A Inocência do Oxigênio

Publicado em 17.02.2013 

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Para podermos ter uma compreensão adequada do fenômeno do envelhecimento precisamos analisar com cuidado e precisão a questão dos Radicais Livres, uma vez que estes são considerados responsáveis pelo processo do envelhecer. A teoria dos Radicais Livres ocupa um lugar de destaque no estudo do envelhecimento, sendo o oxigênio tido como o grande vilão por trás da sua formação. Esta crença cria o que se convencionou chamar de “o paradoxo do oxigênio”: o oxigênio, grande responsável pelo processo da vida seria também responsável pelo fenômeno inverso do envelhecimento que conduz, lentamente à morte. Em meu trabalho, desenvolvido em Desenvelhecimento, procurei demonstrar exatamente o contrário, que não é o oxigênio o grande vilão que nos intoxica de radicais livres que nos envelhecem e adoecem (adoecem, também, como veremos na continuidade). O grande vilão, realmente, na minha visão, é a alimentação, que carrega, juntamente com elementos necessários ao metabolismo, uma grande quantidade de agentes tóxicos, estes sim, os grandes e quase únicos responsáveis pela formação dos Radicais Livres. A melhor definição que encontrei até hoje para radicais livres é a de Hayflick. Como todo bom cientista, ele prima pela precisão e não se compromete com proposições apressadas. (Hayflick, Leonard – Como e por que envelhecemos – Rio de Janeiro (RJ) – 1996 –Editora Campus –pág. 233).

 

1.REAÇÕES QUÍMICAS COMPLEXAS

 

Eis como Hayflick se refere aos radicais livres: seriam “pedaços de moléculas altamente reativos gerados em reações químicas complexas que ocorrem quando certas moléculas suscetíveis nas células encontram e quebram moléculas de oxigênio”. A química de formação dos radicais livres é reconhecidamente complexa, sendo pouco o que realmente se conhece e muito o que se supõe e se infere com graus variados de segurança. Se analisarmos com cuidado esta colocação de Hayflick temos que necessariamente concluir que os RL são formados quando o oxigênio é quebrado. Então perguntemos: quando o oxigênio é quebrado? A resposta é que é quebrado quando é utilizado. E quando é utilizado? É utilizado no processo de combustão (queima) da glicose para o fornecimento de energia para a célula. E como se chama este processo? Chama-se respiração. Fica mais fácil o entendimento se representarmos o processo por uma equação, que toma a seguinte forma: 

 

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RESPIRAÇÃO = OXIGÊNIO + SUBSTRATO ALIMENTAR

MAS,

RESPIRAÇÃO = ENERGIA + GÁS CARBÔNICO + ÁGUA,

ENTÃO,

OXIGÊNIO + SUBSTRATO ALIMENTAR = ENERGIA + GÁS CARBÔNICO + ÁGUA

 

 

2. EQUAÇÃO BÁSICA DA VIDA

 

O objetivo básico do processo respiratório é o fornecimento de energia, e esta é retirada da quebra da glicose no processo de combustão pelo oxigênio. Como os outros componentes do substrato alimentar não são usados diretamente no processo respiratório, podemos substituir o substrato alimentar, para fins de análise em nossa equação, pela glicose. Temos então: 

 

OXIGÊNIO + GLICOSE = ATP (Energia) + CO2 (gás carbônico) + H20 (água)

 

Podemos chamar esta equação de Equação Básica da Vida (EBV), pois nos mostra no primeiro termo (Glicose + Oxigênio) as representações dos dois processos básicos para a sustentação da vida, a Respiração (oxigênio) e a Alimentação (glicose). No segundo termo (ATP + CO2 + H20) temos a Energia (ATP) que é necessária para todos os processos fisiológicos que dão sustentação à vida. A vida é um processo anti-entrópico (construtivo, organizador), precisa portanto de energia para vencer a entropia. Logo, todos os sistemas do organismo precisam de energia para os processos fisiológicos e mecânicos que dão sustentação à vida, sejam de ordem construtiva (desenvolvimento), de manutenção ou de reparo (curas de lesões ou doenças), quando necessário. Praticamente toda a vida animal, se quisermos representá-la por uma equação, se encaixa com perfeição nesta equação básica.

 

3. MOLÉCULAS SUSCETÍVEIS DE HAYFLICK

 

Pois bem, esta é a equação da quebra das moléculas de oxigênio referida por Hayflick, que nos diz que aqui ocorrem reações químicas complexas nas quais entram certas moléculas suscetíveis das células e encontram e quebram moléculas de oxigênio, cujo resultado é a geração de radicais livres. Concordamos com Hayflick, por trás da aparentemente simples equação há uma fantástica complexidade, mas vou por ora, apenas completar a equação acrescentando os elementos referidos por ele:

 

GLICOSE + OXIGÊNIO + MSH = ATP + CO2 + H20 + RL

MSH = MOLÉCULAS SUSCETÍVEIS DE HAYFLICK

RL = RADICAIS LIVRES

 

Isto é, a entrada no primeiro termo da equação das certas moléculas suscetíveis de Hayflick (MSH) ocasiona o aparecimento, no segundo termo, dos radicais livres (RL). Podemos então pensar, usando o raciocínio de Hayflick, que os responsáveis pela geração de radicais livres são as suas certas moléculas suscetíveis. Infelizmente Hayflick não aprofunda a questão no seu livro, mas o que ele coloca já é suficiente para não colocarmos a culpa da existência dos radicais livres no oxigênio e sim nas misteriosas “certas moléculas suscetíveis”. Será que podemos encontrar respaldo na literatura especializada para esta conclusão?

 

4. LESÃO TECIDUAL

 

Segundo o que coloca outro autor, Charles V. Smith (Smith, Charles V. – Radicais Livres – Mecanismos de Lesão Tecidual – Interlivros Edições Ltda. – Rio de Janeiro – 1995 – pág. 2), para podermos estudar o mecanismo de lesão nos tecidos pelos radicais livres, temos necessariamente que primeiro ter um modelo de lesão tecidual, primeiro passo indispensável que é, segundo ele, “com freqüência total ou parcialmente negligenciado”. Podemos já ver aqui, que a questão da abordagem dos radicais livres (portanto do envelhecimento, ao qual está associado) começa mal, com negligências totais ou parciais num requisito fundamental. Ora, se você começa um estudo com um erro básico inserido em suas proposições, qualquer conclusão a que você chegue, por mais impecável que seja seu raciocínio e metodologia daí em frente, fatalmente será equivocada. A conclusão equivocada aqui é que os radicais livres são gerados pelo oxigênio, este é culpabilizado e colocado como o grande vilão da história. Smith continua nos informando que muitas moléculas possuem grupos funcionais contendo oxigênio quimicamente reativo, mas não são radicais e necessariamente não alteram as moléculas dos tecidos através de reações dos radicais, isto é, não possuem patogenicidade (não causam doenças). Informa-nos ainda que um dos intermediários dos radicais livres mais estudados, o triclorometil, não possui oxigênio, e conclui:

 

“Apesar de as espécies reativas de oxigênio e os radicais livres não serem idênticos, uma associação íntima e uma confusão freqüente dos dois conceitos na literatura biológica devem ser reconhecidos”. 

 

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Uma questão conceitual muito importante e que deve ser bem compreendida é a questão dos “Intermediários dos radicais livres”. O que são os intermediários? Imagine que você vai fazer uma reação química num tubo de ensaio, uma reação química simples em que você mistura a substância A com a substância B e tem como resultado a substância H. Vamos representá-la equacionalmente:

 

A + B = H

 

É isto o que você vê no seu tubo de ensaio. Opa! Temos aqui um primeiro problema. Você vê isso no seu tubo de ensaio, mas nós não estamos falando de tubos de ensaio. Estamos falando de tecidos que são formados por células que são seres vivos que tem uma membrana que separa o seu meio ambiente interno (citosol ou meio intra celular) do meio ambiente externo (meio extra celular), e que no citosol possui organelas (pequenos órgãos) que respondem por funções específicas que estão constantemente numa complexa dança molecular bioquímica orquestrada para o bom funcionamento da célula, e que há o núcleo da célula que é o maestro, que também tem uma membrana que o separa do citosol, que esta membrana é permeável e se comunica com o citosol, da mesma forma que o citosol se comunica com o ambiente extracelular, que por sua vez é formado por ... bem, você já percebeu que a coisa não é tão simples.

 

5. GRANDE COMPLEXIDADE

 

Pois bem, é este o ponto, a complexidade é muito grande e o nosso conhecimento em relação ao todo, muito pequeno. Agora imagine que eu lhe digo que na reação química acima antes do produto final H apareceram os produtos intermediários C, D, E, F e G. Acontece que estes produtos não foram visíveis para você porque eram produtos altamente instáveis e que por isso tiveram vida muito curta, tão curta que você não tem um aparato visual ou sensorial capaz de perceber suas existências, que foram da ordem de milésimos de segundo. Você só pode ver o produto H porque ele é quimicamente estável. Estas substâncias intermediárias, de C a G correspondem aos intermediários dos radicais livres, que são portanto, produtos altamente instáveis e se altamente instáveis, altamente reativos e de existência muito, muito fugaz (pequeníssima), a ponto de serem invisíveis.

 

Mas para fins científicos dotados da mais alta importância. É fácil entender que isso coloca uma dificuldade muito grande no estudo da questão dos radicais livres. É claro também que os químicos estão constantemente procurando formas de melhorar a observação dos fenômenos bioquímicos subjacentes à vida celular e invisíveis ao olho desarmado, e há uma técnica sofisticada (dificilmente compreendida pelos não químicos, inclusive eu) chamada de espectroscopia com ressonância de spin eletrônico que é utilizada para o estudo dos intermediários dos radicais livres nos sistemas biológicos em associação com o dano tecidual (Smith, Charles, idem acima, pág. 3). Mas sempre há limitações, quanto mais aprofundamos o nosso conhecimento mais portas se abrem e mais percebemos o quanto não conhecemos. Isto é, quanto mais conhecimentos acumulamos, quanto mais percorremos a estrada do conhecimento, mais aumenta nossa consciência da pequenez de nosso conhecimento. É óbvio que isso não impede progressos, não teria sentido se assim não fosse. 

 

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6. VISIBILIDADE DOS RADICAIS LIVRES

 

Mas vem a inevitável pergunta: já conhecemos todos os intermediários dos radicais livres? A resposta é um retumbante não. Além disso, como diz Smith (idem acima pág. 3), “As espécies de radicais mais reativas terão menor probabilidade de se acumular (por serem mais instáveis), e, por isso, são mais difíceis de se observar diretamente. Além disto, esperar-se-ia que os radicais mais reativos sejam potencialmente mais danosos que os intermediários de radicais que são menos reativos e mais prontamente observados pela ESR” (espectometria com ressonância de spin eletrônico). O que isso significa na prática clínica para você que está lutando heroicamente por um envelhecimento saudável e vive, entre outras providências, tomando megas doses de anti oxidantes? Significa que está atacando os radicais livres mais conhecidos, os mais estáveis e portanto menos danosos. Está atacando o inimigo (envelhecimento) em seus pontos menos vulneráveis, que são os únicos que a atual tecnologia científica consegue ver. É quase como se você fosse caçar tigres selvagens com estilingues e facas, no máximo com revólveres de baixo calibre. É claro que as outras providências o auxiliam no combate, mas meu foco agora é a questão dos RL.

 

7. MEDICINA ORTOMOLECULAR

 

Vejamos agora o que pensam os estudiosos da gerontologia a respeito dos radicais livres. A questão do estudo e pesquisa dos radicais livres faz parte, ainda e principalmente, daquela prática da medicina que se auto denominou Medicina Ortomolecular. Como já analisei em meu estudo anterior (Desenvelhecimento, págs. 73-90), a medicina ortomolecular ainda não é bem aceita pela medicina tradicional. A incontestabilidade da existência dos radicais livres por um lado, a importância que lhes deu a medicina ortomolecular por outro, mais o fato de sua pertinência por uma questão de lógica, à gerontologia, que é uma área de estudo associada à medicina tradicional, tudo isso tem gerado uma certa confusão conceitual que orbita, na literatura, em torno do conceito, como já tivemos oportunidade de apontar no início deste texto.

 

Pois bem, como a ciência precisa, para bem caminhar, de conceitos precisos de base, isto faltando em relação aos radicais livres, engendra (produz) problemas na compreensibilidade dos fenômenos estudados, que no caso refletem-se em becos sem saída que na ciência são chamados de paradoxos. Os cientistas chamam de paradoxos algo que não entendem, eles muitas vezes não entendem, ou relutam em entender, que não há paradoxos na natureza, a natureza simplesmente não comporta paradoxos, é a nossa incompreensão que nos leva aos becos sem saída e aí nós dizemos, talvez para não admitir nossa ignorância, que estamos diante de um paradoxo. Seria mais sensato dizer que estamos diante de nossa ignorância.

 

8. INTELIGÊNCIA CRIADORA

 

Dizer ou admitir que a natureza abriga paradoxos em seu seio é subestimar a Inteligência Criadora, e se Ela for portadora de atributos humanos, podemos dizer até que A estamos ofendendo. Pois bem, a confusão conceitual levou os estudiosos a criarem o conceito do Paradoxo do Oxigênio. Em que consiste este paradoxo? Consiste como já vimos acima, em pensar que o oxigênio, grande responsável pelo processo da vida, que não existiria sem ele, seja também o grande responsável pela destruição da vida através do envelhecimento, que é fenômeno entrópico (destrutivo) em oposição à vida que é fenômeno anti-entrópico (construtivo). Numa tentativa de atenuar o paradoxo, ou a própria ignorância, criam-se interpretações equivocadas ou falsas para fenômenos reais e observáveis.

 

E assim, eis que surge a idéia de que os radicais livres não são no final das contas tão ruins, afinal eles teriam outras funções, eles seriam utilizados também como armas por nossos soldados celulares no combate aos microorganismos e outros invasores não vivos. Seria como uma versão científica molecular da Síndrome de Estocolmo. 

 

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9. SOLDADOS CELULARES

 

Analisemos esta versão. Quais são nossos soldados celulares que atuam nas frentes de batalha no combate a microorganismos e toxinas não vivas? São células do sistema imunológico chamadas de macrófagos e neutrófilos. E qual é sua estratégia de combate? É um processo biológico chamado fagocitose, que consiste no englobamento, por emissão de pseudópodos, do material estranho, seja ele de natureza orgânica (bactérias, vírus, fungos) ou inorgâmica (minerais, drogas, tóxicos). Vamos ver o que encontramos na literatura a respeito deste processo. Este processo, a fagocitose,

 

“(...) desencadeia a geração de enorme quantidade de espécimes radicais, cuja finalidade (negrito meu) é atacar e destruir o material estranho já encerrado no interior do fagócito (na vesícula fagocitária ou fagossomo). O ataque por radicais livres se processa, contudo, também fora do fagócito. A produção de radicais livres pelo fagócito frente a uma infecção grave (...) dá-se de modo desenfreado, explosivo. Como o metabolismo do fagócito acha-se, em tal circunstância, muito elevado e esse mecanismo origina espécies ativas do oxigênio, o agente oxidante da respiração, deu-se a ele o nome de ‘explosão respiratória’”. (José Luiz Signorini e Sérgio Luiz Signorini – Atividade Física e Radicais Livres – Editora da Universidade de São Paulo – Ícone – 1993 – págs. 11-12). Vamos analisar melhor esta questão.

 

Pensemos no processo básico da Combustão, temos a seguinte equação:

 

COMBUSTÃO = ENERGIA + RESÍDUOS

 

Em se tratando de radicais livres, qual é a combustão envolvida? É a respiração, temos então:

 

RESPIRAÇÃO = ENERGIA + RESÍDUOS

 

A respiração consiste, já vimos, na utilização de um Substrato Alimentar que contém energia acumulada, que é quebrado, com a ajuda do oxigênio, para a liberação e utilização da energia.

 

SUBSTRATO ALIMENTAR + OXIGÊNIO = ENERGIA + RESÍDUOS

 

O Substrato Alimentar (SA) contém, todos sabemos, proteínas, carboidratos, lipídios, vitaminas, sais minerais, oligoelementos, água e tóxicos (hormônios de engorda e antibióticos para aves, porcos e gado, pesticidas para os legumes, frutas e verduras, conservantes, antioxidantes, aromatizantes para todos, etc. – para ficarmos apenas nos mais conhecidos). Também sabemos todos que o SA tem finalidades não apenas de fornecimento de energia, mas também funções outras que são de fornecimento de material para construção, manutenção e reparo. Como estamos aqui enfocando a questão energética ligada ao oxigênio, podemos, para fins de simplificação, equacionar, como já fizemos acima, o SA à glicose, aí temos: 

 

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GLICOSE + OXIGÊNIO = ENERGIA + RESÍDUOS

 

ENERGIA = ATP (Adenosina Tri Fosfato)

 

RESÍDUOS = Gás Carbônico e Água

 

Temos então:

 

 

GLICOSE + OXIGÊNIO = ATP + CO2 + H20, que é a Equação Básica da Vida (EBV), como vimos acima.

 

Também como já vimos acima, o raciocínio de Hayflick nos permitiu completar a equação, que tomou a seguinte forma.

 

GLICOSE + OXIGÊNIO + MSH = ATP + CO2 + H20 + RL

 

Imaginemos que esta é a reação normal que ocorre nas células e tecidos quando não está havendo invasão por microorganismos ou por outros elementos estranhos de forma aguda. Neste caso os soldados celulares estão trabalhando de forma normal, a fagocitose está ocorrendo nos níveis necessários para a manutenção do equilíbrio celular-tecidual. Teríamos então a produção normal de RL (RLN). Havendo necessidade de incremento da fagocitose por invasão abrupta de microorganismos ou elementos estranhos, ocorre a “explosão respiratória” com produção de RL em maior quantidade, os quais irão atacar e destruir os invasores. Este é o entendimento que vimos acima e que atribui uma função benigna e uma finalidade aos RL, que ao lado da função maligna responsável pelo envelhecimento e da função primordial do oxigênio de dar sustentação à vida, criam as condições para a formulação do Paradoxo do Oxigênio. Não concordo e acredito que os RL não possuem função benigna alguma, vou tentar mostrar por que.

 

10. ANALISANDO A EQUAÇÃO BÁSICA DA VIDA (EBV)

 

Vamos analisar com cuidado a Equação Básica da Vida – EBV: (GLICOSE + OXIGÊNIO = ATP + CO2 + H20). Para isso vamos revesti-la de sua forma inicial. A Glicose, como já vimos, vem de um Substrato Alimentar (SA). O Oxigênio vem da respiração. O que os soldados celulares precisam é de energia (ATP), e sua arma é a fagocitose. Assim, o ATP é a energia que se busca, o SA é o elemento que contém a energia armazenada, e o Oxigênio é o elemento comburente que propicia a liberação (pela queima do SA) da energia armazenada. O Resto, H20, CO2 e RLN constituem os resíduos da reação, pois a H20 é produto secundário, não precisamos do processo respiratório para obtê-la, mas podemos aproveitá-la, é um resíduo aproveitável. O CO2 é um produto residual indesejável, tem que ser eliminado, e a respiração se encarrega disso na expiração. Já os radicais livres sabemos que são citotóxicos e portanto, também indesejáveis, também tendo que ser eliminados ou neutralizados. Tanto isso é verdade que há enzimas encarregadas de desativá-los, e quando o sistema normal de desativação não dá conta do recado é que eles se tornam problemáticos. Isto é, a reação química orgânica desejada é simplesmente SA + 02 = ATP. O resto são resíduos, o que for passível de aproveitamento pelas células será utilizado, o que não for terá que ser eliminado ou neutralizado. E o que não puder ser eliminado nem neutralizado terá efeitos deletérios (prejudiciais) cumulativos na economia celular. Não lhe parece simples?

 

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Os soldados celulares, diante de uma invasão, seja qual for a natureza, precisam incrementar a fagocitose, isto é, precisam trabalhar mais intensamente e mais rapidamente. Se vão trabalhar mais, precisam de mais energia. Se precisam de mais energia é necessário incrementar a produção de ATP, o que requer incremento da EBV. Diante disso, mais glicose e mais oxigênio serão consumidos, mas nesta reação de utilização do oxigênio entram de forma complexa (segundo Hayflick) e intrusiva segundo o meu raciocínio, as MSH. Onde ocorre a respiração celular? Ocorre nas organelas chamadas mitocôndrias. Logo, este raciocínio deixa claro a pré existência no meio intra mitocondrial de glicose, oxigênio e MSH. Se estão presentes no meio intra mitocondrial, não podemos deixar de pensar que estejam também presentes no Citosol, por onde precisaram passar para chegar ao meio intra mitocondrial. Se presentes no Citosol, tiveram necessariamente que vir do meio extra celular, onde para poderem chegar tiveram que ser de alguma forma interiorizadas pelo organismo. O que o organismo costuma interiorizar? Resposta: Substrato Alimentar – alimento (com tóxicos). e Oxigênio, pela respiração, que também caroneia outros gases e tóxicos que poluem o meio ambiente aéreo. Façamos agora uma pausa para reflexão. Pensemos na Equação Básica da Vida, primeiro em sua forma pura:

 

GLICOSE + OXIGÊNIO = ATP + CO2 + H20

 

E depois em sua forma bruta:

 

SA + OXIGÊNIO = ATP + CO2 + H20

 

E finalmente, na sua forma complementada pelo conhecimento teorizado dos radicais livres:

 

SA + OXIGÊNIO + MSH = ATP + CO2 + H2O + RLN

 

 

11. INOCENTANDO O OXIGÊNIO

 

Já vimos que os elementos residuais da equação terão que ser aproveitados, eliminados ou neutralizados. O gás carbônico é eliminado, a água é aproveitada e os radicais livres em quantidade normal neutralizados pelos antioxidantes endógenos. Pois bem, a suposição de que os radicais livres são provenientes do oxigênio embute a afirmação de que a Inteligência Criadora ou a Natureza, ou a Evolução para os darwinianos, criou um ser imperfeito. Imperfeito por comportar em sua EBV um mecanismo defeituoso. O oxigênio, o elemento que nos dá as condições de vida, as condições de remarmos contra a maré entrópica que permeia soberana todos os fenômenos do Universo físico, logo ele, propicia um defeito na EBV! Teria sido a Inteligência Criadora ou a Natureza ou a Evolução tão incompetente? Ora, está claro que se imputarmos a existência dos RL ao oxigênio estamos fazendo exatamente isso, taxando O Responsável pela nossa existência de incompetente! Aí vem Hayflick e diz, de forma não explícita mas diz, que não, não é o oxigênio que dá origem aos RL, são as “certas moléculas suscetíveis” que quando da combustão do SA, também participam e encontram e quebram moléculas de oxigênio. Dizer isso equivale, embora não colocado desta forma por Hayflick, a inocentar o oxigênio. Mas as MSH existem e se existem vieram de algum lugar, e de onde mais poderiam ter vindo senão caroneadas ou pela respiração ou pela alimentação? Fiz uma ampla demonstração em meu estudo anterior (Desenvelhecimento) de como as MSH se equacionam às toxinas químicas de outro autor (Chopra) e aos radicais livres, articulando também com os estudos dos Irmãos Sanchez em Medicina Nutricional. No referido estudo também coloquei que tudo que entra no organismo pode ser conceituado como Nutriente, conceito ampliado que abarca também elementos que possam ser absorvidos pela pele ou mesmo impressões sensoriais do mundo externo que ganham espaço no meio interno do organismo através dos órgãos dos sentidos, que são sensores químicos localizados na pele (tato), boca e língua (paladar), nariz (olfato), ouvido (audição) órgãos internos (propriocepção). Desta forma, tudo que, de alguma forma, ganha acesso a nosso meio interno pode ser qualificado de nutriente e ter seus efeitos positivos e sinérgicos (colaborativos) com a atividade anti-entrópica mantenedora da vida e da integridade do organismo, ou o seu contrário. Esta ampliação do conceito de nutriente é necessária para a inclusão e compreensão da questão do estresse também identificada como uma das variáveis importantes no envelhecimento, como veremos adiante. 

 

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12. NOSSA PEQUENEZ

 

Pois bem, reconheçamos nossa pequenez e admitamos que estamos errados e que não podemos arrogantemente imputar ao Criador ou à Natureza a pecha de incompetente. Temos que necessariamente associar as MSH principalmente ao outro componente do primeiro termo da equação, que é o Substrato Alimentar. Foi o que fiz em Desenvelhecimento. É o que fazem os especialistas da gerontologia quando preconizam que para um “Envelhecimento bem sucedido” é necessário tomar cuidados dietéticos, isto é, cuidar do SA que você põe para dentro de seu corpo, ao lado de exercícios físicos e desenvolvimento de técnicas de gerenciamento de estresse, isto é, cuidar da sua máquina biológica chamada corpo. A isso tudo chama de estilo de vida saudável e diz que você pode aumentar sua longevidade tomando estas providências. Não é fácil entender? Os cuidados dietéticos restringem a quantidade de toxinas ingeridas, os exercícios físicos lubrificam seu corpo, pois qualquer máquina, biológica ou não, não usada ou sub usada enferruja, e as técnicas de gerenciamento de estresse cuidam do metabolismo daqueles nutrientes (no conceito ampliado) emocionais e sensoriais que repercutem naquilo que você pensa, que por sua vez direciona seu comportamento, fechando assim um círculo virtuoso de saúde e longevidade, isto é, na construção de um bom Ativo.

 

É óbvio que se você reduzir significativamente as MSH de sua dieta você pode manipular para melhor o processo do envelhecimento e com isso aumentar sua longevidade, pois você estará aumentando a eficácia de sua EBV. Mas o que são afinal, as tais MSH? Penso que a esta altura já deve ter ficado claro para você que elas são as diversas toxinas – ou seus metabólitos, também tóxicos – presentes principalmente em nossa alimentação, É claro que os tóxicos podem agir, e agem, em diversos níveis.

 

13. NÍVEIS DE AÇÃO

 

Assim, você pode ingerir uma toxina que aja a nível de sistema digestivo gástrico, e você vomita em seguida e melhora. Se o efeito do tóxico não é provocar vômito você o absorve e se intoxica, mais ou menos, dependendo da quantidade e natureza do tóxico, se este for de natureza microbiana você terá uma infecção, se for um metal pesado que se acumule num determinado órgão você não sentirá nada até que o depósito do metal no órgão atinja um nível crítico para patogenizar (criar, expressar) sintomas. Se forem tóxicos que não possuem especificidade para nenhum sistema de órgãos, aí serão distribuídos de forma eqüitativa e democrática para toda a economia do corpo, vale dizer, para todas as células, e que irão se materializar no citosol celular e no meio interno de todas as organelas celulares.

 

Em todas as organelas haverá prejuízo funcional que irá solapando (sabotando, empobrecendo) aos poucos, as condições ideais de trabalho. Nas mitocôndrias, que são as organelas responsáveis pela geração de quase toda a energia da célula é onde o processo de geração de radicais livres ocorre. É claro que da mesma forma que as MSH chegam ao meio intra mitocondrial, os radicais livres aí gerados, também podem sair e se dispersar no citosol e deste para as outras organelas, onde irão exercer sua citotoxicidade. E assim, chegam aos ribossomos, que são as organelas responsáveis pela produção de proteínas, e por isso estão repletos de RNA mensageiros que vão sintetizar as macromolétulas, entre as quais estão as proteínas que tem suas diversas funções. Em meu estudo anterior (Desenvellhecimento) denominei este fator do envelhecimento de Questão Nutricional. 

 

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14. SOLDADOS NO CAMPO DE BATALHA

 

Então, vemos que durante a invasão de microorganismos, os soldados celulares, que são os macrófagos e neutrófilos, migram em massa para as regiões atacadas, estas regiões ficam inflacionadas de soldados que obviamente têm que lutar, que precisam de energia (ATP) para poderem dar conta da eliminação dos microorganismos. Isto é, é a um custo energético que fazem a fagocitose. Veja bem é de Energia (ATP) que eles precisam. Os radicais livres aqui são resíduos, se são produzidos em grande quantidade é conseqüência da grande produção de energia necessária, não são o objetivo da EBV, são produtos secundários e indesejáveis. Mas, como ocorre a sua superprodução, e como eles são instáveis e altamente reativos, reagem com o que puderem, com o que estiver por perto. Como está havendo uma batalha contra os microorganismos, estes pela simples presença no local, são atacados, e aí isso acaba ajudando a batalha fagocitária dos soldados. Isto é, porque os radicais livres são instáveis e reativos e porque existem microorganismos por perto, é que estes são atacados, e não que sejam produzidos com a finalidade de atacar os microorganismos, que é a interpretação que vimos acima e que atribui aos RL uma função benigna e uma finalidade específica de destruir os microorganismos. Não existe, portanto, o tal Paradoxo do Oxigênio. Claro que você já deve ter compreendido, pelo que expus até aqui, que se não houver ingesta excessiva de toxinas junto com o SA, a EBV terá sua eficácia aumentada e isso acarreta um melhor aproveitamento energético com conseqüente melhora da performance dos soldados celulares, isto é, seu sistema imunológico será mais eficaz, e é por isso que sua saúde e longevidade aumentam.

 

Nossa reflexão na Equação Básica da Vida nos diz e nos mostra que não é racional ou inteligente pensar que o Criador ou a Natureza tenham sido incompetentes. Muito mais lógico é pensar que nós é que estejamos sendo incompetentes em cuidar de nossa máquina biológica. Não é exatamente isto que nos diz a gerontologia, como vimos acima? Mesmo não sustentados por uma correta compreensão dos mecanismos celulares, os conselhos estão corretos, cabe a você segui-los.

 

O ENVELHECIMENTO DEIXARÁ DE SER O ÚNICO MEIO DE VIVER MUITO TEMPO.

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