contas, quem alguma vez já viu o pretenso meridiano ao microscópio? Somente agora a tecnologia se desenvolveu o suficiente para começarmos a obter as primeiras confirmações de que os sistemas de energia sutil efetivamente existem e influenciam o comportamento fisiológico dos sistemas celulares. 

 

"Durante todos os anos que dediquei às minhas pesquisas, tentei reunir evidências científicas que comprovassem a existência de uma extensão da anatomia humana constituída por um campo de energia sutil. É somente através da aceitação dessa estrutura de fuincionamento multidimensional que os cientistas poderão começar a compreender a verdadeira natureza da fisiologia humana e os fatores responsáveis pela doença e pelo bem estar. As evidências que reuni provêm de diversas disciplinas e pesquisadores. Embora muitos dos estudos que juntei sejam conhecidos por aqueles que pertencem ao círculo da parapsicologia e da medicina holística, novos pontos de vista foram acrescentados aos trabalhos já existentes. 

 

"Muitos dos estudos relacionados com as formas alternativas da medicina não são conhecidos pelos que praticam a medicina ortodoxa, os quais afirmam com veemência que não existe nenhuma boa evidência que comprove a eficácia de práticas como a cura psíquica. Uma das razões pelas quais a maioria dos médicos nunca leu nada a respeito dos estudos que tratam de métodos de cura alternativos nas revistas médicas que assinam é o fato de haver um problema quase insolúvel associado às pesquisas na área da medicina vibracional. A questão é que uma revista médica de prestígio jamais publicaria um artigo de natureza controversa e que não contivesse nenhuma referência a trabalhos publicados em uma outra revista também de prestígio. Visto que nesse campo controverso ninguém consegue nenhuma penetração em revistas médicas ortodoxas, não existe obviamente fonte respeitável de referências dignas de crédito para citar. Assim, as revistas médicas permanecem seguras em suas torres de marfim de dogmatismo científico". 

 

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Passemos, então, aos fatos. 

 

Durante a década de 40 o neuroanatomista Harold S. Burr realizou um trabalho na Universidade de Yale. Estudando os campos de energia que envolvem os seres vivos, descobriu que as salamandras jovens possuíam um campo energético de forma semelhante à do animal adulto, o qual continha um eixo elétrico alinhado com o cérebro e a coluna vertebral. Mapeando estágios de vida cada vez mais precoces na embriogênese da salamandra, descobriu que o eixo elétrico se originava no óvulo não fertilizado. Utilizando marcadores e com micropipetas, fez injeções no interior da região axial do óvulo, conseguindo assim demonstrar que o eixo elétrico alinhado com o sistema nervoso da salamandra adulta era o mesmo eixo descoberto no óvulo não fertilizado. Com plantinhas novas descobriu que o campo elétrico existente ao redor dos brotos possuía a forma da planta adulta. Os resultados obtidos por Burr sugeriam que em qualquer organismo em processo de desenvolvimento, o desenvolvimento biológico era predeterminado pelo campo eletromagnético existente no organismo. Em outras palavras, um comando energético estava por trás das ordens repassadas pelo DNA nuclear, ou, ainda, o DNA comanda o processo de desenvolvimento do organismo, mas é também, por sua vez, ele próprio comandado desde outro ponto, não biológico, transcendente à própria biologia. 

 

Em Nova York o Dr. Robert O. Becker, ortopedista, realizou pesquisas com correntes elétricas no interior do sistema nervoso e regeneração de tecidos. Através do coto de um membro amputado de um animal de experimentação, é possível medir as alterações nos potenciais elétricos do coto nos dias que se seguem, durante o processo de cura e regeneração. Becker examinou as diferenças existentes nos potenciais elétricos de cotos de salamandras e rãs. Como todos sabemos, as salamandras são animais que têm a capacidade de regenerar completamente os membros que lhes forem amputados, o que não acontece com as rãs. Estudando os potenciais elétricos nos cotos de membros amputados de salamandras e rãs, percebeu que o potencial elétrico no local de regeneração dos tecidos, no caso das rãs, era positivo e que gradualmente, à medida que o coto ia sarando, tornava-se neutro. Já nas salamandras, após o estágio inicial de potencial positivo, semelhante ao das rãs, havia uma reversão da polaridade e era gerado um potencial negativo, e era esse potencial negativo que gradualmente voltava a ser neutro, à medida que a salamandra ia produzindo um novo membro. Que fez Becker? Produziu, na rã, artificialmente, um potencial negativo após o positivo, e a rã reproduziu, também, um membro inteiramente novo! 

 

Isto é, o DNA da rã recebendo comandos - elétricos - diferentes, manda ordens diferentes, que tem efeitos diferentes, que se traduzem, no caso, na regeneração do membro. Não tive oportunidade de pesquisar e acompanhar o desenvolvimento dessas pesquisas. Mas é deveras tentador extrapolar as consequências de um desenvolvimento positivo aplicado em humanos. Regeneração de membros em humanos, fantástico! Mas levaria à falência indústrias de próteses. Algo a ver?  

 

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Experiências desenvolvidas no Instituto de Pesquisa Stanford, em Palo Alto, Califórnia, sobre "visão remota" (capacidade de visão a distância), termo criado por Russell Targ e Harold Puthoff, físicos, um especialista em laser e outro em física quântica, mostraram que certas pessoas podem ver com nitidez a grandes distâncias. Participaram da experiência duas pessoas que tinham desenvolvida essa capacidade, o Sr. Ingo Swann, um artista de Nova York, e o Sr. Harold Sherman. Ambos foram capazes de proporcionar observações precisas, através da visão remota, sobre as condições planetárias em Júpiter, Marte e Mercúrio. Algumas das informações fornecidas por eles contrariavam as previsões astrofísicas contemporâneas. Anos mais tarde, através de missões da NASA e de dados obtidos por satélites, por meio de telemetria, foi confirmado o que os Srs. Swann e Sherman haviam observado "psiquicamente". Com que olhos puderam eles observar e descrever condições planetárias em Júpiter, Marte e Mercúrio? Com certeza, não com os olhos físicos limitados que todos conhecemos. Com algum "olho" de nossa anatomia invisível? possivelmente. 

 

Durante a década de 60, na Coréia, o professor Kim Bong Han, chefiando uma equipe de pesquisadores, efetuou estudos diversos a respeito da natureza anatômica do sistema de meridianos em animais. Sistema de meridianos constitui um sistema, invisível, de ductos, estudados pela acupuntura, que atravessa todos os tecidos corporais e através dos quais flui uma energia nutritiva, também invisível, que os chineses chamam de "ch'i". Essa energia penetra no corpo pelos pontos de acupuntura, daí fluindo até os órgãos e tecidos mais profundos levando o alimento energético invisível. Se esse fluxo energético é bloqueado a nível do sistema de meridianos, o órgão ou sistema de órgãos correspondente entra de alguma forma em desequilíbrio funcional, que pode ser mais ou menos grave, dependendo da natureza e intensidade do bloqueio. O professor Kim Bong trabalhou com coelhos e outros animais, injetando um isótopo radioativo do fósforo (P32) em determinado ponto de acupuntura do coelho, acompanhou a absorção da substância pelos tecidos circundantes. Com técnica de microautoradiografia, pôde perceber que o fósforo 32 era absorvido ativamente ao longo de um delgado sistema tubular com cerca de 0,5 a 1,5 mícrons de diâmetro, que seguia o traçado dos clássicos meridianos acupunturais. No tecido nas proximidades do local de injeção ou no tecido imediatamente contíguo as concentrações de fósforo 32 eram desprezíveis. Injetou também, deliberadamente, o fósforo 32 numa veia vizinha e verificou que nesse caso a quantidade da substância detectada na rede de meridianos era ou 

 

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pequena ou nula. Portanto, o sistema de meridianos era independente da rede vascular. 

 

O francês Pierre de Vernejoul, outro pesquisador, e colaboradores confirmaram as descobertas do professor Kim em seres humanos, usando isótopo radioativo do tecnécio. Os estudos histológicos do professor Kim permitiram mapear séries distintas de ductos de meridianos, mais ou menos externos, sendo que todos se achavam interligados e que os sistemas de ductos profundos (ductos terminais, que numa analogia física corresponderiam aos capilares sangüíneos) chegavam até o núcleo das células. 

 

Articulando os trabalhos do professor Kim e os do Dr. Harold Burr, informa-nos Gerber, é possível concluir que as pesquisas de Burr e Kim indicam que o sistema de meridianos constitui uma interface entre os corpos físico e etérico, que o sistema meridiano é o primeiro elo entre o corpo etérico e o corpo físico em desenvolvimento. Nas palavras de Gerber: "Assim, a estrutura organizada do corpo etérico precede e orienta o desenvolvimento do corpo físico. A tradução das alterações etéricas em alterações celulares físicas ocorre tanto na saúde como na doença". 

 

No Japão o Dr. Hiroshi Motoyama fez pesquisas envolvendo diretamente os chakras, pesquisas essas que produziram resultados experimentais que aparentemente confirmam a existência do sistema de chakras nos seres humanos. Os chakras fuincionariam como transformadores de energia e esta poderia fluir no sentido do corpo energético para o corpo físico ou vice-versa. A capacidade de fazer a energia fluir no sentido inverso, do corpo físico para o sutil, seria atributo de indivíduos que por treinamento desenvolveram sua consciência e concentração. Motoyama partiu do pressuposto de que se indivíduos treinados e desenvolvidos pudessem realmente manipular a energia a partir dos chakras, talvez fosse possível medir algum tipo de emissão bioenergética/bioelétrica em seus centros energéticos. Raciocinou que talvez reverberações secundárias da energia sutil pudesem ser captadas na forma de campos eletrostáticos. 

 

Nas próprias palavras de Gerber: 

 

"Motoyama construiu uma cabine registradora especial, feita com fios de chumbo, cujo interior estava protegido das perturbações eletromagnéticas externas. Dentro da cabine havia um eletrodo móvel de cobre que era posicionado no lado oposto ao dos diversos chakras do indivíduo que estivesse sento testado. O eletrodo media a intensidade do campo bioelétrico humano a uma deter- 

 

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minada distância da superfície do corpo. Ao longo do tempo, Motoyama efetuou múltiplos registros elétricos dos chakras de diversos indivíduos. Muitos dos indivíduos testados eram praticantes avançados de meditação e pessoas que já haviam tido experiências psíquicas. Quando o eletrodo era colocado diante de um chakra que o indivíduo afirmava ter sido estimulado (geralmente através de anos de meditação), a amplitude e a freqüência do campo elétrico sobre o referido chakra eram significativamente maiores que os valores registrados nos chakras dos indivíduos de controle. Motoyama descobriu que certas pessoas tinham a capacidade de emitir energias conscientemente através de seus chakras. Quando o faziam, Motoyama podia detectar significativas perturbações do campo elétrico, que emanavam a partir dos chakras ativados. Ao longo de diversos anos de experimentos, esse fenômeno manifestou-se diversas vezes no laboratório de Motoyama. Utilizando um equipamento semelhante, Itzhak Bentov, um pesquisador que se dedicou ao estudo das alterações fisiológicas associadas à meditação, também reproduziu as experiências de Motoyama a respeito da emissão de energia eletrostática pelos chakras.  

 

"Um outro trabalho interessante, conduzido pela Dra. Valerie Hunt, da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, utilizou um equipamento de mensuração um pouco mais convencional para o estudo dos chakras e do campo de energia humano. Hunt usou eletrodos de eletromiograma (normalmente utilizados para medir os potenciais elétricos dos músculos) para estudar as variações de energia bioelétrica nas áreas da pele que correspondiam às posições dos chakras. Esses eletrodos estavam ligados a equipamentos de telemetria que transmitiam dados para uma cabine registradora, onde vários tipos de oscilógrafos registravam as flutuações energéticas que ocorriam nesses pontos do corpo. O mais curioso é que Hunt observou a emissão de oscilações elétricas regulares sinusoidais de alta freqüência a partir desses pontos, fato que anteriormente jamais fora registrado ou relatado na literatura científica. A faixa de frequência normal das ondas cerebrais está compreendida entre 0 e 100 ciclos por segundo (cps), com a maioria das informações ocorrendo entre 0 e 30 cps. A frequência muscular vai até cerca de 225 cps e a cardíaca chega a mais ou menos 250 cps. As leituras dos chakras geralmente estão numa faixa de freqüência que vai de 100 a 1600 cps, números muito acima dos valores tradicionalmente encontrados para as formas de energia radiante originárias do corpo humano."

 

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A Dra. Hunt fez também outras experiências com o auxílio de Rosalyn Bruyere, que era uma pessoa que com treinamento tinha desenvolvido a capacidade de ver as auras humanas. Nas experiências realizadas Rosalyn Bruyere ficou encarregada de observar os campos energéticos dos indivíduos enquanto os chakras eram monitorados eletronicamente; naturalmente que no período de observação da aura ela não tinha acesso aos registros de atividade elétrica detectados no eletromiograma através dos eletrodos fixados nos locais anatômicos correspondentes aos chakras. Resultado das experiências: as observações áuricas feitas por Rosalyn Bruyere quanto às cores nos campos energéticos dos indivíduos apresentavam uma correlação perfeita com os registros eletromiográficos. Foi possível na continuidade estabelecer padrões de onda diferentes para cada uma das cores áuricas observadas. Por exemplo, a cor áurica branca correspondia a uma freqüência de cerca de 1000 cps. Hipótese da Dra. Hunt: "esse nível de alta frequência (1000 cps) é, na verdade, um subarmônico de um sinal original de freqüência na faixa de muitos milhares de ciclos por segundo; um subarmônico da energia sutil original do chakra". Em outras palavras, nossos aparelhos de detecção são rudimentares, conseguem captar no momento somente pálidos reflexos das altíssimas freqüências energéticas que circulam nos órgãos de nosso corpo invisível. 

 

Pelas informações que nos são trazidas pela literatura esotérica os chakras são centros energéticos que existem em diversos níveis. Teríamos, de acordo com essa literatura, diversos corpos energéticos, sendo que cada um deles teria seus chakras correspondentes. Assim, teríamos o corpo etérico, o corpo astral ou emocional e o corpo mental (para não mencionar outros corpos ainda mais sutis, de freqüências muitíssimo mais elevadas e que são chamados de corpos superiores). Cada um desses corpos energéticos teria seus chakras e a energia vital que anima o corpo físico seria proveniente de níveis superiores de energia, entrariam nos chakras do corpo mental e estes "transformadores de energia" mentais reduziriam a freqüência energética para freqüências menores, compatíveis e assimiláveis pelo corpo emocional ou astral, que as usaria e as repassaria para o corpo energético subseqüente, o etérico, que, por sua vez, a repassaria (à energia), também transformada, isto é, com freqüência reduzida, para o corpo físico, que a usaria na forma de energia vital para animar e alimentar os processos fisiológicos que se desenvolvem em nível físico. Ainda segundo a literatura esotérica, e também segundo informações do Coronel em "A Fonte da Juventude", cada chakra está ligado, corresponde, anima certas glândulas do sistema 

 

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físico. Assim, por exemplo, o chakra da garganta está associado à tireóide e paratireóide; o chakra do coração, à glândula timo. Será que as experiências científicas já realizadas nos confirmam essa relação chakra-glândulas endócrinas? Nas experiências do professor Kim, já vistas acima, foi extraído um fluido do sistema tubular meridiano e verificou-se que esse fluido apresentou concentrações elevadas de DNA, RNA, aminoácidos, ácido hialurônico, dezesseis tipos de nucleotídeos livres, adrenalina, corticosteróides, estrógeno e outras substâncias hormonais em níveis muito diferentes daqueles encontrados normalmente na corrente sangüínea. A adrenalina foi encontrada numa concentração no fluido meridiano que era duas vezes maior que a concentração da corrente sangüínea. Nos pontos de acumpuntura a concentração de adrenalina era simplesmente DEZ vezes maior que a dos níveis sangüíneos!

 

Diante de tudo isso que vimos, podemos perfeitamente perguntar, deixando a resposta a critério de cada leitor: quem está errado, o Coronel e toda a literatura esotérica e também os cientistas que fizeram experiências baseadas na premissa de existência de uma anatomia invisível? Ou os cientistas ortodoxos, cheios de canudos e "Phds", que do alto da pilha de diplomas e certificados dizem que "tudo isso é bobagem, nada tem comprovação científica"?  

 

Há um provérbio popular que diz que o pior cego é aquele que não quer ver. Acreditamos que as informações que vimos acima, extraídas do livro de Gerber, já são mais que suficientes para aguçar e inquietar as mentes daqueles que as têm abertas ao novo e naturalmente não fazem parte do clube dos que não querem ver. Mas insistamos um pouco mais; busquemos um pouco mais de luz para clarear essa área de sombra que divide os dois grupos de pensadores e pesquisadores. Gerber tentou ser o mais completo possível, e o conseguiu, continuará portanto sendo nossa fonte. 

 

Na Carolina do norte o Dr. Robert Morris realizou experiências pioneiras na Fundação de Pesquisa Psíquica, em Durham. Procurou reunir evidências físicas que comprovassem a presença do corpo astral (ou emocional) em lugares remotos. Trabalhou com um estudante de psicologia, chamado Keith Harary, que afirmava ser capaz de desdobrar-se e sair de seu corpo físico, deixando-o e indo a outros lugares com o corpo astral. Morris usou em sua experiência um detector vivo, o gatinho de estimação de Keith, e verificou que quando o corpo astral de Keith estava presente na sala o gatinho se deitava e ficava quieto; sem o corpo astral de Keith, ele era ativo e irriquieto. A atividade do gato foi quantifica-

 

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da através da divisão de um compartimento aberto em quadrados numerados, sendo que o número de quadrados percorridos pelo gato num espaço de tempo foi usado como índice de movimentação. Houve filmagem do gato durante os períodos de controle e os períodos de experimentação quando Keith penetrava no comportimento com o corpo invisível, que na experiência foi chamado de "segundo corpo". O gatinho sozinho no compartimento mantinha-se ativo, miava com freqüência e tentava sair do compartimento. Com o segundo corpo de Keith supostamente presente ele ficava extremamente quieto e calmo. O resultado repetiu-se por quatro sessões experimentais. 

 

Outro trabalho, este feito pelo Dr. Karlis Osis, na Associação Norte-Americana para a Pesquisa Psíquica, em Nova York. O colaborador foi Alex Tanous, também dotado da capacidade de sair de seu corpo físico e andar com seu corpo astral. O Dr. Karlis criou um dispositivo através do qual eram apresentadas diferentes imagens a um observador, na dependência do ângulo de que era visto. Usando esse dispositivo, colocou numa caixa várias figuras de tal modo que uma imagem, que era uma ilusão óptica, poderia ser vista, com a condição de que o observador olhasse a partir de uma vigia situada numa das paredes laterais da caixa. Qualquer outra posição do observador não possibilitaria a visão da imagem assim criada. Colocou também detectores de tensão elétrica dentro das caixas, com o objetivo de mensurar possíveis alterações que ocorressem quando Tanous ali estivesse com seu corpo astral. Pois bem, naquelas ocasiões em que Alex foi bem-sucedido em seus "passeios" astrais e conseguiu observar a caixa através da vigia, sua descrição do que viu foi coincidente com a ilusão óptica, e além disso, os detectores de tensão elétrica revelaram flutuações na saída de energia, indicando a ocorrência de algum tipo de perturbação associada à presença do corpo astral de Alex. 

 

Outro trabalho, mais sofisticado, foi feito usando um magnetômetro blindado supercondutor. Foi realizado no Instituto de Pesquisa Stanford pelos físicos H.Puthoff e R.Targ. O magnetômetro, também conhecido como detector quark, fazia parte de um experimento que estava sendo desenvolvido pelo departamento de física da Universidade Stanford, e era fisicamente inacessível por estar enterrado numa galeria subterrânea situada abaixo do edifício do Departamento de Física. Era também blindado por camadas de alumínio, cobre e por um revestimento supercondutor. Antes do experimento, para o qual foi solicitada a colaboração do Sr. Ingo Swann, por sua capacidade de se desdobrar e sair do corpo físico,foi produzido um campo magnético declinante no interior do 

 

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magnetômetro, para que se tivesse um sinal de fundo para calibração. Este sinal de fundo era registrado como um traço senoidal oscilante. Resultado: o Sr. Ingo Swann conseguiu desenhar com exatidão as camadas interiores do magnetômetro através de observações realizadas quando em seu corpo astral, e durante o período em que supostamente estava olhando o interior do magnetômetro os registros indicaram duplicação na onda senoidal do campo magnético. Ainda, várias outras perturbações no campo magnético foram registradas, bastando para isso que o Sr. Swann dirigisse sua atenção para o magnetômetro. Outros cientistas do Departamento de Física de Stanford acharam significativos os resultados, mas consideraram que o experimento não foi "cuidadosamente controlado". E assim se comporta a ciência, se um de seus militantes fizer um carro andar sem nenhuma espécie de combustível, com observação e cobertura de toda a imprensa, com observadores da indústria automobilística, dos fabricantes de combustíveis, etc., sempre haverá os outros militantes que virão e dirão, "interessante, mas a experiência não foi cuidadosamente controlada". 

 

Nas palavras de Gerber,

 

"Esses experimentos, vistos em conjunto, indicam que o fenômeno da projeção astral realmente existe. Além disso, as evidências indicam que o corpo astral pode criar perturbações magnéticas nas energias de oitavas harmônicas inferiores, as quais podem ser detectadas por equipamentos eletrônicos sensíveis. Embora até o momento não tenha sido possível fotografar o corpo astral, esse feito pode vir a se tornar possível no futuro (...). Se o princípio subjacente às fotografias do corpo etérico envolve a manipulação de freqüências energéticas em ressonância harmônica com as energias etéricas, então esse mesmo fenômeno talvez possa ser utilizado para captar imagens do corpo astral. A única diferença entre os aparelhos de exploração do corpo etérico e do corpo astral seria a freqüência de energia necessária para excitar ressonantemente o corpo astral. Se o corpo astral realmente existir, tal como acontece com o corpo etérico (Gerber desenvolve bastante este estudo, mostra que a existência do corpo etérico, praticamente já não pode ser questionada), haveria modelos científicos que pudessem explicar a existência e, até mesmo, o comportamento desses fenômenos de dimensões superiores?"

 

Gerber desenvolve o estudo de pesquisas feitas pelo Dr. William Tiller, professor da Universidade Stanford e ex-chefe do Departamento da Ciência dos Materiais dessa instituição. A partir do estudo da equação de Einstein, e=m.c2 na sua forma completa, já que esta equação, mais conhecida, é uma forma reduzida por uma constante de proporcionalidade, o professor Tiller desenvolveu um modelo gráfico de "Espaço/ 

 

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Tempo Positivo-Negativo", que nos permite compreender, teoricamente, a existência de corpos energéticos mais sutis. A constante de proporcionalidade que reduz a equação completa é conhecida como "Transformação de Einstein-Lorentz", e se constitui num "fator relativístico que descreve o modo pelo qual diferentes parâmetros de mensuração, da distorção do tempo e alterações no comprimento, largura e massa irão variar de acordo com a velocidade do sistema que estiver sendo descrito". 

                                     

                                         A equação de Einstein completa tem a seguinte forma: 

 

                                                                                   m.c2

                                                                   E = __________________

                                                                             (1 - v2 / c2) (*) 

 

      (*) o denominador na fração acima é raiz quadrada de (1-v2/c2) - (não consegui representar) 

        E = energia;  m = massa;  c = velocidade da luz;  v = velocidade do sistema em estudo 

 

Não vamos nos adentrar nesta questão, fugiria demais de nosso tema (e também não temos qualificação para isso). Apenas como curiosidade registramos que trabalhos do Dr. Tiller chegaram a uma quantificação aproximada da velocidade de vibração da matéria astral, que estaria entre 1010 a 1020 vezes maiores que a velocidade da luz, sempre segundo Gerber.

 

(Velocidades maiores que a velocidade da luz? Entramos no mundo quântico? Conexões não locais?) 

 

Temos então elementos para avaliar que por trás das palavras simples do Coronel existe uma enorme complexidade de fenômenos cujo estudo científico está apenas iniciando, à revelia e apesar das mentes dogmáticas que formam o arcabouço do edifício científico oficial. Interessante é observarmos que o Coronel, quando fala dos vórtices girarem a grandes velocidades, apesar de estar tratando especificamente de rejuvenescimento, não fala num "corpo jovem", mas num "corpo saudável". Relembremos: "Num corpo SAUDÁVEL, todos esses vórtices giram...", e mais adiante, no final da frase, diz "...e disso resulta o envelhecimento OU A DOENÇA". Poderia o Coronel nos estar querendo dizer mais do que mostram as palavras num olhar mais superficial? Analisemos esta questão: ao se referir a um corpo saudável está nos dizendo que um corpo não precisa ser jovem para ser saudável (conceito arraigado em nossas mentes ainda hoje), e no final do parágrafo, ao dizer que com a diminuição da velocidade de rotação dos vórtices resulta o envelhecimento ou a doença, está nos dizendo que as doenças são equacionáveis ao envelhecimento, ou vice-versa. Colocando de outra forma: envelhecimento é doença, ou, ainda, as doenças de modo geral também são conseqüências de alterações nos chakras, alterações estas que ocasionam inibição ou bloqueio do fluxo de energia vital, o que está perfeitamente compatível, como vimos, com as descobertas que estão sendo feitas por cientistas que se estão debruçando sobre a questão. 

 

 

[pág.167]                                                        CAPÍTULO IX 

                                                               

                                                                ALÉM DO VENTO NORTE

          24.03.23: ESTE CAPÍTULO NÃO REPRESENTA MAIS O PENSAMENTO DO AUTOR 

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Como temos visto nos capítulos precedentes, a questão da longevidade humana talvez se preste para mais polêmica do que pareceria numa avaliação mais superficial. A esta altura de nosso vôo livre panorâmico, temos que necessariamente fazer outra pergunta: existe algum lugar na Terra (com exceção de mosteiros longínquos), onde as pessoas possam, de alguma forma, por motivos que não podemos compreender, até por falta de informações, conservar longevidades consideravelmente maiores que a nossa, oficial, de 120 anos? Se existe algum lugar assim, que lugar é este, por que não temos conhecimento dele, por que as pessoas desse lugar não fazem contato conosco, ou vice-versa? Tentaremos agora responder a essas questões, buscando ajuda em conhecimentos, opiniões e fatos que são públicos. Para tanto consideramos que informações que foram colocadas em livros, os quais foram colocados em livrarias, locais públicos de livre acesso, são informações de domínio público. 

 

Em 1908 foi publicado o livro The Smoky God, do novelista americano Willis George Emerson. Este autor conheceu um velhinho de cerca de 90 anos a quem teve oportunidade de ajudar. Da amizade que surgiu e motivado pela gratidão e por sua idade avançada, o velhinho, que se chamava Olaf Jansen, contou ao novelista uma história fantástica, que mais tarde foi colocada no livro. O Sr. Olaf Jansen era um norueguês, ex-pescador, que tinha trabalhado e economizado durante vinte e seis anos para ir para os Estados Unidos; antes disso tinha passado, em sua terra, vinte e quatro anos internado como louco. Seu internamento tinha ocorrido depois de uma viagem de mais de dois anos que fizera, tinha partido com seu pai, também pescador, e tinha retornado sozinho. Seu pai tinha ouvido falar de uma terra de exuberância, beleza e calor que ficava "além dos ventos do norte". O desejo de conhecer tal lugar fez com que corajosamente, ou temerariamente, partissem em seu pequeno barco de pesca em direção ao pólo norte. Em o fazendo, e auxiliados por uma tempestade de vento na maior parte da viagem, chegaram final-

 

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mente à tal terra, onde encontraram pessoas e cidades. Aprenderam a língua daquele povo e lá permaneceram por dois anos. A civilização que conheceram era muito avançada em conhecimentos científicos; a telepatia era normal entre eles e suas fontes de energia eram diferentes, superiores às nossas, dominavam técnicas de retirada de energia diretamente do eletromagnetismo da atmosfera, dominavam técnicas de construção de discos voadores, tinham três metros e sessenta centímetros de altura e viviam de 400 a 800 anos. Em seu retorno, um acidente causado por um iceberg que se quebrou e atingiu seu barco causou a morte do pai e ele foi salvo. Foi então, ao retornar, contar sua aventura e de seu pai, que foi considerao louco e internado. À custa de vinte e quatro anos confinado como louco, aprendeu que não mais deveria abrir a boca para contar a quem quer que fosse sua experiência. Assim, trabalhando e economizando por vinte e seis anos pode ir embora para os Estados Unidos, onde ao final de sua vida contou a história ao novelista, a quem deixou também seus mapas e manuscritos que tinha guardado. Detalhe importante: seu retorno foi feito pelo pólo sul, isto é, na ida foram para o pólo norte, no retorno vieram do pólo sul!  

 

Uma história dessas só nos poderia parecer fantástica, a menos que a localizemos em seu devido contexto; foi extraída de um livro escrito em 1969 pelo cientista Raymond Bernard, com o título de "A TERRA OCA". Este livro defende a teoria de que nosso planeta não é uma esfera sólida como se pensa vulgarmente e como é considerado oficialmente (para consumo popular) pela ciência. Seria, em vez disso, oca, teria uma crosta externa, onde habitamos, e outra interna, habitada por outras civilizações muito mais antigas e avançadas que a nossa, em todos os sentidos, tecnológica e espiritualmente. Nos pólos haveriam então aberturas, concavidades que dariam acesso à crosta interna da Terra. 

 

Outra história, extraída do mesmo livro, esta contada pelo Dr. Nephi Cottom, de Los Angeles, referentes a um de seus pacientes, um homem de ascendência nórdica. Contou-lhe este paciente o seguinte: num verão, quando morava perto do Círculo Ártico, resolveu, juntamente com um amigo, fazer uma viagem de barco. Decidiram que iriam tão longe quanto pudessem, rumo ao norte; assim, armazenaram provisões e partiram num barco de pesca com vela e com um bom motor de popa, rumo ao norte. Passados trinta dias de viagem se encontraram numa "estranha e nova região", tão quente que à noite às vezes não conseguiam nem dormir. Continuando a viagem ficaram assombrados ao verem à frente do mar aberto e quente, em que se encontravam, uma grande montanha, onde, em determinado ponto, o oceano parecia estar desembo- 

 

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cando; continuaram naquela direção e se viram num vasto e profundo vale. Mais adiante surpreenderam-se mais ainda ao verem um sol diferente brilhando. "Um sol brilhando dentro da Terra!", foi como colocou o paciente, que evidentemente quando fez o relato já sabia do que estava falando. Continuemos a história com o relato textual do paciente: 

 

"O oceano, que nos tinha levado para dentro do interior oco da Terra, gradualmente transformou-se num rio. O rio ia, como descobrimos mais tarde, através de toda a superfície interna do mundo, de uma extremidade à outra. Ele pode ir, se se o segue toda a vida, do Pólo Norte até o Pólo Sul. 

 

"Vimos que a superfície interna da terra é constituída, como a outra (a externa) o é, de terra e água. Há abundância de luz solar e muita vida, tanto animal quanto vegetal. Navegando mais e mais, para dentro desta região fantástica, fantástica porque tudo era de tamanho grande em comparação com as coisas do lado de fora. As plantas são grandes, as árvores enormes e, finalmente, chegamos até os gigantes

 

"Eles viviam em lares e cidades, da mesma maneira como o fazemos na superfície da Terra. Usavam um tipo de condução elétrica, semelhante a um monotrilho, para transportar as pessoas. Corria ao longo das margens do rio, de cidade para cidade. 

 

"Vários dos habitantes do interior da Terra - gigantes, enormes - descobriram nosso barco no rio e ficaram muito surpresos. Entretanto, foram bastante amistosos. Fomos convidados a jantar com eles, nos seus lares, e assim separei-me do meu companheiro, seguindo ele com um gigante para o lar deste, e eu indo para a casa de outro gigante. 

 

"Meu amigo gigantesco me levou para a sua casa, apresentando-me à sua família, e fiquei completamente aterrorizado ao ver o tamanho enorme de todos os objetos de seu lar. A mesa de refeições era colossal. Foi posto na minha frente um prato com uma quantidade tão grande de comida que poderia me alimentar, abundantemente, por uma semana. O gigante me ofereceu um cacho de uvas e cada uva do tamanho de um de nossos pêssegos. Provei uma e achei bem mais doce do que qualquer uma que tivesse comido 'do lado de fora'. No interior da Terra todos os frutos e hortaliças são bem mais gostosos e saborosos do que os que temos na superfície externa da Terra. 

 

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"Permanecemos um ano com os gigantes, apreciando tanto o seu companheirismo quanto apreciavam nos conhecer. Observamos muitas coisas estranhas e fora do comum durante nossa visita a esse povo notável e ficávamos continuamente assombrados diante do seu progresso científico e das suas invenções. Durante todo o tempo, jamais foram inamistosos para conosco, e permitiram que retornássemos para os nossos próprios lares, do mesmo modo que fomos - de fato, ofereceram-nos cortesmente proteção em caso de a necessitarmos, na viagem de regresso". 

 

As duas histórias que vimos acima são, segundo o autor, completamente independentes uma da outra. Segundo essas histórias, e é esta a teoria defendida pelo Sr. Raymond Bernard em seu livro, como já vimos, nosso planeta é realmente oco e não maciço. Para podermos aceitar as histórias relatadas e conseqüentemente as longevidades referidas numa delas, de 400 a 800 anos, e a própria existência dos gigantes, referidas nas duas, temos de necessariamente aceitar primeiro a possibilidade, pelo menos, da procedência da teoria da Terra ser realmente oca. Assim, continuaremos, alimentados pelas informações colhidas por Raymond Bernard e espalhadas ao longo do seu livro, a analisar essa questão. 

 

                                                                       WILLIAM REED 

 

Em 1906 foi publicado um livro, em Nova York, de autoria de William Reed, com o título de The Phantom of de Poles. Reed apoiou-se em extensa bibliografia de relatórios de exploradores árticos para apresentar sua teoria de que nosso planeta não era uma esfera sólida como se supunha até então, mas, sim, oco por dentro, com aberturas nos pólos norte e sul, que assim acessavam o interior da Terra. 

 

Dessa forma, os pólos não poderiam existir geograficamente, uma vez que na região polar o que realmente havia eram concavidades que conduziam para dentro do planeta; dessa forma os pólos se constituíriam em pontos virtuais localizados no centro da enorme concavidade, e isso é que explicava que nenhum explorador tivesse jamais conseguido alcançar o pólo norte (ou sul), apesar das diversas tentativas feitas ao longo dos anos por diversos exploradores. Todos esses exploradores observaram, sem exceção, que ao norte longínquo o funcionamento da bússola era anormal, errático, quando se aproximavam do pólo, e, se seguiam adiante mais para o norte, a bússola tomava uma posição vertical. Esta observação do comportamento da bússola não é compatível com a presunção 

 

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de ser o planeta uma esfera maciça, já que a macicez planetária implicaria a existência de um ponto geográfico, concreto, coincidindo com o pólo norte magnético. Já a existência de uma abertura polar explicaria perfeitamente o funcionamento da bússola, tomando uma posição vertical quando se adentrasse na abertura polar. 

 

A Terra é achatada nos pólos. Isto é consenso científico. Segundo Reed a concavidade polar que culmina na abertura subtrairia massa da suposta esfera, na proporção exata do tamanho da abertura. Isto explicaria também por que as noites são tão compridas no norte distante. Nas próprias palavras de Reed: "Por que o sol não aparece por tanto tempo no inverno, perto dos supostos pólos? Porque durante o inverno o sol incide sobre a terra obliquamente perto dos pólos. Quando se passa a margem da abertura polar e se aproxima do interior da Terra, afunda-se para dentro do interior oco. Os raios do sol são então interceptados e não aparecem novamente até que incidam naquela parte da terra mais diretamente e brilhem para dentro do interior oco". O fato de o Sol ficar ausente por períodos anormalmente longos no norte longínquo não poderia acontecer se a terra fosse redonda e sólida, nem mesmo se fosse levemente achatada nos pólos. Não é científico nem racional manter uma teoria mesmo quando fatos a desmentem flagrantemente, e todos os exploradores relataram e relatam que após uma certa latitude as noites passam a tornar-se mais compridas. Reed dizia que "A única explicação é que estes exploradores entraram na abertura do Pólo Norte; e quando entraram, os raios solares foram interceptados, para reaparecerem somente quando o sol está alto bastante no céu, quando então brilham dentro dela" (da abertura). 

 

A Aurora Boreal seria, para Reed, um reflexo de fogo no interior da Terra, fogo esse que acreditava provir de vulcões em atividades existentes no interior, nas proximidades da abertura polar. Os vulcões explicariam também as grandes, às vezes enormes quantidades de poeira que eram constantemente encontradas pelos exploradores no Oceano Ártico, poeira que já fora analisada e era constituída de carbono e ferro, compatíveis com poeira vulcânica. Como se sabe não existir vulcão ativo perto do Oceano Ártico, a origem de tal poeira vulcânica só pode ser explicada com a existência de vulcões na região interna da Terra. além disso, isso explicaria também a existência da "neve preta" observada frequentemente pelos exploradores, pois o pó preto, de carbono e ferro, colore a neve de preto. Os exploradores referiram também a existência de neve colorida na região ártica - vermelha, verde e amarela. Essa coloração, segundo Reed, seria causada por materiais vegetais em suspensão no ar, em uma densi- 

 

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dade tal que, ao caírem, colorem a neve. Estes materiais seriam botões ou pólens de plantas, trazidos do interior oco pelos ventos, assim como a poeira vulcânica. Também, não se encontra neve colorida a não ser no norte mais longínquo, o que descarta a possibilidade de os materiais vegetais que a colorem serem procedentes da superfície, pois não há desenvolvimento de plantas nas vizinhanças do Oceano Ártico. 

 

Outra prova importante de que a Terra é oca, segundo Reed, é o fato de ser mais quente perto dos pólos. Todos os exploradores que se aventuraram mais longe em direção ao extremo norte observaram esse fenômeno: a temperatura ia aumentando, a vida vegetal aumentava, os animais tornavam-se mais abundantes e a neve e o gelo desapareciam. Reed cita "A Última Viagem do Capitão Hall", em que, sobre o norte distante, se lê: Achamos esta região bem mais quente do que esperávamos, livre de neve e gelo. Achamos uma região onde a vida é abundante, com focas, gansos, patos, bois almiscarados, coelhos, lobos, raposas, ursos, perdizes, roedores, etc.". 

 

O Dr. Fridtjof Nansen é citado como o explorador que foi mais longe ao norte do que qualquer outro. A seu respeito, Ottmar Kaub faz o seguinte comentário: 

 

"Em 03 de agosto de 1894, o Dr. Nansen foi o primeiro homem na história a alcançar o interior da Terra. O Dr. Nansen ficou perdido e o admitiu. Ele ficou surpreso com o tempo quente lá. Quando encontrou o rastro de uma raposa reconheceu que estava perdido. 

 

"Como podiam os rastros de raposa estar ali, pensou ele. Tivesse ele sabido que tinha entrado na abertura que leva ao interior oco da terra e que esta era a razão por que quanto mais ao norte ficava mais quente, teria encontrado não somente rastros de raposa, porém, mais tarde, pássaros tropicais e outros animais e, finalmente, os habitantes humanos desta "terra além do Pólo' ". 

 

Bernard, citando Nansen, escreve que o mesmo observa em seu livro que "Era um sentimenrto estranho estar navegando na noite escura para terra desconhecida, sobre um mar aberto, onde nenhum navio tinha estado antes", e nota quão ameno era o clima para a época (setembro). "Quanto mais ao norte foi, menos gelo viu". Nas próprias palavras de Nansen: "Há sempre o mesmo céu escuro à frente, o que significa mar aberto. Poucos podem pensar, em casa, na Noruega, que estamos navegando direto para o Pólo em água clara. Eu próprio não o teria acreditado se alguém o tivesse previsto há duas semanas, mas é a verdade. 

 

 

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Não é isto um sonho?". Três semanas depois, observando que a água estava ainda aberta e não congelada, escreve: "Tão longe quanto o olho pode ver, do cesto da gávea, com o pequeno óculo de alcance, não há fim para as águas abertas". Nansen não encontrou gelo em sua viagem para o norte, em latitude muito elevada. Sobre o pó preto abundante a certa altura da viagem, Nansen diz ser uma das principais razões para querer voltar para casa, tal a abundância com que caía nos navios: "Vamos voltar para casa! Para que permanecermos aqui? Somente poeira, poeira e poeira!". Chama também Nansen uma atenção especial para o calor encontrado: "Devemos quase imaginar-nos em casa"; estava num dos pontos mais longínquos ao norte já alcançado por um explorador, no entanto o clima era ameno e agradável. Reed comenta, a esse respeito, que os ventos extremamente fortes do interior da Terra não apenas elevam consideravelmente a temperatura da vizinhança do Oceano Ártico, mas influenciariam até à distância de seiscentos e cinqüenta quilômetros. Nada em sua opinião, a não ser uma tempestade de vento proveniente do interior da Terra, poderia causar esse efeito. Sobre a vida no extremo norte, Nansen disse que era uma terra que tinha abundância de ursos, tordas e alcas pretas, e devia ser um "Canaã, de leite e mel". 

 

Outro explorador ártico foi o Tenente Greely. Vejamos o que ele nos diz em sua descrição, quando de sua passagem sobre a curvatura que conduz para dentro das aberturas polares: 

 

"O profundo interesse com que tínhamos até então prosseguido na nossa jornada, foi então grandemente intensificado. Os olhos do homem civilizado nunca viram e os seus pés jamais pisaram o terreno sobre o qual estávamos viajando. Um forte e fervoroso desejo de seguir para a frente, na maior velocidade, se apossou de todos nós. À proporção que nos aproximávamos de cada contraforte de terra que se projetasse à nossa frente, nossa ansiedade para ver o que estava além tornava-se tão intensa, que às vezes chegava a ser dolorosa. A cada ponto que chegávamos, um novo cenário se abria à nossa vista, e sempre à frente havia um ponto que cortava uma parte do horizonte e nos causava um certo desapontamento". 

 

Vejamos a explicação de Reed: "Se Greely e seus companheiros estivessem passando para o interior da Terra, eles achariam certamente que a Terra tinha ali uma curvatura maior do que em qualquer outro lugar; e enquanto passavam sobre e em volta do ponto mais distante do norte, cada projeção alcançada seria seguida por outra, que sempre parecia esconder parte do horizonte. Isto é exatamente o que aconteceu".  

 

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Greely fala de águas abertas durante o ano todo no norte longínquo, e outros exploradores árticos o confirmam. 

 

Conta-nos Bernard que Greely escreveu um livro descrevendo suas observações no Ártico, com o título de Three Years of Artic Service, onde em seu prefácio diz que as maravilhas da região ártica eram tão grandes que se sentia obrigado a modificar as suas notas reais, feitas na ocasião, atenuando-as para evitar de ser exagerado. Comentário de Bernard: "Que as regiões árticas sejam tão cheias de vida e de estranhas evidências de vida mais longe ao norte, que um explorador não possa descrevê-las sem ser acusado de exagerado, é certamente uma coisa muito estranha se estas regiões apenas levam a uma terra estéril, de gelo eterno, de acordo com as teorias geográficas mais antigas. Greely fala de pássaros de espécies desconhecidas, de borboletas, de moscas e de temperaturas de 8 a 10 graus, e de uma madeira fresca boiando, bem como de ramos de salgueiro para acender fogo. Achou duas flores diferentes de qualquer uma que jamais tivesse visto". 

 

Outra questão levantada por Reed: "Onde são formados os icebergs e como?". Eis a sua resposta: "No interior da Terra, onde é quente, os rios fluem para a superfície pela abertura polar. Quando chega do lado de fora, no Círculo Ártico, onde é muito frio, o deságue dos rios congela, formando os icebergs. Isto continua por meses, até que, devido ao tempo mais quente do verão e ao calor da Terra, os icebergs se quebram e ficam soltos no oceano. (O fato de que os icebergs são formados de água doce e não de salgada prova esta teoria). Que é que ocasiona as ondas de maré no Ártico? Elas são causadas pela queda dos icebergs no oceano, quando deixam os lugares onde foram formados. Esta é a resposta porque nada mais pode produzir uma fração da movimentação causada por um iceberg monstro, quando mergulha no mar. Vários exploradores citam grandes rochas e matações em cima e encravados nos icebergs. Estes matações ou são atirados lá pelos vulcões ou são arrancados quando os icebergs deslizam pelos rios no interior da Terra". 

 

A respeito dos locais onde se originam os icebergs, escreve Reed: "Durante os últimos trezentos anos uma corrente contínua de exploradores tem tentado alcançar o Pólo, tanto o Ártico quanto o Antártico, mas ninguém viu ainda um iceberg no ato de deixar o local original em que foi formado e de mergulhar no oceano. Não é estranho que ninguém pensasse em perguntar pelos seus locais de origem?". 

 

Refere-nos Bernard que Reed foi buscar sustentação para sua teoria de que os icebergs, formados de água doce, não podem formar-se no 

 

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lado de fora da Terra e devem vir da água doce dos rios do seu interior, nos escritos de Bernacchi, segundo os quais: "Houve menos de cinqüenta milímetros de chuva em onze e meio meses e, embora nevasse, onde poderiam reunir bastante água para formar um iceberg? Entretanto, o maior de todos da Terra está lá - um que é tão grande que é chamado de a Grande Barreira de Gelo, em vez de iceberg - tendo mais de seiscentos e cinqüenta quilômetros de comprimento e oitenta quilômetros de largura. Está assentado em seiscentos e quarenta metros de água e se eleva de vinte e cinco a sessenta metros acima da água".

 

Vejamos o comentário que faz Reed: 

 

"Seria impossível para este iceberg se formar numa região sem chuvas e neve, praticamente. Como os icebergs são formados de água congelada e como não há água para ser congelada, evidentemente, foi formado em algum outro lugar. O iceberg propriamente dito, de água doce, se encontra num oceano de água salgada. 

 

"Como sabemos que a grande barreira de gelo veio do interior da Terra? Ou do tipo de rios descritos? Primeiro, não poderia vir do exterior da Terra, uma vez que os icebergs não são ali formados. Aquele rio deve ter sido da profundidade de 700 metros, com oitenta quilômetros de largura e com cerca de setecentos quilômetros de extensão, pois estas são as dimensões atuais do iceberg. O rio tinha de ser reto, ou o iceberg não poderia sair sem se quebrar. Passou através de uma região relativamente plana, porque sua superfície é ainda chata. Uma outra prova de que o interior da Terra é plano, perto da entrada Antártica, é que muitos dos icebergs encontrados na Antártica são compridos e finos. São chamados 'línguas de gelo', o que indica que vieram de rios que corriam quase em nível. De outra parte, os icebergs encontrados no Ártico são mais grossos, indicando que vêm de uma região mais montanhosa, onde a queda dos rios é mais abrupta, fazendo com que os icebergs sejam mais curtos e grossos. 

 

"Quando Bernacchi estava viajando na Antártica, escreveu: 'Durante os últimos dois dias passamos por milhares de icebergs, tantos quanto noventa sendo contados de uma vez, da ponte de comando. Havia muito pouca variedade de formas entre eles, sendo todos muito compridos e terminados em escarpas perpendiculares. Havia uma grande quantidade de água doce na superfície, oriunda do número de icebergs'. 

 

[pág.176] 

 

"Como isto confere com sua noção da maneira como os icebergs são formados, numa região onde Bernacchi informa ter menos de 50 milímetros de chuva em todo o ano e pequenas quantidades de neve? De onde virá a água que produzirá tão grandes quantidades de icebergs, tendo em média milhares de metros de espessura e muitos deles com centenas de quilômertros de comprimento? Aqueles icebergs estavam indo para o norte - de onde jamais voltam - e todavia o oceano estará sempre cheio deles, pois outros virão do lugar de onde vieram. Onde é esse lugar? Não há chuvas ou neve derretida para fornecer água para se congelar em iceberg. Os icebergs podem vir apenas de um lugar - do interior da Terra". 

 

Vejamos agora o que nos diz Reed a respeito das águas abertas nos pontos mais longe ao norte, que são referidas por diversos exploradores: 

 

"Muitos asseveram que o oceano Ártico é um corpo de água congelada. Embora ele sempre contenha grandes corpos de gelo à deriva e icebergs, não é todo congelado. Os estudiosos das viagens árticas descobrirão, invariavelmente, que os exploradores foram obrigados a regressar por causa da água, e muitos casos são citados onde foram quase carregados para o mar e se perderam. O que desejo apresentar ao leitor, entretanto, é a prova de que o oceano Ártico é um corpo de águas abertas, onde há abundância de caça de todos os tipos, e que quanto mais para o norte se avança mais quente ele fica. Existem muitos casos de nuvens de pó e fumaça. Muitos nevoeiros no inverno. Se a Terra fosse sólida, com o oceano se estendendo até o Pólo, ou ligado à Terra em volta do Pólo, não poderia haver coisa alguma para produzir aquele nevoeiro. Ele é causado pelo ar quente vindo do interior da Terra" (os grifos são nossos). 

 

Exploremos um pouco a passagem acima de Reed, onde diz que os exploradores, invariavelmente, foram obrigados a regressar por causa da água, e que muitos quase foram carregados para o mar e se perderam. O que isso significa? Os exploradores, como o nome indica, foram para explorar, apenas. Isto é, diante da possibilidade de serem "carregados para o mar e se perderem", trataram de empreender o retorno. Isso significa que havia um limite para até onde pudessem ir; esse limite era a possibilidade ou pelo menos o medo de um "não-regresso". Podemos perguntar: o que teria acontecido se não tivessem se auto-imposto esse limite? Teriam certamente avançado mais o interior oco da terra e mais 

 

[pág.177] 

 

adiante teriam encontrado as civilizações lá existentes! Nas duas histórias relatadas no início deste capítulo, não se tratava precisamente de pessoas que partiram, propositalmente, sem esse limite? Os pescadores, pai e filho, partiram dispostos a ir em frente até alcançar as terras "além dos ventos do norte". Tendo chegado ao ponto onde os exploradores sentiram medo de se perder e voltaram, eles prosseguiram, sua meta era, precisamente, ir em frente, assim o fizeram e encontraram terra habitada por humanos. Na história contada pelo paciente do Dr. Nephi Cottom, os dois amigos partiram, também, decididos a ir "tão longe quanto pudessem, rumo ao norte". As duas histórias mostram, portanto, compatibilidade com as experiências relatadas pelos exploradores árticos. 

 

                                                                         O ANO DE 1909 

 

O final do ano de 1909 foi um pouco agitado para as pessoas ou instituições de alguma forma ligadas ao Ártico. No mês de setembro desse ano, ao retornar do Ártico, o Dr. Frederich A. Cook anunciou ao mundo que tinha alcançado o Pólo Norte, exatamente na data de 21 de abril de 1908, porém não apresentou qualquer registro de sua viagem, o que levantou suspeitas de que tivesse realmente alcançado o Pólo. Foi também desacreditado porque a altitude do sol, de apenas uns poucos graus do horizonte, fazia com que suas observações, no sentido de provar sua posição, ficassem destituídas de credibilidade. Além disso, não tinha testemunhas, além dos esquimós que o acompanhavam. Outro ponto de dúvida na alegação de Cook foi a velocidade que ele relatou ter feito na região polar, de 24 quilômetros por dia, de trenó. 

 

A alegação inicial de Cook de ter alcançado o Pólo foi feita com a promessa de que a provaria através de suas notas de campo e observações matemáticas, promessa que nunca foi cumprida. O Contra-Almirante Melville, da Marinha dos Estados Unidos, que sabia o que falava por ser um velho explorador Ártico, pronunciou-se numa entrevista da seguinte forma: "Foram os despachos malucos, supostamente vindos do Dr. Cook, a respeito das condições que encontrou lá, e outras coisas, que me fizeram duvidar de ter o mesmo achado o Pólo". 

 

Bernard nos diz que de acordo com o Dr. Tittmann (Superintendente da U.S.Coast Survey), Cook não podia ter viajado a pé sobre o gelo sólido para alcançar o Pólo Norte, porque praticamente todos os cientistas concordam que isso não pode ser verdade. "Alguns pensam que há mar aberto por lá e outros terra fértil. Todos os exploradores que foram 

 

[pág.178] 

 

bastante ao norte encontraram mar aberto. Como todos os exploradores concordam em que há mar aberto nesta região, porém gelo mais para o sul, é claro que Cook não foi tão longe ao norte quanto pensou ter ido". (os negritados destacados são nossos) 

 

Mais tarde, num livro que publicou, Cook, admitiria não ter alcançado o Pólo. Escreveu: "Alcancei realmente o Pólo Norte? (...) Se estava enganado em ter posto os pés no ponto exato (Pólo Norte), sobre o qual esta controvérsia tem se alastrado, sustento que foi o engano inevitável que qualquer homem pode fazer. Tocar naquele ponto exato seria um acidente". O livro de Cook causou um espanto internacional, pois àquela altura universidades e reis estrangeiros já o tinham congratulado e conferido honras, e ele revelava que tinha sido falso! 

 

A controvérsia que se alastrava referida por Cook era porque seu aúncio de ter alcançado o Pólo foi seguido poucos dias depois pela alegação do Contra-Almirante Robert E. Peary, que dizia ter chegado ao Pólo Norte em 6 de abril de 1909. Na época houve trocas de acusações entre os dois, cada qual querendo as "honras" da façanha para si. Cook chegou a acusar Peary de ter-se apropriado de alguns de seus relatórios! Se a alegação de Cook foi questionada devido à altitude do sol, de apenas alguns poucos graus na ocasião, Peary teria feito a façanha quinze dias mais cedo na estação, sob condições solares ainda mais adversas; seus cálculos tinham de ser, portanto, necessariamente, mais suspeitos que os de Cook. Se Cook não tinha testemunhas além dos esquimós, Peary também não as tinha, e, pior ainda, não as tinha deliberadamente, por sua própria vontade, pois havia ordenado aos homens de sua expedição que ficassem para trás, para poder seguir sozinho, com um único esquimó, para o Pólo! Quanto à velocidade de Cook no gelo, de trenó, de 24 kilômetros por dia já ser suspeita, Peary disse que tinha feito mais de 32 quilômetros por dia! Mais tarde o próprio Peary admitiria: "Nas expedições árticas o homem é de sorte se é capaz de andar sem ter que empurrar o trenó. Usualmente deve pegar na rabiça e empurrá-lo para a frente. É como dirigir um arado de alveca, puxado por bois. Pode-se também esperar, a qualquer momento, que o trenó bata numa crista e o derrube". Foi essa uma explicação que praticamente desmentia sua colocação anterior da velocidade com que fora capaz de viajar, no Pólo, de trenó. 

 

Bernard nos conta: "Sociedades científicas que examinaram as alegações de Cook e de Peary de terem alcançado o Pólo Norte concluíram que em nenhum dos casos podia ser dito, autorizadamente, que o explorador o tinha alcançado". 

 

[pág.179] 

 

Ainda, nas palavras de Bernard:

 

"Quando Peary submeteu suas provas à investigação de uma Comissão do Congresso, esta reconheceu, no Congresso, que Peary não tinha, tanto quanto Cook, provado a sua alegação de ter alcançado o Pólo Norte. Peary alegou que viajou uma distância de 430 quilômetros, de 87 graus e 47 minutos de latitude norte até o Pólo e regressou à mesma latitude em sete dias e umas poucas horas. Esta velocidade parece ser impossível na região polar". 

 

Esta "reprovação" pelo Congresso mais o livro de Cook criaram uma situação delicada para os Estados Unidos. Nas palavras de Bernard: 

 

"Isto criou um escândalo internacional. Depois de terem universidades e reis estrangeiros congratulado e conferido honras a Cook, ser descoberto mais tarde que tinham sido iludidos. Então, depois de um explorador americano (Cook) ter feito uma alegação falsa, refletiria terrivelmente na reputação dos Estados Unidos se fosse achado, depois de examinado, ter feito também um outro (Peary) uma asseveração igualmente falsa. Isto seria ridicularizado pela imprensa estrangeira. Para evitar isto o Congresso dos Estados Unidos nomeou uma Comissão da Sociedade Geográfica Nacional, que forneceu um parecer favorável à descoberta de Peary, depois de um exame superficial de suas anotações de campo, e esperou-se que isto acomodaria o assunto, de modo que o mundo pudesse considerar que um explorador americano (Peary) tivesse descoberto o Pólo Norte. Esperou-se que isto acomodaria o assunto, e evitasse que uma alegação falsa da descoberta do Pólo Norte por um americano fosse seguida de outra. 

 

"Entretanto, um ano depois de ter a Comissão da Sociedade Geográfica Nacional dado veredicto favorável à alegação de Peary, foi feita uma nova investigação congressional e o seu julgamento foi de que Peary não provou as suas alegações, porque suas declarações não foram confirmadas por uma única testemunha branca. A Comissão deu veredicto de 'não provado' ". 

 

O Sr. Tittmann, teria dito, num inquérito do Congresso, respondendo à pergunta sobre se haveria evidência de que o grupo de Peary ou outros grupos tivessem alcançado o Pólo: 

 

"Não tenho evidências disto, exceto as sondagens registradas sob a assinatura de Peary. Peary não trouxe nada de volta, nem testemunhas, nem provas científicas válidas, nada além da sua palavra não comprovada para apoiar sua alegação de ter descoberto o 

 

[pág.180] 

 

Pólo. Entretanto, visto que sua reputação de verídico tem sido destruída pelo fato de que cada uma de suas alegações de descobertas tem se mostrado falsa, nada há que o mundo possa aceitar como prova de que tenha estado, em qualquer tempo, perto do Pólo". 

 

Já vimos no material precedente que todos os exploradores árticos anteriores encontraram condições de temperatura mais elevada e mar aberto no norte longínquo. Se Cook e Peary alegaram ter viajado sobre gelo, isto indica sem dúvida que realmente estiveram em pontos mais ao sul e que se tivessem condições de prosseguir teriam, também sem dúvida, encontrado mar aberto. 

 

                                                                MARSHALL B. GARDNER 

 

Este cientista publicou em 1920 um grande livro, com o título de A Journey to the Earth's Interior ou Have the Poles Really Been Discovered? Tal livro foi o fruto de vinte anos de pesquisas que foram sustentadas por relatórios de exploradores árticos e por análise de evidências astronômicas. Bernard nos informa que a obra de Gardner tem quatrocentos e cinqüenta páginas e cinqüenta livros na sua bibliografia, onde não consta o livro de Reed, o que sugere que ele não conhecia a teoria de Reed e que, portanto, os trabalhos de ambos foram independentes. Tudo indica que Gardner foi meticuloso em suas pesquisas. O grande salto da teoria de Gardner em relação à de Reed foi que, enquanto este asseverava que a causa das temperaturas mais elevadas nas regiões dos orifícios polares, e da aurora boreal, eram os vulcões que existiam nas proximidades, Gardner apresentou a teoria de que haveria um sol central no interior oco da Terra, e que esse é que era a fonte da temperatura mais cálida que se encontrava à medida que se ia cada vez mais para o norte longínquo; e também seria este sol central o responsável pelo fenômeno da aurora boreal. 

 

Refere-nos Bernard que Gardner asseverou que a Terra é uma crosta oca, com a espessura aproximada de 1290 qulômetros e com uma abertura na extremidade polar de cerca de 2.250 quilômetros de diâmetro, que ele diz que o mamute e que os outros enormes animais tropicais que são encontrados congelados no gelo das regiões polares não são pré-históricos como se diz, mas que se trata de animais que vivem na crosta interna da Terra que foram congelados quando saíram da região interna para a superfície externa da Terra. Quanto aos pássaros e animais que emigram para o norte, no inverno, o fazem para buscar clima 

 

[pág.181] 

 

mais quente, e isto é confirmado pelos exploradores. Estes, quando se dirigem para o norte, percebem que além da latitude de 80 graus, a temperatura torna-se mais quente por causa das cálidas correntes vindas da região polar, as quais trazem também cálidos ventos aquecendo o ar; por isso, diz, há mar aberto, e não gelo, no extremo norte. 

 

Gardner resume a evidência em favor da sua teoria de uma Terra oca, com duas aberturas polares e um sol central, da seguinte maneira: 

 

1. "Como explicam os cientistas o fato de que quando se vai para o norte torna-se mais frio até um certo ponto e depois começa a ficar cálido? Como explicam o fato adicional de que a fonte deste calor não é qualquer influência do sul, e sim uma série de correntes de águas e ventos quentes do norte - supostamente, uma terra de gelo sólido? De onde podem vir estas correntes? Como poderiam vir de qualquer outra coisa, senão de um mar aberto? Por que deve haver um cálido mar aberto no próprio lugar onde os cientistas esperavam encontrar gelo eterno? De onde, possivelmente, pode vir esta água cálida?". 

 

2. Por que também achariam os exploradores as escarpas de gelo inabitáveis, do norte distante, cobertas em grande parte de pólen vermelho de uma planta desconhecida? E por que achariam as sementes de plantas tropicais flutuando nestas águas - quando não são encontradas em águas mais ao sul? Como poderiam ser encontrados nestas águas troncos e ramos de árvores, algumas vezes com gemas frescas, todos sendo levados pelas correntes cálidas do norte?". 

 

3. "Por que devia ser a parte norte da Groelândia o maior habitat mundial dos mosquitos, um inseto que só é encontrado nos países quentes? Como poderia ter ele chegado à Groelândia se veio do sul? Para onde vão todas as raposas e lebres que são vistas no norte da Groelândia? Para onde vão os ursos? Será possível que criaturas tão grandes quanto os ursos possam encontrar sustento nas planícies de gelo eterno?". 

 

4. "Como explicam os cientistas o fato de que praticamente todos os exploradores competentes, desde os dos primeiros dias até Nansen, têm admitido que quando chegaram ao Norte Distante suas teorias sobre o que encontrariam falharam assim como o seu método de determinar sua posição? Como explicam os cientistas aquelas passagens de Nansen que citamos, mostrando que ele estava absolutamente perdido na região ártica?". 

 

[pág.182] 

 

5. "Como explicam os cientistas a migração daquelas aves que apareceram na Inglaterra e em outros países do norte num período do ano, nos trópicos em outro, mas que desaparecem completamente no inverno? Como explicam o fato de que nem Peary nem Cook foram capazes de provar a alegação de ter alcançado o pólo? Mesmo supondo que ambos tenham agido de boa-fé, não é óbvio que estiveram perdidos? Que outra maneira explicaria as discrepâncias da própria narrativa de Peary?". 

 

6. Por que, dirá o leitor, Peary não descobriu aquela enorme abertura na extremidade do pólo da Terra, se ela estava lá? A razão é muito simples e pode ser melhor explicada com outra pergunta". 

 

7. "Por que o homem não descobriu, olhando em volta, que estava vivendo na superfície do que é, em termos práticos, uma esfera imensa (ou para ser exato, um esferóide)? E por que, durante séculos, o homem pensou que a Terra era chata? Simplesmente porque a esfera era tão grande que não podia ver a sua curvatura, mas pensou que era uma superfície chata, e parecia-lhe tão natural que fosse capaz de se movimentar por sobre toda a sua superfície que, quando pela primeira vez os cientistas lhe disseram que era uma esfera, começou a imaginar por que não caía, ou pelo menos, se vivesse no hemisfério norte, por que os australianos não caíam - uma vez que não tinha concepção da lei da gravidade". 

 

8. "Assim, no caso dos exploradores polares, a mesma coisa é verdadeira. Navegam até a margem externa da imensa abertura polar, mas aquela abertura é tão vasta, considerando que a crosta da Terra em volta da qual ela se curva é da espessura de 1.290 quilômetros, que a curvatura para baixo da sua margem não lhes é perceptível, e o seu diâmetro é também tão grande - cerca de 2.250 quilômetros - que o seu outro lado não lhes é visível. Assim, se um explorador fosse longe o bastante, poderia navegar direto sobre aquela margem, para baixo sobre os mares do mundo interior e sair através do orifício antártico, e tudo o que lhe mostraria o que tinha feito seria que, logo que chegasse do lado de dentro, veria um sol menor do que estava acostumado a ver - que poderia lhe parecer maior devido à sua proximidade - e que não podia fazer qualquer observação pelas estrelas, porque não haveria nem estrelas nem noite em que fosse possível vê-las". 

 

9. "Mas, dirá o leitor, a força de gravidade não puxará o explorador que entrar no orifício da superfície para o sol central, uma vez que a gravidade atrai tudo para o centro da terra?". 

 

[pág.183] 

 

10. "A resposta para isto é que, em relação à força de gravidade, não é a posição geográfica que importa. O centro, no sentido geométrico da palavra, não se aplica. É a massa que atrai. E como a grande massa da Terra está na sua espessa crosta, é a massa daquela crosta que atrairá, e não um mero ponto geométrico, que não está na crosta, mas distante dela 4.650 quilômetros, que é a distância aproximada entre o sol central e a superfície interna da Terra. Na realidade, é a distribuição igual da força de gravidade por toda a crosta da Terra que conserva o sol suspenso no local em que fica, eqüidistante de todas as partes da crosta. Quando se está do lado de fora da crosta é a sua massa que nos atrai para a sua superfície. Quando se vai para o lado de dentro da crosta, aquela mesma força conservará nossos pés plantados solidamente na superfície interna". 

 

11. "Veremos tudo isto quando explorarmos o Ártico a sério, como seremos capazes de fazê-lo facilmente com auxílio de naves aéreas. E quando afinal o tivermos visto, ficaremos imaginando por que fomos cegos por tanto tempo à evidência que, como mostrado neste livro, tem estado em frente dos olhos humanos por praticamente mais de um século". 

 

Gardner analisa, assim como o fez Reed, as evidências das explorações árticas, reconhece o testemunho unânime dos exploradores de que quanto mais ao norte se vai, mais vida animal se encontra, o que se constitui numa prova completa de que no norte distante os animais encontram refúgio acolhedor e podem viver e se multiplicar em paz e com abundância de alimento. Citaremos mais um parágrafo de Gardner, antes de passarmos à análise das evidências astronômicas que ele reuniu para provar a existência do sol central. 

 

"Que verdadeiro paraíso de vida animal e vegetal deve ser! E, talvez, para algum tipo de vida humana seja também uma terra de calma e paz perpétuas. O povo esquimó, que continua vivendo lá, terá sido modificado em relação ao tipo que vemos na superfície externa. Sua vida será mais fácil, pois não terá que lutar contra o clima frio e a escassez de alimento. Como os habitantes de algumas de nossas ilhas tropicais, refletirão nos seus temperamentos amáveis e calmos a facilidade de suas vidas. Eles serão ... comedores de muitos frutos e de outros produtos vegetais desconhecidos por nós. Quando penetrarmos na sua terra, acharemos crescendo, quase que até à margem interna da abertura polar, aquelas árvores, das quais temos visto tantos troncos e ramos 

 

[pág.184] 

 

boiando. Encontraremos, aninhados talvez naquelas árvores, talvez nas rochas à volta da região polar interna, os cisnes, gansos selvagens e as gaivotas que temos visto, tão freqüentemente, nas páginas precedentes, voando para o norte, a fim de escapar aos rigores do clima que, na nossa ignorância, temos por tanto tempo suposto ser pior ao norte do que em qualquer outra parte." 

 

                                                                          O SOL CENTRAL 

 

As evidências astronômicas reunidas por Gardner, que dedica grande parte de seu livro à questão, conforme informa Bernard, demonstram claramente que não somente nosso Planeta mas sim todos os planetas de nosso sistema solar têm interiores ocos e sóis centrais. Isto é relacionado com a origem planetária, à sua formação a partir de uma nebulosa espiralada. 

 

Gardner cita H. D . Curtis, da Sociedade Astronômica do Pacífico, que em 14 de outubro de 1916, num artigo na Scientific American, relata num estudo referente às nebulosas: 

 

"Cinqüenta destas nebulosas têm sido estudadas fotograficamente, com o refletor de Crosly, usando diferentes comprimentos de exposição, a fim de apanhar os detalhes estruturais da porção central brilhante, bem como das partes mais afastadas e desmaiadas. A maioria das nebulosas mostra um anel mais ou menos regular ou estrutura de concha, geralmente com uma estrela central" (grifos do próprio autor). 

 

Na origem planetária, a partir de uma nebulosa espiralada, pelo efeito das forças centrífugas, a rotação das nebulosas teria feito com que os componentes mais pesados, sendo arremessados para fora, fossem formando uma superfície crostal, dura, externamente a cada planeta, enquanto o seu interior, oco, teria permanecido com uma porção do fogo original, porção ígnea esta que daria origem aos sóis centrais de cada planeta. Da mesma forma, as forças rotacionais associadas ao seu translado pelo espaço dariam como efeito a formação de aberturas nas extremidades polares de cada astro planetário. 

 

Nas palavras de Gardner: 

 

"Por que os cientistas realmente jamais consideraram o problema da forma da nebulosa planetária? Eles sabem, por observações reais e por fotografias, que a nebulosa planetária toma a for-

 

[pág.185] 

 

ma de uma concha oca, aberta nos pólos e tendo um núcleo central brilhante ou sol central. Por que nunca pensaram no que não devia implicar? É evidentemente uma etapa na evolução da nebulosa. Por que os cientistas nunca se perguntaram ao que esta conformação deve logicamente conduzir? Por que a ignoram de todo? Não será isto porque não a possam explicar, sem uma alteração muito grande de suas próprias teorias? Entretanto, nossa teoria mostra como cada etapa na evolução de uma nebulosa é alcançada e como é ultrapassada, mostramos a que a precede e a que se segue na história da nebulosa. Mostramos uma evolução contínua, passando através de cada etapa para a seguinte, às etapas nas quais aquelas aberturas polares são fixadas, a concha solidificada, a nebulosa reduzida a um planeta. E deve ser lembrado que, enquanto a nebulosa original era incomparavelmente maior do que o planeta em tamanho, medindo mesmo milhões de quilômetros de diâmetro talvez, ao mesmo tempo aquela nebulosa é composta de gases tâo tênues e tão expandidos pelo seu calor imenso que, quando se solidificam, constituem apenas um planeta". 

 

Bernard explica que Gardner chama a atenção para o fato de que, igualmente a como no caso da formação do sistema solar, em que algum resíduo do fogo original permaneceu no centro para formar o sol, também no caso de cada planeta individual, e pelo mesmo processo que formou o sistema solar como um todo, e pela continuação do mesmo movimento geral de rotação e das forças centrífugas arremessando para a periferia as massas mais pesadas, no caso de cada um dos planetas, na sua formação, algum resíduo do fogo original permanece no centro de cada um, formando o sol central, ao mesmo tempo em que os componentes mais pesados são arremessados para a superfície, para formar a crosta sólida, deixando o interior oco.

 

Pelo mesmo motivo, a rotação em torno do próprio eixo, a força centrífuga faz com que a massa se vá acumulando mais abundantemente em ângulo reto com o próprio eixo, o que origina um abaulamento no Equador, engendrando compensatoriamente e correspondentemente, nos pólos, as depressões, as quais se abrem para o interior oco. E, assim, o planeta não pode ser nem perfeitamente redondo nem maciço. Esse raciocínio seria confirmado pelo fato de que os planetas mais longínquos, como Urano e Netuno, são maiores do que aqueles que estão mais próximos do sol, como Mercúrio e Vênus, isto é, massas maiores localizam-se mais distantes do núcleo solar. Informa-nos ainda Bernard que a teoria de Gardner assevera que pelo mesmo mecanismo de formação original, nosso Universo também deve ter um sol central, em volta do qual as estrelas circulam. 

 

[pág.186] 

 

Interessante é podermos observar que a teoria de Gardner abre nossos horizontes conceituais para a idéia de que podemos, da mesma forma que temos diversos sistemas estelares, ou solares, ter também vários Universos. 

 

No ano de 1846, Green observou duas manchas de luz no pólo de Marte. Em 1886, W. E. Denning, astrônomo inglês, descreveu, no periódico científico Nature, suas observações de Marte: "Durante os últimos meses a calota polar norte de Marte tem estado muito brilhante, oferecendo algumas vezes um contraste surpreendente com as outras regiões mais debilmente reflexivas. Estas regiões luminosas de Marte necessitam, pelo menos, tanta investigação cuidadosa quanto as suas partes mais escuras. Em muitos desenhos e descrições anteriores de Marte, não foi dada a importância suficiente a estas manchas brancas". 

 

J. Norman Lackyer, outro astrônomo inglês, em 1892, também relatou suas observações de Marte:

 

"A zona de neve era, às vezes tão brilhante que, como a lua nova crescente, parecia se projetar além do planeta. Este efeito de irradiação era visível freqüentemente. Em uma ocasião foi observado que a mancha de neve brilhava como uma estrela nebulosa, enquanto o planeta propriamente dito estava obscurecido por nuvens, um fenômeno observado por Beer e Madler, e registrado no seu trabalho, Fragments sur les Corps Celestes. O brilho parecia variar consideravelmente, e às vezes, especialmednte quando a zona de neve estava perto do seu mínimo, ela não era, de maneira nenhuma, o objeto proeminente que aparece sobre o disco do planeta".

 

Em 7 de junho de 1894 o Professor Lowell observava Marte quando viu, subitamente, dois pontos de luz brilhantes no centro da calota polar. Seu brilho era ofuscante, e as luzes brilharam por uns poucos minutos e sumiram. 

 

Bernard informa que Lowell tentou explicar as luzes como reflexos do sol no gelo polar, mas que Gardner discorda, citando o professor Pickering, que viu uma vasta área branca se formar no pólo de Marte, no prazo de vinte e quatro horas, visível como uma calota branca, para depois desaparecer gradualmente. Lowell também teria visto uma faixa azul escuro, que acreditou ser água do gelo ou neve derretida da calota. Porém Gardner acreditava que a chamada calota de Marte era na realidade formada de nevoeiro e nuvens, o que explicaria que pudessem aparecer e desaparecer tão rapidamente. 

 

[pág.187] 

 

Nas palavras do próprio Gardner: 

 

"O que Lowell realmente viu foi um facho direto - dois fachos diretos no mesmo momento - brilhando do sol central de Marte, através da abertura do pólo marciano. Não indica, a faixa azul em volta da área a que Lowell se referiu, a aparência ótica da superfície refletora do planeta se curvando gradualmente para o interior, de modo que uma parte da curva começa a deixar de refletir a luz? E o fato de que não seja visível com freqüência mostra que somente o é quando Marte fica numa determinada posição em relação à Terra em que somos capazes de observar a boca da abertura polar e pegar um facho direto. 

 

"Por que os cientistas jamais compararam os fatos das claras calotas de Marte com as luzes em atividade sobre as nossas próprias regiões polares? Esquecem eles que a manifestação da aurora boreal tem sido observada sem qualquer referência a alterações da agulha magnética? E, se a aurora é independente das condições magnéticas, a que mais então pode ser devida, senão a uma fonte de luz? Não é o reflexo da luz da aurora na atmosfera comparável à projeção da luz das calotas de Marte na atmosfera marciana? E como podem os cientistas explicar o fato de que a aurora boreal é vista distintamente somente no norte muito longínquo, e vista somente de uma maneira fragmentária quando nos afastamos mais para o sul?". 

 

Mitchel foi outro que pode observar clarões brilhantes luminosos nas calotas polares marcianas; viu dois clarões que gradualmente se uniram, os quais Gardner, segundo Bernard, explica como sendo devidos à passagem de nuvens sobre o sol interior, ocasionando variações na luz emitida através da abertura polar. 

 

Cintilações de luzes como as observadas em Marte pelo professor Lowell também foram observadas vindas da região polar de Vênus. Em Vênus o abundante vapor tende a uniformizar a temperatura, por isso suas calotas polares não seriam constituídas de gelo ou neve, como suposto para Marte, mas do que Gardner discorda. 

 

MacPherson, em seu livro Romance of Modern Astronomy, referindo-se às "calotas polares" de Vênus, escreve: "Tem sido observada a existência de calotas polares, supostas por alguns de serem semelhantes às do nosso próprio planeta e de Marte. Alguns astrônomos, entretanto, não as consideram como sendo de neve". 

 

[pág.188] 

 

Trouvelet, astrônomo francês, em 1878, pode observar no pólo Venusiano uma massa confusa de pontos luminosos, o que Gardner, segundo Bernard, atribui à luz do sol central forcejando através das nuvens. Como a calota polar de Vênus não é feita de gelo, as luzes observadas não poderiam ser reflexo do sol. 

 

Outro planeta, Mercúrio, observado durante sua passagem pelo sol, apesar de preto no lado virado para nós, emitia uma luz brilhante, comparável à do nosso sol, que vinha de seu disco preto. 

 

Vejamos a descrição de Richard Proctor, considerado um dos melhores astrônomos do século XIX, a respeito de suas observações de Mercúrio: 

 

"Um fenômeno de Mercúrio, se real, poderia muito bem ser considerado como indicativo de energias vulcânicas, comparadas com as quais as da nossa própria Terra seriam como as débeis forças de uma criança comparadas com as energias de um gigante. Tem sido suposto que uma certa mancha brilhante vista no disco escuro de Mercúrio indica alguma fonte de iluminação, ou na superfície do planeta ou na sua atmosfera. De sua atmosfera dificilmente poderia ser, nem se poderia supor que os raios da aurora de Mercúrio possuíssem a necessária intensidade de brilho. Se a superfície de Mercúrio estivesse brilhando com a luz assim supostamente vista, então pode facilmente ser mostrado que mais de centenas de milhares de quilômetros quadrados daquela superfície devem luzir com uma intensidade de brilho comparada com a qual a iluminação das luzes da ribalta seria como a escuridão. De fato, as luzes da ribalta são escuridão absoluta em comparação com o brilho intrínseco da superfície do sol; e as manchas brilhantes, supostamente pertencentes a Mercúrio, têm sido vistas quando os óculos escuros mais fortes foram usados. Entretanto, não pode haver dúvida de que as manchas brilhantes são apenas um fenõmeno ótico". 

 

Comentários de Gardner: 

 

"De novo concordamos com a observação mas não com a conclusão. Aqui está um ponto de luz em Mercúrio, claramente visível através de um telescópio, tão brilhante que o observador o compara com a de um sol incandescente. É muito mais brilhante do que poderia ser possivelmente dado por qualquer reflexo. Para Proctor, tal aparecimento foi chocante em extremo. Não o estava esperando e estava extremamente despreparado para ver tal fenômeno. Assim, é completamente incapaz de explicá-lo. E assim Proctor chama esta luz de apenas um 'fenômeno ótico'. Entretanto, não podemos acreditar que os olhos de Proctor o tenham enganado. Ele era um observador astronômico treinado, e o que viu deve ter uma explicação ou causa. 

 

[pág.189] 

 

"É óbvio para nós que o que ele viu foi o sol central de Mercúrio, brilhando diretamente através da abertura polar, e como Mercúrio é um planeta pequeno, o sol interior estaria bem perto da abertura e não havia atmosfera aquosa com nuvens, para ofuscar o seu brilho, com o resultado de que este sol brilharia com fulgor extraordinário. Deve ser notado que os seus raios lembraram a Proctor os raios do sol que brilha sobre todos os planetas. 

 

"Que mais poderia ser desejado do que isto para mostrar que Mercúrio, bem como outros planetas, tem um sol central, e que tal sol será encontrado universalmente? Não é significativo que, começando com Marte, fomos capazes de chegar a Vênus e Mercúrio, aplicando o mesmo teste e obtendo os mesmos resultados? Os testes são observações diretas ou fotográficas. Os resultados são o do invariável aparecimento de um sol central".  

 

Bernard cita Gardner também onde ele argumenta que as calotas polares de Marte não são formadas de gelo e neve; em vez disso, representam as luzes do seu sol central brilhando através da abertura polar.  

"Por que o quente planeta Vênus tem calotas polares quase iguais às de Marte, se as calotas marcianas são realmente formadas ou de gelo ou de neve ou de dióxido de carbono congelado? Também, por que as calotas de Vênus e Mercúrio não crescem e diminuem como é dito que as de Marte o fazem? E por que as calotas polares de Marte são vistas lançando clarões de luz, muitos quilômetros acima da superfície do planeta, quando vistas de perfil, se são realmente de gelo? Como podem ser tão luminosas, em primeiro lugar - mais luminosas do que a neve quando vista em circunstâncias semelhantes? E como pôde Lowell ver raios diretos de luz das calotas se não eram fachos de uma fonte direta de luz? 

 

"Além disto, como podem os cientistas explicar o fato, também notado pelo Professor Lowell, cujas observações sobre Marte parecem vir todas em apoio da nossa teoria, que quando o planeta é visto pelo telescópio, à noite, sua luz polar é amarelada e não branca, como a luz de calotas de neve seria? O sol central é uma massa incandescente, e da mesma maneira como o brilho de uma lâmpada elétrica incandescente parece amarelado quando visto de longe, na escuridão, assim a luz direta do sol marciano apareceria amarelada - mas se esta luz fosse o reflexo de uma sólida superfície branca ela certamente pareceria branca. Contudo, isto não ocorre, e assim compete aos cientistas explicar por quê. Entretanto, pelo que sabemos, ainda não conseguiram explicações". 

[pág.190] 

 

Gardner cita, finalmente, outra evidência, além das astronômicas já vistas, em favor de sua teoria. Trata-se da estrutura das cabeças dos cometas, a qual mostra um centro oco, crosta externa e sol central. Seu livro traz, e o de Bernard reproduz, um desenho do cometa Donati, detectado por um observatório de Florença.

O desenho foi feito a partir da maneira como foi visto pelo Observatório de Cambridge, em 1o de outubro de 1853, e mostra que tinha um núcleo ou sol central que "luzia com brilho igual ao da Estrela Polar". Segundo Gardner um cometa é um planeta que entrou na órbita de algum outro corpo maior, como o nosso, que o tirou da sua própria órbita e possivelmente o fez colidir com outro planeta de modo que o calor resultante o transformou, em sua maior parte, em uma cauda gasosa que se arrasta atrás dele. De acordo com Gardner o núcleo ígneo do cometa era previamente o sol central do planeta do qual ele foi formado depois que se quebrou em fragmentos. 

 

                                                                    A AURORA BOREAL 

               

Da mesma forma como foram observadas luzes polares em Marte, Vênus e Mercúrio provenientes do sol central de cada um deles, assim também, na Terra, nosso sol central emite luz que, saindo pela abertura polar, propicia o fenômeno da aurora boreal. Assim, na conclusão de Gardner, a aurora boreal seria o efeito do brilho do sol central, cujos raios, passando pela abertura polar no céu noturno, causam o espetáculo visual que podemos apreciar. Como as nuvens existentes no interior oco da terra se movimentam, esse movimento seria o causador das mudanças nos reflexos que podem ser observadas. Que a aurora boreal não é conseqüência ou efeito do magnetismo ou de descargas elétricas já foi amplamente provado pelos exploradores árticos, que referem não haver perturbações na bússola nem ruídos característicos de descargas elétricas quando a aurora boreal atinge sua maior intensidade. 

 

Gardner, porém, meticuloso que foi, fez outras considerações para mostrar que a aurora é realmente devida ao sol interior: 

 

"O Dr. KIane, no seu relato de suas explorações, nos diz que a aurora é mais brilhante quando é branca. Isto mostra que quando a luz do sol é tão clara que é refletida a luz branca total, temos um efeito muito mais brilhante do que quando a luz é decomposta em cores prismáticas. No último caso, a atmosfera está úmida e densa (no interior da Terra) - sendo isto a causa do efeito de arco-íris - e através da atmosfera não se pode ver muito. Assim, nestas condições, o espetáculo é menos brilhante do que quando a atmosfera é clara e a luz não é decomposta. 

 

[pág.191] 

 

"E ainda, se a aurora é o reflexo do sol central, deveríamos esperar vê-lo completamente apenas perto do orifício polar, e captar apenas débeis lampejos dos seus bordos externos quando nos afastássemos para o sul. E isto é precisamente o que acontece realmente. O Dr. Nicholas Senn, no seu livro, In the Heart of the Artics, diz o seguinte: 'A aurora, que somente ocasionalmente é vista na nossa latitude, é apenas a sombra da que pode ser vista na região polar'. A aurora não é uma perturbação magnética ou elétrica, mas simplesmente um reflexo deslumbrante dos raios do sol central. Pois, se ele aquece continentes e águas no interior da Terra, se, como temos visto, aves têm seus locais de alimentação e de multiplicação ali, se um tronco ocasional, ou semente ou poeira semelhante à de pólen é vista no Ártico, vinda de um tal lugar desconhecido, como temos descrito, deve ser possível obter evidência bastante de tal vida". 

 

                                                      ALMIRANTE RICHARD EVELYN BYRD 

 

O Almirante Richard E. Byrd, da Marinha dos Estados Unidos, falecido em 1957, é considerado o maior explorador dos tempos modernos. Com muita dificuldade e forçando ao máximo o funcionamento dos nossos neurônios, na contramão, seremos capazes de acreditar ou supor que um explorador dos tempos "modernos" não conheça razoavelmente bem, para sermos modestos, o trabalho de seus antecessores, os exploradores dos tempos "antigos". Ora, para chegar a ser considerado "o maior", devia conhecer muito além de "razoavelmente bem", isto é, muitíssimo bem, o trabalho dos que o antecederam. Supor o contrário equivale a supor que o "maior cirurgião cardíaco" dos tempos modernos não conheça a história da cirurgia cardíaca, isto é, o trabalho de seus antecessores. Podemos, portanto, supor com legitimidade lógica e com segurança que o Almirante Byrd conhecia muitíssimo bem os escritos dos exploradores árticos, não fugiremos à lógica se supormos que também conhecia o livro de Willian Reed The Phantom of the Poles, e também o livro de Marshall B. Gardner, A Journey to the Earth's Interior ou Have the Poles Really Been Discovered? Podemos, ainda, supor que conhecia também o trabalho do explorador russo Dumbrova, que em dezembro de 1929 declarou: "A descoberta memorável, em 12 de dezembro, da até então desconhecida terra além do Pólo Sul, pelo Capitão Sir George Hubert Wilkins, exige que a ciência mude o conceito que tem tido, nos últimos quatrocentos anos, em relação ao contorno da Terra". 

 

[pág.192] 

 

Recordemos uma frase de Gardner em seu livro, que já vimos: 

 

"Veremos tudo isto quando explorarmos o Ártico a sério, como seremos capazes de fazê-lo facilmente com auxílio de naves aéreas. E quando afinal o tivermos visto, ficaremos imaginando por que fomos cegos por tanto tempo à evidência que, como mostrado neste livro, tem estado em frente dos olhos humanos por praticamente mais de um século" (o negritado é nosso). 

 

Sendo as suposições que fizemos acima verdadeiras, o Almirante Byrd sabia que as "terras além do Pólo" realmente existiam, a menos que tivesse sérios motivos para duvidar da confiabilidade de todos os exploradores que o antecederam; teria também de ter sérios motivos para duvidar da confiabilidade de Reed e de Gardner, além de duvidar, ainda, das evidências astronômicas reunidas por Gardner em seu livro, ou que fosse capaz de dar outra explicação razoável às observações astronômicas, que não tinham sido feitas "sob encomenda" por Gardner. Nossas suposições tomam uma reforçada dose de veracidade se considerarmos o conteúdo de um livro publicado em 1959, em Nova York, por F. Amadeo Giannini, intitulado Words Beyond the Poles, onde lemos a seguinte declaração: 

 

 "Desde 12 de dezembro de 1929 que expedições polares, da Marinha dos Estados Unidos, determinaram a existência de extensões indefinidas de terras, além dos pontos polares. (...). A existência de mundos além dos Pólos tem sido confirmada por exploradores navais dos Estados Unidos durante os últimos trinta anos". 

 

Torna-se, assim, insensato pensarmos por um só momento que o Almirante Byrd era desconhecedor da teoria de que nosso planeta tem um interior oco exuberantemente habitado e um sol central; por outro lado, ressalta a evidência do conhecimento que já tinha da existência de terras além dos pólos. 

 

Em fevereiro de 1947 o Almirante Byrd e uma força naval partiram de sua base Ártica, para um vôo de sete horas, sobre terra sem gelo, além do Pólo Norte. Antes de partir o Almirante disse a seguinte frase: "Gostaria de ver aquela terra além do Polo. Aquela terra além do Pólo é o centro do Grande Desconhecido". Esta frase nos mostra, com clareza cristalina, que ele já sabia da existência de terras além do Pólo, que sabia o que iria encontrar, ou, colocando de outra forma, estava indo apenas para "conferir", confirmar aquilo que já era do seu conhecimento (e também de seus superiores). Assim sendo, penetrou numa terra de clima quente, sem neve e sem gelo, formada por florestas, lagos, montanhas, vegetação abundante e vida animal. (negritado da transcrição) 

 

[pág.193] 

 

Nossa tendência é pensar, amparados (ou enganados) pelo conceito de que nosso planeta é aproximadamente redondo e maciço, que um avião voando em direção ao Norte passe pelo, por cima, do Pólo Magnético Norte e continue, passando assim a descer, em direção ao sul do outro lado do planeta. De fato, muitas pessoas que fazem viagens internacionais que têm rotas aproximadas ao Pólo norte pensam, acreditam, que voam sobre o Pólo Norte; são até induzidas, de certa forma, a assim pensar pelas companhias aéreas, através de seus funcionários. Na verdade, os vôos comerciais passam sempre, sem exceção, em volta do Pólo ou do seu lado; são feitas manobras de navegação, de rotina, que eliminam a possibilidade de ir "direto" ao Pólo (passam no máximo pela margem magnética). No caso dos pilotos militares, igualmente fazem manobras padronizadas que os desviam do Pólo, passando também ao seu redor. Na verdade, como coloca Bernard, em virtude de que a partir das latitudes de 70 e 75 graus, norte e sul, a Terra principia a se curvar para dentro, o Pólo Magnético é realmente a margem externa do círculo que fica em volta da abertura polar. O Pólo Norte Magnético, que se pensava antes ser um ponto no Arquipélago Ártico, foi demonstrado ser, pelos exploradores árticos soviéticos, uma linha com o comprimento aproximado de 1.600 quilômetros. Vejamos o que nos informa a esse respeito o Sr. Ray Palmer, citado por Bernard, em um artigo escrito em 1962 e intitulado "O Pólo Norte - À Moda Russa": 

 

"Temos disponíveis, nos arquivos russos, dados de várias centenas de anos de história de exploração ártica, que provam o nosso ponto mais importante, além de qualquer dúvida, isto é, que o Pólo Norte Magnético não é um ponto, mas (deduzem os russos) uma "linha" do comprimento aproximado de 1.600 quilômetros. Antes de prosseguir podemos lembrar que pensamos que estão errados nesta dedução, e que em lugar de uma linha é realmente um círculo. Dado a falta de espaço para localizá-lo no globo, os russos foram forçados a comprimir suas observações numa área bidimensional. Tiveram que espremer o círculo dos dois lados, transformando-o numa linha. Gostaríamos agora de apresentar um resumo daquelo ponto único da exploração russa que realmente cobre um aspecto mais amplo do que apenas o do magnetismo da Terra. 

 

"Eis o que os russos dizem: Os navegadores, nas latitudes elevadas, são sempre perturbados pelo estranho funcionamento das suas bússolas magnéticas, ocasionados por irregularidades e assimetrias aparentes no campo magnético da terra. Os mapas 

 

[pág.194] 

 

magnéticos primitivos foram desenhados na presunção de que o Pólo Magnético Norte fosse virtualmente um ponto. Correspondentemente, foi esperado que a agulha da bússola, que se inclina mais para baixo à proporção que se aproxima do Pólo Magnético, deveria apontar diretamente para baixo, ou quase isto, no próprio Pólo Magnético. Entretanto, os dados de muitas expedições, tanto russas quanto de outras nacionalidades, mostram que a agulha da bússola aponta diretamente para baixo por uma distância muito longa, através do Oceano Ártico, desde um ponto a noroeste da Penísula de Taimyr até um outro ponto do arquipélago Ártico. Esta descoberta, a princípio, levantou a hipótese de que havia um segundo Pólo Magnético Norte, localizado, tentativamente, a 86 graus de longitude leste. O mapa do campo magnético mostra então os meridianos magnéticos muito juntos num feixe grosso de linhas, do Pólo Magnético, no Arquipélago Ártico, até a Sibéria. O Pólo Magnético Norte, que se pensava outrora ser um ponto no arquipélago ártico, foi achado, pelas recentes investigações, e mostra estender-se através da bacia polar, até a Penísula de Taimyr, na Sibéria (grifos do próprio autor). 

 

"Em termos magnéticos, 'o pólo' é uma área muito extensa, que atravessa a Bacia Polar, de um continente ao outro. Tem, pelo menos, 1.600 qulômetros de comprimento e, pode ser acrescentado que existe, de uma maneira difusa, por mais 1.600 quilômetros. Assim, quando o Almirante Peary (e qualquer outro explorador ártico que tenha usado uma bússola magnética) assevera ter alcançado o pólo, está fazendo, na verdade, uma afirmação muito vaga. pode somente dizer que alcançou um ponto, o qual pode estar em qualquer lugar numa área de 3.200 quilômetros (a borda magnética da abertura polar), onde sua bússola apontou diretamente para baixo. Uma conquista notável, mas não a 'descoberta do Pólo'. 

 

"Uma vez que outros tipos de bússolas, tais como a giroscópica e a de orientação inercial, têm igualmente limitações, podemos ousadamente dizer que jamais alguém alcançou o pólo, e ainda mais, que não há 'Pólo' a alcançar" (grifos do próprio autor) 

 

Voltemos ao vôo do Almirante Byrd. Em seu vôo de sete horas percorreu 2.730 quilômetros e retornou somente por limitação na reserva de combustível. Obviamente que seu vôo não foi para o outro lado do planeta, para o sul, após ter "cruzado" o Pólo Norte, mas para o interior oco da Terra. Aliás, um vôo dessa natureza, "cruzando" o Pólo Norte (ou 

 

[pág.195] 

 

Sul), é impossível (por isso as manobras de navegação civis e militares), pois a força gravitacional não permitiria que o avião pudesse "cruzar" o Pólo, mas o manteria sempre a certa distância da superfície, e como esta se inclina para o interior, para dentro da Terra, o avião necessariamente acompanha a curvatura. Para "cruzar" o Pólo seria necessário que, no instante em que começa a curvatura, o avião fosse aumentando sua altitude e fosse capaz de fazê-lo pelo menos até alcançar uma distância superior à metade do raio da abertura polar, somente aí poderia começar a reduzir sua altitude, e mesmo assim o piloto teria de tomar os cuidados necessários para evitar de continuar pelo lado interno da Terra, no lado oposto da abertura polar. 

 

Apesar de não termos conhecimentos de aeronáutica suficientes para saber se nossos aviões têm a capacidade de realizar essa manobra, podemos supor que não, isto é, que teriam de ser adaptados com mecanismos convenientes e adequados para forçar sua ida "para cima", para escapar da força gravitacional, aplicando uma força em sentido oposto, semelhantemente ao que se faz no lançamento de foguetes, que precisam vencer a força gravitacional para serem colocados em órbita ou para se dirigirem para outros astros (lua, marte, vênus, etc.). 

 

A respeito do vôo do Almirante Byrd, de 2.730 quilômetros além do pólo, Amadeo Giannini, segundo Bernard, foi até o escritório de Pesquisas dos Estados Unidos, em Nova York, onde conseguiu receber permissão para transmitir, pelo rádio, uma mensagem de boa viagem ao Almirante Byrd em sua base ártica, em fevereiro de 1947. Vejamos um pouco mais, nas palavras do próprio Giannini: 

 

"Naquele tempo, o falecido Almirante Byrd anunciou pela imprensa que 'gostaria de ver a terra além do Pólo. Aquela terra além do Pólo é o centro do grande desconhecido'. Depois disto, o Almirante Byrd e uma força naval executaram um vôo de sete horas, sobre 2.730 quilómetros de terras que se estendiam além do Pólo Norte, o teórico 'fim' da Terra. 

 

"Em janeiro de 1947, antes do vôo, este autor foi capaz de vender uma série de artigos de jornal para um sindicato nacional de notícias, somente por ter assegurado ao diretor do sindicato que Byrd iria, de fato, além do imaginário ponto do Pólo Norte. 

 

"Como resultado do conhecimento prévio do autor da então comumente desconhecida terra que se estendia além dos pontos dos Pólos, e depois que os artigos do sindicato foram cedidos à 

 

[pág.196] 

 

imprensa, o autor foi objeto de investigações pelo escritório da Inteligência Naval dos Estados Unidos. Aquela investigação foi devida ao fato da confirmação definitiva de Byrd, das teorias revolucionárias do autor". 

 

Nos diários de Nova York apareceram relatos do vôo do Almirante Byrd, sobre os quais assim se manifestou Gianinni: "Estas narrativas descreveram o vôo de Byrd, de 2.730 quilômetros, por sete horas, sobre terras e lagos de água doce, ALÉM do presumido 'fim' da Terra, no Pólo Norte. Os despachos telegráficos foram intensificados até que uma rigorosa censura foi imposta por Wasghinton" (os grifos são do próprio autor). 

 

Nas palavras de Bernard, lemos: "A descoberta do Almirante Byrd é hoje um importante segredo capital internacional, e tem sido assim desde que foi feita, em 1947. Depois que Byrd fez a sua comuinicação pelo rádio de seu avião, e depois de uma curta notícia da imprensa, todas as declarações subseqüentes sobre o assunto foram cuidadosamente suprimidas pelas agências governamentais". 

 

Mas o Almirante Byrd, ou a Marinha dos Estados Unidos, não se contentou com o vôo ao interior oco da Terra pelo Pólo Norte. Assim, tratou de planejar outra expedição, agora pelo Pólo Sul, cujos preparativos estavam em fase final quando o Almirante Byrd, referindo-se a esta segunda expedição, em novembro de 1955, antes de partir rumo ao sul, declarou: "esta é a expedição mais importante da história do mundo". 

 

Em janeiro de 1956 os rádios americanos noticiaram: "Em 13 de janeiro, membros da expedição dos Estados Unidos realizaram um vôo de 4.330 quilômetros desde a base de McMurdo Sound, que fica a 640 quilômetros a oeste do Pólo Sul, penetrando numa terra, na extensão de 3.690 quilômetros, além do Pólo". Essa informação radiofônica foi confirmada pela imprensa escrita em 5 de fevereiro de 1956. Em 13 de março de 1956, quando retornava da expedição polar Sul, o Almirante Byrd declarou: "A presente expedição revelou um território novo vasto". (O grifo revela a ênfase dada pelo declarante). Antes de falecer, em 1957, Byrd referiu-se às terras que tinha visto quando penetrou no abertura polar sul, como um "continente encantado, terra de perpétuo mistério". (Grifo também revelando a ênfase do declarante). Evidentemente nesta segunda expedição o Almirante também decolou da base Antártica com uma força naval. 

 

[pág.197] 

 

Vejamos os comentários de Bernard: 

 

"Se o Contra-Almirante Byrd asseverou que a sua expedição polar sul foi 'a expedição mais importante na história do mundo', e se depois de voltar da expedição afirmou, 'a presente expedição descobriu uma terra nova vasta', seria estranho e inexplicável como uma descoberta tão importante, de uma área de terras tão grande quanto a América do Norte, comparável à descoberta da América por Colombo, não recebesse atenção e fosse quase totalmente esquecida de modo que, do mais ignorante ao mais ilustrado, ninguém sabe a seu respeito. 

 

"A única resposta racional para este mistério é que, depois do breve anúncio pela imprensa americana, baseado na informação pelo rádio do Almirante Byrd, a publicidade adicional tenha sido suprimida pelo Governo, para o qual Byrd trabalhava, e de que havia razões políticas importantes pelas quais as históricas descobertas do Almirante Byrd não deviam ser conhecidas pelo mundo. Ele tinha descoberto duas áreas de terras desconhecidas, medindo um total de 6.420 quilômetros numa direção e provavelmente tão grande quanto os continentes da América do Norte e do Sul juntos, uma vez que os aviões de Byrd retornaram sem alcançar o fim deste território, que não está registrado em qualquer mapa". 

 

Bernard diz que os Estados Unidos e mais tarde outras trinta nações prepararam expedições polares inéditas, para o período de 1957 e 1958. Isso nos autoriza a deduzir, e até afirmar, que as nações do mundo têm conhecimento, a nível de cúpulas governamental e científica, do fato de nosso Planeta não ser maciço e sim oco, e, ainda mais, sabem à exaustão que o interior oco é habitado por outras civilizações. 

 

                                                                           * * * * * 

 

O objetivo de nosso "pouso" na obra de Raymond Bernard foram as duas histórias referidas no início, em que se fazia menção à questão da longevidade humana dos habitantes do interior da terra, e também à existência de gigantes nos continentes internos. Procuramos, até agora, reunir informações que nos permitissem, pelo menos, pensar na possibilidade de serem reais as histórias mencionadas; a partir da aceitação possível das histórias, podemos pensar na aceitação das longevidades referidas. Antes de tudo, entretanto, precisávamos aceitar a possibilidade, para nós um fato, de que nosso planeta é oco em seu interior, o qual é habitado, podemos dizer até, muito bem habitado. Ao longo da obra de Bernard 

 

[pág.198] 

 

existem várias colocações, dele e de outros, do porquê não exploramos este "Mundo Novo" e desconhecido existente no interior da Terra. Vejamos algumas destas colocações, começando por Bernard:

 

"(...) Seria interesse do Governo dos Estados Unidos conservar esta descoberta em segredo, para que outras nações não soubessem dela e não pretendessem este território para si. Se a União Soviética soubesse desta descoberta, certamente mandaria frotas de submarinos atômicos, quebradores de gelo, e aviões para este território desconhecido, além do Pólo, e seria a primeira a explorá-la e reivindicá-la para si. A razão pela qual as notícias da grande descoberta do Almirante Byrd foram silenciadas e suprimidas, desde que foram a princípio divulgadas, é provavelmente para evitar que isto aconteça. Entretanto, desde que o segredo já foi divulgado e transmitido pelo rádio por Giannini, Palmer e outros, e é do conhecimento público, já não pode ser chamado de secreto. Evidentemente, o Governo do Estados Unidos receou que algum outro governo pudesse ficar sabendo das descobertas de Byrd e empreendesse vôos semelhantes, indo muito além do que Byrd, e talvez reivindicando estas áreas de terras para si". 

 

Outro autor, Theodore Fitch, não sabendo dos vôos do Almirante Byrd, alguns anos antes escreveu, referindo-se à Terra ser oca: "Por que não se pode voar sobre estas enormes barreiras de gelo, ou fazer estradas para se passar sobre elas, para o interior da Terra?". Nos diz Bernard que Fitch acreditava que uma vez que estes fatos fossem tornados públicos, todas as grandes nações tentariam estabelecer bases neste Novo Mundo, cuja área de terras era maior do que a da superfície e que estava livre das precipitações radioativas, que envenenam o solo e os alimentos na superfície. Seria muito mais fácil e importante para nós, do que a Lua, uma vez que propiciava condições ideais para a vida humana, com um clima melhor do que o existente na superfície. O livro de Fitch baseou-se nos trabalhos de Reed e de Gardner, e foi intitulado Our Paradise Inside in the Earth

 

Essas colocações de Bernard e de Fitch não nos parecem muito felizes. O governo dos Estados Unidos não poderia ser ingênuo a ponto de pensar que a então União soviética não sabia da existência das aberturas polares. Não fora um explorador russo, Dumbrova, que em dezembro de 1929, como já vimos acima, disse que a memorável descoberta, pelo capitão Sir George Hubert Wilkins, exigia que a ciência mudasse o conceito que tinha em relação ao contorno da Terra? Já não haviam sido publicados os livros de Reed, Gardner e Giannini, pelo menos? Não tinham eles informações de centenas de anos de história de exploração ártica? Não faziam também seus aviões manobras de navegação para 

 

[pág.199] 

 

desviar as aberturas polares? Os diários de nova York não tinham noticiado relatos do vôo do Almirante Byrd em 1947? Os rádios americanos não tinham noticiado, em 13 de janeiro de 1956, o segundo vôo do Almirante Byrd penetrando a abertura polar sul? Torna-se evidente que a censura imposta pelo governo americano não poderia ter por objetivo evitar o conhecimento por outras potências; o objetivo era esconder a descoberta, abafando-a e até desacreditando-a, se necessário (técnicas amplamente conhecidas para serem pormenorizadas), do grande público; era o povo que não deveria saber das descobertas. A história sempre se repete, e não foi essa uma exceção; sempre que descobertas novas que carregam potencialidades de mudar o status quo dominante são feitas, coloca-se-as, ou tenta-se colocá-las no ostracismo. 

 

Voltando ao início deste capítulo, ao caso do velhinho Norueguês, Sr. Olaf Jansen, veremos que a sua história nos informa que o povo no meio do qual permaneceu por dois anos com seu pai, era de uma civilização "muito avançada em conhecimentos científicos", tinha fontes de energia diferentes e superiores às nossas e dominava "técnicas de construção de discos voadores". 

 

É consenso no meio ufológico que o aparecimento dos discos voadores em grande escala está associado à explosão da bomba atômica em Hiroshima. O livro de Bernard sustenta a tese de que os discos voadores são de origem terrestre, do interior oco da terra, em vez de serem naves interplanetárias. Os discos voadores não são nosso tema, mas não podemos evitar de falar deles, em virtude de se acharem associados à questão da longevidade. Não entraremos aqui no mérito de sua existência ou não, uma vez que consideramos isto um fato que já foi provado de diversas formas; sua existência é sobejamente sabida por autoridades civis, militares e religiosas em nível mundial. Vejamos algo do que diz Bernard em seu livro: 

 

"O fato de as visitas em grande escala dos discos voadores ocorrerem em seguida à explosão da primeira bomba atômica em Hiroshima tem sido suposto por alguns escritores ser uma indicação de que o clarão da explosão atraiu a atenção dos habitantes de outros planetas ou de outros sistemas solares, que mandaram seus discos voadores até nós para evitar uma catástrofe que pudesse pôr em perigo o universo, inclusive eles próprios. Por esta razão, é alegado, a visita em grande escala se realizou depois do desastre de Hiroshima, enquanto que antes os discos voadores apareciam apenas esporadicamente e nunca em números tão grandes". 

 

[pág.200] 

 

A seguir Bernard tece considerações a respeito da impossibilidade dessa teoria em função da distância que teria de ser percorrida pelo "clarão" e pelos discos voadores para virem, mesmo considerando que pudessem viajar à velocidade da luz. Passa então a considerações sobre a plausibilidade da origem intraterrena dos discos voadores; o faz porém sem deixar de lado a teoria da causação de sua saída em grande escala do interior oco ser devida à explosão atômica de Hiroshima. 

 

Entretanto, o início do aparecimento em grande escala dos discos voadores coincide com o vôo inicial do Almirante Byrd e sua força naval, no início de 1947. Não é justamente este ano, 1947 (junho de 1947) que marca o início da "Ufologia moderna"? Se tivessem vindo em massa para a superfície por causa da explosão atômica de Hiroshima, não precisariam esperar ainda dois anos. Podemos, assim, supor que sua vinda à superfície em grande número esteja associada ao vôo de 1947 do Almirante Byrd, cuja expedição poderia ser considerada pelos habitantes lá de baixo como a vontade do povo da superfície de se apropriar daquelas terras, supondo-as inabitadas ou habitadas por povos mais atrasados, como foi o caso da América e mesmo do Brasil, que apesar de serem terras já habitadas, que já "tinham dono", esse fato foi simplesmente desconsiderado pelos conquistadores do "velho mundo", que se estabeleceram nas terras do "Novo Mundo", impondo à força, quando necessário, sua própria cultura, e, dessa forma iniciando um processo de desculturização dos nativos, que, pela lógica, seriam os verdadeiros donos das terras. 

 

Podemos até supor, especulativamente, mas amparados pelo fato de os governos terem o hábito de sonegar informações importantes sob o pretexto de "segurança nacional", que uma ou as duas expedições do Almirante Byrd tenham sido "monitoradas" pelas civilizações do interior oco da Terra, que teriam, assim, se permitido ver, através de suas máquinas voadoras, como uma forma de comunicar ao Almirante Byrd que aquelas terras já eram habitadas. Como uma maneira de enfatizar mais essa comunicação, saíram em grande número para a superfície e passaram a se mostrar mais abertamente, aparecendo com muita freqüência, como referem os estudos ufológicos, próximos a bases militares, o que pode ser interpretado como uma evidente intenção de dissuadir novas incursões "exploratórias" para o interior da Terra. É altamente significativo que as grandes potências mundiais não tenham divulgado a existência de terras no interior oco da Terra nem tampouco, até onde se sabe, empreendido novos vôos para aquelas regiões ocultas "além dos pólos". 

 

A suposição que fizemos acima, de que os vôos do Almirante Byrd tenham sido acompanhados pelas aeronaves das civilizações do interior da 

 

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Terra encontra respaldo em informações referidas pelo autor Marco Antonio Petit de Castro, em seu livro "Terra - Laboratório Biológico Extraterrestre" (1998) onde ele informa, no capítulo intitulado "Ufos e Astronautas", que pelo menos cerca de trinta avistamentos foram registrados desde o início dos vôos espaciais, tanto por americanos quanto pelos soviéticos. A impressão que temos, forçosamente, ao ler este autor, é que praticamente todos os eventos aeroespaciais humanos foram acompanhados, monitorados por naves espaciais que tinham ou não a forma de discos voadores. De fato, é esta uma das mensagens que o autor passa em seu livro. 

 

Examinemos algumas passagens do livro, nas próprias palavras do autor: 

 

"Muitos desinformados ainda pensam que apenas pessoas incultas, ou visionárias, são as únicas responsáveis pelos depoimentos e relatórios pertinentes aos chamados discos voadores. Porém, essa idéia é totalmente infundada. Uma das classes mais bem preparadas, os astronautas, justamente é a responsável pela maior porcentagem relativa de avistamentos. No caso deles, confusões e interpretações equivocadas, relacionadas a fenômenos convencionais, não podem ser atribuídas para explicar tais contatos. Mesmo antes do dia 4 de outubro de 1957, quando nosso primeiro satélite artificial, o Sputinik foi lançado pelos soviéticos da base de Baikonur, aparelhos não identificados já haviam sido descobertos evoluindo nas proximidades de nosso planeta. 

 

"Em 1953, a Força Aérea Norte-Americana começou a trabalhar com um novo modelo de radar, que possibilitava detecções de alvos a distâncias bem superiores às conseguidas até então. Faziam os testes iniciais ainda quando os técnicos captaram um objeto gigantesco em órbita, próximo ao Equador, a seiscentas milhas de altura, com uma velocidade que chegava a quase 18.000 milhas por hora. Pouco tempo depois um outro objeto semelhante entrava em órbita a cerca de 400 milhas. A partir destas ocorrências, foi criado em White Sands, no Novo México, em caráter de urgência, um projeto para detecção de satélites. O descobridor do planeta Plutão, o astrônomo Clyde Tombaugh, um dos poucos cientistas de sua área a declarar ter observado UFOS, foi convidado para dirigir tais estudos, que teriam a supervisão da Ordinance Research do Exército". 

 

Assim, para citar apenas alguns dos avistamentos comentados por Petit em seu livro, Iuri A. Gagárin, considerado o primeiro homem 

 

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no espaço, ao retornar à Terra de seu vôo suborbital na Vostok, "afirmou ter avistado um objeto desconhecido nas proximidades de sua nave". Outro vôo, também soviético, a missão Salyut VI, foi protagonista de um contato muito interessante. Depois de cerca de dois meses e meio no espaço orbital, certo dia os astronautas perceberam a mais ou menos um quilômetro de sua estação espacial, um aparelho esférico e prateado, que foi filmado por um dos astronautas por 45 minutos. Este aparelho esférico, após acompanhar a estação soviética por diversas órbitas, um dia aproximou-se a menos de 100 metros da estação Salyut, foi quando os astronautas observaram no aparelho janelas, em três níveis, e também portinholas com visores, através dos quais os soviéticos observaram "os rostos de três criaturas de forma humanóide que os estavam observando atentamente". A nave dos "visitantes" chegou a ficar a uma proximidade de apenas 30 metros da estação Salyut, e o astronauta Kovalyonok mostrou através do visor da Salyut uma carta celeste com o nosso sistema solar; como resposta um dos ocupantes da nave esférica mostrou-lhe outra carta, na qual também aparecia nosso sistema solar. 

 

No dia 16 de setembro de 1991 os astronautas da Discovery observaram e filmaram dezenas de objetos não identificados cruzando o espaço nas mais variadas direções, alguns com velocidades superiores a 500.000 kilômetros por hora. Um último avistamento, nas próprias palavras de Petit: "No dia 17 de outubro de 1993, um UFO foi filmado passando muito próximo ao ônibus espacial Columbia, poucos minutos depois de seu lançamento. A filmagem foi feita por uma câmera especial da NASA, em Cabo Kennedy, que acompanhou os primeiros minutos do vôo da nave norte-americana. O objeto tinha a forma discoidal e passou em altíssima velocidade pela Columbia. Por isso, a agência espacial não teve tempo de cortar a transmissão para a TV, permitindo que um número muito grande de pessoas tivesse a chance de testemunhar diretamente a passagem do UFO". 

 

Após discorrer sobre os cerca de trinta avistamentos conhecidos de que se tem notícia, feitos por astronautas, Petit encerra da seguinte forma seu capítulo: "Documentos como esses servem para nos dar uma idéia clara a respeito do valioso e extenso material que a NASA certamente possui sobre os objetos voadores não identificados. Pois até hoje tivemos acesso apenas a uma ínfima parte de seu arquivo de imagens. Mesmo assim este material é mais do que suficiente para demonstração definitiva de que algo muito importante, e talvez assustador, esteja acontecendo sobre nossas cabeças - apesar da maiorida da Humanidade continuar ignorando essa realidade, inspirada pela política de acobertamento da qual somos vítimas". 

 

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Dessa forma, não é nem um pouco surpreendente que as autoridades tenham censurado a descoberta (ou confirmação) feita pelo Almirante Byrd em seus vôos além dos pólos para dentro das aberturas do planeta, já que esse fato pode associar-se intimamente com os discos voadores, que foram e são, até onde os próprios permitem, objeto de intenso acobertamento. Podemos perfeitamente compreender por que, como coloca Bernard, os livros de Reed e Gardner são hoje inacessíveis e muito raros; é possível que tenham sido mesmo tirados propositadamente de circulação. O próprio Bernard diz que foi por pura sorte que conseguiu um exemplar do livro de Gardner, de um vendedor de livros raros. 

 

O que vimos colocando até agora pode dar a entender, àqueles que não possuem uma informação mínima sobre ufologia, que é consenso nesta disciplina "paracientífica" que os discos voadores provêm do interior oco da Terra. Absolutamente, não é este o caso, sendo que inclusive alguns ufólogos de renome dizem que a teoria da Terra oca constitui um absurdo, chegando a referir-se à mesma como uma "loucura". Entre estes, temos o próprio Petit, que já citamos acima. No segundo capítulo de seu livro, onde aborda o tema da origem dos UFOS, Petit dedica quatro páginas à crítica da "absurda teoria da Terra oca". Não cabe a nós, nem é esse nosso objetivo, criticar um conhecido e respeitado nome da ufologia brasileira, mas pensamos que a discordância é sempre legítima, desde que não insubstanciada, ou seja, desde que amparada em mais do que simples opiniões. Só o livro de Gardner, para não mencionar os outros trabalhos, possui 450 páginas e somente foi publicado depois de vinte anos de meticulosas pesquisas em que o autor articulou evidências astronômicas com evidências de explorações árticas; foram estes os dois suportes usados por Gardner para edificar sua teoria. Às evidências astronômicas Petit refere-se como "algumas fotos de planetas e nebulosas, que apresentadas em preto e branco mascaram a realidade"; a própria frase é construída de uma forma depreciativa. Na verdade foram várias fotos e observações astronômicas feitas por astrônomos treinados e de renome mundial. Um deles, Richard Proctor, segundo Bernard, "um dos melhores astrônomos conhecidos do século dezenove", por não poder explicar o que observava, preferiu pensar que era apenas um "fenômeno óptico"; a teoria de Gardner dava sentido à inexplicabilidade do fenômeno. Quanto à afirmação de que "apresentadas em preto e branco mascaram a realidade", é algo questionável, que pode ser verdade, ou não, dependendo do que estiver sendo observado e das condições de observação, do próprio objeto sob observação e do próprio observador, 

 

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isto é, há aqui diversas variáveis que não podem ser desconsideradas por uma negativa genérica. Para um astrônomo treinado, por exemplo, a emissão de luz de um astro pode ser um fato indiscutível, independentemente de ser uma observação em preto e branco ou colorida, da mesma forma uma fotografia, por exemplo, de um disco voador, depois de verificada por um analista competente, inclusive os negativos, não pode ser considerada sem valor apenas porque é em preto e branco e não colorida. 

 

Já o segundo alicerce da teoria de Gardner, as evidências das explorações árticas, não foi mencionado por Petit. Para negar validade a essas evidências temos necessariamente de pensar que todos os relatórios estudados de forma meticulosa por Gardner, e também por Reed, foram inverídicos, propositadamente ou não, e que todos os pormenores das inveridicidades foram coincidentes. Muito estranho. Seria como se todos os exploradores árticos, não importando o fato de se conhecerem ou não, de serem contemporâneos ou não, tivessem se articulado, de uma forma misteriosa, para convencer o mundo, através de seus relatos, que a terra tem seu interior oco. Aqui, sim, poderíamos estar diante de um absurdo. 

 

Além disso, ainda, a negativa da teoria da terra ser oca simplesmente desconsidera os vôos do Almirante Byrd em 1947 e 1956, que foram documentados pelo próprio Almirante, antes de partir, (também) em seu retorno, e por suas declarações por rádio, além da documentação que foi levada a efeito pela imprensa falada e escrita. Teria o Almirante Byrd se cumpliciado com a imprensa americana, em duas ocasiões separadas no tempo por nove anos, para enganar o mundo? 

 

Em nossa opinião, a veracidade da teoria da Terra oca e de que os discos voadores de lá se originam não exclui de forma alguma que hajam outros povos de outras procedências que também nos visitam em suas naves. Esta parece ser, inclusive, uma hipótese mais aceitável, além de ser apoiada também pela casuística ufológica, que revela uma diversidade de tipos humanóides que nos observam e acompanham.  

 

                                                                 O MUNDO DE AGHARTA 

 

Se pudermos aceitar a possibilidade de a Terra ser oca, estaremos também preparados para aceitar a existência de seres humanos que habitam os continentes internos, e daí para a aceitação de diversas cidades é só um passo. Essas diversas cidades poderiam constituir um império subterrâneo, um outro mundo em relação ao mundo da superfície. Além 

 

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das evidências que temos relatado nos parágrafos anteriores, existem evidências de outra natureza, que confirmam, podemos assim dizer, as anteriores. Passaremos rapidamente um olhar em algumas delas. 

 

As tradições budistas nos falam de um "Império Subterrâneo" chamado Agharta, cuja capital é Shamballah, império este que é governado por um Chefe Supremo que no Oriente é conhecido como Rei do Mundo. As informações que passaremos a comentar têm como fonte o próprio Bernard em seu capítulo dedicado ao tema e a fascinante obra de Alec Maclellan intitulada "O Mundo Perdido de Agharta", publicada em 1982 em Londres e no Canadá e lançada no Brasil neste ano de 1999. 

 

Segundo as tradições budistas, o mundo de Agharta foi colonizado inicialmente, há milhares de anos, quando um homem santo, conduzindo sua tribo, desapareceu sob a Terra; este homem teria sido um habitante da lendária Atlântida, que jaz no fundo do oceano. Nas palavras de Bernard: "Acredita-se que a civilização subterrânea de Agharta representa uma continuação da civilização atlante, que, tendo se convencido da futilidade da guerra, permaneceu desde então num estado de paz permanente, fazendo progressos científicos estupendos, jamais interrompidos pela recorrência das guerras, como a nossa civilização da superfície o tem sido. Sua civilização tem muitos milhares de anos de idade (Atlântida afundou há cerca de 11.500 anos atrás), enquanto a nossa é muito jovem, com apenas uns poucos séculos de idade". 

 

Os habitantes desse mundo subterrâneo seriam, assim, extremamente desenvolvidos, possuindo tecnologia que usa energia retirada de forças naturais que ainda desconhecemos, seus discos voadores seriam movidos por uma energia ainda não descoberta por nós, possuiríam tecnologia de produção de luz artificial que lhes possibilita viverem, além de nos continentes da face interna do planeta, em enormes cavidades dentro da própria crosta terrestre, cavidades estas que abrigam cidades inteiras e possuem luz artificial que possibilita a agricultura e a vida humana. Existiriam, assim, cidades subterrâneas dentro da própria crosta da terra, como também cidades na superfície interna da Terra. A cidade de Shamballah estaria situada na superfície interna do planeta e não dentro de sua crosta. 

 

Ferdinand Ossendowski, explorador russo, autor do livro Beasts, Men and Gods, citado por Bernard, fala desse "Império de Agharta", a respeito do qual obteve informações dos lamas no Oriente distante quando de suas viagens na Mongólia. Segundo Ossendowski haveria dentro da crosta terrestre uma rede subterrânea de cidades, interligadas por túneis através dos 

 

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quais os veículos de seus habitantes circulariam a imensas velocidades, tanto sob a Terra quanto sob o Oceano, isto é, nosso planeta seria habitado então em três níveis, em sua superfície externa (nosso caso), em sua superfície interna e dentro de sua própria crosta. Esses dois mundos internos, crostal e superficial (internamente), estariam ligados e constituiríam praticamente um só mundo, que seria então o Império de Agharta, que teria uma existência independente da nossa. Porém essa independência não seria, ou, podemos aqui dizer, não é, total, já que há indícios fortíssimos de possíveis comunicações entre nosso mundo superficial e o mundo de Agharta. 

 

Outro explorador russo, também filósofo e famoso artista, Nicolas Roerich, que fez muitas viagens através do Oriente distante, assevera que, segundo Bernard, Lhasa, a capital do Tibete, era ligada por um túnel a Shamballah, a capital do império subterrâneo de Agharta. A entrada desse túnel era guardada por lamas que juraram conservar secreta a sua real localização, por ordem do Dalai Lama. Os túneis subterrâneos na verdade circundariam todo o globo, passando por baixo dos oceanos. 

 

As cidades subterrâneas de Agharta e seus túneis teriam sido construídas pelos Atlantes, que as utilizaram como refúgio da precipitação radioativa produzida por suas guerras, as quais teriam sido também responsáveis pela inundação que submergiu seu continente. Teriam assim, os atlantes, antes da submersão de seu continente, migrado para os mundos internos crostal e superficial interno

 

A migração atlante para os mundos internos teria deixado vestígios que subsistiram nos antigos escritos hindus, em sânscrito. Esses textos falam nos "vimanas", que eram máquinas voadoras equipadas para a guerra e tripuladas pelos "deuses" que entre si combatiam nos céus. Os textos antigos hindus, sabe-se, são tão antigos quanto o Velho testamento. Na mitologia teutônica também se encontram vestígios semelhantes no Gotterdammerung (O Crepúsculo dos Deuses). Se analisarmos esses vestígios, poderemos concluir que a civilização atlante já possuía, na época, o domínio da tecnologia dos discos voadores. Uma civilização que há cerca de 11.500 anos já possuía tal desenvolvimento tecnológico, e que teria, desde então, abolido para sempre a guerra, em que estágio de desenvolvimento estará hoje? Podemos, sem exagero, pensar que um povo com um desenvolvimento tão avançado muito provavelmente nos considerará bárbaros, "bárbaros mecanizados", para usar uma expressão de Bernard. 

 

A respeito dos túneis que teriam sido construídos pelos atlantes, no que se refere aos túneis em si mesmos, estamos não especulando 

 

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nem supondo, mas tratando de fatos incontestáveis, muito bem conhecidos por nossos arqueólogos. John Michell e Robert J. M. Rickard, em 1977, em seu livro Phenomena, referem a existência de "vastos e inexplicáveis sistemas de túneis, em parte artificiais e em parte naturais, sob a superfície de grande parte da Terra", e dizem que os mesmos constituem "o maior e mais encoberto dos segredos arqueológicos". Assim, o mais famoso desses túneis é a "Estrada dos Incas", que é um túnel que se estende por várias centenas de quilômetros ao sul de Lima, no Peru, que passa sob Cuzco, Tiahuanaco e Três Picos, continuando ainda para o deserto Atacambo, tendo um ramo que se dirige para Arica, no Chile. Este último teria sido visitado por Madame Blavatski. Maclellan reúne evidências em seu livro que acredita substanciarem, de fato, a existência deste gigantesco túnel, que se estende por uma distância de aproximadamente quatro mil quilômetros, desde o México, ao norte, até o Peru e a Bolívia, ao sul. Esses túneis misteriosos e semelhantes existem no Tibete, no Oriente, e de uma forma especialmente abundante na América do Sul. Nesta, existem principalmente no Brasil, e isto seria, segundo Bernard, porque o Brasil foi o centro principal da colonização atlante. No Brasil o mais famoso desses túneis se abre nas montanhas do Roncador, no nordeste de Mato Grosso, e sua entrada é guardada pelos índios Xavantes e pelos índios Morcegos. Maclellan reúne ao longo de sua obra evidências de que o sistema de túneis subterrâneos circunavega nosso planeta, percorre toda a América do Sul, do Norte e Central; ao norte dirigem-se para o estreito de Bering, dirigindo-se para a Rússia, Sibéria, Mongólia e China. Para o sul, do Brasil dirigem-se em direção ao Atlântico, onde em tempos remotos teriam continuado pelo continente perdido da Atlântida, de onde continuariam, ou melhor, continuam, já que podemos retomar o tempo verbal anterior, para a África, Egito e Índia, após o que se encontra com o ramo vindo do norte, nos Himalaias, mais precisamente no Tibete. Vejamos a seguir o conteúdo de uma carta escrita a Bernard por Carl Huni, um americano que viveu muitos anos em Mato Grosso e estudou especialmente esta questão: 

 

"A entrada das cavernas é guardada pelos índios Morcegos, que são de pele escura e de pequeno porte, mas de grande força física. Seu sentido do olfato é mais desenvolvido do que o dos melhores cães de caça. Mesmo se eles o aprovam e lhe deixam entrar nas cavernas, receio que estará perdido para o mundo presente, porque guardam o segredo muito cuidadosamente e não podem permitir que aqueles que entram possam sair. 

 

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"Os índios Morcegos vivem nas cavernas e saem à noite para a floresta circunvizinha, mas não têm contato com os moradores de baixo, habitando uma cidade subterrânea na qual formam uma comunidade auto-suficiente, com uma população considerável. Acredita-se que as cidades subterrâneas que habitam foram construídas pelos atlantes. Uma coisa certa é que a precipitação radioativa não pode alcançá-los. Ninguém sabe se os que vivem nestas antigas cidades subterrâneas atlantes são os próprios atlantes ou outros que se estabeleceram lá, depois que os seus construtores originais se foram. O nome da cadeia de montanhas onde existem estas cidades subterrâneas é Roncador e fica a nordeste de Mato Grosso. 

 

"Quando estive no Brasil ouvi muito sobre as cavernas sob a Terra e cidades subterrâneas. Elas estão, todavia, muito longe de Cuiabá. Estão próximas do Rio Araguaia, que desemboca no Amazonas. Estão a nordeste de Cuiabá, no sopé de uma cadeia de montanhas tremendamente comprida chamada Roncador. Desisti de fazer outras investigações porque ouvi dizer que os índios Morcegos guardam zelosamente a entrada dos túneis contra as pessoas que não estejam suficientemente desenvolvidas, a fim de evitar aborrecimentos. 

 

"Sei que uma boa parte dos imigrantes que ajudou na revolta do General Isidoro Dias Lopes, em 1924, desapareceu nestas montanhas e nunca mais foi vista novamente. Foi sob o Governo do Dr. Bernardes, que bombardeou São Paulo durante quatro semanas. Finalmente fizeram uma trégua de três dias e permitiram que 4.000 praças, que eram principalmente alemães e húngaros, saíssem da cidade. Cerca de 3.000 deles foram para o Acre, no noroeste do Brasil e cerca de 1.000 desapareceram nas cavernas. 

 

"Existem também cavernas na Ásia e os tibetanos as mencionam. Entretanto, tanto quanto eu saiba, as maiores estão no Brasil e existem em três níveis diferentes. Estou certo de que conseguiria permissão se quisesse juntar-me a eles e que me aceitariam como um dos seus. Sei que não usam dinheiro e que a sua sociedade é organizada numa base estritamente democrática. As pessoas não ficam velhas e vivem em perpétua harmonia". (Os grifos negritados são nossos). 

 

Vemos no texto acima que o senhor Carl Huni tinha informações de uma sociedade que vivia numa cidade subterrânea onde não havia 

 

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velhice. Claro que uma informação dessa natureza precisa ser devidamente interpretada. Nosso raciocínio lógico nos diz que um ser vivo, em princípio, não pode ser perpétuo, eterno, mas como já vimos anteriormente, no capítulo sobre a Bíblia, para nós que vivemos sob a espada de uma longevidade máxima de 120 anos, 500, 800 ou 1000 anos podem representar, relativamente, uma "imortalidade". 

 

Bernard nos informa, amparado nas pesquisas que fez, que não há velhice nem morte em Agharta, e que todos os seus habitantes são de uma parência jovem, mesmo quando com séculos ou até milhares de anos. Nas suas próprias palavras: 

 

"Isso parece inacreditável aos moradores da superfície, expostos aos efeitos perniciosos das radiações solares e à auto-intoxicação dos alimentos venenosos de uma dieta errada. Os sintomas da velhice não são o resultado natural da passagem do tempo ou de um processo presumido de envelhecimento, mas sim de condições e hábitos adversos. A senilidade é uma doença; e desde que os atlantes estão livres das doenças não ficam velhos" (os grifos negritados são nossos). 

 

A colocação acima de Bernard nos parece exagerada. Não conseguimos imaginar, em princípio, uma civilização onde não haja morte; não poderia haver também nascimentos, e o próprio Bernard informa, também, que as crianças em Agharta são criadas coletivamente por professores especiais e não por famílias particulares. Se há crianças, há nascimentos, portanto, deve haver também morte. Podemos deduzir, já que o autor não se aprofunda na questão, que a referência a não haver morte provavelmente refere-se à morte como nós a concebemos, isto é, ao conceito de morte que temos, e não ao fenômeno em si mesmo. Ou poderia significar, podemos especular, que quereria talvez dizer que o conceito que temos de morte é equivocado! De qualquer forma, permanece a questão da longevidade e do envelhecimento, a fazer eco às informações encontradas na Bíblia. 

 

                                                              A QUESTÃO DA ATLÂNTIDA 

 

Muito já se escreveu sobre a Atlântida. Se de fato esse lendário continente, na verdade um conjunto de ilhas, realmente existiu, temos de forçosamente dar um crédito a mais à questão da existência de civilizações na superfície interna e na crosta interna da Terra, pois uma civilização que há cerca de 11.500 anos dominava tecnologia aeronáutica tão avançada, necessariamente também deveria ser avançada em outros setores do conhecimento humano, portanto, também na questão 

 

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do envehecimento. Assim sendo, não nos devemos admirar que nossas lendas façam menções a "deuses" que eram imortais; se seu conhecimento científico lhes permitia, por exemplo, longevidades de mais ou menos mil anos, raças humanas que orbitavam em torno de longevidades máximas de 120 anos poderiam, sem dificuldade nenhuma, chamá-los de "imortais", "deuses" ficaria por conta de sua ciência e tecnologia. 

 

Nas narrações épicas da Ilíada e da Odisséia, Homero registrou na escrita uma lenda que viajava no tempo pela boca do povo através dos séculos. Foi considerada durante muito tempo obra da imaginação criativa de Homero. Paulo de Carvalho Neto, Antropólogo, Folclorista e doutor em Letras pela USP, nos informa em seu livro "O Povo do Espaço" (1998), que os arqueólogos acabaram pressentindo que por trás da "criação literária Homérica" havia substância histórica, o que levou Henrich Schliemann, em 1871 a escavar em Hissarlik, a noroeste da Turquia, com "Homero numa mão e a pá na outra". Seus colegas arqueólogos conservadores o ridicularizaram, até o momento em que Tróia surgiu das escavações. J. V. Luce, em The End of Atlantis, citado por Carvalho Neto, escreve que "É uma imprudência menosprezar o valor histórico das lembranças populares". o Dr. Fritz Kahn, em "O Livro da Natureza", já citado, nos informa que Schliemann encontrou Tróia exatamente como Homero a tinha descrito, os relatos da descoberta coincidindo em detalhes tão mínimos como, por exemplo, a banheira de Helena. 

 

Em 1907 outro arqueólogo, Arthur Evans, inspirado no exemplo de Schliemann procedeu à escavação de Creta e a encontrou, mostrando, aqui também, a existência da substância histórica por trás da narrativa Homérica da lenda de Cnossos e do Minotauro de Creta. Da mesma forma, coloca Carvalho Neto, as narrativas de Platão sobre a Atlântida também contêm substância histórica e um dia seus vestígios arqueológicos serão descobertos. 

 

Fritz Kahn sustenta a opinião de que é impossível ler as narrativas de Platão sobre Atlântida sem perceber tratar-se de uma realidade e não de uma fantasia. Sintetiza sua posição da seguinte forma: "É possível inventar mentiras, mas não se inventam verdades". Informa-nos também que as ilhas da Atlântida eram, segundo evidências dos esboços das narrativas, ilhas "de esteira". Citando-o textualmente, temos:

 

"A cinco dias de viagem por mar da costa do Gibraltar situava-se no Atlântico uma cadeia - note-se cadeia - de ilhas e o rei da maior delas governava-as todas. Essas ilhas carregavam (expressão típica) altos montes, eram (clima de mar) densamente arborizadas e ricas em fontes de água quente (típico das ilhas de esteira). A 

 

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água foi conduzida pelas cidades e ali pelas casas e pórticos. Assim, os habitantes da Atlântida forneciam aos povos antigos o modelo para a instalação de banhos quentes que admiramos nas ruínas das cidades antigas, pois até hoje não conseguimos nem de longe atingir as artes e cultura aquáticas dos homens de milhares de anos atrás. Assim como todos os reinos costeiros e insulares da História, os reis da Atlântida conquistaram o  seu poder pelo comércio marítimo, criando um domínio colonial como mais tarde os fenícios, os cartagineses, os gregos, romanos, normandos, venezianos, portugueses, holandeses, espanhóis, ingleses, japoneses - o absurdo político de um pequeno país insular, dominando esporadicamente o mundo, é confirmado pela História como fenômeno típico. 

 

"Pelo ano 9.600 a.C. as ilhas foram assoladas por fortes terremotos e os povos coloniais levantaram-se sob o comando dos gregos. 'Guerras persas', portanto, 9.000 anos antes daquelas contra Xerxes e Dario. Logo depois as ilhas teriam desaparecido no mar. 

 

"De acordo com a ciência natural, essa notícia tem todos os traços de verdade. É preciso apenas em vez de Atlântida colocar Japão, e tem-se o retrato pacífico da irmã atlântica diante de si. Ilhas, montes, vulcões, nascentes de água quente, cultura aquática, regiões férteis, cidades, indústria, navegação, comércio mundial e ... terremotos - tudo está ali para nos apresentar uma imagem moderna da Atlântida antiga. Os tempos futuros talvez nada saibam de nossa história cultural. Mas certo dia aparecerá um pesquisador narrando que encontrou testemunhas de 'culturas mundiais' que, fato curioso, devem ter-se estendido por grande parte do globo terrestre. Ele exibe retratos do 'estilo jesuítico' das missões espanholas, cujos restos encontrou na Espanha, na China e na América do Sul; apresenta uma série de tabuletas inglesas que ele escavou na Inglaterra, África do Sul e Austrália; por toda parte a mesma escrita. Assim nós, os de hoje, registramos com admiração que hajam existido culturas muito antes da Antiguidade que nós conhecemos, não só deste como do outro lado do Atlântico, indicando todas elas raízes comuns. A essa esfera de cultura pertencem, do lado americano, os Maias, Incas e Astecas, do lado eurásio, as culturas dos primeiros tempos da Babilônia na Ásia anterior, os etruscos pré-romanos da Itália, os Acaios pré-helênicos de Homero, os Micenos e Cretenses, as antigas culturas mouras da África do Norte. 

 

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"Todos esses povos oravam em templos solares, orientados astronomicamente, utilizavam calendários do mesmo tipo básico, embalsamavam os seus mortos, usavam emblemas como asas de falcão. Deste e do outro lado do mar encontra-se a figura de Atlas carregando o globo terrestre nos ombros - prestem atenção: conhecimento do globo terrestre 3.000 anos antes de Moisés. Mas como retrocedemos mais tarde! Pois se há apenas 300 anos ainda se era queimado vivo no Oeste da Europa por ensinar idéias, cuja representação artística existia sobre as escrivaninhas dos homens do ano 5.000 a.C. 

 

"Em meio dessas nações muito afastadas umas das outras, mas espiritualmente muito unidas, estava, como uma aranha em sua teia de cultura, a Atlântida. Logo nos vem a idéia de que foi essa Atlântida, em situação geográfica tão propícia, que teceu esses fios de cultura, espalhando-a pelo globo". 

 

Maclellan mostra em seu trabalho que muitos arqueólogos e historiadores de renome acreditam, ou acreditaram (se já falecidos) na existência, de fato, do continente da Atlântida. Ele próprio, ao encerrar seu livro, diz estar, diante do acúmulo das evidências, convencido da realidade de Agharta. Seu trabalho mostra que também acredita na existência da Atlântida; na verdade Agharta e Atlântida são dois aspectos de uma mesma realidade. Maclellan não aceita a idéia de a Terra ser oca em seu interior, mas também não refuta as evidências que vimos de que o seja, e localiza Shamballah na crosta interna do planeta, exatamente sob o Tibete. 

 

Encontramos, dessa forma, evidências literárias e arqueológicas que não podem ser simplesmente desprezadas, que nos fazem perceber que o pêndulo da balança pende para o lado da veridicidade do mito da Atlântida. Façamos um pequeno retorno ao trabalho de Chopra, onde nos diz que um pesquisador do Colorado que tem obtido sucesso em seu trabalho com um verme nematódeo, fez a seguinte afirmação: "Penso que seremos capazes de aumentar a duração da vida humana muito além do que qualquer pessoa já tenha sonhado". Outro pesquisador afirmou: "É possível que algumas pessoas que estão vivas agora ainda estejam vivas daqui a quatrocentos anos". Se cientistas de uma civilização "nova" como a nossa podem pensar avanços tão grandes, que poderão fazer cientistas de uma civilização pelo menos cinco vezes mais antiga que a nossa? São esses os parâmetros comparativos mínimos que devem alimentar e nortear nosso raciocínio para que possamos compreender, em as aceitando, as histórias referidas no início deste capítulo. 

 

 

[pág.213]                                                         CAPÍTULO X 

 

                                                            NO LIMIAR DA COMPREENSÃO 

______________________________________________________________________________________________________  

 

                                                                   OS RADICAIS LIVRES 

 

No Capítulo III, quando examinamos as teorias do envelhecimento, verificamos a importância dada, tanto por Chopra quanto por Hayflick, aos radicais livres. Ambos associam os radicais livres ao oxigênio. Revisemos algo dito por Chopra: "Não há como negar que o dano causado pelos radicais livres ocorre e suspeita-se que seja vinculado ao envelhecimento (...)". Isto é, trata-se de uma suspeita ainda, por mais forte que seja. Hayflick admitiu que "a química de formação dos radicais livres e de suas reações subseqüentes com outras moléculas é complexa". 

 

Outro autor, Robert Youngson, em "Como Combater os Radicais Livres" (1994), vai um pouco além da questão do oxigênio. Vejamos o que ele nos diz: "Do ponto de vista médico, estamos interessados principalmente em dois radicais livres: o radical hidroxila (-OH) e o radical superóxido, que consiste em dois átomos de oxigênio associados (O2) com um único elétron não-pareado" (grifos do próprio autor, negritados nossos). A seguir continua, "Esses radicais livres do oxigênio, cada qual com seu elétron não-pareado, podem atacar e danificar praticamente qualquer molécula encontrada no organismo". Mais adiante nos diz que normalmente a força das ligações que mantêm as moléculas de água juntas, normalmente impede a formação dos radicais hidroxila, colocando que a radiação é uma força externa que é maior que a interna e portanto rompe as ligações e gera radicais hidroxila. Depois, informa-nos que "infelizmente, existem outras formas através das quais os radicais hidroxila podem ser formados, e existem vários outros tipos de radicais livres, em especial o radical superóxido, que podem ser produzidos de outras formas". (O grifo é nosso, o negritado também). 

 

Youngson não aprofunda a citação acima. Na verdade nenhum dos autores por nós pesquisados aprofunda mais a questão; mas o fato da existência de "vários outros tipos de radicais livres" parece-nos extremamente importante, na medida em que nos abre uma porta que acessa um caminho que, mesmo especulativo, pode render alguns dividendos. 

 

[pág.214] 

 

Paulo de Lacerda escreveu o seguinte: "Apesar de opiniões contrárias de membros da classe médica mundial, é fato real e incontestável que, em condições normais, o organismo absorve 95% do oxigênio de sua respiração e oxida só 5% deste total, por mecanismo orgânico já bem conhecido, pois até esta proporção ideal o Homem consegue eliminar os nefastos Radicais Livres (RLs), porém acima deste percentual ocorre lesão de seus tecidos orgânicos pela ação insidiosa dos mesmos". 

 

A afirmação da existência de vários outros tipos de radicais livres, associada à afirmação que vimos acima de Paulo de Lacerda, nos permite pensar que talvez o grande vilão por trás dos radicais livres não seja, necessariamente, o oxigênio. Talvez possamos, de fato, desvilanizar o oxigêrnio e deslocar o foco da culpabilidade para as "certas moléculas suscetíveis" de Hayflick, que já vimos poderem equacionar-se com as "toxinas químicas" de Chopra. 

 

No Capítulo VI vimos que a Dra. Maria Angélica Tagle afirmou que a alimentação humana é composta de uma mistura complexa de produtos químicos, que em número de componentes pode atingir cifras inimagináveis, "provavelmente muitos milhares". Ressaltou que no ambiente químico em que o homem se desenvolve e vive, a dieta constitui a parte principal, tanto que encontrou dificuldades em apresentar de maneira clara as "múltiplas possibilidades de intoxicação" a ela associáveis. Em outras palavras, nos diz com todas as letras, inequivocamente, que nossa dieta é ALTAMENTE INTOXICANTE. (Maiúsculas originais, negritado da transcrição)

 

"Diversos tipos de envenenamento químico promovem radicais livres, da mesma forma que a ingestão excessiva de oxigênio a partir da inalação do oxigênio puro. A necessidade do organismo de decompor uma ampla gama de drogas, transformando-as em substâncias mais seguras (desintoxicação), também envolve a produção de radicais livres. A toxicidade de muitas substâncias químicas e drogas deve-se, na verdade, à sua transformação em radicais livres ou ao seu efeito sobre a formação de radicais livres." 

 

O parágrafo acima é de Youngson e nos autoriza a concluir que por trás de nossa alimentação altamente intoxicante vem a formação excessiva dos radicais livres. Ora, se nossa dieta normal é riquíssima em produtos químicos das mais variadas procedências, acrescentados à alimentação pelos mais variados motivos, além da espoliação normal que o próprio homem faz do alimento, aliado ao fato de já espoliar um alimento que não é o ideal para o organismo humano, tudo isso, ncessariamente, obrigará o nosso organismo a realizar um intenso trabalho 

 

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para se desintoxicar, e se para isso é necessária a formação dos radicais livres, é este o nosso tributo. O tributo que o homem paga, milenarmente, por seu hedonismo alimentar. 

 

No capítulo IX observamos que Bernard, que não trata da questão da velhice, quando faz referência a esta e à aparência jovem dos habitantes de Agharta, diz que o envelhecimento não ocorre pela passagem do tempo, mas sim por condições e hábitos adversos, os quais especifica como sendo as radiações solares e a "auto-intoxicação dos alimentos venenosos de uma dieta errada". Parece que a crença em uma alimentação de fato intoxicante, ou talvez a percepão do fato em si mesmo, extrapola os meios científicos gerontológicos e nutricionais. 

 

                                                                 RESTRIÇÃO CALÓRICA 

 

Retomemos esta questão. A restrição calórica feita em ratos e que aumentgou sua longevidade excluiu necessariamente da dieta desses animais uma grande quantidade de carboidratos e lipídios. Como a ingesta de carboidratos é feita normalmente não na forma de glicose-frutose, que são os carboidratos naturais e que não requerem energia para utilização (ou requerem o mínimo), não necessitando de ser quebradas uma vez que já são monossacarídeos, só esse fato já teve como conseqüência nos ratos uma grande quantidade de economia energética, pois suas células não precisaram fazer um trabalho que antes faziam. Também não precisaram transformar o excesso de carboidratos em lipídios para armazenamento; aqui também suas células economizaram energia. Não havendo gordura em excesso para carregar, já que carregar peso gasta energia (basta olhar para os estivadores), também economizaram energia. Não tendo de eliminar tantas toxinas que acompanham a dieta de carboidratos, normalmente, como todas as outras (basta lembrar da afirmação da Dra. Maria Angélica Tagle) - lembremos, o trabalho de eliminação de toxinas também requer energia, além de patrocinar a formação de radicais livres -, também economizou-se energia. Só até aqui, paremos para pensar em quantas vias de gasto energético foram desativadas, quanto de energia sobrante não houve, ou, em outras palavras, quanta energia que antes era desperdiçada deixou de o ser. 

 

Pensemos agora na diminuição dos lipídios. Tudo o que colocamos acima, com as devidas adaptações para os diferentes caminhos e descaminhos metabólicos, vale para os lipídios. Temos portanto mais um quantum de energia, aqui também, que deixou de ser desperdiçada. 

 

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Consideremos agora que os ratos foram alimentados com dieta com quantidades consideradas normais de proteínas, vitaminas e minerais. Com isto se procurou otimizar o metabolismo nutricional dos animais e, evidentemente, otimizou-se o uso energético. 

 

Hayflick nos diz que em alguns casos os ratos viveram duas vezes mais, isto é, duplicaram a sua longevidade, tempo máximo de vida (não tempo de vida médio, que é diferente), e que os cientistas não descobriram nenhuma outra forma mais eficaz de retardar o ritmo do envelhecimento ou aumentar a longevidade além da subnutrição sem desnutrição. Chopra concorda com Hayflick. Vejamos textualmente o que ele diz: 

 

"Até o dia de hoje, o método de McCay de 'subnutrição' - fornecimento de nutrientes completos numa dieta de calorias muito reduzidas - é o único modo comprovado de estender o limite máximo da vida dos animais". 

 

Interessante é que Chopra, antes de examinar essa questão fala, em outra parte do seu livro, sobre a experiência que fez com meditação transcendental - que, como já vimos no capítulo sobre experiências de rejuvenescimento, estende o limite máximo de vida -, mas parece não ter avaliado corretamento o valor de sua experiência. 

 

Lembremos do que já vimos no Capítulo III. Hayflick diz que Masoro, Yu e colegas da Universidade do Texas mostraram claramente que a ação antienvelhecimento da restrição alimentar deve-se ao consumo reduzido de energia, e não ao consumo reduzido de algum componente ou contaminante específico na alimentação. Pelo que temos visto até aqui, é absolutamente impossível separar as duas coisas, isto é, o consumo reduzido de energia é, de fato, conseqüência da redução de componentes específicos contaminantes; em outras palavras, de toxinas, de drogas (lembremos da sacarose e companhia tendo entrado pela porta dos fundos, sorrateiramente, sem o crivo de testes científicos, na alimentação humana). Lembremos, de novo, também, do que disse a Dra. Tagle. (Negritados da transcrição)

 

Masoro, Yu e equipe de fato têm razão, a chave para a compreensão do mecanismo por trás da restrição calórica aumentar a longevidade está nos níveis de glicose, e de fato há menos reações químicas, de fato o oxigênio é usado nos processos metabólicos, de fato produzem-se menos radicais livres. A única diferença no que estamos colocando é que não é o oxigênio o vilão do processo, mas sim os alimentos, tóxicos e em quantidade excessiva. 

 

No Capítulo III, quando abordamos os radicais livres e comentando uma metáfora de Chopra, fizemos a pergunta: Que revólver é este, então, 

 

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cujo gatilho puxado dispara radicais livres como balas? Estamos agora, finalmente, em condições de responder. Este revólver é a nossa alimentação inadequada, cheia de tóxicos de todos os tipos, não natural. Este revólver, nós o compramos diariamente com nosso hedonismo alimentar e ganância comercial. Nossa civilização cultiva a doutrina hedonista e a centraliza particularmente na boca, com todas as conseqüências daí advindas. 

 

                                                       SUBNUTRIÇÃO SEM DESNUTRIÇÃO 

 

A dieta dos ratos de laboratório de McCay e seus colegas da Cornell University foi chamada de subnutrição sem desnutrição. Hayflick enfatizou: "É importante entender que essa dieta de baixas calorias produziu uma subnutrição nos animais, não uma desnutrição". 

 

No Capítrulo IV fizemos um comentário a respeito de Chopra, quanto a ele não ter dado, em nossa opinião, o valor necessário à distinção entre glicose e sacarose. Pensamos ter ocorrido na questão da subnutrição sem desnutrição algo semelhante, tanto com Hayflick quanto com Chopra quanto com os demais autores por nós pesquisados. Todos sabemos como é importante em ciência a precisão; esta deve permear e impregnar todo o tecido científico, isto é, os conceitos, as definições, as teorias, as hipóteses, os cálculos, os valores, as constantes, etc. Estamos aqui diante de dois conceitos, subnutrição e desnutrição, no caso combinados para formar um terceiro, ou combinados por falta de um terceiro, ou combinados porque não se sabia exatamente o que se estava observando? Enfim, o que é subnutrição, e o que é desnutrição? 

 

Vejamos o que é subnutrição. o verbo é subnutrir, que significa nutrir insuficientemente, nutrir de menos; é o prefixo latino sub que dá este sentido. Logo, subnutrição é subalimentação, é alimentação insuficiente, de menos. Quais são as conseqüências da subnutrição? A resposta pode até ser coralizada, isto é, vir num coro de vozes de médicos, nutricionistas, enfermeiros, agentes de saúde, etc. Em outras palavras, as conseqüências da subnutrição ululam diante dos olhos de todos, do presidente da nação ao bóia-fria do interior; ninguém em sã consciência pode deixar de perceber que a doença segue, sempre, o caminho aberto pela subnutrição, poderá ser aguda ou crônica, severa ou leve ou letal, mas sempre será doença. Jamais poderá ter como conseqüência a saúde e muito menos uma saúde melhor (os ratos magros a tinham), e menos ainda um aumento de longevidade (como os ratos magros a tiveram). Não podemos, portanto, aplicar esse conceito aos ratos de McCay. (Negritado da transcrição)

 

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E desnutrição? Aqui o prefixo latino des significa ação contrária, privação, negação. Logo, desnutrição é o contrário de nutrição; é a sua privação, a sua negação. Portanto, desnutrição é não-nutrição, ou, no seu sentido mais usual, nutrição ruim, nutrição errada, distorcida, o que também é correto, pois o prefixo também tem o significado de transformação. Repitamos a pergunta: Quais são as conseqüências da desnutrição? O mesmo coro se levanta! A distorção ou privação da nutrição também caroneia a doença, também não poderia responder por aumento de saúde ou de longevidade. Conceito também não aplicável aos ratos. (De McCay). (Negritado acima da transcrição)

 

Walter M. Bortz II, em seu livro "Viva Mais de 100 Anos" (1995), parece ter intuído alguma coisa, já que procurou usar outra denominação, chamou a dieta de McCay de "subnutrição controlada". Gene D. Cohen, em "O Cérebro no Envelhecimento Humano" (1995), foi explícito em afirmar, ao tratar do tema, que o controle de peso (dos ratos) não resultava em subnutrição, já que a dieta era balanceada e não insuficiente em vitaminas e minerais. Hayflick, como já vimos acima, enfatizou que a dieta de baixas calorias de McCay produzia uma subnutrição , não uma desnutrição. O que vemos aqui? Um pesquisador chama a experiência e seus efeitos de "subnutrição controlada", outro diz que não havia subnutrição, outro enfatiza que havia, sim, subnutrição, mas não desnutrição! Temos aqui uma "salada científica" de conceitos imprecisos e confusos. É possível entender o envelhecimento a partir de bases conceituais tão inconsistentes, quando cientistas e pesquisadores não conseguem chegar a uma precisão conceitual que possa propiciar compreensão ao fenômeno observado? Nenhum dos autores por nós pesquisados aprofundou conceitualmente a questão. 

 

Essa questão da imprecisão conceitual é também reconhecida por James Trefil, em seu estudo já citado. Conta-nos ele sua experiência de quando foi convidado a fazer parte de um grupo de discussão multidisciplinar (no Krasnow Institute for Advanced Studies, na George Mason University), formado com o objetivo de discutir problemas gerais da consciência, entre outros. Tornaram-se evidentes, para ele, os problemas surgidos para se chegar a um consenso sobre o que queriam dizer quando empregavam várias palavras (isto é, conceitos). Motivado pelo desejo de evitar discussões semânticas, propôs que dedicassem um tempo da discussão para chegar a um acordo sobre o significado preciso das palavras que usavam. Assim sendo, preparou uma lista de palavras (conceitos) cujos significados deveriam ser esclarecidos de modo preciso a fim de terem conceitos-bases para a discussão. Nas palavras listadas por ele constavam cérebro, inteligência, consciência e autopercepção. Passa- 

 

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mos a palavra a Trefil:

 

"Eu esperava encontrar problemas, mas não fazia idéia do tipo de problema que encontramos. Você acreditaria se eu lhe contasse que este grupo de professores e acadêmicos gastou duas horas de debates acalorados e no final não conseguiu entrar em acordo sobre uma definição comum da palavra cérebro, o que dirá de consciência ou das demais?". (Negritados da transcrição)

 

Restrição calórica também é uma denominação que não é precisa cientificamente, já que pode ser feita com redução de carboidratos, de lipídios ou de proteínas, ou de uma combinação entre dois ou três dos grupos alimentares. Devemos então chamá-la simplesmente de "dieta de McCay", ou a introdução, aqui, de um novo conceito poderia ajudar a entender a fenomenologia? 

 

                                                                    D I S N U T R I Ç Ã O 

 

Tomemos o prefixo grego dys (negritado da transcrição). Significa "mau estado", "dificuldade"; tem o sentido de perturbação (exemplos: disforme, disfunção, dislalia etc.). Podemos usar este prefixo para criar o conceito de DISNUTRIÇÃO. Quais são as conseqüências da criação desse conceito? Muda os fatos? Claro que não, mas pode mudar a compreensão que se tem dos fatos. 

 

Disnutrição, portanto, pode significar nutrição em mau estado, em dificuldade, perturbada, errada, desencaminhada etc. Claro, sabemos que desnutrição também tem esse significado, já que seu sentido mais usual, como vimos, é nutrir mal, distorcidamente. Este significado para desnutrição resulta de o prefixo des significar, também, transformação. Disso decorre que desnutrição tem dois significados, o de privação e o de distorção; porém distorção vem de transformação, que é neutro, já que algo pode transformar-se no bom ou no mau sentido. Já distorção é transformação no mau sentido, desvirtuação apenas. Disso decorre que o segundo significado para desnutrição, apesar de usual, não é preciso. Já o conceito de disnutriçao é preciso, uma vez que o prefixo contém o sentido da transformação negativa, do ruim, do mal, da dificuldade, do erro. 

 

Com tudo o que vimos nos capítulos precedentes temos elementos, agora, para entender que o homem, nossa raça humana, vem milenarmente, já que o hedonismo alimentar encontra registros nos povos da antigüidade, usando erroneamente, precariamente, com dificuldade, a função biológica mais básica e elementar necessária à sua sobrevivência, e que depende de sua vontade consciente, de sua cognição. A res-

 

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piração, que poderia ser considerada mais básica, não depende de nosso sistema nervoso-muscular voluntário, Deus, ou a Natureza, sabiamente, colocou a respiração no piloto automático, assim como outras funções vegetativas, pois deveria saber que se não fizesse parte de nosso automatismo poderia ser, também, desvirtuada no seu uso; em outra palavras, o Criador conhecia a criatura. 

 

Sérgio Teixeira, na introdução de seu livro, referindo-se ao cérebro humano como um supercomputador, arremata: "mas que infelizmente nos foi fornecido sem o manual de funcionamento". Uma questão colocada pelos livros de nutrição e de envelhecimento é o fato de que o cérebro só utiliza como fonte energética a glicose, que é o combustível de rendimento máximo, de primeira linha. Onde encontramos esse combustível de alta qualidade acompanhado dos demais combustíveis e materiais de construção necessários para todo o organismo, devidamente balanceados? Nas frutas. Qual a orientação dada por Deus na Bíblia quanto à alimentação humana em Gênesis? Retornemos brevemente ao capítulo sobre medicina ortomolecular e relembremos do artigo do Dr. Richard Wurtman e do Dr. J. H. Growdon, no New York State Journal of Medicine, onde foi enfocada a capacidade do cérebro de produzir e liberar seus neurotransmissores (portanto sua capacidade de funcionamento) associada à composição da última refeição. Não bastasse o legado bíblico, experiências como a destes dois pesquisadores, facilmente reproduzíveis, não deixam bem clara a importância da alimentação para o fucionamento cerebral? Discordamos, portanto, de Teixeira: o manual de instruções nos foi fornecido, sim, é a própria Bíblia; se não o usamos corretamente ou se nem o reconhecemos como tal, aí é outra questão. Mas isso ainda não é o pior, nós desprezamos o manual. 

 

Será que os estudos recentes da nutrição validam a recomendação bíblica quanto à alimentação frugívora? Parece que sim, já que podemos ler em "Krause - Alimentos, Nutrição e Dietoterapia" (1998), quando trata sobre frutas e vegetais, que nesses alimentos podemos encontrar um grande número de componentes que têm efeitos antioxidantes, além de anticarcinogênicos e de ainda promoverem a indução de enzimas de desintoxicação (negritado da transcrição). A ciência nutricional moderna, portanto, confirma as instruções que nos foram passadas no manual bíblico.

 

(Krause - Alimentos, Nutrição e Dietoterapia é um clássico tratado de Nutrição, um livro texto didático apelidado de "A Bíblia da Nutrição")

 

Estamos assim, finalmente, em condições de poder colocar de outra forma a questão da falta de motivação para a adoção de uma dieta que, conforme vimos no Capítulo III, Hayflick coloca como "baseada na subnutrição", ou que "beire a fome ou a inanição". Ninguém em são cons- 

 

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ciência quererá, de fato, fazer uma dieta com esses pressupostos, o próprio desejo das pessoas já é minado, solapado com os conceitos embutidos na questão: subnutrição, fome e inanição. Por outro lado, as mesmas pessoas que recusarão a proposição nos moldes acima, terão sua receptividade, pelo menos, aumentada se a questão for colocada de forma a esclarecê-las e/ou convencê-las, com argumentação sólida e coerente de que somos todos, na verdade, vítimas de erros milenares em nossa alimentação, de que estamos todos, cronicamente, sem exceção, disnutridos; e que é essa disnutrição que está nas raízes mais profundas de todos os nossos males, e de que é possível mudar essa situação. 

 

Isto é, podemos, no mínimo, fazer a proposta de modo a embutir esperança e não desesperança. Seria uma colocação com apelo emocional positivo, já que a esperança é um sentimento legítimo e impulsionador de mudanças comportamentais importantes. Goleman, comentando um estudo do psicólogo C. R. Snyder, da Universidade do Kansas, coloca que se descobriu que a "esperança era um melhor instrumento de previsão (em relação aos calouros) de suas notas no primeiro semestre do que suas contagens no SAT, um teste que se supõe capaz de prever como os estudantes vão se sair na universidade". O SAT é altamente relacionado ao QI, ou seja, quando as aptidões intelectuais se nivelavam (ou mesmo que não o fizessem), as aptidões emocionais, no caso a esperança, respondiam pela diferença positiva. A esperança enseja um comportamento direcionado para atingir as metas. Lembremos da história do Coronel Bradford, que, verdadeira ou não, contém mensagem sem dúvida real: foi a esperança que o fez retornar à Índia, e foi instigando a esperança que se despediu de Kelder ao partir. Da mesma forma, é a esperança que cura o doente "incurável". 

 

                                                       A QUESTÃO DO COMPORTAMENTO 

 

Vimos no capítulo sobre experiências de rejuvenescimento a importância da questão comportamental para o desenvelhecer. No capítulo sobre medicina ortomolecular vimos a importância e a íntima relação que entre si mantém o comportamento com a nutrição. Relembremos. Vimos que alterações comportamentais, que até ontem jamais se pensaria terem relação de causa e efeito com a nutrição, estão despontando no horizonte da virada do milênio como corriqueiras, no sentido de sua compreensão e tratamento.

 

Se observarmos que aumento de longevidade (ratos de McCay) se associa com nutrição, e que comportamento também se associa com 

 

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nutrição, podemos pensar equacionalmente, construindo a seguinte equação, que já denominamos equação relacional, já que não expressa igualdade, e sim inter-relações: 

 

                      1) AUMENTO DE LONGEVIDADE (A)   (=)   NUTRIÇÃO (C)    (ratos de McCay) 

 

                               2) COMPORTAMENTO (B)   (=)   NUTRIÇÃO (C)    (ortomolecular) 

 

Podemos acrescentar ainda mais uma relação, tirando-a da experiência de Ellen Langer, da experiência de Chopra (já que podemos pensar que a meditação transcendental é um tipo de comportamento que se adota), da história do Coronel Bradford (se a aceitarmos) e também da experiência das abelhas (se for aceita a interpretação que fizemos). Temos aqui, então, rejuvenescimento associado a comportamento: 

 

                                    3) REJUVENESCIMENTO (D)   (=)   COMPORTAMENTO (B) 

 

Conseqüências do raciocínio: se aumento de longevidade e comportamento se associam com nutrição, também se associam entre si; temos então: 

 

                                4) AUMENTO DE LONGEVIDADE (A   (=)   COMPORTAMENTO (B) 

 

                                                           Como temos acima: 

 

                                    3) REJUVENESCIMENTO (D)   (=)   COMPORTAMENTO (B) 

 

                                                                       Logo, 

 

                               AUMENTO DE LONGEVIDADE (A)   (=)   REJUVENESCIMENTO (D) 

 

Essas associações nos revelam que todos os fatos, uma vez que se associam, são interdependentes, pois REJUVENESCIMENTO se equaciona (relacionalmente) a AUMENTO DE LONGEVIDADE, que já se equacionou acima com NUTRIÇÃO. Isto significa que o rejuvenescimento, ou o aumento da longevidade podem ser obtidos tanto por via nutricional (ratos de McCay) como comportamental (experiências analisadas). 

 

(Experiências analisadas = Ellen Langer, Chopra, Coronel Bradford, fenomenologia da reversão do envelhecimento das abelhas) 

 

Não nos é difícil entender que se o organismo gastava grandes quantidades de energia, sempre, diuturnamente, eliminando ou acumulando, o que fosse possível ou viável; no momento em que por alguma razão a entrada de elementos tóxicos fosse interrompida ou diminuída, passasse a haver uma maior quantidade de energia "livre", sobrante (contabilmente, passou a haver sobras). Essa energia livre pode, assim, ser direcionada para processos de reparação e manutenção que haviam tido que ser paralisados, já que o mínimo necessário da energia estava comprometido com o funcionamento do organismo, e o restante, com a desintoxicação. Em outras palavras, não havia sobra de energia para reparo e manutenção, passando a haver 

 

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energia para ser utilizada neste setor, o organismo a usa e sabiamente, obedecendo a especificações contidas no âmago de suas estruturas nucleares, a nível genético, de DNA. O resultado ficou visível nos ratos de McCay: mais saúde e maior longevidade. Experiências que estavam em andamento com macacos quando Hayflick escreveu seu livro não tinham, até aquele momento, tomado rumo diferente, isto é, os macacos mais magros estavam em boas condições de saúde, além de terem demonstrado, ao longo dos quatro anos da experiência, leve retardamento do desenvolvimento físico e sexual, o que é compatível com o aumento de longevidade máxima. A via nutricional do rejuvenescimento ou do aumento de longevidade, portanto, não nos oferece mistério: qualquer dieta que de alguma forma reduza ou tenda a reduzir a disnutrição terá influência positiva sobre o envelhecimento, retardando-o, ou no sentido de mudá-lo para desenvelhecimento.  

 

O que colocamos acima é, em essência, o que colocam os irmãos Sanchez ao longo de sua obra. Trata-se aqui do uso adequado, ou não, de recursos energéticos. Apenas para validar esse raciocínio, vejamos como ele foi usado por outro autor, em um contexto bem diferente. Trata-se de Goleman, quando aborda a questão das preocupações e sua perniciosidade:

 

"Os recursos mentais despendidos numa tarefa cognitiva - a preocupação - simplesmente são subtraídos dos recursos existentes para processar outras informações: se estamos preocupados com idéias de que vamos fracassar na prova que fazemos, temos tanto menos atenção para despender no cálculo das respostas". (Parece óbvio, e é óbvio, mas parece que os estudiosos do envelhecimento tiveram, aqui, até hoje, um ponto cego. Pior: fazem questão de mantê-lo. Um pouco de humor não faz mal: é seu ponto cego de estimação). Claro, quaisquer recursos podem ser mal utilizados, quer sejam energéticos, quer sejam mentais, monetários etc. E aqui o homem tem demonstrado, ao longo da história, uma perversa maestria. 

 

Porém, um pouco diferente é a questão comportamental. Na experiência da professora Langer não houve manipulação alimentar, apenas comportamental. Mas houve, comprovado por medições e avaliações, como já vimos, rejuvenescimento de aproximadamente três anos para o grupo de idosos que se submeteu à experiência. Se pensarmos em termos de consciência, que somos os únicos animais que têm consciência e que POR ISSO podemos manipular forças poderosíssimas que fazem parte de nosso mundo quântico, ficaremos sem entender o mistério das abelhas, já que elas não têm consciência (como a conceituamos) e POR ISSO não poderiam manipular aquelas poderosíssimas forças. No entanto elas o fazem, não se trata portanto da questão da consciência. Por outro lado, se pensarmos em termos de comportamento, encontramos um denominador comum que nos permite entender tanto a experiência de Langer quanto a das abelhas, tanto a de Chopra quanto a 

 

[pág.224] 

 

do Coronel Bradford, já que estes últimos também orbitaram, em suas experiências, em redor do comportamento: no caso de Chopra, a meditação transcendental é um comportamento, uma prática comportamental; no caso do Coronel Bradford, os "ritos" como ele os chamava, eram um comportamento direcionado para alinhar os centros energéticos. 

 

                                                                 O MISTÉRIO DA RAINHA  

 

Outra colocação intrigante é a de Bernard quando fala de Agharta, a respeito da longevidade de seus habitantes. Refere-se à sua aparência jovem "mesmo com séculos ou até milhares de anos". Nosso primeiro impulso é descartar essa afirmação como exagerada. Afinal, até aproximadamente 1.000 anos o próprio texto aberto da Bíblia nos dá respaldo para admitirmos - lembremos que a longevidade máxima encontrada é a de Matusalém, de 969 anos. No final do capítulo em que tratamos da Bíblia chegamos a uma longevidade possível, interpretando o texto de Isaías 65, de aproximadamente 1.700 anos. Se alguém quer comunicar a duração de algo em torno de 2.000 anos normalmente não usa a expressão "milhares de anos"; esta é usada, regra geral para expressar uma quantidade maior; a expressão é usada para dimensionar o plural, para aumentá-lo. Colocando de outra forma, dificilmente alguém entenderá ou interpretará a expressão como significando 2.000 anos, isto é, ela "pluraliza" o dois, o fator de multiplicação embutido na frase é maior que dois. 

 

A pergunta que nos vem a seguir é se podemos encontrar, na natureza ou na literatura, algo que nos permita pensar que a afirmação de Bernard possa conter traços de veridicidade. Vimos acima que o aumento de longevidade máxima está associado, é dependente e se relaciona com nutrição e também com comportamento. Isto é, nutrição e comportamento seriam as variáveis que controlariam o tempo de longevidade máxima. Se isso é verdade, deve ser passível, de alguma forma, de verificação. 

 

Voltaremos nossos olhos novamente para as abelhas; veremos o que mais elas nos podem ensinar. Hayflick, tratando da longevidade dos animais, diz o seguinte: "As rainhas das colônias de insetos são de interesse particular porque, embora todos os membros tenham os mesmos genes, elas vivem muito mais do que os outros membros de sua comunidade. (...). Uma larva em uma colônia de abelhas se tornará rainha depois de ser alimentada com geléia real. Seu tempo de vida será então medido em anos, enquanto o de outros membros da comunidade será medido em meses". Para que uma abelha no estágio de cria (ou larva) 

 

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seja operária ela é alimentada com geléia real durante três dias apenas. Quando a abelha é alimentada, desde o estágio de cria, ao longo de toda sua vida com geléia real, ela se torna rainha. Neste caso alcança o dobro do tamanho da abelha operária, produz até 3.000 ovos por dia (as operárias não põem ovos), diariamente e por toda a vida, e ainda vive até 6 anos. Todas essas informações foram extraídas de Hayflick, que diz também que

 

"Ninguém sabe porque a alimentação constante com a geléia real aumenta de sessenta a setenta vezes o tempo de vida da abelha, mas trata-se provavelmente do efeito nutricional mais profundo sobre a longevidade dentro de uma espécie que os biólogos conhecem". 

 

(Desde dezembro de 1999 quando esta obra foi publicada, já se sabe a resposta da questão acima, porque é aqui exposta, com explicações pormenorizadas, bem embasadas e substanciadas. O posfácio I - "Os Superjovens de David Weeks" - mostrará que elas já foram confirmadas por autor independente, em pesquisa de campo). 

 

Considerando que uma abelha operária vive em torno de 30 dias, normalmente, no verão (no inverno vivem mais, até 7 meses), se compararmos com o tempo de vida da abelha rainha, em dias (6 anos = 2190 dias), temos que a abelha rainha vive até 73 vezes mais que a abelha operária. Tomando as duas variáveis que vimos acima, nutrição e comportamento, veremos que estas duas variáveis estão aqui atuando. A variável nutricional é óbvia, já a comportamental é mais sutil e requer um olhar mais cuidadoso. Em princípio parece não existir, já que a abelha rainha não teve oportunidade de apresentar a plasticidade comportamental que vimos no capítulo sobre experiências de rejuvenescimento. Porém, se recordarmos da experiência de Ellen Langer e dos três fatores a que ela atribuiu o sucesso de sua experiência, veremos que o fator número 2 coloca justamente que os idosos foram tratados "como se fossem mais jovens", teve-se em relação a eles um comportamento diferente (negritado da transcrição). No caso das abelhas, a geléia real é o alimento das mais jovens; "envelhecendo" três dias já muda sua alimentação. Como a alimentação da rainha não muda, ela continua sendo tratada como jovem (grifo original e negritado da transcrição), e assim permanece. Não mudar a alimentação da rainha equivale portanto a continuar tratando-a como jovem, e ela assim tratada, assim se mantém. Colocando de outra forma, as "babás" têm com ela um comportamento diferente (negritado da transcrição), que é uma ação, à qual corresponde uma reação, outro comportamento, o de permanecer jovem. O comportamento diferente (alimentá-la com geléia real) é mantido, portanto é mantido também o "contra-comportamento" de não envelhecer, ou de aumentar a longevidade máxima, naturalmente até um limite biológico, no caso das abelhas, até cerca de 6 anos. 

 

Se as abelhas fossem espécies pensantes como nós, poderíamos facilmente entender que elas pensassem (e falassem entre si) que sua rainha era imortal, pois as operárias a veriam sempre, por toda suas vidas, sem envelhecer. O tempo biológico da rainha diminuiu tanto em 

 

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relação às operárias que estas não o percebem mais, para elas ele simplesmente não existe, sua rainha é imune ao tempo e portanto imortal, é assim que a vêem. Isto é facilmente compreensível se fizermos a transposição da situação para uma comunidade humana. Teríamos um rei, um governante que viveria 73 vezes mais que as pessoas normais da comunidade; 73 vezes 120 anos nos dá o resultado de 8760 anos! Chegamos assim aos "milhares de anos" referidos por Bernard. 

 

Agora, de posse de todos os elementos que temos vindo acumulando, podemos finalmente lançar uma luz a mais na situação que analisamos no Capítulo VI, a respeito dos "deuses imortais" de que nos falam os textos antigos, pois para uma civilização humana com longevidade máxima de 120 anos, o tempo correria num ritmo bem diferente do ritmo de outra em que seus membros tivessem longevidades de milhares de anos; igual que as abelhas operárias em relação à sua rainha, veriam os membros da outra civilização como imortais, e seu conhecimento e tecnologia, como já vimos, responderiam pelo endeusamento: "deuses e imortais", nada mais fácil de compreender juntando todas as peças do quebra-cabeça. 

 

Como curiosidade, se tomarmos o tempo médio de vida, em vez de longevidade máxima de 120 anos, teríamos (dados da OMS, de 2012, obtidos na Wikipédia): 1) para o Japão: 87 x 73 = 6.351 anos; 2) para os Estados Unidos: 79,8 x 73 = 5.825 anos; 3) para o Brasil: 76,2 x 73 = 5.562 anos. Pensem em povos cujos reis tivessem longevidades dessas, não seriam tais reis considerados imortais, ou mesmo, deuses? 

 

Continuando nossa curiosidade. Aqueles que já tiveram interesse e leram a obra de Zecharia Sitchin (que teve em seu currículo ter sido consultor da NASA), "As Crônicas da Terra", sabem que povos antigos tinham reis que viviam milhares de anos e eram considerados imortais e considerados deuses, sabem que haviam muitos deuses, sabem que tais deuses guerreavam entre si, sabem também que um dia, um destes deuses (era o chefe), que "desceu dos céus", verificando que houve sobreviventes após o dilúvio, graças à Arca de Noé, disse, após considerações feitas em conjunto com os "deuses" que aqui se encontravam: 

 

"Quem tinha querido salvar os terrestres, quem fez com que ficássemos na Terra? (...) A vontade do Criador de Tudo é evidente: na Terra e para os terrestres, somos apenas emissários. A Terra pertence aos terrestres, utilizou-nos (O Criador de Tudo) para preservá-los e para lhes fazer avançar!" 

 

Ainda, quantos sabem que o Vaticano providencia duas versões da Bíblia? Uma para as famílias, onde na tradução aparece um "Deus" único, e outra versão, pela mesma editora, direcionada aos estudiosos bíblicos, sendo que esta versão tem a tradução correta, "Deuses" em vez de "Deus". De qualquer forma, os parágrafos anteriores mostram que nos bastidores de nossa pré-história estava o "Criador de Tudo". Aquele a quem chamamos de Deus, nossos criadores chamavam de "Criador de Tudo". 

 

Podemos também comparar a experiência das abelhas com a dos ratos de McCay, para vermos se há compatibilidade. No caso das abelhas o aumento da longevidade está associado ao desenvolvimento do aparelho reprodutor, da sexualidade, pois a rainha é fecundada pelos zangões e põe ovos, assegurando a continuidade da colméia. As operárias não possuem sexualidade. Vemos assim que o aumento da longevidade está associado a alterações também no desenvolvimento da sexualidade. Esse mesmo efeito foi observado tanto nos ratos quanto nos macacos em seus 4 anos de experimento. Portanto existe compatibilidade, sim. A crítica que pode ser feita a este raciocínio é que as abelhas operárias não têm seu desenvolvimento sexual retardado, simplesmente não o tem. Podemos perfeitamente pensar que se seu tempo de vida fosse maior elas desenvolveriam a sexualidade, isto é, seu tempo de vida foi encurtado de uma forma a não dar tempo para elas desenvolverem a sexualidade. Que elas podem fazê-lo está bem claro pelo que já vimos; lembremos de Hayflick falando "embora todos os membros tenham os mesmos genes". Ora, se a carga genética é igual é porque, em princípio, todas têm as mesmas potencialidades. 

 

Mas esse raciocínio é correto? Se o é, deve ser passível de reprodução na espécie humana, isto é, teremos de ser capazes de fazer um experimento com pessoas acelerando seu desenvolvimento para verifi- 

 

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carmos se com isso podemos fazê-lo a um ponto tal em que não haja tempo de que elas desenvolvam sua sexualidade. Naturalmente que tal experimento encontraria obstáculos éticos intransponíveis, mas não precisamos fazê-lo; em vez disso olhemos para a patologia humana.  

 

                                                                       P R O G É R I A 

 

Existem algumas síndromes que são chamadas de progérias, em que há uma aceleração no processo de envelhecimento, suas vítimas envelhecem e morrem em fases iniciais da vida. São extremamente raras e uma delas, chamada de síndrome de Hutchinson-Gilford, é de início precoce, suas vítimas podem ser crianças de ambos os sexos e de qualquer raça, e seu tempo médio de vida é de 12 a 13 anos; morrem envelhecidas nessa idade e as causas de morte são as mesmas da população idosa normal. As vítimas dessa doença não desenvolvem a capacidade de reprodução, isto é, o envelhecimento foi tão acelerado que não houve tempo para o desenvolvimento da capacidade reprodutiva.

 

É exatamente o que acontece com as abelhas; seu desenvolvimento é tão acelerado que elas não têm tempo de desenvolver a capacidade reprodutora. Ao contrário, a rainha tem tempo, e tem tanto tempo que a desenvolve ao máximo, tornando-se a única reprodutora da comunidade. Vemos portanto que há compatibilidade entre nossa interpretação do fenômeno biológico das abelhas com a patologia humana. Isto pode sugerir que devamos procurar compreender a questão das progérias a partir da óptica nutricional, observando padrões alimentares familiares semelhantes nas famílias que apresentam a doença em um de seus membros.

 

Chopra diz que a progéria é causada por uma deformação genética em um dos milhares de genes, já Hayflick afirma que não foram descobertas mutações genéticas subjacentes na doença. Neste ponto podemos voltar brevemente ao capítulo onde tratamos da Bíblia e recordar que vimos que mutações genéticas podem ser decorrentes de alterações alimentares crônicas, podemos agora dizer, disnutrição crônica (negritado da transcrição). Assim sendo, se há ou não mutações genéticas subjacentes na doença pode vir a tornar-se uma questão de importância secundária, na medida em que podem ser interpretadas como apenas mais um sintoma do efeito progéria, é verdade que um efeito em outro nível, nos gens. Mas sempre um efeito. O importante a destacar aqui é que a ciência médica oficial e seu ramo especializado, no caso a genética, tendem a colocar a causa genética como primária, e o que nós estamos colocando é que ela é, ou pode ser, também, secundária.

 

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Parece-nos ser essa distinção de suma importância, não apenas em termos de filosofia médica, mas principalmente em termos de medicina preventiva. 

 

Assim, o conhecimento que temos da vida das abelhas nos permite a percepção e a compreensão, em sendo válido nosso raciocínio, de que poderemos, conhecendo as variáveis que interferem no processo de envelhecimento, e as manipulando com inteligência, estender a nossa longevidade para milhares de anos. A própria natureza nos mostra, através das abelhas, que isto é possível. 

 

                                                                 A QUESTÃO QUÂNTICA 

 

Não podemos esquecer de nossa intimidade subatômica, que as forças que atuam na questão do desenvelhecer têm uma natureza quântica, como já vimos no Capítulo II. Em relação à variável nutricional a questão das forças quânticas pode ser colocada num plano secundário, em princípio, já que é uma variável que atua diretamente na biologia através da manipulação e correção dos descaminhos metabólicos decorrentes de uma disnutrição crônica, na medida em que elimina vias de desperdício energético e dessa forma redireciona o uso da energia do organismo no sentido de uma autêntica nutrição. Já na variável comportamento, e esta é real, uma vez que, mesmo em não se aceitando nossa interpretação da fenomenologia das abelhas, permanece ainda a experiência de Ellen Langer e de Chopra, que não podem ser negadas, e que nossa interpretação as torna compreensíveis; essa variável portanto só a podemos entender como tendo por trás as forças quânticas. Isto enseja outra pergunta: como o comportamento pode atuar nessas forças tão poderosas? A resposta, de certa forma, já a obtivemos lá atrás, nas considerações do capítulo sobre experiências de rejuvenescimento. Lembremos: na medida em que sentimentos e pensamentos estão sempre por trás do comportamento, podemos pensar que eles são partes do próprio comportamento em sua forma latente. Já vimos também que sentimentos e pensamentos (conscientes ou inconscientes) fazem parte de nosso mundo quântico. Portanto pensamentos e sentimentos se associam às forças quânticas. Nossa equação relacional nos ajudará novamente: 

 

                             SENTIMENTOS E PENSAMENTOS (A)   (=)   COMPORTAMENTO (B) 

 

                             SENTIMENTOS E PENSAMENTOS (A)   (=)   FORÇAS QUÂNTICAS (C) 

                            

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Portanto, se (A) se relaciona com (B) e com (C), como consequência (B) e (C) também se relacionam: 

 

                                                          E, aí temos o resultado: 

 

                                 COMPORTAMENTO  (=)  FORÇAS QUÂNTICAS (negritado da transcrição) 

 

Isto é, o comportamento tem, de fato, o poder de ativar as forças existentes em nosso mundo interno quântico, o que completa nosso entendimento das experiências de Langer e de Chopra. No caso específico das abelhas, o que vemos portanto, é uma feliz conjugação das duas variáveis, com os efeitos que analisamos. Como as duas variáveis são aplicáveis a nós humanos, está aberto o caminho para alterações profundas na questão do envelhecimento humano, com todas as conseqüências que isso possa trazer. Cabe a nós trilharmos esse caminho não apenas com inteligência, mas sobretudo com sabedoria. 

 

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[pág. 231]                                                      CAPÍTULO XI 

 

                                                                    C O N C L U S Ã O 

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Começamos nossa Introdução falando da experiência de McCay, e da mesma forma iniciaremos nossa conclusão. Vamos fazer uma tentativa de articulação de sua experiência com os relatos de Peter Kelder a respeito do Coronel Bradford em "A Fonte da Juventude". Como não poderia deixar de ser, já que o assunto é rejuvenescimento, o Coronel Bradford também fala sobre a alimentação no Mosteiro Tibetano onde rejuvenesceu, embora não lhe dê a mesma importância que dá aos "exercícios" que chama de ritos e ao comportamento. Entre as informações alimentares contidas em seus relatos, extraímos as seguintes: no Mosteiro não havia muita variedade alimentar e sua alimentação era constituída, basicamente, de um só tipo de alimento em cada refeição, o que era feito para que os alimentos não entrassem em conflito no estômago, já que muitos alimentos não combinam entre si. Textualmente, vejamos parte do seu relato: 

 

"Muitas coisas que eu aceitava como certas antes de ingressar no mosteiro me pareceram chocantes quando o deixei dois anos depois. Quando cheguei a uma das maiores cidades da Índia, surpreendi-me com a enorme quantidade de comida consumida pelos que podiam pagar por ela. Vi um homem comer, numa única refeição, uma quantidade de alimentos suficiente para satisfazer quatro lamas que exerciam um trabalho exaustivo, só que, naturalmente, os lamas nem sonhariam em colocar no estômago as combinações que esse homem consumiu". 

 

Esse texto nos mostra, sem sombras de dúvidas, e ainda mais considerando os demais comentários feitos sobre alimentação pelo Coronel, que no Mosteiro Tibetano onde estivera, os lamas viviam num regime de "restrição calórica", embora o Coronel naturalmente nunca tenha usado essa denominação. O que isto significa? Que a restrição calórica para a manutenção da saúde e aumento da longevidade com a eliminação do envelhecimento precoce é uma prática muito antiga em certos grupos que via de regra vivem isolados e fora da roda viva de nosso mun-

 

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do moderno. Em outras palavras, a ciência descobriu, através de McCay, o que não cientistas já sabiam e praticavam provavelmente há muitos séculos. A ciência, como muitas vezes acontece, está aqui atrasada, "descobre" muitas vezes coisas já "descobertas" bem antes. Isto é, a ciência muitas vezes não aceita, nega conhecimentos que viajam no tempo através das tradições, e, quando algumas experiências lhe permitem de certa forma deixar de negar, chama para si a "descoberta" e a glória de tê-la feito (o caso da vacinação contra a varíola visto no Capítulo IV é didaticamente exemplar). 

 

O que vemos então, analisando agora de modo completo os relatos do Coronel Bradford, é que no mosteiro o rejuvenescimento era alicerçado, também, nas variáveis nutricional e comportamental; esta última se manifestava num desejo firme e atitude mental, reforçados pelos "ritos" que possuíam o efeito fisiológico de recuperar o funcionamento normal dos vórtices energéticos (chakras). Dissemos, no capítulo sobre experiências de rejuvenescimento, quando pousamos no livro de Kelder, que o próprio editor afirmava que sua história poderia ser ficção ou verdade, ou um pouco de cada. Estamos, agora, em condições de concluir, analisando as compatibilidades da história do Coronel Bradford com todas as experiências e fatos analisados, que a história dele reúne todas as condições necessárias para poder ser considerada uma história real, ou, no mínimo, uma ficção arquitetada a partir de informações e conhecimentos reais. 

 

Podemos aqui relembrar Fritz Khan, já citado, que disse que "É possível inventar mentiras, mas não se inventam verdades". Teria Peter Kelder, ou o Coronel Bradford, inventado uma verdade? 

 

Podemos neste ponto fazer uma pergunta, especulativa, já que não encontramos na literatura pesquisada referências a respeito: Qual teria sido a motivação de McCay para a realização de suas experiências com os ratos que lhe permitiram a descoberta da associação de "subnutrição sem desnutrição" ou "restrição calórica" com o envelhecimento e longevidade dos mesmos? Se pensarmos que McCay pesquisou associação temática entre nutrição e longevidade-envelhecimento, podemos facilmente supor, sem forçar nem um pouco nosso raciocínio, que foi inspirar-se no livro de Cornaro do século XVI. Ora, a temática central de Cornaro em seu livro não foi justamente a associação entre nutrição e longevidade? Não conquistou seu livro um "lugar cativo" nos estudos sobre envelhecimento? Basta lembrarmos do que vimos no capítulo sobre Teorias do Envelhecimento, quando Cornaro "ressuscitado" e atualizado afirmou: "Quando você come pouco, produz menos radicais livres e envelhece menos e vive mais e com mais saúde". não podemos ver nessa assertiva Cornariana vivificada, adaptada e atualizada, a essência da "res-

 

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trição calórica"? Em rigor, nem precisaríamos ressuscitá-lo, adaptar e atualizar sua frase original, que, recordemos, foi a seguinte: "Os alimentos que o homem deixa de comer quando come parcimoniosamente são mais benéficos do que os que ele comeu". Não podemos encontrar já aqui, às escâncaras, a restrição calórica? 

 

No final do Capítulo III, quanto tratávamos da questão dos radicais livres e da metáfora de Chopra do "dedo que puxa o gatilho", fizemos a asserção de uma não-compreensão científica que só nos era compreensível como um sintoma coletivo e generalizado. Pensamos estar agora em condições de esclarecer melhor aquela afirmação. Dissemos que a resposta à questão dos radicais livres e seu papel no envelhecimento permeava, de uma forma ou de outra, toda a literatura acerca do envelhecimento. Como os radicais livres se associam à alimentação, como já vimos, percebemos que os lamas e o próprio Coronel Bradford já tinham esta percepção. Voltemos, agora, à cultura ocidental moderna: o que encontramos? Já vimos também, encontramos a questão alimentar revestida do significado do "nada" insignificante que adquiriu as características de "crenças profundas". São justamente essas crenças profundas que, cumprindo seu papel compatível com o de um "nada" insignificante, atuam na mente de pesquisadores e cientistas, fazendo-os negar, ou não perceber completamente e adequadamente o papel primário e fundamental da disnutrição no envelhecimento humano. 

 

Explica-se, assim, que Masoro e Yu e colegas tenham chegado à percepção de que o mecanismo de ação do efeito antienvelhecimento da restrição alimentar achava-se associado à questão energética e aos níveis sangüíneos da glicose, mas não tenham podido fazer a articulação seguinte necessária para fechar a compreensão, isto é, de que havia "componentes específicos contaminantes" na alimentação que se associavam à questão da glicose e à energética. Em vez disso, afirmaram exatamente o contrário, negaram o papel da redução do consumo de agentes contaminantes específicos (tóxicos) na alimentação. 

 

Foi exatamente a "crença profunda", inconsciente, que agiu no sentido de perverter seu raciocínio científico até aquele momento correto, e introduzir a negação, esta sim, perfeitamente compatível com o "nada" insignificante. O mesmo mecanismo, a mesma crença atuou em Hayflick impedindo-o de perceber a importância das "certas moléculas suscetíveis" e ignorá-las no restante de seu trabalho. Também Hayflick viu, percebeu, mas não compreendeu. Mesmo Chopra, que pela sua formação e currículo podemos pensar que teria mais condições de não cair na mesma armadilha, caiu; nele, o "nada" insignificante fez com que desenvolvesse seu raciocínio em torno 

 

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dos radicais livres na questão do equilíbrio entre a criação e a destruição; fez questão de frisar, inclusive, que o que estava realmente em jogo não eram "as moléculas ou as reações químicas envolvidas". Esta negação, explícita em seu texto, nos mostra claramente a ação da crença profunda do "nada" insignificante da alimentação, pois sempre que um pesquisador ameaça percebê-la ela se esconde ou foge; aqui ela invade o raciocínio de Chopra através da negação do papel das moléculas e reações químicas envolvidas. Ora, são justamente as reações químicas e as moléculas envolvidas que proporcionam o equilíbrio, ou o desequilíbrio dos organismos vivos; equilíbrio ou desequilíbrio que permitem, respectivamente, a longevidade ou o envelhecimento precoce. Isto que estamos colocando não constitui, de forma alguma, crítica aos dois renomados pesquisadores; pelo contrário, só podemos elogiar e ser gratos àqueles que imbuídos da melhor boa vontade e intenções, tentam decifrar mistérios não resolvidos pelo bem da humanidade. 

 

Por outro lado, nossas assertivas são sobejamenjte conhecidas e compreendidas pelos profissionais que se dedicam ao psiquismo humano, aqueles que estudam as ciências comportamentais. Tão-somente o que estamos fazendo é aplicar o mesmo raciocínio do sintoma individual a uma instituição, no caso a instituição científica. Naturalmente que o mesmo mecanismo e raciocínio são aplicáveis, também, à instituição humana, já que esta pode ser considerada, para efeitos compreensivos, como um corpo maior, formado por diversos órgãos, que poderiam ser os países, que são formados por diversas células e tecidos, que seriam os indivíduos e suas instituições menores. Se aprofundássemos mais essa metáfora, poderíamos perceber o quão ela é plena de sentido, mas não é este o momento de fazê-lo. Queremos aqui apenas tornar compreensivo nosso raciocínio. 

 

Por outro lado, ainda, encontramos também a negação do novo no estudo da história da humanidade. Já vimos nos capítulos anteriores a negação da anestesia, da assepsia, da penicilina, entre outras, todas referentres à história da medicina, mas a medicina é apenas um tipo de instituição científica, em outras também encontramos a mesma negação. Vejamos alguns exemplos, extraídos de Simone de Beauvoir. 

 

Há aproximadamente 110 anos a idéia da utilização da luz elétrica para iluminação doméstica foi vaiada por todos os especialistas; Newcomb, astrônomo americano, demonstrou num célebre ensaio que o vôo de objetos mais pesados que o ar era impossível: o professor Bickerlow afirmou, em 1926, apoiado em provas, que nunca se conseguiria enviar um projétil à Lua; Rutherford afirmou que nunca se poderia liberar a energia contida na matéria (bomba atômica): Pontecorvo foi objeto de 

 

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riso quando anunciou que se poderia observar o interior das estrelas graças aos neutrinos; a Academia de Medicina de Lyon profetizou que o corpo humano não seria capaz de suportar a vertiginosa velocidade do trem; para as mulheres grávidas, afirmou que toda viagem de trem acarretaria infalivelmente um aborto. Todos esses exemplos nos mostram com clareza cristalina o quanto a humanidade é resistente ao novo. Alie-se agora, a essa resistência, o poder da crença profunda do "nada" insignificante associada à alimentação; não poderíamos esperar outra coisa que aquilo que vimos, e por uma razão muito simples: pode alguém pensar em algo mais "novo" que o próprio desenvelhecer, a extirpação do envelhecimento humano, algo tão antigo quanto nossas próprias origens, sua própria antítese? 

 

Porém, paradoxalmente, encontramos convivendo lado a lado com a crença profunda o conteúdo ideacional oposto, o que não é, também, nenhuma novidade para os conhecedores do psiquismo humano, que sabem perfeitamente bem, e Freud o demonstrou com maestria, que em nosso inconsciente conteúdos ideativos contraditórios, opostos, coexistem sem dificuldade. E é essa existência oposta que responde pela infiltração, na literatura gerontológica, da percepção do papel da alimentação, ao mesmo tempo em que a ideação oposta lhe nega a compreensão. Podemos ver com mais clareza como isto se manifesta se analisarmos uma colocação de Busse e Blazer na interpretação literal para as longevidades dos patriarcas antes do Grande Dilúvio:

 

"(...) esses patriarcas seguiam uma moral e comportamento peculiares, bem como uma dieta que conduzia à longa vida". A moral, sabemos, determina o comportamento. Temos portanto aqui um só elemento na verdade, comportamento; o outro era "uma dieta que conduzia à longa vida". Podemos ver a questão com mais clareza que isso? Não são exatamente as duas variáveis que identificamos, nutrição e comportamento, que estão aqui perfeitamente explicitadas? Explicitadas, identificadas, sim; compreendidas, não. A identificação por conta de um conteúdo ideacional, a não-compreensão, por conta do outro, ambos inconscientes. E onde encontramos isso? Numa obra científica que aborda, especificamente, a ciência do COMPORTAMENTO (PSIQUIATRIA) associada ao ENVELHECIMENTO (GERIÁTRICA). Que mais poderíamos desejar para a confirmação da correção de nosso raciocínio? Temos, nesta altura de nosso vôo livre, elementos para aprofundar um pouco mais nossa análise e compreender, também, a dificuldade de interpretação encontrada por Langer em sua experiência: já vimos que o fator único, determinante do sucesso de sua experiência, foi na realidade o comportamento; já vimos 

 

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também que o comportamento se associa, relacionalmente, e como efeito, à nutrição; esta por sua vez está vinculada, associativamente, em nosso inconsciente, ao "nada" insignificante da alimentação, que constitui a crença profunda que atua travando o raciocínio compreensivo científico. Foi, portanto, esse conteúdo ideativo que, em última análise, atuou também em Langer, inconscientemente, por associação com o comportamento, travando sua compreensão, já que esta poderia levar, associativamente, à nutrição. Colocando isto de uma forma mais técnica dentro dos conceitos e mecanismos psicológicos determinantes da formação de sintomas, temos um caso de deslocamento associativo, observável no dia-a-dia de nossos consultórios. É esta a gênese do sintoma no indivíduo, como são os indivíduos que formam as instituições que por sua vez formam as civilizações, estas também carregam de forma plena os mecanismos formadores de sintomas individuais. Em outras palavras, conhecendo um indivíduo podemos inferir sobre a sua civilização; analogamente, conhecendo a civilização, podemos inferir sobre os indivíduos que a compõem. 

 

Nesse sentido, nosso trabalho constitui, de certa forma, um roteiro que guia o leitor por caminhos que o conduzem, pouco a pouco, a aceitar o novo, o inusitado. Assim, no Capítulo II introduzimos a idéia, já não tão nova atualmente mesmo no meio científico ortodoxo, de que o envelhecimento pode não ser algo tão normal e natural como estamos acostumados a pensar e aceitar. No Capítulo III mostramos, através das análises feitas, que a questão nutricional é a que se esconde por trás dos radicais livres, tentando com essa demonstração demolir a idéia de que só nos é possível minimizar os efeitos dos radicais livres lançando mão de diversos artifícios que abundam na literatura atual. O Capítulo IV vai mais a fundo e tem o objetivo de minar em suas raízes as "crenças profundas" do "nada" insignificante da alimentação. O Capítulo V torpedeia novamente o inimigo (crenças profundas) ao mostrar as importantíssimas repercussões comportamentais da nutrição. 

 

No Capítulo VI, com o auxílio de estudos bíblicos contemporâneos e recentíssimos, tentamos subverter uma idéia atual muito difundida de que não se pode levar certos textos bíblicos a sério, afinal, colocam-se absurdos como longevidades de quase até mil anos; como levá-los a sério? O Capítulo VII, por sua vez, pensamos que inequivocamente desmonta a crença de que o envelhecimento é irreversível, tanto pela análise de experiências humanas como com a compreensão do fenômeno das abelhas e a percepção de sua compatibilidade e articulação com as 

 

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experiências humanas. O Capítulo VIII, embora não constitua novidade para muitas pessoas, o é para um número provavelmente muito maior de indivíduos que não têm ou nunca tiveram motivação ou oportunidade para enfocar estudos considerados, em sua grande maioria, como especulativos e alternativos. 

 

Finalmente, no Capítulo IX procuramos subverter outro conceito secular que encontra raízes tão ou quase tão profundas quanto as do "nada" insignificante da alimentação. Nesta as raízes cresceram ao longo de milhares de anos; já no caso da "macicez" de nosso planeta, embora não tenha raízes temporais tão profundas, as têm da mesma forma aprofundadas pela ênfase que lhe é dada pelo meio científico oficial e conseqüentemente pela mídia, que representa a oficialidade, e que todos sabemos o quanto é poderosa e manipulativa em nosso mundo contemporâneo. Sabedores que somos desse poder dos meios de comunicação em nosso mundo atual, nos preocupamos em substanciar este capítulo com um grande número de informações, o que lhe pode ter dado certa aridez. O leitor que, como sugerimos na introdução, tenha saltado algumas partes, encontra-se agora em condições de entender por que, neste caso, nossa preocupação com o conteúdo sobrepujou a preocupação com a forma. 

 

Podemos concluir que o desenvolvimento de nossas idéias e sua compreensão permite a percepção de que Chopra chegou muito mais perto do que Hayflick quanto à compreensão do processo do envelhecer. Isto aconteceu, podemos perceber, porque o pleno entendimento da questão foge do alcance da biologia; não é este o caminho que conduz a ele. Logo no prefácio de seu livro Hayflick coloca que:

 

"Esforcei-me pouco para abordar questões relacionadas à gerontologia que fossem estritamente sociológicas, psicológicas ou não biológicas". 

 

Neste "pouco esforçar-se" ele próprio fechou as portas da compreensão, já que, como vimos no desenvolvimento de nosso trabalho, a compreensão passa por caminhos não biológicos, os quais transcendem, portanto, a biologia. Neste sentido podemos então dizer que Hayflick, por ter-se auto-imposto um limite que não ia muito além da biologia, raciocinou sem os elementos imprescindíveis para a compreensão; em outras palavras, por se ater à biologia, não sendo o ser humano um ser estritamente biológico, dividiu-o em seu trabalho (dividiu o indivisível), e, nesta divisão, excluiu elementos (psicológicos, comportamentais) essenciais para o entendimento; ou ainda, tentou montar um quebra-cabeça, mas ao iniciar a montagem excluiu algumas peças que lhe eram vitais. Jamais, nessas 

 

[pág.238] 

 

condições, poderia, ele ou qualquer outro, ter atingido a meta proposta no título de seu livro ("Como e Por Que Envelhecemos") relativamente ao "por que"

 

Encerrando, podemos dizer que nosso trabalho é um trabalho subversivo, na medida em que procura, no desenvolvimento de seus capítulos, transformar conceitos e crenças enraizados e acalentados por todos nós. Isto naturalmente foi proposital, já que temos plena ciência da polemicidade que o tema gera, assim como também sabemos que somente subversões de crenças profundas têm o poder de abrir caminho para a subversão maior que constitui a essência de nosso trabalho, que é a subversão da profunda crença de que nossos corpos têm capacidade para funcionar por apenas, no máximo, cerca de 120 anos. É a esperança de que esta semente que estamos lançando encontre aconchego em alguns corações e que estes a multipliquem e que esta multiplicação possa reverter em benefícios, que se espalhem cada vez mais, que nos animou a dar forma a este livro. 

 

 

[pág.239]                                                     P O S F Á C I O   I  

 

                                                      OS SUPERJOVENS DE DAVID WEEKS 

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No Capítulo Conclusivo, ao nos referirmos aos conteúdos ideacionais opostos associados à interpretação literal para as longevidades dos patriarcas pré-diluvianos referida pela obra de Busse e Blazer, "Psiquiatria Geriátrica", perguntamos o que mais poderíamos desejar para confirmar a correção de nosso raciocínio. Pelas vias da coincidência, ou da sincronicidade, podemos pensar, nos foi dada a resposta. Pouco tempo depois de terminarmos este livro foi lançado em nosso meio a obra de David Weeks e Jamie James, "Segredos dos Superjovens". Tal trabalho conta a experiência de 8 anos de observações e estudos, e mais 10 anos de pesquisas científicas, feitas pelo Dr. David Weeks, chefe do Departamento de Psicologia Geriátrica do Royal Edinburgh Hospital, na Escócia. A pesquisa envolveu pessoas que os autores chamaram de superjovens, que apresentavam diferenças de aproximadamente 10 anos, em média, entre suas idades biológicas e cronológicas. Vejamos rapidamente o que os autores nos revelaram através de suas pesquisas. Nas palavras do próprio Dr.Weeks: 

 

"Após avaliar centenas de pessoas superjovens, fiquei impressionado acima de tudo com sua diversidade: surgiram pouquíssimos traços que poderiam ser aplicados a todos os participantes do projeto. Quando surgia um, imediatamente adquiria grande importância. Além das características objetivas, tais como atletismo em alto grau ou atividade mental pronunciada, logo comecei a discernir uma característica mental mais sutil nestas pessoas notáveis" (grifos nossos, negritados da transcrição).  

 

A característica mais sutil identificada acima é "uma estratégia única" desenvolvida para lidar com o estresse. Em vez da clássica "raiva e frustração", os superjovens "imediatamente enfrentam o problema e lidam com ele de forma construtiva". Vemos aqui que o autor fala de um COMPORTAMENTO diferente dos superjovens diante dos estresses normais da vida. Não podemos, aqui, perceber uma estreita analogia com o comportamento das abelhas? Pensamos que sim. Suponhamos 

 

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que as abelhas fossem pensantes e inteligentes como nós, projetemos nosso comportamento "inteligente" nelas e perguntemos: que fariam estas "abelhas humanizadas" pela projeção de nosso comportamento diante de uma situação em que repentinamente, por qualquer motivo, fosse exterminada a população mais jovem da colméia? Provavelmente abelhas "humanizadas" teriam todos os sentimentos humanos normais numa situação de extermínio populacional em massa dos elementos mais jovens da comunidade: medo, desespero, ansiedade, pavor, pânico, preocupação etc. Provavelmente, também, marcariam, se possível, uma reunião para discussão do problema e proposta de soluções. 

 

Talvez algumas, líderes, ambiciosas e oportunistas, até aproveitassem para propor uma forma diferente de governo. Os desenhos animados infantis em que os personagens são animais "humanizados" facilmente corroboram, à exaustão, este nosso raciocínio. As soluções propostas teriam de ser votadas, e, quem sabe, se o contexto não fosse tão emergencial, ainda ser transformadas em resoluções, decretos, leis etc., antes de partirem para a fase executiva. 

 

Porém, como as abelhas não são animais pensantes e inteligentes como nós, seu comportamento é totalmente diferente; as "velhas" sobreviventes ao extermínio simplesmente passam a suprir a falta das jovens executando suas funções, isto é, elas não se estressam como se estressariam as abelhas humanizadas, ou, colocando de outra forma, elas talvez se estressem sim, a seu jeito, e a seu jeito também respondem ao estresse com um comportamento extremamente prático e construtivo, que é executar as funções das que foram exterminadas. 

 

Colocando de outra forma, elas têm uma "estratégia única" de lidar com o estresse, não sentem "raiva e frustração", mas "imediatamente enfrentam o problema e lidam com ele de forma construtiva". Exatamente a "característica mental mais sutil" encontrada nos superjovens por Weeks em sua pesquisa! Vemos, assim, que a analogia não é apenas estreita; é estreitíssima. Todas as semelhanças são meras coincidências? 

 

Outro "fator-chave" identificado por Weeks foi o fato de "sempre terem tido amigos mais jovens". Ora, o que leva algumas pessoas a terem amigos mais jovens senão o fato de elas se COMPORTAREM como se fossem mais jovens? Semelhante atrai semelhante: "dize-me com quem andas e dir-te-ei quem és". Textualmente de Weeks, referindo-se a um exemplo, encontramos uma mulher de 38 anos que tentou ir com a filha de 14 anos a um baile na escola para se divertir (mas que a filha não deixou): 

 

"Os amigos da mãe muitas vezes lhe dizem para crescer e comportar-se como alguém de sua idade, ao que ela responde: 

 

[pág.241] 

 

'Por que, se tenho um espírito jovem? Como é o comportamento de uma pessoa de trinta e oito anos, afinal? Se eu estiver quebrando alguma regra, ótimo. Pelo menos não serei uma velha entendiada'" (o grifo é nosso, negritado da transcrição). 

 

Não é novamente a questão comportamental, a que se nos apresenta? Conselho dos superjovens que mais foi ouvido na pesquisa: "a chave para se sentir jovem é permanecer ativo". O que é permanecer ativo? A antítese de atividade é inatividade. Não é justamente a inatividade que vai invadindo e tomando conta do sujeito à medida que envelhece? Portanto, os superjovens estão dizendo com "permanecer ativo", que se deve ter um COMPORTAMENTO oposto ao do envelhecimento, portanto juvenil. Claro, não é típico dos jovens a atividade? 

 

Outra asserção muito interessante de Weeks: "Estudos clínicos recentes mostram que o estilo de vida pode influir muito mais que a química corporal na condição mental de uma pessoa" (o grifo é nosso, negritado da transcrição). Perguntamos: o que é estilo de vida, senão COMPORTAMENTO? 

 

Weeks falando de novo:

 

"Pessoas com uma atitude mais jovem em relação à vida têm cérebros mais vivos, pura e simplesmente" (grifo nosso, negritado da transcrição). Encontra-mo-lo novamente falando de COMPORTAMENTO (atitude mais jovem se equaciona com comportamento mais jovem). 

 

"O gosto por alguma forma de atividade física regular e vigorosa é uma das principais características determinantes de muitos participantes do estudo sobre os superjovens". Novamente, gentilmente Weeks nos brinda com sua observação. Por quê? Porque a atividade física regular e vigorosa é COMPORTAMENTO considerado culturalmente associado à juventude. 

 

"Os modos positivos e dinâmicos da mentalidade jovem interligam-se organicamente com um estilo de vida que promove a sensação de juventude. Se você estiver cuidando do corpo e mantendo-se ativo, a cabeça, naturalmente, vai junto" (grifos nossos, negritados da transcrição). Mais uma vez Weeks associa COMPORTAMENTO (estilo de vida) à juventude. 

 

Nikko Silvano é um dos superjovens da pesquisa de Weeks; este assim o descreve: "Já é um quase quarentão, mas conserva um ar de menino, magro e esguio, com um sorriso tímido e cabelo desgrenhado, parecido com Robert Redford quando jovem". Conta-nos que Silvano foi no início de sua vida, aos 7 anos, identificado publicamente como uma criança superdotada, e que isto o obrigou, com o desenvolvimento, a criar estratagemas (comportamentos) para evitar problemas nos relacionamentos com seus colegas, a tal ponto que aos 14 anos o próprio 

 

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Silvano se via como um "camaleão social, desenvolvendo pseudos eus para se adequar a qualquer situação em que se encontrasse. Cada uma dessas personas era muito bem ajustada: duvido que eu tenha conhecido alguém mais estável ou equilibrado. Para compensar a solidão da adolescência, ele enriqueceu enormemente a imaginação". Não está, nesta passagem, muito bem identificada por Weeks a PLASTICIDADE COMPORTAMENTAL que nós identificamos em nosso estudo? Weeks conhecera Silvano num fórum de inventores; ele era criativo em muitos campos de atividade - nos conta Weeks -, inteligência artificial, robótica, desenho de jogos interativos, efeitos especiais cinematográficos, e também no lazer; completa Weeks: pinta, faz poesia e compõe música para piano. De fato, um "camaleão" comportamental, no trabalho, nos relacionamentos e no lazer. Particularmente interessante é a explicação dada por Weeks à criatividade intuitiva de Silvano: 

 

"(...) como um retorno transitório aos modos de raciocínio primitivos, até infantis, chamados de raciocínio de processo primário, mas quando combinado com uma maneira madura e reflexiva de pensar, pode levar a uma compreensão mais profunda". O que nos interessa ressaltar, nesta passagem, é a identificação, por Weeks, de algo infantil, portanto jovem, por trás do estilo criativo de Silvano, estilo este associado acima com sua plasticidade comportamental

 

Outro superjovem da pesquisa de Weeks é Jack LaLanne, um californiano que aos 83 anos continua em plena forma. Lema de LaLanne, segundo Weeks, no tocante à nutrição: "Se o homem fez, não como". Na verdade LaLanne não é 100% fiel ao seu lema, como mostra Weeks na continuidade. Citamo-lo para destacar o tema NUTRIÇÃO. Talvez mais importante aqui seja o "pensamento positivo e sadio", nas palavras de Weeks, de LaLanne: "Se quiser viver muito, você precisa acreditar em alguma coisa. Essa é a chave: acreditar". identificamos, neste ponto, nas palavras de LaLanne o "acreditar". Detenhamo-nos no modo como ele construiu sua frase: Essa é a chave, dois pontos, acreditar, ponto. A teoria da comunicação nos ensina que é uma construção enfatizante, realçante, isto é, LaLanne quis dar peso à sua declaração, quis dar-lhe profundidade. Podemos, portanto, sem dificuldade dizer que nas palavras de LaLanne se manifesta uma crença profunda associada ao viver muito, à longevidade. 

 

Victoria Mason, outra superjovem, também fala de sua crença profunda, chamando-a de mentalização, ao se referir ao início de sua prática de windsurf aos 76 anos: Estou na flor da idade. Acho que não há nada que eu não possa fazer se eu mentalizar que vou fazer". 

 

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Dos mais de 85% dos superjovens pesquisados que se referiram a uma alimentação sadia, 90% aumentaram o consumo de frutas e hortaliças, é o que nos informa Weeks. Vemos, pois a importância da NUTRIÇÃO, atestada pela grande maioria dos superjovens.  

 

Relativamente à NUTRIÇÃO, é interessante analisarmos melhor um superjovem em especial, chamado Richard Elixxir. Primeiramente, vejamos o que nos diz o próprio Weeks em "Nutrição e os Superjovens", Capítulo 13. 

 

"Um dos participantes do projeto superjovem, um escritor e conferencista chamado Richard Elixxir, é um apaixonado defensor dos benefícios da dieta hipocalórica. Um dos membros do estudo mais espantosamente jovens - aos quarenta e dois anos, mal parece ter idade para votar -, ele próprio é seu melhor argumento em favor da dieta" (os grifos são nossos, negritados da transcrição). 

 

Weeks não explora o significado desse fato; pelo menos não faz em seu livro nenhuma referência a respeito. Perguntamos então nós: o que isto significa? O que pode Elixxir nos ensinar? Não sabemos com que idade se vota na Escócia, mas podemos supor, com pouca margem de erro, que seja aos 18 anos. O que temos, pois, aqui? Uma pessoa que com a idade cronológica de 42 anos aparenta, isto é, tem, biologicamente falando, 18 anos; ou seja, sua idade biológica é de 18 anos! Houve assim, naturalmente, ou com a manipulação da variável nutricional (dieta hipocalórica) - a outra variável, comportamental, deve também, em nossa opinião, estar presente neste caso, mas Weeks não a identifica em seu texto -, um descompasso no caminhar de Elixxir de suas idades cronológica e biológica; como a cronológica não é passível de alteração, a evidência é que a biológica reduziu seu avançar, e o que é mais importante para nós analisarmos, neste caso, é o grau dessa redução. 

 

Podemos aqui trabalhar com duas linhas de raciocínio. A primeira constitui em pensarmos que se Elixxir tem 42 anos e aparenta ter 18, sua idade cronológica é superior, percentualmente, em 133,33%. Qual a conseqüência lógica desse raciocínio? Quando Elixxir estiver com a idade biológica de 120 anos (supondo que chegue a esta idade), sua idade cronológica estará superior na mesma faixa de percentualidade, o que nos dá o número de 279,99, que será sua idade cronológica. Enfatizemos: 

 

RICHARD ELIXXIR JÁ ESTENDEU SUA LONGEVIDADE MÁXIMA POSSÍVEL PARA, ARREDONDANDO, DUZENTOS E OITENTA ANOS! Não é o óbvio? (negritados da transcrição) 

 

[pág.244] 

 

Claro, supondo que o descompasso de suas idades biológica e cronológica se mantenha constante. Sabemos perfeitamente que isto não tem necessariamente de ocorrer, pois circunstâncias de vida futura podem perfeitamente influenciar, de forma negativa, no descompasso mantido até o presente, e diminuí-lo, ou até anulá-lo. Isto é, as variáveis responsáveis pela positividade são manipuláveis, com ou sem consciência, também no sentido negativo. Apenas para efeito de raciocínio, supomos que não o foram. 

 

Passemos agora para a segunda linha de raciocínio. A interpretação que está por trás do raciocínio que fizemos acima pode não ser correta, isto é, podemos também pensar que Elixxir em algum ponto da reta de sua idade cronológica simplesmente parou de envelhecer; esse hipotético ponto pode estar localizado aos 18 anos, ou aos 25, ou aos 30, ou 35, ou 40, não importa, só pode estar na faixa dos 18 a 42 anos, que constituem os pontos por ele atingidos em suas idades biológica e cronológica. 

 

Se este ponto se localizou depois dos 18 anos, teremos obrigatoriamente de pensar que houve, também, rejuvenescimento. Se for esta a interpretação correta, o que isto significa? Simplesmente que Elixxir paralisou, deteve a reta da idade biológica, de alguma forma e por algum motivo, em algum ponto, ou que a deteve e, ainda, a fez retroceder. Qual a conseqüência desse raciocínio? Simples: se a reta de sua idade biológica está detida, ele pode chegar aos 50, aos 60, 70 etc. anos com a mesma idade biológica. Colocando de outra forma: ele literalmente terá parado de envelhecer, e, neste caso, estendeu para até quanto sua longevidade  máxima possível? Resposta: por enquanto, indefinidamente! Espantoso? Sim, mas Elixxir não é personagem de história de ficção; é um personagem real que carrega, se esta nossa interpretação é a correta, a potencialidade de chegar aos 300, 400, 500 anos cronológicos, ou, quem sabe, até quanto mais? Lembremos do final de nosso Capítulo IX, da afirmação do pesquisador citado por Chopra: "É possível que algumas pessoas que estão vivas agora ainda estejam vivas daqui a quatrocentos anos"! Não será Elixxir uma dessas pessoas? (grifos originais, negritados da transcrição). 

 

Sem dúvida, Richard Elixxir é um "superjovem" que merece um estudo e acompanhamento sério e profundo, constitui um laboratório vivo e poderá ensinar muito mais que nossos laboratórios convencionais de pesquisa. Pessoalmente, não acreditamos que por trás deste "fenômeno Elixxir" esteja apenas a dieta hipocalórica; asseveramos, inclusive, que uma pesquisa séria e dirigida revelará a existência da variável comportamental, ou de que sua dieta hipocalórica não é simplesmente uma dieta "hipocalórica". 

 

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Outra informação interessante que nos trás Weeks é que "Um número importante (de superjovens) foi considerado vinte anos mais jovem". Será que não poderão ser encontrados, neste amostra, outros "fenômenos Elixxir"? A diferença das idades biológica e cronológica citada por Weeks, vinte anos, sugere que isso possa ser possível. Ou seja, se Weeks continuar seu brilhante trabalho de pesquisa (se é que já não o está fazendo), tomando agora como estudo o grupo dos superjovens que foi considerado vinte anos mais jovem, com certeza encontrará resultados muito interessantes, principalmente se for feito um estudo longitudinal. 

 

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                                A IDADE VERDADEIRA (REAL AGE) DE MICHAEL F. ROIZEN 

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Não planejávamos escrever um posfácio, nosso livro encerrar-se-ia, no capítulo conclusivo. O trabalho de Weeks, porém, era importante demais para ser desconsiderado e criou-se o Posfácio I. Nosso livro estava já em fase de editoração quando foi lançado no mercado brasileiro outro trabalho, o do Dr. Michael F. Roizen, "IDADE VERDADEIRA - Como ficar emocional e fisicamente mais jovem". Antes de chegar até nós foi um best-seller nos Estados Unidos, sua terra natal, e depois de lê-lo atentamente, achamos que não poderíamos deixar de tecer alguns comentários. Assim, com a compreensão e colaboração de nosso Editor, abrimos espaço para este Posfácio II. 

 

Roizen aborda ao longo de seu livro, de uma forma inovadora e didática, todos os fatores já identificados, cientificamente, que atuam sobre o envelhecimento humano. Sua criatividade no tocante à transformação dos riscos associados a cada uma das variáveis envelhecedoras conhecidas em "anos de vida" foi simplesmente genial, propiciando uma visão nova e inédita dos diversos aspectos do envelhecimento, seu mérito aqui é inconteste e deu um brilho particular ao seu trabalho. Porém, não podemos concordar com tudo o que lá está colocado, particularmente quanto aos conceitos que ele usa e quanto aos modos como os usa. 

 

No Capítulo sobre "Experiências de Rejuvenescimento" enfocamos a questão do conceito que temos de inteligência e vimos a importância que adquire a precisão conceitual para a boa ciência. No Capítulo "No Limiar da Compreensão", quando tratamos de "Subnutrição sem Desnutrição", mostramos a imprecisão conceitual reinante em torno da interpretação e compreensão da experiência de McCay e, para melhor compreender e para preencher uma lacuna científica, criamos o conceito de "Disnutrição". Assim, o leitor pode perceber, ao longo de nosso trabalho, uma constante preocupação com a precisão dos conceitos utilizados. Em nome dessa mesma precisão, que é no fundo, o espírito de nosso livro, teceremos os comentários a seguir. 

 

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Roizen diz que criou o conceito de "Verdadeira Idade" (Real Age). porém, logo em seu prefácio, nos diz que "a verdadeira idade é uma estimativa de sua idade em termos biológicos e não cronológicos" (grifo nosso). Ao longo de toda sua obra percebe-se o equacionamento que faz entre a "Idade Verdadeira" e a idade biológica, isto é, usa-as o tempo todo como sinônimos, e é precisamente este uso indiscriminado que faz das duas denominações, que nos permite pensar e afirmar que não desenvolveu um conceito novo ao usar a terminologia de "Idade Verdadeira", mas sim, que criou um novo nome para um conceito já existente, o de "Idade Biológica". Claro, idade real ou verdadeira jamais poderia significar outra coisa que, ou a idade biológica, ou a idade cronológica; qualquer outra "idade" para a qual venhamos a desenvolver um conceito, até aonde alcança nossa compreensão e nosso conhecimento científico atual a respeito do envelhecimento, não poderia ser chamada de idade real. 

 

Porém, uma leitura atenta de Roizen mostra-nos claramente que ele fala o tempo todo de "Idade de Risco", e, para que não haja dúvidas quanto a isso, já no seu prefácio, esclarece: "Utilizando-se das tecnologias da informática e metodologias estatísticas mais recentes e sofisticadas, o programa Real Age é capaz de transformar os riscos da saúde em anos de vida" (grifos nossos). Explicita ainda mais ao colocar que, se a verdadeira idade de uma pessoa é de, por exemplo, 50 anos, e sua idade cronológica de 55 anos, isso significa que esta pessoa está sujeita, em função da forma como se expõe às variáveis que atuam no envelhecimento, aos riscos de uma pessoa de 50 anos. Isto não é, definitivamente, rejuvenescimento, a menos que mudemos o conceito do mesmo! Salta aos olhos a evidência de que se trata, realmente, da determinação de idade de risco. Assim, em nossa opinião, o conceito de "Idade Verdadeira" é mais um conceito impreciso que vem à luz no já caótico mundo conceitual gerontológico; claro, sem que isto diminua o valor global do trabalho. Deslizes e imperfeições existem em todo trabalho, e com certeza não somos exceção, pois outros apontarão os nossos deslizes. Portanto, nada do que estamos colocando é no sentido, por mais remoto que seja, de demeritar o trabalho ou o seu auitor. 

 

No Capítulo em que aborda "Perigos Ambientais", podemos ver com clareza a questão da precisão conceitual de que estamos falando. Aqui, quando Roizen trata da questão dos cintos de segurança e capacetes, fica bem claro o que já colocamos, quanto à sua "Idade Verdadeira" ser na verdade uma "Idade de Risco". Nesta abordagem, é específico ao admitir que "... evitar acidentes não tem nada a ver com o envelhecimento 

 

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biológico em si", mas que "tem muito a ver com a longevidade e qualidade de vida". Aqui sim, a afirmação é incontestável e clara. A rigor, Roizen esclarece que as conseqüências da falta de uso dos cintos e capacetes tem repercussões sobre o envelhecimento; é verdade, mas isto nos soa inespecífico, abrangente demais, já que praticamente tudo que fazemos tem ou pode ter repercussões sobre o envelhecimento; por isso, não podemos deixar de questionar a validade da argumentação e do raciocínio subjacente. É notório que diminuindo os riscos teremos condições de viver mais, mas daí a dizer que isso atrasa o relógio biológico, há uma "pequena" grande distância. O que realmente acontece nestes casos, é que o nosso tempo de vida cronológico é aumentado, e isso altera é o tempo de vida médio, a longevidade média; não interfere, absolutamente, nos mecanismos intrínsecos do envelhecimento (e portanto na longevidade máxima possível). A premissa de Roizen, levada às últimas conseqüências, nos obrigaria a pensar que crianças nascidas no momento em que seu país está em guerra e sob bombardeio do inimigo, já nascem "envelhecidas", pois o seu "índice de riscos" é probabilisticamente altíssimo. 

 

Mas isto não é o que se observa, nascem sem sinais de envelhecimento, iguais a todas as crianças em todas as partes do mundo; o que realmente acontece é que muitas morrerão bebês, crianças, jovens, isto é, a antecipação da morte não significa, de maneira alguma, em princípio, envelhecimento. Colocando de outra forma, não podemos criar um conceito que vincule necessariamente a morte com envelhecimento - pode-se morrer jovem ou velho -, e é exatamente isto que, nos parece, está embutido na "Idade Verdadeira". Se este nosso entendimento é correto, precisamos, para aceitar a "Idade Verdadeira", fazer uma série de alterações conceituais em conceitos já existentes e consagrados e que já passaram pelo teste do tempo. Parece-nos um caminho tortuoso, complicado e duvidoso. 

 

Não seria mais fácil, sensato e inteligente seguirmos o caminho da descomplicação? Definitivamente, a biologia, a fisiologia do sujeito não é alterada, o que é alterado, sim, é o seu grau de risco. Idade de risco sim, idade verdadeira, não; a menos que idade verdadeira seja equacionada à idade de risco, mas aí não poderia ser sido equacionada à idade biológica, como o foi. Imprecisão conceitual em ciência, já vimos, tem sérios efeitos colaterais. 

 

Por outro lado, há de fato, variáveis, e muitas identificadas e estudadas por ele, que de fato nos envelhecem, por exemplo: o cigarro, o álcool, as drogas, a má nutrição (disnutrição), são variáveis que inconteste e comprovadamente, envelhecem. Portanto, Roizen mistura em seu trabalho, as variáveis que envelhecem com as que não envelhecem, 

 

[pág.250] 

 

mas reduzem os riscos, desta forma aumentando a longevidade média (tempo de vida médio), e não - repetimos -, diminuindo o envelhecimento. Trabalhar com estas variáveis é algo delicado e complicado se observarmos que as mesmas, muitas delas, por exemplo, o cigarro e o álcool, tanto envelhecem quanto aumentam os riscos (de câncer etc.). Esse ponto específico mostra-nos o quanto é tênue e sutil a linha que separa as doenças do envelhecimento, ou, colocando de outra forma, mostra-nos que o envelhecimento também é uma doença. O conceito de envelhecimento focalizado, que introduzimos no Capítulo sobre "Medicina Ortomolecular" talvez nos auxilie a compreender melhor essa sutileza. Aliás, é justamente sobre este conceito, de envelhecimento focalizado, que se alicerça a obra de Roizen, se a analisarmos desde essa referência conceitual. 

 

Não podemos deixar de registrar a percepção de que o trabalho todo de Roizen é uma alusão constante ao nosso COMPORTAMENTO. Em seu prefácio, já introduz a questão nuclear que irá desenvolver:

 

"Estudos continuam a demonstrar que, para a maior parte de nós, as opções de estilo de vida e comportamentos têm muito mais impacto sobre a longevidade e a saúde do que a hereditariedade" (referindo-se à genética) - os grifos são nossos. (negritados da transcrição).

 

Não podemos aqui, deixar de fazer uma articulação com a pesquisa de Weeks, onde ficou, já vimos, tão em evidência a questão comportamental. Mas então, Weeks e Roizen identificam a questão comportamental no envelhecimento humano, tal qual o fizemos em nosso trabalho? Não, e o leitor já terá observado, a essa altura, e observará melhor lendo os dois autores ora citados, que a identificação de Roizen foi em um nível, que poderíamos chamar de macroscópico; a identificação de Weeks em outro nível, diríamos microscópico; e que a nossa identificação deu-se também, em outro nível, o compreensivo. 

 

Assim, um olhar panorâmico na obra de Roizen mostra-nos que todo seu trabalho trata de analisar diversos comportamentos e os riscos que eles embutem no sentido de diminuir nossa longevidade e saúde. Claro, tudo que fazemos em nossas vidas se resumem em comportamentos, deixar de ter comportamentos só é possível quando morremos. Assim, o trabalho de Roizen é amplo, genérico, e, como dissemos acima, macroscópico. Isso significa que ele identificou e trabalhou de forma diferente, sobre as variáveis já conhecidas, mas que, por ficar no aspecto "macroscópico" das mesmas, pôde tirar pouco proveito da sua compreensão. De fato, o ponto máximo de sua promessa aparece ao longo de sua obra e no Capítulo final, "Jovem pelo Resto da Vida", como a 

 

[pág.251] 

 

possibilidade de viver aos 70 anos cronológicos com a juventude, ou (melhor dizendo) com os riscos, estatísticos, da idade dos 44 anos cronológicos, isto é, há um ganho em termos de diminuição de riscos, não de rejuvenescimento, de 26 anos. Quando exemplifica com uma idade cronológica de 90 anos, coloca uma "juventude e vigor" de uma pessoa 25 anos mais jovem. Não vai além disso, não se arrisca a dizer que é possível chegar aos 120 anos cronológicos com uma "idade verdadeira" de 94, e muito menos que seu diferencial máximo cronológico de 26 anos é possível de ser acrescentado à longevidade máxima de 120 anos. Resumindo, não diz, nem mostra ser possível romper o limite "oficial" de 120 anos de vida. 

 

Retornemos a Weeks. Dissemos que sua compreensão se deu em um nível que chamamos de microscópico, por quê? Em nosso Posfácio I, logo no início, fizemos a inserção de um parágrafo nuclear de Weeks no qual podemos identificar, com clareza cristalina, o espírito que o norteou em sua pesquisa. Nesta inserção podemos observar como ele ficou "impressionado" pelo fato de haverem pouquíssimos traços aplicáveis a todos os participantes de seu projeto superjovem. Quando ele diz "Além de características objetivas, tais como atletismo em alto grau ou atividade mental pronunciada", está se referindo com o termo "características objetivas", aos aspectos, às variáveis macroscópicas trabalhadas por Roizen, não podemos pensar diferente, a menos que pensemos que Weeks desconhecia amplo material científico, o que não é compatível com seu currículo. Isso nos mostra que ele quis ir "além" das características objetivas, que chamamos de macroscópicas, que ele queria algo mais, que buscava uma característica comum e oculta por trás daquilo que já era evidente para todos, e seu trabalho não foi em vão, seu intento foi conseguido e ele o expressa quando diz que logo começou a discernir uma característica mental mais sutil naquelas pessoas notáveis. (grifo e negritado da transcrição). A perspicácia de Weeks sem dúvida tem uma relação consangüínea com a genialidade. Identificou exatamente que tipo de comportamento tem a força necessária para suplantar a biologia, e o caso de Richard Elixxir nos mostra, ainda timidamente, pensamos, o poder desta força. 

 

Dissemos acima que Roizen pôde tirar pouco proveito de sua compreensão e mostramos isso através do ponto máximo de sua promessa. Weeks não faz nenhuma promessa explícita em termos numéricos, mas também faz uma promessa. "Então você será superjovem", é esta a frase que encerra seu livro. Considerando que o superjovem "mais superjovem" de sua amostra foi Richard Elixxir, podemos nós dizer, já que ele não disse, que o ponto máximo de sua promessa tem o alcance de seu 

 

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melhor exemplo, que denominamos de "fenômeno Elixxir", e que tem, já demonstramos, a potencialidade de uma idade biológica (longevidade máxima possível) de 280 anos. Se formos considerar dessa forma, e podemos fazê-lo, vemos que a promessa de Weeks foi bem mais atraente e fascinante que a promessa de Roizen. Como Weeks não fez a afirmação explícita e quantificada que estamos fazendo, não podemos dizer, a rigor, que ele fez esta promessa, mas podemos dizer sim, com precisão, que seu trabalho traz embutido em seu cerne, esta promessa. Nada mais fácil de entender, a visão "microscópica" de um fenômeno fornece mais riqueza de informações e, conseqüentemente, mais subsídios para influenciarmos o fenômeno em questão. 

 

Quanto a nós, não quisemos fazer nenhuma promessa, mas é impossível impedir que uma, preferimos dizer esperança, se infiltre e ganhe vida através de nossa compreensão. Como todo nosso trabalho se desenvolveu no nível compreensivo, a esperança que inevitavelmente vem como corolário é também, compreensivelmente, muito maior. 

 

Finalmente, para encerrar este posfácio e nosso livro, gostaríamos de deixar aqui registrado nossos mais sinceros agradecimentos a todos os pesquisadores e escritores citados ao longo de nosso trabalho, pois se pudemos em nosso caminho, ter certas percepções e compreensões, isto sem dúvida só foi possível porque nosso caminho já fora percorrido antes por outros, outros que foram, cada qual a seu modo, enriquecendo o caminho com os conhecimentos e compreensões por eles tidos, e sem os quais nós não teríamos a oportunidade da compreensão que tivemos, ou que pretendemos ter tido. 

                                                   

                                                          * * * * * * * * * * * * * * * * * 

 

     VOCÊ QUER DESENVELHECER?  OU,  VOCÊ QUER NÃO ENVELHECER? (CASO SEJA JOVEM?)        

Se sua resposta for um SIM, saiba que o primeiro passo você já deu, se se deu ao trabalho de ler este livro, não de uma forma superficial, mas de uma forma séria e profunda, reflexiva mesmo. Pois, se você fez isso você no mínimo começou a incorporar ao seu software cerebral, uma informação nova, a informação de que o envelhecimento é uma doença evitável. Esta informação nova, se implantada com eficácia em seu sistema neuronal, com o tempo suplantará a informação antiga e equivocada de que o envelhecimento é um fenômeno biológico natural e irreversível. Cabe a você fortalecer a nova informação, alimentando-a bem e diariamente. Se você cuidar bem dela, ela lhe dará o retorno desejável. Boa sorte e sucesso!

 

[pág.253]                                             B I B L I O G R A F I A 
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- Anderson, Dibble, Turkki, Mitchel e Rynbergen - NUTRIÇÃO - Rio de Janeiro (RJ) - 1988 - Editora Guanabara - 17a. edição 

- Baker, Douglas - ANATONIA ESOTÉRICA - São Paulo (SP) - 1993 - Editora Mercuryo 

- Beauvoir, Simone de - A VELHICE - Rio de Janeiro (RJ) - 1990 - Editora Nova Fronteira - 3a. edição 

- Bernard Raymond - A TERRA OCA - Rio de Janeiro (RJ) - 1985 - Editora Record - 8a. edição 

- BÍBLIA DE JERUSALÉM, A - São Paulo (SP) - 1985 - Edições Paulinas - 9a. edição 

- Boarim, Daniel de Sá Freire - NOSSA COMIDA ASSASSINA - Itaquaquecetuba (SP) - 1991 - Edições Vida Plena - 1a. edição 

- Bontempo, Márcio - MEDICINA FLORAL - Rio de Janeiro (RJ) - 1994 - Ediouro 

- Bortz II, Walter M. - VIVA MAIS DE 100 ANOS - Rio de Janeiro (RJ) - 1995 - Editora Record 

- Busse, Ewald W. e Blazer, Dan G. - PSIQUIATRIA GERIÁTRICA - Porto Alegre - (RS) - 1992 - Editora Artes Médicas 

- Capra, Fritjof - O PONTO DE MUTAÇÃO - São Paulo (SP) - 1993 - Editora Cultrix 

- Carvalho-Neto, Paulo de - O POVO DO ESPAÇO - Campo Grande (MS) - 1998 - Centro Brasileiro de Pesquisas de Discos Voadores 

- Castro, Marco Antonio Petit de - TERRA-LABORATÓRIO BIOLÓGICO EXTRATERRESTRE - Campo Grande (MS) - 1998 - Centro Brasileiro de Pesquisas de Discos Voadores 

- Chen, Christian - OS NÚMEROS NA BÍBLIA - Belo Horizonte (MG) - 1986 - Editora Betânia - 2a. edição 

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- Cohen, Gene D. - O CÉREBRO NO ENVELHECIMENTO HUMANO - São Paulo (SP) - 1995 - Organização Andrei Editora 

[pág. 254] 

- Corrêa, Antonio Carlos de Oliveira - ENVELHECIMENTO, DEPRESSÃO E DOENÇA DE ALZHEIMER - Belo Horizonte (MG) - 1996 - Editora Health 

- Crane, Eva - O LIVRO DO MEL - São Paulo (SP) - 1987 - Editora Nobel - 2a. edição - 1a. reimpressão 

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- Drosnin, Michael - O CÓDIGO DA BÍBLIA - São Paulo (SP) - 1998 - Editora Cultrix 

- Ferreira, Aurélio Buarque de Holanda - NOVO DICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA - Rio de Janeiro (RJ) - 1975 - Editora Nova Fronteira - 11a. edição - 13a. impressão 

- Gerber, Richard - MEDICINA VIBRACIONAL - São Paulo (SP) - 1993 - Editora Cultrix 

- Goleman, Daniel - INTELIGÊNCIA EMOCIONAL - Rio de Janeiro (RJ) - 1995 - Editora Objetiva - 23a. edição 

- Gordon, Richard - A ASSUSTADORA HISTÓRIA DA MEDICINA - Rio de Janeiro (RJ) - 1996 - Ediouro - 6a.edição 

- Hayflick, Leonard - COMO E POR QUE ENVELHECEMOS - Rio de Janeiro (RJ) - 1996 - Editora Campus 

- Kahn, Fritz - O LIVRO DA NATUREZA - São Paulo (SP) - 1965 - Edições Melhoramentos - 5a. edição 

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- Kelder, Peter - A FONTE DA JUVENTUDE - São Paulo (SP) - 1989 - Editora Best Seller - 8a. edição 

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- Maclellan, Alec - O MUNDO PERDIDO DE AGHARTA - Rio de Janeiro (RJ) - 1999 - Editora Record (Nova Era) 

- Mello Filho, Júlio de e colaboradores - PSICOSSOMÁTICA HOJE - Porto Alegre (RS) - 1992 - Editora Artes Médicas 

- Monari, Carmen - PARTICIPANDO DA VIDA COM OS FLORAIS DE BACH - São Paulo (SP) - 1994 - Editora Roca 

[Pág. 255] 

- Mundim, Marcos de Oliveira; Oliveira, Marisa e Mundim, Marcelo de Oliveira - TRATADO DE SAÚDE HOLÍSTICA - São Paulo (SP) - 1994 - Editora Ground 

- Paiva, Luiz Miller de; Silva, Alina M.A. de Paiva Nogueira da - MEDICINA PSICOSSOMÁTICA - Sãu Paulo (SP) - 1994 - Editora Artes Médicas - 3a. edição 

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- Roizen, Michel F. - IDADE VERDADEIRA - Rio de Janjeiro (RJ) - 1999 - Editora Campus 

- Sanchez, Mário e Sanchez, Martina - MEDICINA NUTRICIONAL - Goiânia (GO) - 1988 - Imery Publicações 

- Sanchez, Mário e Sanchez, Martina - TRATADO GERAL DOS TÓXICOS - Goiânia (GO) - 1984 - Imery Publicações 

- Satinover, Jeffrey - A VERDADE POR TRÁS DO CÓDIGO DA BÍBLIA - São Paulo (SP) - 1998 - Editora Pensamento 

- Silveira Júnior, Antonio Augusto de Arruda - PARE DE ENVELHECER AGORA - Curitiba (PR) - 1998 - Editora César Setti 

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- Trefil, James - SOMOS DIFERENTES? - Rio de Janeiro (RJ) - 1999 - Editora Rocco 

- Vargas, Heber Soares - MANUAL DE PSIQUIATRIA FORENSE - Rio de Janeiro (RJ) - 1990 - Freitas Bastos 

- Weeks, David e James, Jamie - SEGREDOS DOS SUPERJOVENS - Rio de Janeiro (RJ) - 1999 - Editora Objetiva 

- Youngson, Robert - COMO COMBATER OS RADICAIS LIVRES - Rio de Janeiro (RJ) - 1995 - Editora Campus - 1a. reimpressão 

- Zohar, Danah - O SER QUÂNTICO - São Paulo (SP) - 1990 - Editora Best Seller - 5a. edição 
  

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